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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

SONETO: AS ESTRELAS - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Soneto: As Estrelas

             Cruz e Sousa

Lá, nas celestes regiões distantes,
No fundo melancólico da Esfera,
Nos caminhos da eterna Primavera
Do amor, eis as estrelas palpitantes.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVovmgqFIdj7WbYcMzJPB067OBjEzzV4rCxcwws5H8Kaqe8Uut6dmBVC6TTlNLL3kMsnys0pVW-UcB-bVb2MwCgV5dY1FMa4V11AZnkm-0zup0HTE0pCRZBQJX70wm7dV-S5kQpiGemo086v1WeuKyyxhZWjzfSBS3fRU1HtcqwR4ufbZWVU83-VHYgn0/s320/ESTRELAS.jpeg


Quantos mistérios andarão errantes,
Quantas almas em busca da Quimera,
Lá, das estrelas nessa paz austera
Soluçarão, nos altos céus radiantes.

Finas flores de pérolas e prata,
Das estrelas serenas se desata
Toda a caudal das ilusões insanas.

Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Se as estrelas não são os ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesias completas. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1965, p. 75.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 477.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "As Estrelas"?

      O tema central do soneto é a contemplação das estrelas e a reflexão sobre os mistérios que elas representam. Cruz e Sousa explora a vastidão do universo e a pequenez do ser humano diante da imensidão cósmica, utilizando as estrelas como símbolos de mistério, beleza e eternidade.

02 – Que imagens poéticas são utilizadas para descrever as estrelas?

      O poeta utiliza diversas imagens poéticas para descrever as estrelas, como "celestes regiões distantes", "fundo melancólico da Esfera", "caminhos da eterna Primavera do amor", "flores de pérolas e prata" e "ais perdidos das primitivas legiões humanas". Essas imagens evocam a beleza, o mistério, a distância e a eternidade das estrelas, além de sugerir uma conexão entre elas e a história da humanidade.

03 – Quais são os sentimentos expressos no soneto em relação às estrelas?

      O soneto expressa uma mistura de sentimento em relação às estrelas, incluindo admiração, mistério, melancolia e curiosidade. O poeta se maravilha com a beleza e a vastidão do universo, mas também se sente diante da imensidão cósmica. Há também um sentimento de melancolia ao contemplar a distância entre a Terra e as estrelas, e uma curiosidade sobre os mistérios que elas guardam.

04 – Que reflexões são propostas no soneto sobre a existência humana?

      O soneto propõe reflexões sobre a natureza da existência humana, a busca pela felicidade e o mistério da vida e da morte. As estrelas, com sua beleza e eternidade, contrastam com a brevidade da vida humana e a busca por "Quimeras". O poeta sugere que as estrelas podem ser os "ais perdidos" das gerações passadas, conectando o presente com o passado e levantando questões sobre o sentido da vida.

05 – Como o soneto "As Estrelas" se relaciona com o Simbolismo?

      O soneto "As Estrelas" apresenta características típicas do Simbolismo, como a ênfase no mistério, na subjetividade e na transcendência. As estrelas são utilizadas como símbolos de algo maior e mais profundo, representando o desconhecido e o inefável. A linguagem utilizada é rica em metáforas e sugestões, buscando evocar sentimentos e ideias que vão além do plano racional. Há também uma musicalidade presente no ritmo e na sonoridade do poema, característica marcante da poesia simbolista.

 

 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

SONETO: MÚSICA MISTERIOSA - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Soneto: Música Misteriosa

             Cruz e Sousa

Tenda de Estrelas níveas, refulgentes,
Que abris a doce luz de alampadários,
As harmonias dos Estradivarius
Erram da Lua nos clarões dormentes...

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqSlEk7PNKiI0AfSHNyc4hs1JOhXyz3ghod1olM_Z8Z27MkNfgzrgJoqauApmMfVHMrrjFRLrSWqqTHDdDuPHMuM9Cv5cucd0JcrpEoNqJkqY7ngEuBxDbrth9eA56fmEJfIVt1m40BMQEIrfcLX3TjLl2RaCVp18kywuJO14_7qZ24qjeACFFgVmQxyU/s320/NEVOEIROS.jpg


Pelos raios fluídicos, diluentes
Dos Astros, pelos trêmulos velários,
Cantam Sonhos de místicos templários,
De ermitões e de ascetas reverentes...

Cânticos vagos, infinitos, aéreos
Fluir parecem dos Azuis etéreos,
Dentre os nevoeiros do luar fluindo...

E vai, de Estrela a Estrela, a luz da Lua,
Na láctea claridade que flutua,
A surdina das lágrimas subindo...

NUPILL – Núcleo de pesquisa em informática, literatura e linguística. http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/broqueis.html.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 473.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é a principal sensação que o soneto busca transmitir?

      O soneto busca transmitir a sensação de mistério e transcendência através da música. A combinação de elementos como a noite estrelada, a luz da lua, os instrumentos musicais e as referências religiosas cria uma atmosfera onírica e espiritualizada.

02 – Que elementos sensoriais são explorados no soneto para criar a atmosfera misteriosa?

      Cruz e Sousa explora diversos elementos sensoriais para criar a atmosfera misteriosa do soneto:

      Visual: A "Tenda de Estrelas níveas" e a "luz de alampadários" evocam a imagem de um céu noturno brilhante e mágico.

      Auditivo: As "harmonias dos Stradivarius" e os "cânticos vagos, infinitos, aéreos" sugerem uma música celestial e misteriosa que permeia o ambiente.

      Tátil: Os "raios fluídicos, diluentes dos Astros" e os "trêmulos velários" criam uma sensação de leveza e vibração no ar.

03 – Como a linguagem utilizada no soneto contribui para a sensação de mistério?

      A linguagem utilizada no soneto é rica em figuras de linguagem e em palavras que evocam o mistério e a transcendência. Termos como "níveas", "refulgentes", "diluentes", "trêmulos", "místicos", "etéreos" e "surdina" contribuem para criar uma atmosfera de encantamento e enigma.

04 – Qual é a relação estabelecida no soneto entre a música e a religião?

      O soneto estabelece uma relação intrínseca entre a música e a religião. As referências aos "místicos templários", "ermitões" e "ascetas reverentes" sugerem que a música tem um papel fundamental na experiência religiosa, conduzindo à transcendência e à conexão com o divino.

05 – Que interpretação pode ser dada ao último verso do soneto: "A surdina das lágrimas subindo..."?

      O último verso do soneto, "A surdina das lágrimas subindo...", pode ser interpretado como uma referência à emoção contida e misteriosa que a música provoca. As lágrimas, que sobem em surdina, representam a comoção profunda que a beleza e o mistério da música despertam na alma do ouvinte.

 

 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

SONETO: SILÊNCIOS - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Soneto: Silêncios

             Cruz e Sousa

Longos silêncios interpretativos,

Adoçados por funda nostalgia,

Balada de consolo e simpatia

Que os sentimentos meus torna cativos;

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWp6LOs7dEEr6kuYYCNwjs5cOgA7_ZIE0d0JMYXRARNLSxRdOOeLJr6OcbdjxqyU-kFE-1eakDMlsb9RTon6Z2pTNA6lamKcCyi2wNzorWCWEPw6Tf4TyJYVaeYG3ROdztJQ3dpfuT7YR1LBOytQevDMRlwPFv8v0qXGWda6ND9P1FuWtTco75l3tU6YY/s1600/SILENCIO.jpg

Harmonia de doces lenitivos,

Sombra, segredo, lágrima, harmonia

Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.

 

Ó Silêncios! Ó cândidos desmaios,

Vácuos fecundos de celestes raios

De sonhos, no mais límpido cortejo...

 

Eu vos sinto os mistérios insondáveis

Como de estranhos anjos inefáveis

O glorioso esplendor de um grande beijo!

Cruz e Sousa. NUPILL – Núcleo de pesquisa em informática, literatura e linguística. http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/ultimossonetos.html.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 473-474.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "Silêncios"?

      O tema central do soneto é a exploração da natureza e do significado dos silêncios. Cruz e Sousa descreve os silêncios como algo profundo e cheio de mistério, capazes de provocar sentimentos complexos e até mesmo de revelar verdades ocultas. Ele os personifica, conferindo-lhes características humanas e até mesmo divinas.

02 – Que imagens poéticas são utilizadas para descrever os silêncios?

      O poeta utiliza uma variedade de imagens poéticas para descrever os silêncios, como "longos silêncios interpretativos", "balada de consolo e simpatia", "harmonia de doces lenitivos", "sombra, segredo, lágrima, harmonia", "cândidos desmaios", "vácuos fecundos de celestes raios" e "estranhos anjos inefáveis". Essas imagens evocam a ideia de que os silêncios são muito mais do que a ausência de som; são espaços carregados de significado, emoção e mistério.

03 – Quais são os sentimentos expressos no soneto em relação aos silêncios?

      O soneto expressa uma variedade de sentimentos em relação aos silêncios, incluindo nostalgia, consolo, simpatia, harmonia, mistério, deslumbramento e até mesmo uma ponta de receio. Os silêncios são apresentados como algo complexo e multifacetado, capaz de despertar uma gama de emoções no poeta.

04 – Como o soneto "Silêncios" se relaciona com o Simbolismo?

      O soneto "Silêncios" apresenta características típicas do Simbolismo, como a ênfase no mistério, na subjetividade e na transcendência. Os silêncios são utilizados como símbolos de algo maior e mais profundo, representando o desconhecido e o inefável. A linguagem utilizada é rica em metáforas e sugestões, buscando evocar sentimentos e ideias que vão além do plano racional. Há também uma musicalidade presente no ritmo e na sonoridade do poema, característica marcante da poesia simbolista.

05 – Qual é a mensagem principal transmitida pelo soneto "Silêncios"?

      A mensagem principal transmitida pelo soneto é a de que os silêncios são muito mais do que a ausência de som; são espaços carregados de significado, emoção e mistério. Eles podem ser interpretados como momentos de introspecção, de conexão consigo mesmo e com o universo. O poeta nos convida a prestar atenção aos silêncios, a escutá-los com o coração e a desvendar os mistérios que eles guardam.

 

domingo, 29 de dezembro de 2024

POEMA: SORRISO INTERIOR - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema: Sorriso interior

             Cruz e Sousa

O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo esse brasão augusto
Do grande amor, da nobre fé tranquila.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc0-eDwd-2LJ4o9T9dhl4uaTSRj4diFqQwFaDAdq-lnHpkFQPdJJ2E3KWvXDh-cY5pnpIygpB6fKvFOcRWgEGPnGg6cO_UqfvfNHZOPBrm4UGBEFHZvVMd_J8Qwa1Smspl1QXa5wZ_UHswXik0Sv3bMVe1LvCBrqOmmY8ZQ6ycWZdVvGqNADigkmu_gcY/s1600/FOR%C3%87A.jpg



Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsias e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tudo em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe essa glória em frente à natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser transforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!

SOUSA, João da Cruz e. Poesias completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 110.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 421.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado da palavra eflúvio?

      Perfume, aroma.

02 – Qual a principal característica do ser descrito no poema?

      O ser descrito no poema é caracterizado pela sua força interior, pela serenidade e pela capacidade de superar as adversidades. Ele é um ser imutável, que permanece firme diante das turbulências da vida, simbolizando a busca por uma verdade interior e a transcendência do sofrimento.

03 – Qual o significado da expressão "guerras imortais"?

      As "guerras imortais" representam os conflitos internos e externos que todos enfrentamos ao longo da vida. Essas guerras são "imortais" porque são constantes e atemporais, fazendo parte da experiência humana.

04 – Qual a importância do sorriso no poema?

      O sorriso é um símbolo de serenidade, paz interior e vitória sobre as adversidades. O ser que é ser mantém um "sorriso justo" mesmo diante das dificuldades, demonstrando uma força interior inabalável.

05 – Qual a relação entre o ser humano e a natureza no poema?

      O ser humano é apresentado como superior à natureza, capaz de transformar tudo em flores e de cantar mesmo diante das maiores tragédias. Essa visão idealiza o ser humano como um ser espiritual e transcendente, capaz de dominar as forças da natureza.

06 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é a busca pela paz interior e pela superação das dificuldades. O poeta nos apresenta um ideal de ser humano que, através da força interior e da fé, consegue transcender o sofrimento e encontrar a felicidade. A obra celebra a capacidade humana de resistir às adversidades e de encontrar beleza e significado mesmo nas situações mais difíceis.

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

POEMA: CRISTAIS - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Cristais

              Cruz e Sousa.

Mais claro e fino do que as finas pratas

O som da tua voz deliciava...

Na dolência velada das sonatas

Como um perfume a tudo perfumava.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXGp9q6okURDEEZWhWG4LzhqYedNBVVXNyaV1Nw6Gpz1Pq0Z6JSxMUKyqbomZ4PnEcjP6-RJ1DRu1F4OYl9W6k-P6mb8yaGWVa4JPMwOezQCnThA7KavdEk4RJeAUo5QqfNbO4IwtVncPdPojAjx7UjlT-GJDw0sg8W09xVkO4_z8-BMt7-ejtgGExISA/s1600/CRISTAIS.jpg


 

Era um som feito luz, eram volatas

Em lânguida espiral que iluminava,

Brancas sonoridades de cascatas...

Tanta harmonia melancolizava.

 

Filtros sutis de melodias, de ondas

De cantos voluptuosos como rondas

De silfos leves, sensuais, lascivos...

 

Como que anseios invisíveis, mudos,

Da brancura das sedas e veludos,

Das virgindades, dos pudores vivos.

Cruz e Sousa. Obra completa: poesia, 2008.

Fonte: Práticas de Língua Portuguesa/Faraco, Moura, Maruxo. – 1.ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. p. 198-199.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Dolência: mágoa, dor; sofrimento, aflição.

·        Lascivo: sensual, libidinoso, desregrado.

·        Silfo: na mitologia céltica, é o “gênio do ar”.

·        Sonata: peça musical.

·        Velado: coberto de véu; oculto; disfarçado.

·        Volata: série de sons executados com rapidez.

·        Voluptuoso: sensual; em que há prazer ou volúpia.

02 – Observe que o eu lírico descreve uma voz e, para caracterizá-la, ele a compara a finas pratas. Com base nisso, responda às questões no caderno.

a)   Que elemento comum ele percebe entre a voz e as finas pratas?

Clareza e fineza.

b)   Comparar um som a prata (um metal) é uma comparação convencional? Por quê?

Não é um clichê, pois os elementos comparados pertencem a diferentes campos da realidade e são percebidos por diferentes sentidos.

03 – A sonata é uma composição musical feita para ser executada por um ou mais instrumentos, diferentemente de uma composição vocal. Com base nessa definição, interprete os dois últimos versos da primeira estrofe.

      Não se trata de uma voz que canta, e sim de uma voz que lembra um instrumento.

04 – Além de deliciar, a voz perfumava. Sabe-se que a voz é percebida pela audição. O perfume, pelo olfato. Ao fundir essas duas sensações, o eu lírico constrói uma sinestesia, que é a associação de palavras ou expressões que transmitem a ideia de sensações diferentes em uma só impressão (voz que perfumava). A sinestesia relaciona planos sensórios diferentes. Localize outras duas sinestesias no poema e explique os efeitos de sentido que provocam.

      Era um som feito de luz; volatas que em espiral iluminavam; brancas sonoridades. Essa figura expressa uma percepção bastante subjetiva da realidade e, ao mesmo tempo, uma apreensão complexa, em rede, não em segmentos isolados.

05 – Na terceira estrofe, compara-se a voz a “rondas / de silfos leves, sensuais, lascivos...”. Explique a comparação.

      A voz descrita parece ser movimento ao ar, dinamizá-lo, assim como os silfos em ronda.

06 – No poema prevalece a expressão de sensações visuais, auditivas ou olfativas? Comente sua resposta, relacionando-a ao assunto do soneto.

      Predominam as sensações visuais, apesar de o assunto do soneto ser a voz de uma pessoa, provavelmente uma voz feminina.

07 – Além das rimas, que outros elementos contribuem para a sonoridade do poema? Responda no caderno.

      Aliteração: fino / finas; silfos / sensuais / lascivos; Presença marcante de fonemas nasais: som, dolência, lânguida, branca, melancolizava, ondas, cantos, rondas, sensuais, anseios, invisíveis, brancura, virgindade.

 

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

POEMA: SIDERAÇÕES - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema: Siderações

             Cruz e Sousa     

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão  vestindo…

Num cortejo de cânticos alados
Os arcanjos, as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de  Visões levanta…

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos Astros canta…

SOUSA, Cruz e. Broquéis. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro [s/d]. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000073.pdf. Acesso em: 17 jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 209-210.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Alado: dotado de asas.

·        Aromal: aromático.

·        Cântico: canto religioso.

·        Cítara: instrumento de cordas parecido com a lira.

·        Cortejo: procissão.

·        Etéreo: sublime.

·        Galgar: elevar-se, subir.

·        Rito: prática realizada durante cerimônias religiosas.

·        Sideração: influência de um astro na vida de alguém.

·        Sideral: relativo aos astros.

·        Turíbulo: vaso em que se queima incenso nas missas.

02 – De acordo com o poema, para onde vão os desejos e as ânsias? O que isso significa?

      As ânsias e os desejos devem ser sublimados, purificados, isto é, transcender à matéria para integrarem-se espiritualmente no cosmo.

03 – Você acredita que os astros podem influenciar a vida das pessoas? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Que palavras e expressões usadas no poema se ligam ao misticismo, à religiosidade? De que maneira elas se relacionam ao tema do poema?

      Cânticos, arcanjos, etéreos turíbulos, incenso, ritos. Esses termos ajudam a reforçar o tema da transcendência.

·        Como e quais elementos da natureza são descritos e o que eles simbolizam?

São citadas estrelas (“cristais gelados”); o céu, por meio da sua cor (“azuis”), o adjetivo siderais e sua extensão (“amplidão”); as nuvens brancas, que vestem a amplidão do céu. Eles simbolizam o Divino, a Eternidade.

05 – No poema, há sugestões de determinadas cores. Quais são elas? Que efeito o uso dessas cores produz no texto?

      A sugestão de elementos de cor branca, transparente e brilhante. Elas reforçam também a ideia de transcendência, de espiritualidade, de purificação.

06 – Identifique elementos formais e estruturais do soneto.

a)   Qual é a métrica e o esquema de rimas?

O soneto é construído por versos decassílabos a partir do esquema ABAB ABAB CCD EED.

b)   Em quais versos a inversão sintática das palavras na frase ajuda a construir a rima?

“Galgando azuis e siderais noivados” “De nuvens brancas a amplidão vestindo”; “As asas de ouro finamente abrindo”; “Claro incenso aromal, límpido e leve”; “Ondas nevoentas de Visões levanta...” / Da eternidade que nos Astros canta...”.

c)   Além da rima, a musicalidade dos versos é construída a partir da aliteração (repetição de sons consonantais) e da assonância (repetição de sons vocálicos). Identifique-as e depois responda: Qual é a função das referências à música e da musicalidade dos versos?

A aliteração é construída pela repetição do som representado pela letra s, como em “Para as Estrelas de cristais gelados / As ânsias e os desejos vão subindo”. A assonância aparece na repetição dos sons das vogais nasalizadas dos gerúndios. A música que aparece sugerida nos versos (“cânticos”, “cítaras”, “canta”) e a musicalidade construída pelas rimas, aliterações e assonâncias ajudam a compor a atmosfera de abstração e de sublimação pretendida pelo poeta.

d)   Que outros recursos gráficos conferem expressividade ao poema e que efeito produzem?

O uso das reticências dá uma ideia de imprecisão, de processo inacabado, e o emprego de maiúsculas em substantivos comuns pode sugerir uma concepção platônica de que as ideias são abstratas, e não materiais.

07 – Que figura de linguagem aparece no primeiro, no quinto e no décimo verso do poema e qual a função dela?

      Nesses versos, aparece a sinestesia, mistura de sensações percebidas pelos órgãos dos sentidos: “Estrelas de cristais gelados” (Visão e tato); “Cânticos alados” (audição e visão); “claro incenso aromal” (visão e olfato). O uso da sinestesia torna mais palpáveis as emoções sugeridas pelo poeta.

08 – Que pressupostos da estética simbolista aparecem no poema?

      A estética simbolista se materializa na espiritualidade e na concepção mística do mundo, na musicalidade, no uso da sinestesia, na sintaxe invertida, etc.

09 – Tanto a espiritualidade quanto a ciência oferecem meios que ajudam o ser humano a lidar com o desconhecido e a buscar compreender suas emoções para cuidar de sal saúde física e mental. Você costuma recorrer a alguma delas com esse objetivo? Na sua opinião, espiritualidade e ciência são opostas? Comente.

      Resposta pessoal do aluno.    

 

 

sábado, 13 de agosto de 2022

POEMA EM PROSA: OCASO NO MAR - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

 Poema em prosa: Ocaso no mar

            Cruz e Sousa

     Num fulgor d’ouro velho o sol tranquilamente desce para o ocaso, no limite extremo do mar, d’águas calmas, serenas, dum espesso verde pesado, glauco, num tom de bronze.

        No céu, de um desmaiado azul, ainda claro, há uma doce suavidade astral e religiosa.

        Às derradeiras cintilações doiradas do nobre Astro do dia, os navios, com o maravilhoso aspecto das mastreações, na quietação das ondas, parecem estar em êxtase na tarde.

        Num esmalte de gravura, os mastros, com as vergas altas lembrando, na distância, esguios caracteres de música, pautam o fundo do horizonte límpido.

        Os navios, assim armados, com a mastreação, as vergas dispostas por essa forma, estão como a fazer-se de vela, prontos a arrancar do porto.

        Um ritmo indefinível, como a errante etereal expressão das forças originais e virgens, inefavelmente desce, na tarde que finda, por entre a nitidez já indecisa dos mastros...

        Em pouco as sombras densas envolvem gradativamente o horizonte em torno, a vastidão das vagas.

        Começa, então, no alto e profundo firmamento silencioso, o brilho frio e fino, aristocrático das estrelas.

        Surgindo através de tufos escuros de folhagem, além, nos cimos montanhosos, uma lua amarela, de face chara de chim, verte um óleo luminoso e dormente em toda a amplidão da paisagem.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000076.pdf. Acesso em: 27 abr. 2016.

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 127.

Entendendo o poema em prosa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fulgor: brilho.

·        Ocaso: pôr do sol.

·        Glauco: verde-azulado.

·        Mastreações: conjuntos de mastros.

·        Vergas: vigas.

·        Etereal: sublime, divina.

·        Inefavelmente: de forma indescritível.

·        Chim: chinês.

02 – Os poemas simbolistas caracterizam-se pelo uso de palavras incomuns, de um vocabulário não coloquial, sofisticado. Relacione essa afirmação ao poema “Ocaso no mar” e justifique sua resposta com exemplos.

      No poema “Ocaso no mar”, Cruz e Sousa utiliza vocabulário incomum, não coloquial, sofisticado, tal como referido na afirmação. Exemplos: “Fulgor”, “Ocaso”, “Glauco”, “eteral”, “inefavelmente”, etc.

03 – Que fenômeno natural está sendo descrito no poema de Cruz e Sousa?

      O poema descreve o pôr do sol no mar e o início da noite, com o surgimento da lua e das estrelas.

04 – Os simbolistas valorizavam a ideia de sugestão. Encontre em “Ocaso no mar” exemplos que confirmam essa afirmação.

      No poema “Ocaso no mar”, em lugar de simplesmente descrever o pôr do sol no mar e o início da noite, o poeta sugere esses fenômenos. O sol não é apenas amarelo: há nele um “fulgor d’ouro velho”, o mar é “dum espesso verde pesado”, “num tom de bronze”. No céu, há uma doce suavidade astral e religiosos”, etc.

05 – Que recursos utilizados por Cruz e Sousa intensificam a sonoridade do poema?

      Em algumas passagens, Cruz e Sousa faz uso de aliterações e assonâncias.

domingo, 7 de agosto de 2022

POEMA: IMORTAL ATITUDE - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

Poema: Imortal Atitude

              Cruz e Sousa


Abre os olhos à Vida e fica mudo!
Oh! Basta crer indefinidamente
Para ficar iluminado tudo
De uma luz imortal e transcendente.

Crer é sentir, como secreto escudo,
A alma risonha, lúcida, vidente...
E abandonar o sujo deus cornudo,
O sátiro da Carne impenitente.

Abandonar os lânguidos rugidos,
O infinito gemido dos gemidos
Que vai no lodo a carne chafurdando.

Erguer os olhos, levantar os braços
Para o eterno Silêncio dos Espaços
e no Silêncio emudecer olhando.

             Disponível em: http://dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000078.pdf. Acesso em: 19 jan. 2016.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 125-6.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sátiro: devasso, luxurioso.

·        Impenitente: pecador, vicioso.

·        Lânguidos: voluptuosos, sensuais.

·        Chafurdando: remexendo, revolvendo.

02 – No Simbolismo, é comum o uso de inicial maiúscula para atribuir valor absoluto, simbólico às palavras.

a)   Transcreva do poema as palavras em que isso ocorre.

Palavras do poema com inicial maiúscula: “Vida”, “Carne”, “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”.

b)   Que valores absolutos são atribuídos a essas palavras e que justificam sua grafia com inicial maiúscula?

“Vida”: refere-se a toda a existência humana; “Carne”: remete a todo desejo físico humano; “Silêncio dos Espaços” e “Silêncio”: referem-se ao Nada, à morte como início da “luz imortal” e da transcendência.

03 – No primeiro quarteto, o eu lírico dá um conselho ao seu interlocutor e depois defende um determinado ponto de vista.

a)   Desfaça o hipérbato presente na primeira estrofe para facilitar sua compreensão do texto.

Abre os olhos à Vida e fica mudo! Oh! Basta crer indefinidamente para tudo ficar iluminado de uma luz imortal e transcendente.

b)   Que conselho é dado ao interlocutor?

Aconselha-se ao leitor que abra os olhos para a existência e fique mudo.

c)   Que ponto de vista é defendido no primeiro quarteto após o aconselhamento?

O eu lírico defende que basta que se creia indefinidamente para que tudo se ilumine de uma luz imortal e transcendente.

04 – No segundo quarteto, o eu lírico explica o que é “crer”. Transcreva a definição que é dada para esse verbo.

      “Crer” seria “sentir”, como um secreto escudo, a alma risonha, lúcida, vidente, e abandonar o “sujo deus cornudo”, o “sátiro da Carne impenitente”.

05 – Para responder às questões seguintes, relacione as informações do boxe abaixo ao conteúdo do poema.

        Sátiro ou fauno

        Sátiro é um ser mitológico do sexo masculino, presente na cultura grega antiga. Com cabeça humana e corpo de bode, costumava vagar pelos bosques com uma flauta, acompanhando Dionísio (deus do vinho e das festas). Nos mitos gregos, é referido como um ser relacionado aos instintos sexuais. Na mitologia romana, é conhecido como fauno.

SCHWABE, Carlos. O fauno. 1923. Giz, carvão e lápis de cor, 115 x 146 cm.

a)   Segundo o eu lírico, o que o homem deve abandonar a fim de conseguir crer com plenitude?

O eu lírico aconselha que o homem abandone sua porção carnal, sexual, seus instintos mais primitivos, simbolizados pela figura pagã do sátiro grego, ente relacionado à pulsão sexual humana.

b)   No seu ponto de vista, por que o eu lírico pede esse tipo de renúncia ao seu interlocutor?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Nesse poema, os desejos sexuais humanos são vistos como sujos e, por isso, distanciariam o homem do “eterno Silêncio dos Espaços”.

06 – Depois de abrir os olhos para a “Vida”, de emudecer e de abandonar os desejos carnais, para onde iria o homem, segundo o eu lírico?

      Agindo dessa forma, crendo verdadeiramente, o homem encontraria o “eterno Silêncio dos Espaços”, ou seja, o retorno ao Nada, à transcendência.