domingo, 7 de agosto de 2022

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: PESSIMISMO - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: Pessimismo

       Para começar, precisamos de pessimistas por perto. Como diz o psicólogo americano Martin Seligman: “Os visionários, os planejadores, os desenvolvedores, todos eles precisam sonhar com coisas que ainda não existem, explorar fronteiras. Mas, se todas as pessoas forem otimistas, será um desastre”, afirma. Qualquer empresa precisa de figuras que joguem a dura realidade sobre os otimistas: tesoureiros, vice-presidentes financeiros, engenheiros de segurança...

        Esse realismo é coisa pequena se comparado com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele, o otimismo é a causa de todo sofrimento existencial. Somos movidos pela vontade – um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração – e a uma nova vontade.

        Mas qual é o remédio, então? Se livrar das vontades e passar o resto da vida na cama sem produzir mais nada? Claro que não. A filosofia do alemão não foi produzida para ser levada ao pé da letra. Mas essa visão seca joga luz no outro lado da moeda do pessimismo: o excesso de otimismo – propagandeado nas últimas décadas por toneladas de livros de autoajuda. O segredo por trás do otimismo exacerbado, do pensamento positivo desvairado, não tem nada de glorioso: ele é uma fonte de ansiedade. É o que concluíram os psicólogos John Lee e Joane Wood, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Um estudo deles mostrou que pacientes com autoestima baixa tendem a piorar mais ainda quando são obrigados a pensar positivamente.

        Na prática: é como se, ao repetir para si mesmo que você vai conseguir uma promoção no trabalho, por exemplo, isso só servisse para lembrar o quanto você está distante disso. A conclusão dos pesquisadores é que o melhor caminho é entender as razões do seu pessimismo e aí sim tomar providências. E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob uma camada de otimismo artificial. O filósofo britânico Roger Scruton vai além disso. Para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o “otimismo inescrupuloso”. Aquelas utopias que levam populações inteiras a aceitar falácias e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo – um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria leis preparadas para os piores cenários. O melhor jeito de evitar o pior, enfim, é antever o pior.

Extraído de M. Horta. “O lado bom das coisas ruins”, Superinteressante, São Paulo, n. 302, março 2012. Disponível em: http://super.abril.com.br/cotidiano/lado-bom-coisass-ruins-680705.shtml.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 340-1.

Entendendo o artigo de divulgação científica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Visionário: idealista; que tem ideias excêntricas, extravagantes.

·        Utopia: projeto de natureza irrealizável; quimera; fantasia.

·        Falácia: raciocínio verossímil, porém falso; engano; trapaça.

02 – Você é pessimista ou otimista? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Há vantagens em ser otimista? E em ser pessimista?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – O texto “Pessimismo” é trecho de um artigo publicado em uma revista de divulgação científica.

a)   Qual é o título e quem é o autor do artigo do qual o trecho foi extraído?

O artigo de divulgação científica intitula-se “O lado bom da coisas ruins” e foi escrito por M. Horta.

b)   Como você descobriu essas informações?

Pela fonte que aparece logo após o texto.

05 – Qual é o objetivo do texto “Pessimismo”?

      Comparar atitudes pessimistas e otimistas e destacar o papel positivo do pessimismo nos planos individual, social e político.

06 – No texto “Pessimismo” foram usadas diferentes estratégias argumentativas:

• Confronto entre pessimismo e otimismo;

• Uso da primeira pessoa do plural, fazendo com que o autor se inclua entre aqueles que refletem a respeito do assunto;

• Citação de autoridades;

• Exemplificação com fatos da vida cotidiana e eventos históricos.

        Explique a estratégia argumentativa empregada pelo autor:

a)   No primeiro parágrafo.

O autor cita como argumento a opinião do psicólogo Martin Seligman para legitimar sua tese: a importância da presença de pessoas pessimistas em empresas (grupos de planejadores, desenvolvedores, empreendedores e altos funcionários), otimistas, para manter o senso da dura realidade e a eficiência da empresa.

b)   No segundo parágrafo.

O autor cita o ponto de vista do filósofo (pessimista) alemão Arthur Schopenhauer, que atribui ao otimismo todos os sofrimentos existenciais do mundo.

c)   No terceiro parágrafo.

O autor faz uma ressalva à posição extremada de Arthur Schopenhauer, mas retoma a tese de que o otimismo exacerbado, na vida pessoal, provoca ansiedade. O autor confirma esse posicionamento citando um estudo de dois psicólogos canadenses da Universidade de Waterloo: John Lee e Joane Wood. Segundo esse estudo, pacientes que têm baixa autoestima podem piorar seu estado psíquico quando são obrigados a pensar de modo otimista.

d)   No quarto parágrafo.

O autor faz um alerta contra o otimismo artificiais e cita o filósofo britânico Roger Scruton, que aponta o “otimismo inescrupuloso” no plano político: o que leva um povo a acreditar em projetos irrealizáveis e mentiras. Esse especialista exemplifica tal tese com dois eventos históricos: a ascensão do nazismo e a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

07 – Qual é a conclusão do texto?

      No final, o redator conclui sua tese citando a resposta que Scruton encontrou para o “otimismo inescrupuloso”: o pessimismo, que acaba por criar maneiras de evitarmos o pior, antevendo-o. Ou seja: é melhor esperar pelo pior, para evitar surpresas desagradáveis.

08 – Você concorda com esse ponto de vista? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

09 – No caderno, dê exemplos de seu cotidiano para:

a)   Ilustrar a tese defendida no texto.

Resposta pessoal do aluno.

b)   Contestar a tese defendida no texto.

Resposta pessoal do aluno.

10 – A revista de divulgação científica em que o texto foi publicado é dirigida ao público interessado no assunto, especialmente os jovens. Registre no caderno os recursos que o redator usou para atingir esse público.

a)   Empregou linguagem clara e objetiva.

b)   Buscou interação com o leitor.

c)   Usou expressões da linguagem coloquial.

d)   Remeteu o leitor a situações cotidianas.

      Todas as alternativas estão corretas.

11 – Explique o uso dos termos destacados nos trechos a seguir na articulação das ideias do texto “Pessimismo”:

a)   Para começar, precisamos dos pessimistas [...].

Expressão coloquial, empregada para se aproximar do leitor e introduzir o assunto.

b)   Esse realismo é coisa pequena [...].

Retoma a ideia de realismo exposta anteriormente, e que, segundo o texto, é “coisa pequena” se comparada ao pessimismo de Arthur Schopenhauer.

c)   E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob uma camada de otimismo artificial.

Acrescenta outro argumento contrário ao otimismo artificial, na vida pessoal.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário