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domingo, 23 de junho de 2024

CRÔNICA: CEM DIAS ENTRE O CÉU E MAR - FRAGMENTO - AMYR KLINK - COM GABARITO

 Crônica: Cem dias entre o céu e mar – Fragmento

              Amyr Klink

        [...]

        Trinta de agosto. Embora não fosse sábado, o calor do final de tarde me inspirou a fazer a barba, que já resistia há algum tempo. As roupas secavam na antena. Os remos já estavam prontos pra ir dormir. Mas, ao reconhecer o que ainda estava solto sobre o barco, um susto!

        -- Navio! Navio! – berrei.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjqvjWgQ6fVAgfbSKta-NEYb5WXyLg9RoTjuEyAYyNIhXHU2IyQrfQsXHGygblwajKaYZbBX87NWeiw9XBNSvjtfaqNDrKSCk5B3HMxGhRQLCyclPfZK0zVfC9KyGhfMjjXYV2nssHqTO87qWNRF0Y7O1TeRGKvCuxEHH7elT7LQ4rNIMlJItc2ZuaYdQ/s320/AMIYR.jpg


        Quase caí na água. Um enorme navio cinzento cruzava minha proa a menos de meia milha de distância no rumo verdadeiro de 310º. [...]

        Os navios são cegos no mar, e quem navega sozinho deve assumir por sua conta e risco este fato. Especialmente durante o dia. À noite, as luzes de um pequeno barco são visíveis a uma razoável distância, e neste caso o vigia pode tomar alguma atitude. Se houver vigia. Mas quando o mar se apresenta levemente formado e, sobretudo, à luz do dia, um barco pequeno só é visível nos poucos segundos em que não está escondido entre duas ondas, o que representa menos de 20% do tempo. Isto, se naquele exato instante houver alguém olhando precisamente na mesma direção. Soma-se ainda o problema do reflexo dos raios na água, o que inutiliza metade do campo visual de um navio quando o sol está baixo, e o dos dias de vento mais forte, quando os carneirinhos, deixados pelas ondas que arrebatam, se confundem com qualquer embarcação. Quanto mais perto se está do nível do mar, pior o problema, pois, em decorrência da curvatura da Terra, o horizonte se torna próximo e um enorme navio pode surgir da invisibilidade absoluta, até o nariz da vítima, em rápidos minutos.

        A única solução é manter uma vigília permanente e nunca esperar que um monstro de aço saia da frente primeiro. Na prática, isto é impossível para um solitário, e o jeito é dormir em intervalos regulares tanto menores quanto mais próximo se estiver de rotas conhecidas de navegação. Existem também alguns recursos técnicos para evitar colisões no mar: os refletores-radar e o detector de radares. a utilidade de ambos, em rotas transoceânicas, é muito relativa. Para auxílio e localização de um barco são muito interessantes, mas nem tanto para evitar acidentes, pois, na prática, raras vezes os navios acionam o radar em alto mar.

        Inanimado, o navio seguia em frente enquanto eu barrava de alegria. A distância não permitia distinguir pessoas, mas ao menos sabia que, peça primeira vez em mais de oitenta dias, havia gente nas proximidades, gente trabalhando, comendo em mesas, com versando, ali a minha frente, dentro do vulto de aço que soltava fumaça pela chaminé. Que saudades, meu Deus! Chamei pelo VHF, no canal 16: “Grande navio cinza. Grande navio cinza. Aqui embarcação IAT chamando. Responda, Câmbio.”

        E que surpresa ao ouvir a resposta num inglês bem napolitano: “Prossiga IAT. Aqui é o Mount Cabrite. Câmbio.”

        Era um cargueiro de bandeira liberiana e tripulação italiana que seguia para os Estados Unidos. A comunicação VHF é de curto alcance, e, portanto, eles imaginavam que deveriam avistar outro barco próximo, um veleiro talvez. Mas não conseguiram. Sem trair a emoção que eu sentia, pedi uma confirmação de posição para checar a precisão dos meus cálculos. E o diálogo que se seguiu foi um pouco lacônico:

        -- Não o avistamos. Você perdeu o mastro? – perguntou o operador.

        -- Não tenho mastro! – respondi.

        -- Você está com pane nas máquinas?

        -- Não tenho máquinas. Estou remando!

        Houve um silêncio no rádio.

        -- Há outros sobreviventes? – voltou ele novamente.

        -- Não! Não! – respondi. – Sou o único tripulante a bordo. Vou para Salvador. Está tudo bem. Por favor, confirme e comunique minha posição ao Concontramar no Rio de Janeiro.

        -- Morreram todos os outros?

        -- Não, não. Eu parti só, da África, de Luderitz.

        Novo silêncio. O oficial de rádio custou a acreditar e, enquanto pedia a posição à ponte de comando, não escondeu que duvidava do que ouvia.

KLINK, Amyr. Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 102-103.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 36-37.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, o que significa a palavra lacônico?

      Em poucas palavras, sucinto, resumido.

02 – Explique a afirmação feita no texto, de acordo com o relato do navegador.

        “Os navios são cegos no mar, e quem navega sozinho deve assumir por sua conta e risco este fato.”

      Pela afirmação, que os navios não conseguem ver as embarcações menores no mar, por isso, são “cegos”. Ciente desse fato, o navegador que assume enfrentar uma viagem sozinho deve ter consciência desse fato, o que pode representar um risco.

03 – De acordo com o texto, há quantos dias Klink estava navegando quando encontrou o navio?

      Há oitenta dias quando encontrou o navio.

04 – Qual foi o motivo da alegria do navegador ao se deparar com  um navio?

      O fato de ter tido um contato humano depois de oitenta dias de navegação solitária.

05 – Como o autor navegante descreve o navio que encontrou no caminho?

      O navio era um cargueiro de bandeira liberiana e tripulação italiana que estava seguindo para os estados Unidos.

06 – Por que a tripulação do cargueiro pensou que Klink era um sobrevivente?

      Pelo fato de ele estar sozinho, imaginando que ele teria escapado, provavelmente, de um naufrágio.

07 – Como você justifica o fato de o oficial de rádio ter duvidado sobre o que o navegante contava?

      O oficial de rádio poderia ter duvidado sobre o que o navegante dizia, pois o fato de haver um navegante sozinho em alto mar parecia ser algo estranho e improvável, a menos que fosse, por exemplo, um sobrevivente.

08 – Com base no texto que você leu, indique qual foi o fato que mais lhe chamou a atenção. Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

domingo, 26 de maio de 2019

TEXTO: CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR - FRAGMENTO - AMYR KLINK - COM GABARITO

Texto: CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR - Fragmento
                   
     Amyr Klink

        O ranger do velho caça-minas de madeira contra o cais me roubou o sono. O movimento de proas e mastros dos pesqueiros atracados lado a lado produzia uma estranha música de ruídos e estalos que hipnotizavam os ouvidos. Embora uma fina névoa descansasse sobre as águas silenciosas do porto, e não houvesse um pingo de vento, o balançar dos barcos anunciava que fora da baía o mar estava agitado e as grandes ondas do sul tinham voltado.
        Impossível dormir nessa primeira noite a bordo; com a luzinha da cabine acesa, e uma lanterna na mão, procurava pôr ordem na infinidade de sacolas que ainda aguardavam um endereço certo no meu minúsculo compartimento de bagunças. Vesti mais uma blusa – frio – e, soltando um pouco o cabo da âncora e as amarras que me ligavam ao barquinho do capitão do porto, encostei no cais principal, a poucos metros apenas. Por entre as sombras dos vagões aí estacionados surgiram dois vultos:
        ― Amyr!‖. Eram Gunther e Marion, encapotados, que vieram me acordar. ― Amyr, o escritório de Aduana está abrindo! Os papéis!...”
        ― Bom dia‖, respondi.
        E com passaporte, diário e livros de bordo debaixo do braço, subi os degraus gelados da escadinha de ferro, e fomos atrás da única luz acesa no porto. O oficial da Imigração, especialmente arrancado da cama para a ocasião, e com cara de quem não estava muito acostumado a madrugar, colocou as estampilhas, carimbou e finalmente assinou os meus papéis. E assim, às seis horas do dia 10 de junho de 1984, uma gelada manhã de domingo, eu estava oficialmente autorizado a deixar o porto de Lüderitz, na Namíbia (antiga África do Sudoeste), com destino ao Brasil, remando.
        Tenso, andando em direção ao cais, senti que aqueles seriam os meus últimos passos em terra firme. O cheiro de porto no escuro, a areia quente sob os pés, os vagões enferrujados, o barulho de vozes humanas – quando novamente? Não sabia, e tampouco importava naquele momento. Estava nervoso, impaciente, desesperado para ir embora. A saída fora autorizada, a partir de Dias Point, e para lá seria rebocado por um veleiro, o Storm Vogel. Na ponta do cais, já estavam todos esperando: Helena com as crianças, a querida Anne Marie e os inesquecíveis amigos de Lüderitz com caras amassadas de sono e alguns olhos molhados. Tinha um enorme nó na garganta, e simplesmente não pude me despedir de ninguém: a voz não saía. Pulei no barco e, antes que me afastasse, Helena atirou uma chuva de flores:
        “― É para Iemanjá! Faça uma linda viagem, Amyr!”
        Gunther, talvez o único entre aquelas pessoas que não traíra uma ponta de nervosismo, não parava quieto e berrava:
        “― Cuide-se direito! Não deixe que te peguem! Queremos visitá-lo em Paraty”.
        De um veleiro antigo, de casco negro e que eu mal podia enxergar no escuro, ouvi um anônimo:
        “― Boa sorte, homem!”.
        Agradeci em silêncio. Aos poucos o cais foi diminuindo. Fundindo-se com contornos áridos das dunas que cercam a cidade. Passamos a última boia de indicação do porto, com sua luzinha vermelha e o eterno bater do sino que orienta os pesqueiros perdidos na neblina. O dia começou a nascer, envolto em uma neblina baixa que fazia as altas dunas do deserto parecerem nuvens sobre o horizonte.
        Focas e golfinhos surgiram brincando em torno do barco e, ao dobrar Dias Point e Halifax Island, onde vive uma simpática colônia de pinguins, o mar subitamente mudou. O vento forte e as ondas formadas anunciavam o limite das águas abrigadas da baía de Luderitz, o oceano livre pela frente. Do potente farol-apito, junto à cruz de Dias – que nas noites de tempestade e nos dias de neblina, tão frequentes nessa estranha costa, orienta a entrada dos navios –, ouvi pela última vez a África, uma série de longos e distantes apitos, a saudação da torre que aos poucos desaparecia, um continente que já não mais avistava, mas que ainda podia ouvir ... Adeus, África!
        Começou, então, a despedida da tripulação do Storm Vogel. Catastrófica despedida. Eu havia esquecido meu casaco vermelho e uma máquina fotográfica no veleiro, antes de deixar o porto, e pedi aos berros, por causa do vento que não parava de aumentar, que me passassem o material. Com o mar cada vez mais agitado, uma aproximação tornava-se tarefa delicada. Atirei um cabo, para auxiliar a manobra, mas ao ser puxado por barlavento desci uma onda em velocidade e entrei com o bico de proa no costado do veleiro, abrindo um pequeno rombo. Ficaram todos apavorados com o choque, e mais ainda com o furo no casco, e então tentaram passar em rumo oposto ao meu.
        Não sabia exatamente o que fazer; as ondas começavam a preocupar, mas era certo que eles estavam com excesso de pano para aquele vento. Só então percebi que eram completamente inexperientes e não entendiam nada de vela.
        Com o veleiro adernado pelo vento, sem ângulo de visão e em grande velocidade, o comandante errou a manobra e veio exatamente em cima de mim. Proa com proa, um choque tremendo, pensei que fosse afundar. Todas as coisas soltas dentro do barco voaram, e a antena de rádio, instalada do lado de fora, partiu-se ao meio e caiu na água. Junto, foi um bobina para comunicados a curta distância, em 40 metros, que ganhei do Gerd (formidável radioamador de Lüderitz) e que serviria para lhe mandar notícias nos primeiros dias.
        Estava apavorado. O cockpit cheio de água, as ondas arrebentando, um frio tremendo, e a antena principal perdida. Meu Deus, que começo! Descontrolada com a força do vento, com velas panejando e escotas voando, a tripulação resolveu mudar de tática e, agora com o vento a favor, avançou de novo em minha direção. Fiquei histérico, não queria mais o casaco nem coisa alguma. Queria que fossem embora, aquilo estava perigoso demais! Faltavam só capa e lança para parecer um duelo — a capa, aliás, estava com eles — e vieram dessa vez em sentido contrário, com todas as velas cheias, levantando espuma pela proa. Berrando como louco, implorei que se afastassem. Inútil.
        Cruzando proas a poucos metros de distância, me atiraram o casaco amarrado a um cabo para que o vento não o carregasse. Agarrei-o — e que surpresa! —, o cabo não estava solto. Pior. Não era um cabo, mas a ponta de uma das escotas. Larguei tudo imediatamente; mas, enquanto o veleiro seguia veloz, a ponta que estava comigo ainda presa ao casaco enroscou-se num dos remos, o cabo esticou, partiu-se e o remo espirrou para cima, caindo no mar. Fiquei sem meu remo, e eles sem a escota da vela grande que panejava de maneira desesperada. Tudo se passara em frações de segundos. Tinha de qualquer modo que recuperar o remo. Situação absurda! Desamarrei um dos remos de reserva que estavam firmemente atados sobre o convés e, enfurecido, quase chorando de raiva, parti em direção ao remo perdido que se afastava com rapidez. Quarenta e cinco minutos de luta com as ondas e o vento para conseguir, todo ensopado, capturar o remo acidentado. Não, não podia ser verdade — quarenta e cinco minutos, e as bolhas estouravam-me nas mãos, a mais de cem dias do destino! Do veleiro, só me lembro da tripulação tentando levantar uma faixa, por certo preparada na véspera, onde se lia, num esforçado castelhano, “Amyr, feliz viag...”, e vupt, o vento carregou a faixa. Não nos vimos mais, e não houve despedida. Simplesmente sumiram. Assim, de modo rocambolesco, eu havia partido e, ao me descobrir totalmente só, uma estranha sensação me invadiu...
        A situação a bordo era desoladora. O vento ensurdecedor, o mar difícil, roupas encharcadas, muito frio e alguns estragos. Pela frente, uma eternidade até o Brasil. Para trás, uma costa inóspita, desolada e perigosamente próxima. Sabia melhor que ninguém avaliar as dificuldades que eu teria daquele momento em diante. Estava saindo na pior época do ano, final de outono, e teria pela frente um inverno inteiro no mar.
        A fria e difícil corrente de Benguela, meu caminho obrigatório até as proximidades da ilha de Santa Helena, é particularmente perigosa no mês de junho. Planejei partir no verão, quando as águas do Atlântico Sul são mais clementes, e estabeleci uma data-limite para a partida, além da qual eu deveria reconsiderar seriamente a decisão de me fazer ao mar. Essa data era o final do mês de maio, e já estava queimada. Uma colossal avalanche de problemas contribuiu para isso. Mas, se tomei essa decisão, não foi sem avaliar os riscos. Eu havia trabalhado nesse projeto durante mais de dois anos, sem jamais fazer uma única concessão que lhe comprometesse a segurança. Tinha um barco e um equipamento como sempre sonhei — perfeitos. Estava preparado para o pior, e por um período tão longo no mar seria impossível, cedo ou tarde, evitar o pior. Então, por que não partir?
        Finalmente, meu caminho dependeria do meu esforço e dedicação, de decisões minhas e não de terceiros, e eu me sentia suficientemente capaz de solucionar todos os problemas que surgissem, de encontrar saídas para os apuros em que porventura me metesse.
        Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo. Mas, ao me encontrar afinal só, só e independente, senti uma súbita calma. Era preciso começar a trabalhar rápido, deixar a África para trás, e era exatamente o que eu estava fazendo. Era preciso vencer o medo; e o grande medo, meu maior medo na viagem, eu venci ali, naquele mesmo instante, em meio à desordem dos elementos e à bagunça daquela situação. Era o medo de nunca partir. Sem dúvida, este foi o maior risco que corri: não partir.
        Não estava obstinado de maneira cega pela ideia da travessia, como poderia parecer — estava simplesmente encantado. Trabalhei nela com os pés no chão, e, se em algum momento, por razões de segurança, tivesse que voltar atrás e recomeçar, não teria a menor hesitação. Confiava por completo no meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras. Mas não poder pelo menos tentar teria sido muito triste. Não pretendia desafiar o Atlântico — a natureza é infinitamente mais forte do que o homem —, mas sim conhecer seus segredos, de um lado ao outro. Para isso era preciso conviver com os caprichos do mar e deles saber tirar proveito. E eu sabia como.
        Pelo simples fato de estar ali onde estava, debatendo-me entre os remos, xingando as ondas e maldizendo a sorte, me sentia profundamente aliviado. Feliz por ter partido.

KLINK, Amyr. Cem dias entre céu e mar. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 17-22.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras a abaixo:
·        Caça-minas: navio pequeno para abrir caminho em um campo minado.
·        Aduana: alfândega.
·        Estampilhas: selos fiscais.
·        Barlavento: direção em que o vento sopra.
·        Proa: parte dianteira da embarcação.
·        Costado: parte aparente do casco na embarcação.
·        Adernado: inclinado.
·        Cockpit: espaço em que o piloto fica nas embarcações.
·        Panejando: tremulando, tremendo.
·        Escotas: cabos que seguram a vela da embarcação.
·        Rocambolesco: marcado por imprevistos e aventuras.

02 – A quem você acha que esse texto é destinado?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Em sua opinião, por que Amyr Klink escolheu o mar como cenário de sua aventura?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Os fatos expostos pelo navegador são reais ou imaginários? Explique.
      São reais, pois são relatos de uma pessoa que realmente existe e que realizou a viagem apresentada.

05 – Que experiências são relatadas nesse texto?
      São relatadas as experiências de uma viagem do navegador Amyr Klink retornando para o Brasil em um veleiro.

06 – Quem conta os fatos? O narrador participa da história narrada ou expõe os fatos como alguém que apenas observa os acontecimentos?
      O narrador é Amyr Klink, que vivenciou os fatos relatados.

07 – Em um relato de viagem, é comum ocorrer a descrição de pessoas, lugares, objetos, e a rota e a distância percorridas.
a)   Isso ocorre nesse texto? Justifique sua resposta com exemplos.
Sim. Exemplos: “Tenso, andando em direção ao cais, senti que aqueles seriam os meus últimos passos em terra firme. O cheiro de porto no escuro, a areia quente sob os pés, os vagões enferrujados, o barulho de vozes humanas [...]”.

b)   O texto é constituído somente de descrições? Explique.
Não. Ele é constituído de narração, o que o difere dos relatos convencionais em que predomina a descrição detalhada de um acontecimento.

08 – O relato apresenta continuidade ou é registrado livremente, sem se preocupar com a linearidade dos fatos?
      Ele apresenta continuidade, pois expõe os fatos na sequência em que ocorreram.

09 – Amyr Klink inicia o 6° parágrafo destacando que estava tenso. Qual era a causa dessa tensão?
      Ele estava tenso, pois novamente voltaria ao mar e tinha receio de quando conseguiria estar a salvo em terra firme.

10 – No trecho: “A natureza é infinitamente mais forte do que o homem”, Amyr afirma que não pretendia desafiar a natureza. Em sua opinião, qual era o objetivo de sua viagem?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Superar seus próprios limites e aventurar-se no mar, passando por lugares difíceis e perigosos.

11 – Muitas pessoas, assim como Amyr Klink, buscam, por meio de aventuras, superar seus limites e, consequentemente, vencer os medos.
a)   Como o medo pode ser superado para que as pessoas atinjam seus objetivos?
Enfrentando-o para que ele não impeça a realização das atividades pretendidas.

b)   Você já passou por alguma situação em que teve medo e precisou superá-lo? Comente.
Resposta pessoal do aluno.

12 – Em sua opinião, que contribuições expedições como a realizada por Amyr Klink podem trazer às pessoas? Você as considera importantes?
      Resposta pessoal do aluno.

13 – Observe algumas palavras empregadas no texto: Cais – proa – mastros – atracados – âncora. Por meio do emprego dessas palavras, é possível reconhecer a área sobre a qual o texto trata. Que área é essa?
      A área da navegação.

14 – Releia o seguinte trecho:
        “[...] E assim, às seis horas do dia 10 de junho de 1984, uma gelada manhã de domingo, eu estava oficialmente autorizado a deixar o porto de Lüderitz, na Namíbia (antiga África do Sudoeste), com destino ao Brasil, remando.”

a)   Identifique os advérbios e as locuções adverbiais presentes nesse trecho, classificando-os.
Às seis horas do dia 10 de junho de 1984, manhã de domingo: locução adverbial de tempo. Oficialmente: advérbio de modo; na Namíbia, ao Brasil: locução adverbial de lugar.

b)   Por que o emprego de advérbios e locuções adverbiais é imprescindível nesse gênero textual?
Porque esse gênero é importante a localização do espaço e do tempo em que as ações ocorrem, a fim de contextualizar o leitor sobre os acontecimentos.

15 – Identifique, em cada um dos trechos a seguir, o sentido com que as expressões em destaque foram empregadas.
a)   Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo.
Pálido.

b)   Confiava por completo no meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras.
Sem um rumo predeterminado.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

TEXTO: DE COSTAS PARA O ANO-NOVO - AMYR KLINK - COM GABARITO

Texto: DE COSTAS PARA O ANO-NOVO  
                              
                                AMYR KLINK

        Resignado, como se o mau tempo fosse o único tempo possível, recolhi o que restava da buja e deixei apenas a velinha de tempestade solteira. Talvez viúva. Disparou então de uma vez a fúria do Southern Ocean. Foram-se a graça e o resto de bom humor. Foram-se as últimas gotas de paciência para tentar entender o que se passava. Caos completo. Uma desordem contínua de água e espuma. O mar estava desmoronando ao redor. A escota da velinha, único motor puxando o Paratii a uma velocidade completamente ilegal, encostou, sem que notasse, numa roldana da vela grande, puiu e ameaçava estourar. Se um pedaço de pano se soltasse ou se o cabo se partisse, decolaríamos para um desastre espetacular.
      Criei coragem, cortei um pedaço de cabo, saí e, arrastando-me como um polvo até a ponta da retranca, fiz uma escota de reserva rezando para não ser arrancado dali por uma onda. Que falta faziam os outros quatro membros... O cabo de dezesseis milímetros voava no vento como um fiozinho de lã. Fazer as voltas e os nós pendurado sobre a espuma não foi nem um pouco divertido. Em vez de falar em voz alta, eu gritava. Gritava para mim mesmo o que deveria fazer, que o nó não estava firme. Gritava para ouvir minha própria voz no meio daquela turbina eólica infernal, que não parava. Gritava para não parar de fazer força, para não desistir dos nós que era preciso dar.
        Voltei para dentro, miraculosamente pouco ensopado. Com uma toalha preta e felpuda me enxuguei de roupa e tudo: casaco, macacão, botas. Minutos depois, uma cachoeira lateral vinda do norte bateu na popa, no meio de uma descida de onde de oeste. O Paratii atravessou. A cozinha subia e a mesa de navegação foi para baixo. De toalha em punho, escorreguei até bater na parede oposta. Do lado de fora, a retranca, onde eu me encontrava minutos antes, mergulhou inteira na onda, com a vela panejando desesperadamente, até que o piloto retomasse o rumo. “Muito tempo, muito tempo”, gritei. Desliguei o piloto e assumi o leme interno. Meu Deus, pior ainda, o barco endireitou, mas eu não conseguia manter o rumo certo por falta de referência. Olhando para a frente, não havia meio de saber por quais ondas estava descendo, as de norte ou as de oeste. Comandar pela bússola também não resolvia o problema. Virei de costas para a proa e, olhando para as ondas, segurando o leme por trás, descobri um jeito de pilotar ao contrário, apenas controlando as paredes de água e a birutinha de vento da targa traseira. Surfando de costas! Quem diria! Não era exatamente o modo como planejei virar o ano e começar vida nova. As deliberações de ano-novo se resumiram a uma só: escapar vivo.

      KLINK, Amyr. Mar sem fim: 360° ao redor da Antártica.
São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 102-103.
        Texto de viagem
        Eu estava apreensiva, sem notícias do Amyr desde o dia 27. Não ter ouvido sua voz na virada de ano foi motivo de muita preocupação. Procurava um quase impossível acesso à internet em Paraty quando, depois de uma semana de silêncio, o telefone tocou. Era o Amyr (UFA!). Fui ficando cada vez mais impressionada conforme ele ia descrevendo a situação que enfrentou no mar na passagem de ano:
        "Foi impressionante. Os ventos chegavam a 120 quilômetros horários e as ondas de vinte metros vinham de todos os lados, me obrigando a ficar de plantão no convés por cinquenta horas. Ventava tanto que o mar estava branco(...)."
        "(...) Estou exausto, com dores por todo o corpo. Mal consigo me mexer. O vento estava forte demais e as ondas deram muito trabalho. O leme de vento segura o barco quase em qualquer situação, mas dessa vez ficou de folga.
        Não deu para usar o leme de vento nem o piloto automático. Foi impressionante(...)."
(...)
        No momento o Amyr acaba de reparar os danos decorrentes da tempestade que o "abraçou" no sul da Austrália. Aproveita a calmaria e o tempo bom para amarrar as velas e para "secar suas meias".

                                                                         Marina Bandeira Klink. Textos da viagem. In: KLINK, Amyr, op. cit. p. 234-235.
Entendendo o texto:
01 – Logo no início de seu relato, Amyr klink afirma que estava” resignado, como se o mau tempo fosse o único tempo possível” O que ele quis dizer com essa afirmação?
      Se o mau tempo parecia ser o único possível, ele não teria escolha e, portanto, o melhor a fazer, para tentar sofrer menos, seria conformar-se: não ficar pensando em como seria a navegação se o tempo estivesse bom.

02 – Escreva duas das ações realizadas para vencer a tempestade.
      Possibilidades: Cortar um cabo e fazer uma escota de reserva para amarrar a vela; dar nós na corda pendurado sobre a espuma do mar; arrastar-se feito um polvo para chegar ao outro lado do barco; falar/gritar para si mesmo o que deveria fazer.

03 – No segundo parágrafo do relato, Amyr escreve; “Que falta faziam os outros quatros membros”. O que ele quis dizer com isso?
      O autor conta que se arrastou como um polvo até a retranca, só que ele não tinha oito membros, como o molusco, e isso lhe fazia falta naquela hora em que precisava fazer muitas voltas e nós, segurar-se, etc.

04 – Depois de ter conseguido vencer o desafio de dar os nós e segurar a vela do barco em meio a uma tempestade, o navegador teve de enfrentar problemas que aconteciam dentro do barco. Escreva com suas palavras o que estava acontecendo.
      Possibilidades: Entrada de água no barco, a turbulência do mar fazendo o barco adernar, o desequilíbrio do velejador e sua queda ao chão.

05 – Amyr relata assim um problema depois de ter conseguido o controle interno do barco assim:
“O barco endireitou, mas eu não consegui manter o rumo certo por falta de referência”.
O que ele quis dizer com “falta de referência”?
      Que estava sem direção, sem saber para que lado conduzir o veleiro.

06 – O que Amyr quis dizer com a exclamação “Surfando de costas! Quem diria!”?
      Surfar de costas era algo que ele nunca imaginara fazer.

07 – Depois de falar com o marido por telefone, a esposa de Amyr relata:
        “No momento o Amyr acaba de reparar os danos decorrentes da tempestade que o ‘abraçou’ no sul da Austrália. Aproveita a calmaria e o tempo bom para marrar as velas e para ‘secar suas meias’”.
a) no texto qual o sentido de abraçou?
      Envolveu, sufocou.

b) Qual foi a intenção de marina ao empregar aspas na expressão “abraçou” e “secar as meias”?
      Sugestão: Na palavra abraçou pode-se notar certa ironia, pois abraçar é uma ação afetiva, e não houve nada de afetividade no que aconteceu com Amyr.
      Em secar suas meias também se nota ironia, pois provavelmente todas as suas roupas ficaram molhadas com a violência das águas e não apenas as meias. A intenção é mostrar, em tom de brincadeira, de ironia, que a gravidade da história foi maior do que aquilo que o sentido comum dessas palavras expressaria, etc.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

RELATO DE VIAGEM - AMYR KLINK - COM GABARITO

 Relato de viagem 

        O que você vai ler

        O trecho do relato de viagem que você vai ler foi escrito pelo navegador brasileiro Amyr Klink, que já realizou diversas façanhas, como passar um ano inteiro na Antártida e dar a volta ao mundo pela rota mais difícil: a circum-navegação em torno do continente antártico. O texto a seguir faz parte de um livro chamado Cem dias entre céu e mar, em que Amyr Klink relata uma viagem de travessia do Atlântico Sul. O navegador percorreu 7 mil quilômetros, da Namíbia (África) à cidade de Salvador (Brasil), entre 10 de junho e 19 de setembro de 1984. Foi a primeira vez que um homem cruzou sozinho o Atlântico Sul em um barco a remo de 6 metros de comprimento. 
        Durante a travessia, Amyr registrou, dia após dia, os desafios enfrentados e os pensamentos a respeito do que viu.

        Partir 

        A situação a bordo era desoladora. O vento ensurdecedor, o mar difícil, roupas encharcadas, muito frio e alguns estragos. Pela frente, uma eternidade até o Brasil. Para trás, uma costa inóspita, desolada e perigosamente próxima. Sabia melhor que ninguém avaliar as dificuldades que eu teria daquele momento em diante. Estava saindo na pior época do ano, final de outono, e teria pela frente um inverno inteiro no mar. 
[...] 
        Finalmente, meu caminho dependeria do meu esforço e dedicação, de decisões minhas e não de terceiros, e eu me sentia suficientemente capaz de solucionar todos os problemas que surgissem, de encontrar saídas para os apuros em que porventura me metesse. 
        Se estava com medo? Mais que a espuma das ondas, estava branco, completamente branco de medo. Mas, ao me encontrar afinal só, só e independente, senti uma súbita calma. Era preciso começar a trabalhar rápido, deixar a África para trás, e era exatamente o que eu estava fazendo.
[...] 
        Não estava obstinado de maneira cega pela ideia da travessia, como poderia parecer - estava simplesmente encantado. Trabalhei nela com os pés no chão, e, se em algum momento, por razões de segurança, tivesse que voltar atrás e recomeçar, não teria a menor hesitação. Confiava por completo no meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras. Mas não poder pelo menos tentar teria sido muito triste. Não pretendia desafiar o Atlântico - a natureza é infinitamente mais forte do que o homem -, mas sim conhecer seus segredos, de um lado ao outro. Para isso era preciso conviver com os caprichos do mar e deles saber tirar proveito. E eu sabia como.
[...]
        Uma foca solitária 

        Acordei no dia seguinte sobressaltado, dolorido após o esforço feito na véspera. Mal me lembrava de ter deitado para dormir. Encaixado no fundo da popa, eu não sentia o movimento do barco e só via o horizonte e as estrelas passando rápido pela janelinha. Mas, ao me levantar para ir ao trabalho, percebi que o mar piorara bastante durante a noite. Paciência! Agora era comigo mesmo. Tinha um imenso e desconhecido oceano pela frente que na verdade me atraía, e para trás, gravada na memória, uma fase dura, da qual não sentia a mínima saudade. 
        E comecei a remar. Remar de costas, olhando para trás, pensando para frente. Eu queria me afastar o mais rapidamente possível da costa africana. Avançava com dificuldade, devido às ondas que me molhavam a cada cinco minutos, mas não podia parar. Cada centímetro longe dessa região era de fundamental importância. 
        Sopram ali, o ano todo, ventos implacáveis, que movem as dunas do deserto da Namíbia e carregam a areia fina, deixando os diamantes à flor da superfície. Diamantes da mais alta qualidade (gem quality), lavados pelo mar e polidos pela areia, e em tal extensão que sua exploração é fortemente controlada e delimitada. 
        É a "zona proibida dos diamantes", que isola toda a costa até Walvis Bay e onde qualquer embarcação que se aproxima não tarda a ser apreendida. Nenhum veículo, por terra, ou ar, que ultrapasse seus limites pode sair dali. Por mar, a mesma coisa. Por outro lado, qualquer aproximação, ainda que de emergência, é impraticável, pois não existe em enorme extensão de litoral um único abrigo ou enseada acessível, ou livre de arrebentação. 
        Ao mesmo tempo, eu navegava na região que detém o recorde do maior número de naufrágios junto à costa, em tempo de paz, até 1945, de todo o continente africano. Não sem razão. Zona de ressurgência fria, com turbulências térmicas e ondas acima da altura média para sua latitude, a navegação por essas águas é dificultada por fenômenos anormais surgidos com as bruscas variações de temperatura.
[...] 
        De fato, nada colaborava para que eu achasse normal a paisagem à minha volta. Ondas completamente descontroladas, águas escuras, tempo encoberto, um barulho ensurdecedor. Por onde andariam as tranquilas águas azuis do Atlântico de que tanto ouvi falar? Sem dúvida, longe da África. 
[...]
        No fim do dia, ao me levantar para amarrar os remos e jogar a biruta no mar, antes de ir dormir, olhei para o horizonte e, em vez de mar, como imaginava, o que vi? As dunas do deserto! Durante a noite, enquanto dormia, o barco derivara de volta e eu me encontrava novamente junto à costa. 
[...] 
        Naquela mesma noite fui acordado diversas vezes por ondas que golpeavam o barco com impressionante violência. O mar parecia ter enlouquecido e não havia mais nada que eu pudesse fazer a não ser permanecer deitado e rezar. Choques tremendos, um barulho assustador, tudo escuro; adormeci. E acordei, deitado no teto, quase me afogando em sacolas e roupas que me vieram à cabeça. Tudo ao contrário: eu havia capotado. Indescritível sensação. Estaria sonhando ainda? 
        Não. Alguns segundos, outra onda e tudo voltava à posição normal em total desordem! 
        Mal tive tempo de analisar o que se passou, e o mundo deu novamente uma volta completa, tão rápida que nem cheguei a sair do lugar. Lembrei-me da blusa verde, que ganhei da Anne Marie, solta no cockpit, e dos remos - estariam ainda inteiros no seu lugar? Impossível descobrir naquele momento. Precisava tirar a água primeiro. Não havia tempo para pensar. Sem que eu parasse um minuto de acionar a alavanca da bomba, o dia começou a nascer e pude então perceber o tamanho da encrenca. 
[...] 
Amyr Klink. Cem dias entre céu e mar. 3. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995. p. 21-22 e 47-50.
Glossário

Arrebentação: choque das ondas ou lugar onde elas se quebram. 
Biruta: aparelho para indicar a direção do vento. 
Cockpit: local destinado aos pilotos de carros de corrida ou em algumas embarcações. 
Derivar: desviar da rota. 
Desolador: que apresenta aparência de isolamento, desamparo e aflição. 
Enseada: pequena baía na costa do mar, que serve de porto a embarcações. 
Hesitação: indecisão, dúvida. 
Inóspito: desfavorável à vida; difícil. 
Latitude: distância de um ponto do globo terrestre em relação à linha do Equador. 
Obstinado: inflexível; que defende uma opinião ou propósito, mesmo quando contrários à razão; teimoso. 
Popa: parte de trás de uma embarcação. 
Ressurgência: movimento ascendente de águas profundas para a superfície. 
Sobressaltado: bastante agitado; inquieto.

Entendendo o texto:

01 – Com base nas informações do texto e da seção O que você vai ler, responda. 
a) O relato trata de que viagem?    
      De uma travessia do oceano Atlântico (Atlântico Sul). 

b) Quem está realizando a viagem?   
      Amyr Klink.

c) Quem está relatando essa viagem?   
      O próprio Amyr Klink.

d) Qual é o veículo utilizado na viagem? 
      Um barco a remo de 6 metros de comprimento.

e) Como é a região por onde Amyr Klink passou? 
      É uma região perigosa, com ressurgências e turbulências, ondas com altura acima da média e com variações de temperatura.

02 – O texto que você leu apresenta duas partes: em uma delas, Amyr Klink fala dos sentimentos dele em determinado momento da viagem e, em outra, apresenta uma situação de perigo que enfrentou. Quais os títulos dessas duas partes respectivamente? 
      A parte do texto em que o navegador revela medos, apreensões e certezas tem o título “Partir”. Na outra parte, o título é “Uma foca solitária”, em que Amyr Klink relata o momento em que o barco fica à deriva e capota.

03 – Releia a primeira parte do texto. Como Amyr Klink se sentia em relação à viagem a que se lançou? 
      Embora estivesse com medo, ele se sentia capaz de solucionar todos os problemas que surgissem, de encontrar saídas para os apuros em que porventura se metesse, sentia confiança em seu projeto, mas tinha consciência dos desafios, a serem superados.

04 – Amyr Klink planejou a viagem antes de realizá-la. Retire do texto um trecho. 
      “Não estava obstinado de maneira cega pela ideia da travessia, como poderia parecer – estava simplesmente encantado. Trabalhei nela com os pés no chão e, se em algum momento, por razões de segurança, tivesse que voltar atrás e recomeçar, não teria a menor hesitação.” 

05 – Na primeira parte do texto, Amyr Klink demonstra respeito à natureza. Transcreva a passagem que mostra a visão do autor sobre seu relacionamento com a natureza.
      “Não pretendia desafiar o Atlântico – a natureza é infinitamente mais forte do que o homem –, mas sim conhecer seus segredos, de um lado para o outro. Para isso era preciso conviver com os caprichos do mar e deles saber tirar proveito. E eu sabia como.”

06 – Releia o título da segunda parte do texto. Que significado ele tem, levando em conta o que foi relatado por Amyr Klink?   
      Esse título faz uma comparação do navegador com um animal marinho e indica que Amyr Klink estava navegando sozinho, tal como uma foca solitária. 

07 – Mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaria na viagem, há situações, na segunda parte do texto, em que o autor se vê apreensivo e surpreso. 
a) De qual região era fundamental que Amyr Klink se afastasse rapidamente? Por quê? 
      Da costa africana, pois nessa região sopram ventos implacáveis o ano todo e porque se tratava de uma região recorde em naufrágios, de todo o continente africano até 1945. 

b) Qual perigo ele estaria correndo se não se afastasse logo dessa região? Justifique sua resposta. 
      A embarcação de Amyr Klink poderia ser aprendida se ele se aproximasse da “zona proibida dos diamantes”. Além disso, uma aproximação, mesmo que emergencial, seria impraticável, pois nessa região não existe um único abrigo ou lugar acessível para ancorar a embarcação que seja livre de arrebentação.

c) Como Amyr Klink se sente ao avistar as dunas do deserto da Namíbia? 
      Ele fica surpreso, pois não esperava que a embarcação mudasse de rota e ele, em vez de ver o mar, voltasse a ver a costa. 

d) Por que ele demonstra esse sentimento? 
      Após remar durante um dia inteiro, ele esperava ter alcançado o alto-mar, mas, ao avistar as dunas, compreendeu que ainda não tinha conseguido se afastar da costa africana. 

e) O que aconteceu com o barco que deixou o navegador totalmente incapacitado para agir? 
      Durante uma noite, o barco foi golpeado por ondas extremamente violentas e capotou. Só quando o barco voltou a posição normal o navegador pôde tomar as providências necessárias. 

08 – Com base no texto lido, é possível imaginar as situações que o navegador enfrentou nessa fase da viagem? Por quê?   
      Sim, pois o texto dá muitas informações e descrições que nos possibilitam saber como era o barco e imaginar as condições climáticas, os principais perigos e quais desafios o navegador estava enfrentando. 

09 – Você acredita que Amyr Klink teve sucesso em sua travessia? Justifique sua resposta.   
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Se você fosse realizar uma viagem como essa de Amyr Klink, o que seria necessário saber? 
      Espera-se que os alunos mencionem a necessidade de conhecimentos marítimos e de navegação, fazer um planejamento da viagem, realizar uma pesquisa sobre a região a ser visitada, etc.