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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

POEMA: CRISTAIS - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Cristais

              Cruz e Sousa.

Mais claro e fino do que as finas pratas

O som da tua voz deliciava...

Na dolência velada das sonatas

Como um perfume a tudo perfumava.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXGp9q6okURDEEZWhWG4LzhqYedNBVVXNyaV1Nw6Gpz1Pq0Z6JSxMUKyqbomZ4PnEcjP6-RJ1DRu1F4OYl9W6k-P6mb8yaGWVa4JPMwOezQCnThA7KavdEk4RJeAUo5QqfNbO4IwtVncPdPojAjx7UjlT-GJDw0sg8W09xVkO4_z8-BMt7-ejtgGExISA/s1600/CRISTAIS.jpg


 

Era um som feito luz, eram volatas

Em lânguida espiral que iluminava,

Brancas sonoridades de cascatas...

Tanta harmonia melancolizava.

 

Filtros sutis de melodias, de ondas

De cantos voluptuosos como rondas

De silfos leves, sensuais, lascivos...

 

Como que anseios invisíveis, mudos,

Da brancura das sedas e veludos,

Das virgindades, dos pudores vivos.

Cruz e Sousa. Obra completa: poesia, 2008.

Fonte: Práticas de Língua Portuguesa/Faraco, Moura, Maruxo. – 1.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 198-199.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Dolência: mágoa, dor; sofrimento, aflição.

·        Lascivo: sensual, libidinoso, desregrado.

·        Silfo: na mitologia céltica, é o “gênio do ar”.

·        Sonata: peça musical.

·        Velado: coberto de véu; oculto; disfarçado.

·        Volata: série de sons executados com rapidez.

·        Voluptuoso: sensual; em que há prazer ou volúpia.

02 – Observe que o eu lírico descreve uma voz e, para caracterizá-la, ele a compara a finas pratas. Com base nisso, responda às questões no caderno.

a)   Que elemento comum ele percebe entre a voz e as finas pratas?

Clareza e fineza.

b)   Comparar um som a prata (um metal) é uma comparação convencional? Por quê?

Não é um clichê, pois os elementos comparados pertencem a diferentes campos da realidade e são percebidos por diferentes sentidos.

03 – A sonata é uma composição musical feita para ser executada por um ou mais instrumentos, diferentemente de uma composição vocal. Com base nessa definição, interprete os dois últimos versos da primeira estrofe.

      Não se trata de uma voz que canta, e sim de uma voz que lembra um instrumento.

04 – Além de deliciar, a voz perfumava. Sabe-se que a voz é percebida pela audição. O perfume, pelo olfato. Ao fundir essas duas sensações, o eu lírico constrói uma sinestesia, que é a associação de palavras ou expressões que transmitem a ideia de sensações diferentes em uma só impressão (voz que perfumava). A sinestesia relaciona planos sensórios diferentes. Localize outras duas sinestesias no poema e explique os efeitos de sentido que provocam.

      Era um som feito de luz; volatas que em espiral iluminavam; brancas sonoridades. Essa figura expressa uma percepção bastante subjetiva da realidade e, ao mesmo tempo, uma apreensão complexa, em rede, não em segmentos isolados.

05 – Na terceira estrofe, compara-se a voz a “rondas / de silfos leves, sensuais, lascivos...”. Explique a comparação.

      A voz descrita parece ser movimento ao ar, dinamizá-lo, assim como os silfos em ronda.

06 – No poema prevalece a expressão de sensações visuais, auditivas ou olfativas? Comente sua resposta, relacionando-a ao assunto do soneto.

      Predominam as sensações visuais, apesar de o assunto do soneto ser a voz de uma pessoa, provavelmente uma voz feminina.

07 – Além das rimas, que outros elementos contribuem para a sonoridade do poema? Responda no caderno.

      Aliteração: fino / finas; silfos / sensuais / lascivos; Presença marcante de fonemas nasais: som, dolência, lânguida, branca, melancolizava, ondas, cantos, rondas, sensuais, anseios, invisíveis, brancura, virgindade.

 

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

POEMA: SIDERAÇÕES - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema: Siderações

             Cruz e Sousa     

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão  vestindo…

Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de  Visões levanta…

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta…

SOUSA, Cruz e. Broquéis. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro [s/d]. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000073.pdf. Acesso em: 17 jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 209-210.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Alado: dotado de asas.

·        Aromal: aromático.

·        Cântico: canto religioso.

·        Cítara: instrumento de cordas parecido com a lira.

·        Cortejo: procissão.

·        Etéreo: sublime.

·        Galgar: elevar-se, subir.

·        Rito: prática realizada durante cerimônias religiosas.

·        Sideração: influência de um astro na vida de alguém.

·        Sideral: relativo aos astros.

·        Turíbulo: vaso em que se queima incenso nas missas.

02 – De acordo com o poema, para onde vão os desejos e as ânsias? O que isso significa?

      As ânsias e os desejos devem ser sublimados, purificados, isto é, transcender à matéria para integrarem-se espiritualmente no cosmo.

03 – Você acredita que os astros podem influenciar a vida das pessoas? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Que palavras e expressões usadas no poema se ligam ao misticismo, à religiosidade? De que maneira elas se relacionam ao tema do poema?

      Cânticos, arcanjos, etéreos turíbulos, incenso, ritos. Esses termos ajudam a reforçar o tema da transcendência.

·        Como e quais elementos da natureza são descritos e o que eles simbolizam?

São citadas estrelas (“cristais gelados”); o céu, por meio da sua cor (“azuis”), o adjetivo siderais e sua extensão (“amplidão”); as nuvens brancas, que vestem a amplidão do céu. Eles simbolizam o Divino, a Eternidade.

05 – No poema, há sugestões de determinadas cores. Quais são elas? Que efeito o uso dessas cores produz no texto?

      A sugestão de elementos de cor branca, transparente e brilhante. Elas reforçam também a ideia de transcendência, de espiritualidade, de purificação.

06 – Identifique elementos formais e estruturais do soneto.

a)   Qual é a métrica e o esquema de rimas?

O soneto é construído por versos decassílabos a partir do esquema ABAB ABAB CCD EED.

b)   Em quais versos a inversão sintática das palavras na frase ajuda a construir a rima?

“Galgando azuis e siderais noivados” “De nuvens brancas a amplidão vestindo”; “As asas de ouro finamente abrindo”; “Claro incenso aromal, límpido e leve”; “Ondas nevoentas de Visões levanta...” / Da eternidade que nos Astros canta...”.

c)   Além da rima, a musicalidade dos versos é construída a partir da aliteração (repetição de sons consonantais) e da assonância (repetição de sons vocálicos). Identifique-as e depois responda: Qual é a função das referências à música e da musicalidade dos versos?

A aliteração é construída pela repetição do som representado pela letra s, como em “Para as Estrelas de cristais gelados / As ânsias e os desejos vão subindo”. A assonância aparece na repetição dos sons das vogais nasalizadas dos gerúndios. A música que aparece sugerida nos versos (“cânticos”, “cítaras”, “canta”) e a musicalidade construída pelas rimas, aliterações e assonâncias ajudam a compor a atmosfera de abstração e de sublimação pretendida pelo poeta.

d)   Que outros recursos gráficos conferem expressividade ao poema e que efeito produzem?

O uso das reticências dá uma ideia de imprecisão, de processo inacabado, e o emprego de maiúsculas em substantivos comuns pode sugerir uma concepção platônica de que as ideias são abstratas, e não materiais.

07 – Que figura de linguagem aparece no primeiro, no quinto e no décimo verso do poema e qual a função dela?

      Nesses versos, aparece a sinestesia, mistura de sensações percebidas pelos órgãos dos sentidos: “Estrelas de cristais gelados” (Visão e tato); “Cânticos alados” (audição e visão); “claro incenso aromal” (visão e olfato). O uso da sinestesia torna mais palpáveis as emoções sugeridas pelo poeta.

08 – Que pressupostos da estética simbolista aparecem no poema?

      A estética simbolista se materializa na espiritualidade e na concepção mística do mundo, na musicalidade, no uso da sinestesia, na sintaxe invertida, etc.

09 – Tanto a espiritualidade quanto a ciência oferecem meios que ajudam o ser humano a lidar com o desconhecido e a buscar compreender suas emoções para cuidar de sal saúde física e mental. Você costuma recorrer a alguma delas com esse objetivo? Na sua opinião, espiritualidade e ciência são opostas? Comente.

      Resposta pessoal do aluno.    

 

 

sábado, 13 de agosto de 2022

POEMA EM PROSA: OCASO NO MAR - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema em prosa: Ocaso no mar

            Cruz e Sousa

     Num fulgor d’ouro velho o sol tranquilamente desce para o ocaso, no limite extremo do mar, d’águas calmas, serenas, dum espesso verde pesado, glauco, num tom de bronze.

        No céu, de um desmaiado azul, ainda claro, há uma doce suavidade astral e religiosa.

        Às derradeiras cintilações doiradas do nobre Astro do dia, os navios, com o maravilhoso aspecto das mastreações, na quietação das ondas, parecem estar em êxtase na tarde.

        Num esmalte de gravura, os mastros, com as vergas altas lembrando, na distância, esguios caracteres de música, pautam o fundo do horizonte límpido.

        Os navios, assim armados, com a mastreação, as vergas dispostas por essa forma, estão como a fazer-se de vela, prontos a arrancar do porto.

        Um ritmo indefinível, como a errante etereal expressão das forças originais e virgens, inefavelmente desce, na tarde que finda, por entre a nitidez já indecisa dos mastros...

        Em pouco as sombras densas envolvem gradativamente o horizonte em torno, a vastidão das vagas.

        Começa, então, no alto e profundo firmamento silencioso, o brilho frio e fino, aristocrático das estrelas.

        Surgindo através de tufos escuros de folhagem, além, nos cimos montanhosos, uma lua amarela, de face chara de chim, verte um óleo luminoso e dormente em toda a amplidão da paisagem.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000076.pdf. Acesso em: 27 abr. 2016.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 127.

Entendendo o poema em prosa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fulgor: brilho.

·        Ocaso: pôr do sol.

·        Glauco: verde-azulado.

·        Mastreações: conjuntos de mastros.

·        Vergas: vigas.

·        Etereal: sublime, divina.

·        Inefavelmente: de forma indescritível.

·        Chim: chinês.

02 – Os poemas simbolistas caracterizam-se pelo uso de palavras incomuns, de um vocabulário não coloquial, sofisticado. Relacione essa afirmação ao poema “Ocaso no mar” e justifique sua resposta com exemplos.

      No poema “Ocaso no mar”, Cruz e Sousa utiliza vocabulário incomum, não coloquial, sofisticado, tal como referido na afirmação. Exemplos: “Fulgor”, “Ocaso”, “Glauco”, “eteral”, “inefavelmente”, etc.

03 – Que fenômeno natural está sendo descrito no poema de Cruz e Sousa?

      O poema descreve o pôr do sol no mar e o início da noite, com o surgimento da lua e das estrelas.

04 – Os simbolistas valorizavam a ideia de sugestão. Encontre em “Ocaso no mar” exemplos que confirmam essa afirmação.

      No poema “Ocaso no mar”, em lugar de simplesmente descrever o pôr do sol no mar e o início da noite, o poeta sugere esses fenômenos. O sol não é apenas amarelo: há nele um “fulgor d’ouro velho”, o mar é “dum espesso verde pesado”, “num tom de bronze”. No céu, há uma doce suavidade astral e religiosos”, etc.

05 – Que recursos utilizados por Cruz e Sousa intensificam a sonoridade do poema?

      Em algumas passagens, Cruz e Sousa faz uso de aliterações e assonâncias.

domingo, 7 de agosto de 2022

POEMA: IMORTAL ATITUDE - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Imortal Atitude

              Cruz e Sousa


Abre os olhos à Vida e fica mudo!
Oh! Basta crer indefinidamente
Para ficar iluminado tudo
De uma luz imortal e transcendente.

Crer é sentir, como secreto escudo,
A alma risonha, lúcida, vidente...
E abandonar o sujo deus cornudo,
O sátiro da Carne impenitente.

Abandonar os lânguidos rugidos,
O infinito gemido dos gemidos
Que vai no lodo a carne chafurdando.

Erguer os olhos, levantar os braços
Para o eterno Silêncio dos Espaços
e no Silêncio emudecer olhando.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000078.pdf. Acesso em: 19 jan. 2016.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 125-6.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sátiro: devasso, luxurioso.

·        Impenitente: pecador, vicioso.

·        Lânguidos: voluptuosos, sensuais.

·        Chafurdando: remexendo, revolvendo.

02 – No Simbolismo, é comum o uso de inicial maiúscula para atribuir valor absoluto, simbólico às palavras.

a)   Transcreva do poema as palavras em que isso ocorre.

Palavras do poema com inicial maiúscula: “Vida”, “Carne”, “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”.

b)   Que valores absolutos são atribuídos a essas palavras e que justificam sua grafia com inicial maiúscula?

“Vida”: refere-se a toda a existência humana; “Carne”: remete a todo desejo físico humano; “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”: referem-se ao Nada, à morte como início da “luz imortal” e da transcendência.

03 – No primeiro quarteto, o eu lírico dá um conselho ao seu interlocutor e depois defende um determinado ponto de vista.

a)   Desfaça o hipérbato presente na primeira estrofe para facilitar sua compreensão do texto.

Abre os olhos à Vida e fica mudo! Oh! Basta crer indefinidamente para tudo ficar iluminado de uma luz imortal e transcendente.

b)   Que conselho é dado ao interlocutor?

Aconselha-se ao leitor que abra os olhos para a existência e fique mudo.

c)   Que ponto de vista é defendido no primeiro quarteto após o aconselhamento?

O eu lírico defende que basta que se creia indefinidamente para que tudo se ilumine de uma luz imortal e transcendente.

04 – No segundo quarteto, o eu lírico explica o que é “crer”. Transcreva a definição que é dada para esse verbo.

      “Crer” seria “sentir”, como um secreto escudo, a alma risonha, lúcida, vidente, e abandonar o “sujo deus cornudo”, o “sátiro da Carne impenitente”.

05 – Para responder às questões seguintes, relacione as informações do boxe abaixo ao conteúdo do poema.

        Sátiro ou fauno

        Sátiro é um ser mitológico do sexo masculino, presente na cultura grega antiga. Com cabeça humana e corpo de bode, costumava vagar pelos bosques com uma flauta, acompanhando Dionísio (deus do vinho e das festas). Nos mitos gregos, é referido como um ser relacionado aos instintos sexuais. Na mitologia romana, é conhecido como fauno.

SCHWABE, Carlos. O fauno. 1923. Giz, carvão e lápis de cor, 115 x 146 cm.

a)   Segundo o eu lírico, o que o homem deve abandonar a fim de conseguir crer com plenitude?

O eu lírico aconselha que o homem abandone sua porção carnal, sexual, seus instintos mais primitivos, simbolizados pela figura pagã do sátiro grego, ente relacionado à pulsão sexual humana.

b)   No seu ponto de vista, por que o eu lírico pede esse tipo de renúncia ao seu interlocutor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nesse poema, os desejos sexuais humanos são vistos como sujos e, por isso, distanciariam o homem do “eterno Silêncio dos Espaços”.

06 – Depois de abrir os olhos para a “Vida”, de emudecer e de abandonar os desejos carnais, para onde iria o homem, segundo o eu lírico?

      Agindo dessa forma, crendo verdadeiramente, o homem encontraria o “eterno Silêncio dos Espaços”, ou seja, o retorno ao Nada, à transcendência.

 

 


domingo, 26 de junho de 2022

POEMA: EM SONHOS - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: EM SONHOS

             Cruz e Sousa

Nos Santos óleos do luar, floria
Teu corpo ideal, com o resplendor da Helade…
E em toda a etérea, branda claridade
Como que erravam fluidos de harmonia…

As Águias imortais da Fantasia
Deram-te as asas e a serenidade
Para galgar, subir a Imensidade
Onde o clarão d e tantos sóis radia.

Do espaço pelos límpidos velinos
Os Astros vieram claros, cristalinos,
Com chamas, vibrações, do alto, cantando…

Nos santos óleos do luar envolto
Teu corpo era o Astro nas esferas solto
Mais Sóis e mais Estrelas fecundando!

          CRUZ E SOUSA, João da. Em sonhos. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 66.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 258-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Helade: referência à Grécia, ao mundo helênico.

·        Etérea: elevada, sublime, que pertence à esfera celestial.

·        Velinos: pergaminhos finos, papéis.

02 – Muitos dos termos usados no poema são imagens que remetem direta ou indiretamente à claridade. Localize, no poema, palavras que comprovem essa afirmação e indique a qual tema simbolista essa escolha vocabular faz referência.

      Muitos vocábulos remetem à cor branca no poema: luar, resplendor, claridade, clarão, sóis, límpidos, astros, claros, cristalinos, chamas, Astro, sóis, Estrelas.

03 – Nos poemas de Cruz e Sousa, é comum o uso de letras maiúsculas para reforçar o sentido de alguns termos. Releia os substantivos que aparecem com letra maiúscula e aponte sua relação com o tema do poema.

      No poema, aparecem em letra maiúscula os termos que fazem referência ao plano superior, da transcendência, do alto: santos, águias, fantasia, imensidade, astros, sóis e estrelas.

04 – O verso final do poema traz a palavra “fecundando”, responsável por trazer ao poema uma simbologia complementar à tentação principal do soneto: a referência à sensualidade. Releia o poema a partir do último verso e identifique outras imagens que também remetem à sensualidade.

      Há várias imagens no soneto que podem ser associadas à sensualidade, como as que se referem à fertilidade, como floria e fecundando; as que se referem ao fogo, ao erotismo, como clarão, sóis, chamas; as que remetem ao movimento de subida, de excitação, como asas, galgar, subir, alto.

05 – Um dos traços marcantes da poesia simbolista é o trabalho com a sugestão, com a ambiguidade do símbolo. É possível afirmar que esse traço se encontra presente no poema de Cruz e Sousa? Por quê?

      Sim. Muitas imagens usadas pelo poeta são ambíguas, remetendo ao mesmo tempo à transcendência e à sensualidade, à ascendência do espírito e ao movimento para o alto, erótico.

  

POEMA: VIDA OBSCURA - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema: Vida obscura

               Cruz e Sousa

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!

 SOUSA, João da Cruz e. Vida Obscura. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 181.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 257-8.

Entendendo o poema:

01 – O trocadilho entre obscuro/escuro indicia para o leitor a temática do poema. Qual é ela?

      A obscuridade, ou seja, o anonimato em que os seres humildes têm que viver. O jogo entre obscuro/escuro leva à interpretação de que, entre esses seres condenados ao esquecimento, estariam os homens negros como o próprio poeta.

02 – O eu lírico se dirige, ao longo do poema, a um interlocutor genérico. Na última estrofe, porém, ele compara esse interlocutor a uma figura religiosa. Que figura é essa e que semelhanças permitem ao poeta realizar essa aproximação?

      Essa figura seria Cristo, que carreou uma “cruz infernal”, assim como os pobres e marginalizados socialmente, que vivem esquecidos. Esse sofrimento e o fato de suportarem calados o seu fardo aproximaria os marginais da figura de Cristo.

03 – Uma das figuras de linguagem preferidas pelos simbolistas era a sinestesia, pelo efeito de sugestão que ela era capaz de impor ao poema. Localize, no poema, a sinestesia presente.

      A sinestesia encontra-se no primeiro verso da segunda estrofe: silêncio escuro. Há aí uma mistura entre um sentido que se apreende pela audição – o silêncio – unido a um sentido que se apreende pela visão – escuro – o que caracteriza o efeito sinestésico, de mistura de sentidos.

04 – A poesia simbolista, para alguns críticos literários, é vista como descompromissada com a denúncia de problemas sociais. Observando o texto, você concorda com essa afirmação ou discorda dela? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Discordo, porque o texto mostra um poema em que Cruz e Sousa tematiza e discute o lugar dos pobres na sociedade.

 

 

sábado, 23 de novembro de 2019

POEMA: SUPREMO DESEJO - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Supremo desejo
           
   Cruz e Sousa

Eternas, imortais origens vivas
Da Luz, do Aroma, segredantes vozes
Do mar e luares de contemplativas,
Vagas visões volúpicas, velozes...
Aladas alegrias sugestivas
De asa radiante e branca de albornozes,
Tribos gloriosas, fulgidas, altivas,
De condores e de águias e albatrozes...

Espiritualizai nos Astros louros,
Do sol entre os clarões imorredouros
Toda esta dor que na minh'alma clama...
Quero vê-la subir, ficar cantando
Na chama das Estrelas, dardejando
Nas luminosas sensações da chama.
       Cruz e Sousa. “Supremo desejo”. In: Op. cit. p. 31.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 284-5.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Volúpico: Que dá grande prazer.

·        Albornoz: Grande manto com capuz, usado pelos árabes.

·        Fúlgido: Brilhante, luzente, resplandescente.

·        Dardejar: Cintilar, resplandecer, fulgurar.

02 – Nas duas primeiras estrofes, o eu lírico evoca uma série de elementos. Em que estrofe ele esclarece o que quer desses elementos?
      Na terceira estrofe.

03 – Transcreva um exemplo de aliteração encontrado na primeira estrofe.
      “Vagas visões volúpicas, velozes...”.

04 – Uma das características do Simbolismo é a predileção do poeta pela luminosidade que torna as coisas nebulosas e imprecisas. Transcreva alguns vocábulos que justificam essa afirmação.
      Luz, luares, radiante, louros, sol, clarões, chamas, dardejando e luminosas.

05 – Copie o verso da 3ª estrofe que melhor exemplifica o subjetivismo profundo do eu lírico.
      “Toda esta dor que na minh’alma clama...”.

06 – O eu lírico anseia por outro espaço para a sua alma. Como ele descreve esse espaço ideal?
      Constituído de “Astros louros e luminosas estrelas”.


domingo, 19 de maio de 2019

POEMA: ANTÍFONA - CRUZ E SOUSA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Antífona
           
  Cruz e Sousa

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas! ...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.

Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...

Cristais diluídos de clarões álacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...
                  In Andrade Muricy. Panorama do Simbolismo Brasileiro, vol. 1.
São Paulo, Perspectiva, 1987.
Entendendo o poema:

01 – Repare que o poema “Antífona” tem por tema o próprio processo de criação poética e utiliza-se de uma linguagem pouco convencional, com fortes traços simbolistas. Para reconhece-los, transcreva:
a)   O verso da 1ª estrofe que apresenta elementos litúrgicos, religiosos.
“Incensos dos turíbulos das aras...”

b)   Os adjetivos e os substantivos dessa estrofe que caracterizam as “Formas” invocadas pelo sujeito lírico, mostrando que se trata de realidades impalpáveis, transcendentais.
Os adjetivos são: alvas, brancas, claras, vagas, fluidas, cristalinas; e os substantivos: luares, neve, neblinas.

02 – Além de impalpáveis, transcendentais, as “formas” da poesia simbolista são sensoriais, isto é, apresentam elementos que pertencem ao universo dos sentidos – muitas vezes por meio de sinestesia.
a)   Transcreva os versos da 3ª estrofe em que ocorre sinestesia.
Os versos são “Indefiníveis músicas supremas, / Harmonias da Cor e do Perfume...”

b)   Que sentidos são evocados nesses versos?
Os sentidos são a audição, a visão e o olfato.

03 – As assonâncias (repetição de sons vocálicos) e as aliterações (repetição de sons consonantais) são alguns dos recursos que contribuem com uma das principais características simbolistas: a musicalidade. Por meio dela, reforça-se o tom misterioso e metafísico dessa poesia, que sugere em vez de descrever; simboliza em vez de nomear.
a)   Que estrofe coloca mais claramente o parentesco entre a poesia simbolista e as realidades ocultas, misteriosas, metafísicas, por meio da referência à poesia como mistério, e da invocação dos espíritos como modo de realiza-la?
A 5ª estrofe.

b)   Dê um exemplo de assonância e um exemplo de aliteração, presentes nessa estrofe.
Um exemplo de assonância presente na estrofe está na repetição das vogais i e e; um exemplo de aliteração encontra-se na repetição da consoante s.

04 – De o significado das palavras abaixo, se precisar utilize um dicionário.
·        Alabastro: entre os gregos antigos, pequeno vaso sem asas utilizado para queimar perfumes.

·        Eflúvio: emanação invisível que se desprende de um fluído; aroma, perfume.

·        Álacre: alegre, jovial.

·        Fulva: de cor amarelo-tostada; alourada.

·        Acre: amargo, áspero.

·        Tantálico: infernal.

·        Quimérico: fantástico.

·        Tropel: desordem, balbúrdia.

·        Cabalístico: secreto, misterioso, obscuro.


05 – A preferência pela indefinição e pela claridade são algumas das características da poesia simbolista. Transcreva das duas primeiras estrofes algumas palavras que comprovem esta afirmação.
      Claridade: alvas, brancas, claras, luares, neve, brilhos, constelarmente, etc. Indefinição: vagas, fluidas, cristalinas, vaporosas.

06 – Que palavras sugerem a atmosfera religiosa bastante comum nos poemas simbolistas?
      Antífona, incensos, turíbulos, aras, Virgens, Santas, Réquiem, salmos, cânticos, órgãos.

07 –A musicalidade também é outra preocupação dos simbolistas. Segundo o eu lírico, como deve ser a musicalidade do poema?
      Indefinível e suprema.

08 – O poema evoca vários elementos que deverão estar presentes na criação dos seus versos. Esses elementos, vagos, dispersos, místicos, luminosos e musicais, devem contribuir para uma poesia, objetiva ou misteriosa?
      Misteriosa, conforme a última estrofe.