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quinta-feira, 3 de julho de 2025

CRÔNICA: O PRAZER DA LEITURA - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 Crônica: O prazer da leitura

               Rubem Alves

        Este texto, eu o dedico aos professores e professoras que fazem o que de mais importante existe na educação: seduzir as crianças para o prazer que mora nos livros.

        Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de "alfabeto". "Alfabeto" é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que "abecedário". A palavra "alfabeto" é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: "alfa" e "beta". E "abecedário", com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: "a", "b", "c" e "d". Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que "abecederizar", palavra inexistente, pudesse ser sinônima de "alfabetizar"...

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikZxyr649XDWhtr6f6-JuGa4x5GjQGGA-OnpIhaLmFC0wf1suujthqKssLVBlmACxjkfyqNbbUQjUtWO87oSY0XWXriTuAf-YDsAKYKMQSZHqbE67k5K3b46cd1hpI1ZA8wj9K7zJaLGF8TdONxSQBJtD3PZ74_7gFSJsOAIFl-yZ-aJ5kIVZzMNRzC9I/s320/como-alfabetizar-letrando.jpg


        "Alfabetizar", palavra aparentemente inocente, contém uma teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...

        E assim era. Lembro-me da criançada repetindo em coro, sob a regência da professora: "be-a-ba; be-e-be; be-i-bi; be-o-bo; be-u-bu"... Estou olhando para um cartão-postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redação: uma menina cacheada, deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê "fa", "fe", "fi", "fo", "fu"... (Centro de Referência do Professor, Centro de Memória, Praça da Liberdade, Belo Horizonte, Minas Gerais).

        Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música deveria se chamar "dorremizar": aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem repetindo as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...

        Todo mundo sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega o nenezinho e o embala, cantando uma canção de ninar. E o nenezinho entende a canção. O que o nenezinho ouve é a música e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas! Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: minha mãe as tocava ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.

        Isso é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. "Erotizada" – sim, erotizada! – pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo.

        No primeiro momento as delícias do texto se encontram na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o "seio bom", o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintática. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas me lembro com alegria das aulas de leitura. As aulas de leitura ninguém faltava; ninguém falava. Queríamos ouvir a professora lendo. Antes de ler Monteiro Lobato, eu o ouvi. E o bom era que não havia provas sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...

        Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor maternagem: continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: "Por favor, me ensine! Eu quero poder entrar no livro por conta própria...".

        Toda aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. Há aquele velho ditado: "E fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber". Traduzido pela Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo. Quero é fome". Metáfora para o professor: cozinheiro, Babette que serve o aperitivo para que a criança tenha fome e deseje comer o texto...

        Onde se encontra o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? Tive a resposta para essa questão acidentalmente, sem que a tivesse procurado. Ele me disse que havia lido um lindo poema de Fernando Pessoa, e citou a primeira frase. Fiquei feliz porque eu também amava aquele poema. Aí ele começou a lê-lo. Estremeci. O poema – aquele poema que eu amava – estava horrível na sua leitura. As palavras que ele lia eram as palavras certas. Mas alguma coisa estava errada! A música estava errada! Todo texto tem dois elementos: as palavras, com o seu significado. E a música... Percebi, então, que todo texto literário se assemelha à música. Uma sonata de Mozart, por exemplo. A sua "letra" está gravada no papel: as notas. Mas, como partitura, a sonata não existe como experiência estética. Está morta. É preciso que um intérprete dê vida às notas mortas. Martha Argerich, pianista suprema (sua interpretação do concerto n.° 3 de Rachmaninoff me convenceu da superioridade das mulheres...), as toca: seus dedos deslizam leves, rápidos, vigorosos, vagarosos, suaves, nenhum deslize, nenhum tropeção: estamos possuídos pela beleza. A mesma partitura, as mesmas notas, nas mãos de um pianeiro: o toque é duro, sem leveza, tropeções, hesitações, esbarros, erros: é o horror, o desejo que o fim chegue logo.

        Todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele surfa sobre as palavras – a beleza acontece. O texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas em "fortes" e "pianos" – a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de "concertos de leitura". Se há concertos de música erudita, jazz e MPB – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos aprenderão a difícil e deliciosa arte de ler. E acontece, então, com a leitura, o mesmo que acontece com a música: depois de provar o seu gosto é impossível parar. Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos – gramática, usos da partícula "se", dígrafos, encontros consonantais, análise sintática – que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto literário: o aprendizado da anatomia do texto impede que se aprenda a erótica do texto. E esse aprendizado se inicia antes que as crianças saibam as letras. Sem que saibam as letras o seu corpo já é sensível à beleza que mora nos livros...

        APERITIVOS

        -- A menininha de nove anos me explicou como as crianças na sua escola aprendiam a ler: "Aqui na Escola da Ponte não aprendemos letras e sílabas. Só aprendemos totalidades...".

        -- "Analfabeto não é a pessoa que não sabe ler. É a pessoa que, sabendo ler, não gosta de ler." (Quem foi que disse isso? Acho que foi o Mário Quintana.)

        -- Os compositores colocam em suas partituras indicações para orientar o intérprete: lento, presto, adagio, alegretto, forte, piano, ralentando. Os escritores deveriam fazer o mesmo com os seus textos. Há textos que devem ser lidos lentamente, expressivamente, tristemente. Outros que exigem leveza, rapidez, riso. O leitor experiente não precisa dessas indicações. Mas elas poderiam ajudar os principiantes.

        -- "Mais valem dois marimbondos voando que um na mão" (Almanak do aluá).

        -- Graciliano Ramos relata que, quando menino, na escola, lhe ensinaram um ditado: "Fale pouco e bem e ter-te-ão por alguém". Ele repetia o ditado mas ficava com uma dúvida: "Quem será esse 'Tertião'?".

Rubem Alves.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP - São Paulo – 2005. p. 17-20.

Entendendo a crônica:

01 – A quem Rubem Alves dedica este texto e qual é a principal tarefa que ele lhes atribui?

      Rubem Alves dedica o texto aos professores e professoras. A principal tarefa que ele lhes atribui é seduzir as crianças para o prazer que mora nos livros, enfatizando que essa é a coisa mais importante na educação.

02 – Qual a crítica do autor à forma tradicional de ensinar a ler, baseada no significado da palavra "alfabetizar"?

      O autor critica a forma tradicional de ensinar a ler que foca primeiro nas letras, depois nas sílabas e, por fim, nas palavras, baseando-se na etimologia de "alfabetizar" (aprender o alfabeto). Ele a compara ironicamente ao ensino de música focado apenas nas notas, sem a experiência da melodia, sugerindo que essa abordagem não gera prazer nem compreensão real.

03 – Como Rubem Alves compara o aprendizado da leitura ao aprendizado da música?

      Ele compara o aprendizado da leitura ao da música, afirmando que ambos começam pela percepção de uma totalidade e não pelo conhecimento das partes. Assim como uma criança ouve e entende uma canção de ninar sem saber as notas, o prazer da leitura começa com a escuta fascinada da história, antes mesmo de conhecer as letras.

04 – O que o autor quer dizer com a expressão "Erotizada" pelas delícias da leitura ouvida?

      Com a expressão "Erotizada", o autor se refere à sensação de encantamento e atração intensa que a criança sente pelas histórias lidas em voz alta. Essa "erotização" é o desejo profundo de acessar o mundo de prazer que o livro oferece, levando a criança a querer decifrar as letras para ter autonomia na leitura.

05 – Qual o papel do professor como "seio bom" na visão do autor?

      O professor, no ato de ler para os alunos, atua como o "seio bom", uma metáfora de Melanie Klein. Isso significa que ele é o mediador inicial que conecta o aluno ao prazer do texto, nutrindo esse desejo pela leitura de forma afetiva e prazerosa, sem a imposição de avaliações.

06 – Qual a incompatibilidade que Rubem Alves aponta entre a leitura prazerosa e as práticas escolares comuns?

      O autor aponta uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura e a prática de ler para responder questionários de interpretação e compreensão. Para ele, a leitura para provas mata o prazer "vagabundo" (livre, descompromissado) da experiência literária.

07 – Segundo o autor, qual é o "aperitivo" essencial para despertar o desejo de ler nas crianças?

      O "aperitivo" essencial é a experiência original de um adulto (mãe, pai ou professor) lendo para a criança. Essa vivência afetiva e prazerosa de ouvir histórias cria um desejo e uma "fome" pela leitura, fazendo com que a criança queira, por si mesma, ter acesso a esse mundo.

08 – Como Rubem Alves explica a "música" presente em todo texto literário?

      Rubem Alves explica que todo texto literário tem dois elementos: as palavras (com seu significado) e a música. Ele compara o texto a uma partitura musical, onde as palavras são as notas. Para que o texto ganhe vida e produza prazer, é preciso que o leitor seja um "artista" que domine a técnica e "surfe" sobre as palavras, dando-lhes a melodia e a expressão adequadas.

09 – Qual a proposta do autor para ensinar a "difícil e deliciosa arte de ler"?

      O autor propõe o estabelecimento da prática de "concertos de leitura" nas escolas. Assim como há concertos de música, ele sugere que os alunos deveriam ouvir leituras artísticas e expressivas de textos literários. Através dessa audição prazerosa, os alunos seriam seduzidos e aprenderiam a "difícil e deliciosa arte de ler".

10 – Qual é a principal razão, segundo o autor, para que muitos jovens não gostem de ler?

      A principal razão, para Rubem Alves, é que os jovens foram forçados a aprender excessivamente sobre a "anatomia do texto" (gramática, análise sintática, etc.) em vez de serem iniciados na "beleza musical" ou na "erótica do texto". Essa abordagem excessivamente técnica impede o desenvolvimento do prazer pela leitura, que deveria começar antes mesmo do conhecimento das letras.

 

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

FÁBULA: URUBUS E SABIÁS - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 FÁBULA: Urubus e sabiás

                  Rubem Alves

 

"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge5CzuC7tjPdYhr_QjnsuIKIGbkFXbiaRRGSKkJiS7pQ3t_2BgnwYZwMS1yXPaoPZExqKpUi1Xoj33kLEGMJ63oRBDGOLMnU2rvRGdAaB2cTZoyiDfwYBKHYAI2CdgVXOyhNkJzC_Msx1SC2wpsUbWniBH5XpL9uwpNV5UDkZGjp5G0jAvdbxASW2Fpkw/s320/URUBUS.jpg 

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81. Rubem Alves: tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

 

Entendendo o texto

 01-Qual a prática social criticada pelo sujeito autor no texto-discurso?

    a- a de que na nossa sociedade o conhecimento sempre vem em primeiro lugar;

    b- a de que na nossa sociedade o dom é muito valorizado;

    c- a de que na nossa sociedade o diploma vale mais do que o conhecimento;

    d- a de que na nossa sociedade ensina-se a todos;

02-Em um dos efeitos de sentidos possíveis, os personagens urubus representam:

    a- grupo de pessoas talentosas;

    b- grupo de pessoas poderosas;

    c- grupo pessoas gentis;

    d- grupo de pessoas estudiosas.

03-Em um dos efeitos de sentidos possíveis, os personagens sabiás, pintassilgos e canários representam:

    a- grupo de pessoas poderosas;

    b- grupo de pessoas que possuem o saber fazer;

    c- grupo de pessoas invasoras;

    d- grupo de pessoas diplomadas.

04-A qual outro grupo de pessoas você associaria os personagens urubus?

Burocratas, políticos corruptos, pessoas que valorizam mais a aparência do que a essência.

05-A qual outro grupo de pessoas você associaria os personagens sabiás?

Artistas, artesãos, cientistas, pessoas que possuem um talento natural e inovador.

06-Assinale o único enunciado em que o sujeito autor não foi irônico com os urubus?

    a- aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto;

    b- o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular;

    c- eles haveriam de se tornar grandes cantores;

    d- o rancor encrespou a testa.

07-Qual único argumento não foi usado pelos urubus para impedir o canto dos sabiás?

    a- concurso;

    b- diploma;

    c- talento;

    d- alvará.

08-No enunciado — Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.”, os urubus principalmente:

    a- exigem respeito às leis;

    b- exigem formatura/diploma para que os sabiás cantem;

    c- apelam para a grosseria;

    d- tentam impedir o canto dos sabiás

09-No enunciado “E para isto fundaram escolas e importaram professores”, a crítica central é:

    a- os que têm dinheiro e poder ocupam as melhores posições na sociedade, pagando cursos, mesmo não tendo tanto talento;

    b- os que tem dinheiro e poder investem na educação;

    c- só os que tem dinheiro e poder que tem acesso aos melhores professores;

10-Qual enunciado revela o primeiro conflito da narrativa em relação ao projeto dos personagens urubus?

    a- mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores;

    b- fundaram escolas e importaram professores;

    c- Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida;

    d- Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa.

11-O clímax, ponto máximo do conflito, está revelado no enunciado:

    a) A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...

    b) Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
    c)— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse.

    d) E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
12-O desfecho da narrativa está revelado em:

       a- — Onde estão os documentos dos seus concursos?

     b- Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

    c- E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
    d- E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

13-No enunciado “"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...”, o pronome grifado refere-se:

    a- à terra distante;

    b- ao tempo em que os bichos falavam;

    c- a todo acontecimento que vai ser narrado na história;

    d- aos urubus e sabiás.

14-Na sequência discursiva E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse.”, o verbo grifado pode ser substituído sem alteração do sentido por:

     a- acontecessem;

     b- existissem;

     c- ocorressem;

     d-colaborassem.

15-Na sequência discursiva E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...”, a palavra grifada significa:

     a- diploma/formatura;

     b- licença/autorização;

     c- talento/dom;

     d- instrumentos musicais.

16-Pode-se dizer que os personagens urubus, ao saberem que “A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...”, foram tomados pelo sentimento de:

     a- inveja;

     b- gratidão;

     c- vingança;

     d- medo.

17-Os fatos narrados e o respectivo desfecho são uma crítica social que exemplifica que:

     a- as leis sempre protegem os cidadãos de bem;

     b- as leis sempre são justas e se aplicam a todos;

     c- as leis muitas vezes servem aos interesses dos grupos e classes dominantes, ignorando o povo mais simples;

    d- todos possuem igualdade perante a lei.

18-Em sua postura crítica, o que deve possuir maior valor: o saber ou o diploma? Justifique sua resposta.

O saber deve possuir maior valor. O diploma é apenas um certificado, enquanto o saber é a capacidade de fazer algo, de criar, de inovar. A história dos urubus e sabiás demonstra que o talento natural e a capacidade de fazer algo são mais importantes do que qualquer título formal.

19-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes ao texto-discurso:

     a-(  V  ) Percebe-se uma crítica aos que não reconhecem o saber fazer de cada ser social;

    b-(  V ) Percebe-se uma crítica aos que colocam os diplomas acima do saber fazer;

    c-(  F  ) Percebe-se uma crítica aos que possuem conhecimento espontâneo e natural;

    d-( F ) Percebe-se que o sujeito autor defende claramente o diploma acima do talento;

20-Produza um texto-discurso, discutindo sobre o que mais vale: “o diploma ou o conhecimento?”, “tirar notas para passar de ano ou aumentar o aprendizado a cada ano de estudo?”. Afinal, você é urubu ou sabiá?

A fábula de Rubem Alves nos convida a refletir sobre a valorização excessiva de diplomas e títulos em nossa sociedade. Os urubus, com seus diplomas e regras, representam um sistema que muitas vezes sufoca a criatividade e o talento. Já os sabiás simbolizam a importância do conhecimento prático e da expressão individual.

É fundamental entender que o diploma é uma ferramenta, mas não define a capacidade de um indivíduo. O conhecimento, por sua vez, é a base para a inovação e o desenvolvimento. Ao priorizarmos o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades, estamos investindo em nosso crescimento pessoal e profissional.

Tirar boas notas é importante, mas não deve ser o único objetivo da educação. Aprender de forma significativa, questionar, criar e desenvolver o pensamento crítico são habilidades muito mais valiosas para a vida.

Eu me identifico mais com os sabiás. Acredito que o conhecimento deve ser buscado de forma autônoma e que a educação deve estimular a curiosidade e a criatividade. Ao invés de apenas memorizar informações para passar em provas, devemos buscar entender o mundo ao nosso redor e desenvolver soluções para os problemas que enfrentamos.

Em resumo, o conhecimento é o verdadeiro tesouro, e o diploma é apenas um reflexo de um momento específico da nossa jornada de aprendizado.

 

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

CRÔNICA: SÓ QUERO UM PRESENTE - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 CRÔNICA: Só quero um presente

                 Rubem Alves

Minhas netas: no dia 15 o vô ficou mais velho. Bobagem, porque a gente envelhece o tempo todo; o tempo não para; é como o rio. Só que a gente não percebe. Mas aí chega um dia que faz a gente parar e prestar atenção: o dia do aniversário. No dia do aniversário a gente diz: “Passou mais um ano da minha vida”. É o dia quando os números mudam. Quando me perguntam: “Qual é a sua idade?” – eu respondo: “67”. Mas depois do dia 15 a resposta é “68”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-01fvWl6ck6q36oi9qtync_sZwb53LhiWy6GIRfpUUY60FfljwYgcsUHlEz925iBvrorphBeIkeb7lRSJ8QLuaLagI0hjO0Udw7shjV2pzHrEi3aZKgfKhCS3t2G5SDi662gMNth9gQlOvNT6LYtEWCS4B_1HZcE-pFH0rw8qoGFJodaXl0HQ47s2LOE/s1600/PRESENTE.jpg


Vocês crianças, quando pensam em aniversário, dão risada e ficam felizes. Aniversário é dia de festa e presentes. Toda criança quer que o tempo passe depressa para ficar mais velha, deixar de ser criança e ficar adulta. Acham que ser criança é coisa ruim, porque crianças não são donas do seu nariz, não fazem o que querem. Bom mesmo é ser grande. Os grandes fazem o que querem e não precisam pedir permissão. Criança é passarinho sem asas. Adulto é passarinho com asas: voam bem alto e vão aonde as crianças não podem ir. No dia do aniversário as crianças olham para frente: imaginam que está chegando o dia quando elas terão asas e poderão voar.

Os grandes, no dia do aniversário, olham para trás. Eles têm saudades do tempo em que eram crianças. É só depois que a gente deixa de ser criança que a gente descobre que ser criança é muito bom.

Explico de outro jeito. Imaginem que vocês vão fazer uma viagem. A felicidade da viagem começa antes da viagem. A gente examina mapas, lê artigos sobre os lugares que vão ser visitados, conversa com amigos que já foram, olha fotografias. E só de imaginar fica feliz.

Depois de feita a viagem é diferente. A felicidade ficou para trás. Só resta ver as fotos e conversar…

Criança é quem ainda não viajou e fica feliz imaginando a viagem. Viagem imaginada é sempre feliz. Adulto é quem já viajou e fica feliz olhando as fotos da viagem.

Foi por isso que resolvi mexer numa caixa de fotografias velhas – fotografias do tempo em que eu era menino. Foi o tempo mais feliz da minha vida. Caí muitas vezes, cortei o pé com cacos de vidro (eu andava sempre descalço), me espetei com espinhos e pregos, cortei a mão com faca e serrote, fiquei doente, tive dor de dente, me queimei (eu vivia correndo; entrei correndo na cozinha e dei uma topada com a cozinheira que carregava uma panela de água fervente. A panela virou, a água fervente entornou no meu braço e peito; doeu muito; fiquei todo empolado), martelei o dedo, fui picado por marimbondos e abelhas, pus a mão em taturanas, caí de árvores, senti muita dor. Mas as dores passavam logo. E a alegria voltava. Fui um menino sempre alegre. Tudo no mundo me encantava. Menino, eu não imaginava que, um dia, eu seria velho…

Pois esse dia chegou. Meu aniversário me diz que agora sou velho. Ser velho tem vantagens. Uma delas é ser avô. Se eu fosse jovem não seria avô, não teria netas. E não estaria escrevendo agora pensando em vocês – porque vocês não existiriam. Houve um tempo em que vocês não existiam. Vocês só existem porque eu deixei de ser criança e fiquei velho. Vocês são, para mim, um motivo de alegria.

[...]

Não quero presentes comprados. Não preciso de nada. Um presente que vocês, minhas netas, e os meus filhos, me poderiam dar é simples: ler as coisas que eu escrevo. Cada coisa que eu escrevo – quero que cada uma delas seja gostosa como um morango vermelho… Escrevo para dar felicidade.

Quero que vocês sejam felizes.

ALVES, Rubem. Só quero um presente. In: Quando eu era menino. Campinas: Papirus, 2003.

 

Entendendo o texto

01. Sobre qual assunto cotidiano a crônica trata?

          Sobre as reflexões de um avô diante do aniversário e da percepção do próprio envelhecimento.

02. Segundo o cronista, qual é a principal diferença entre a criança e o adulto no dia do aniversário?

          A criança deseja que o tempo passe depressa para ficar adulta. Já os adultos sentem saudade do tempo em que eram crianças.

03. Assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

        ( F ) O cronista deseja um presente bem caro.

        ( V ) O cronista pensa que a velhice tem suas vantagens, uma delas é ser avô.

       ( V ) As netas são motivo de alegria para o cronista.

04. Considerando o desfecho da crônica, explique o sentido do título.

          O título “Só quero um presente” faz referência ao pedido de presente de aniversário do avô, destacado no desfecho da crônica: ele deseja que suas netas sejam felizes.

05. Leia os trechos e responda às questões.“[...] o tempo não para; é como o rio.”

a.   Quais elementos são comparados?

               O tempo e o rio.

b.   Explique em que consiste a comparação feita.

               Tanto o tempo quanto o rio têm como característica comum o fato de nunca pararem.

06. Leia o trecho e responda às questões.

(A) Criança é passarinho sem asas.

(B) Adulto é passarinho com asas: voam bem alto e vão aonde as crianças não podem ir.

a.   Que elementos são comparados implicitamente em cada trecho?

              A: crianças e passarinho sem asas;

             B: adulto e passarinho com asas.

        b.   Explique em que consiste a comparação feita.

         As asas são elementos empregados para se referir à condição de liberdade. Assim, as crianças ainda não se sentem livres, enquanto os adultos, sim.

        c.   Que efeito essa comparação implícita garante ao texto?

          O emprego de metáfora garante mais poeticidade e expressividade ao texto.

        07. A crônica lida tem a finalidade de promover:

            a.   o humor.

           b.   a ironia.

          c.   a reflexão.

          d.   a crítica.

      08. Considerando a crônica lida, é possível afirmar que ela pretende levar o leitor a concluir que:

         a.   a infância é a fase mais importante da vida.

         b.   a fase adulta é a fase mais importante da vida.

        c.   a velhice é a fase mais importante da vida.

       d.   todas as fases da vida são importantes.

 

 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

ENSAIO: DOR - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 ENSAIO: Dor

          Rubem Alves

        GOSTO DA ADÉLIA PRADO por várias razões. É poeta. Tem o jeitão mineiro. E é teóloga. Sempre que ela fala sobre os mistérios do mundo sagrado eu me calo e medito. Quase sempre as palavras dela iluminam as minhas dúvidas. Sugestão para algum estudante que esteja à procura de tema para dissertação: "A Teologia da Adélia Prado"...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAvT_J6AN-0mWhuQxi4_Ake6rK55dLdA9sFFWQqHoAsNxM-FzqR3Cko13DJFOzAOjMoel4Efo1tQH9QpT3sS-1azsKXIvUe4z1O-KOlQ8JipCZszXeS8YsXy6HJ8ggAx-UxJT_WsNVR-LbWaz30j-V3GK1yZ7cJEddzalI37iexWSQlPWZcJs140qQrh8/s1600/ADELIA.jpg


        Mas hoje peço perdão. Discordo do que ela escreveu. Estava falando sobre a coisa mais terrível que há no mundo, o demônio, e foi isso, mais ou menos, o que ela escreveu. Digo "mais ou menos" porque não sei de cor e não posso consultar os livros dela que estão encaixotados, prontos para uma mudança, que julgo, será a última... Foi isso que acho que ela disse: "O céu será igualzinho a essa vida, menos uma coisa: o medo..." Tanta coisa boa! Não é preciso mais nada. O que está aí chega. Precisa só tirar uma coisa, uma única coisa, e a Terra se transformará no céu. Qual é o nome dessa coisa terrível? Ela responde: o medo.

        Concordo. Mas acho que tem coisa pior, que é a causa de todos os medos: a dor. Nunca tive medo de cálculo renal. A despeito de nunca ter tido medo, ele veio, sem pedir licença e sem consultar se eu tinha medo ou não. Foi assim que conheci pela primeira vez a dor do inferno. Cessam todos os pensamentos. O corpo só deseja uma coisa: parar de sentir dor, a qualquer preço.

        Dor não tem jeito de explicar. Bernardo Soares diz que tudo o que é sentimento é inexplicável. O artista, para comunicar seus sentimentos inexplicáveis, se vale de um artifício: invoca um sentimento "parecido".

        De que comparação vou me valer para explicar a dor a alguém que não a está sentindo? Só sabe o que é a dor aquele que a está sentindo, no presente. Enquanto a dor está doendo, meu corpo -não minha cabeça- sabe o que ela é. Passada a dor, ela fica na memória. Passa a morar no passado. Mas isso que está na memória não é conhecimento da dor porque o passado não dói. A memória da dor, por terrível que tenha sido, não me dá conhecimento da dor, depois que ela se foi.

        Minha memória mais antiga de dor me leva de volta à roça onde vivi quando menino. Lembro-me, mas não sinto. Acho até engraçado. Era dor de dente. A dor fazia ele inchar até ficar do tamanho do universo- e eu, chorando, sem saber contar a minha dor, dizia que tinha inveja das galinhas que não tinham dentes... Foi meu primeiro encontro.

        Mais tarde ela voltou sem se anunciar. Não a mesma. Cada dor é única. Chegou bruta, definitiva. Lutei usando as armas que se compram nas farmácias. Inutilmente. Levaram-me (nesse ponto eu já não era dono de mim mesmo; estava à mercê dos outros) então para o hospital. As injeções são mais potentes que os comprimidos. Aplicaram-me seis Buscopan. A dor não tomou conhecimento. Ficou mais forte. Comecei a vomitar. O médico, reconhecendo a derrota dos recursos penúltimos, dirigiu-se à enfermeira e disse o nome do último, nenhum mais forte: "Aplica uma Dolantina nele..."

        Ela aplicou. Passados cinco minutos, senti a mais deliciosa sensação que tive em toda minha vida. Não era sensação de nada. Que me importava música, sexo ou flores? Era simplesmente a sensação de não ter dor. Pensei se essa euforia não deveria ser o estado normal da alma, sempre que o corpo não estivesse sentindo dor... Rindo e feliz, brinquei que o Paraíso morava dentro de uma ampola de Dolantina...

Rubem Alves. Folha de S. Paulo, 27.07.2010. Adaptado.

Entendendo o texto:

01 – Qual é o ponto de discordância do autor em relação ao que Adélia Prado escreveu sobre o céu?

      O autor discorda de Adélia Prado quando ela diz que o céu será igual à vida na Terra, exceto pelo fato de que não haverá medo. Ele acredita que há algo pior do que o medo, que é a dor.

02 – Qual elemento o autor considera pior do que o medo, que é a causa de todos os medos?

      O autor acredita que a dor é pior do que o medo, pois a dor é a causa de todos os medos.

03 – Como o autor descreve a experiência da dor que teve devido a um cálculo renal?

      O autor descreve a dor do cálculo renal como uma experiência extrema e avassaladora que fez com que ele desejasse desesperadamente que a dor parasse a qualquer custo.

04 – De acordo com o autor, por que a dor é difícil de explicar?

      O autor afirma que a dor é difícil de explicar porque é um sentimento que só pode ser verdadeiramente compreendido por quem a está sentindo no presente. A memória da dor, uma vez que passou, não proporciona um conhecimento verdadeiro da dor.

05 – O autor compartilha uma memória pessoal de dor na roça quando era menino. O que causou essa dor?

      A dor que o autor compartilha de sua infância foi causada por uma dor de dente, que o fez chorar e desejar não ter dentes, como as galinhas.

06 – Como a dor foi tratada quando o autor teve uma dor mais intensa e bruta?

      Quando o autor teve uma dor intensa e bruta, ele foi levado ao hospital, onde foram administradas seis injeções de Buscopan. No entanto, a dor não cedeu, e o médico prescreveu uma injeção de Dolantina, que finalmente aliviou a dor.

07 – Como o autor descreve a sensação após a injeção de Dolantina?

      O autor descreve a sensação após a injeção de Dolantina como a mais deliciosa que já sentiu em toda a sua vida. Era a sensação de não ter dor, e ele refletiu sobre como essa sensação de ausência de dor poderia ser o estado normal da alma sempre que o corpo não estivesse sentindo dor.

08 – Por que o texto é considerado um ensaio?

         O texto "Dor" de Rubem Alves é um gênero textual que se enquadra como um ensaio ou um texto de reflexão pessoal. Ele discute a experiência da dor e seus aspectos emocionais e físicos, além de fazer uma referência à escrita de Adélia Prado, trazendo um ponto de vista pessoal do autor sobre o tema da dor. Não é um texto literário, como um conto ou poema, nem um texto informativo, mas sim uma exploração de ideias e emoções em torno do tema central da dor.