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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

POEMA: TERCEIRA DOR - ALPHONSUS DE GUIAMARAENS - COM GABARITO

     POEMA: TERCEIRA DOR

                      Alphonsus de Guimaraens

 

É Sião que dorme ao luar. Vozes diletas
Modulam salmos de visões contritas...
E a sombra sacrossanta dos Profetas
Melancoliza o canto dos levitas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6_hZOEowClUfLhMYE26DFagKrKKc8nih_diYSfuiWDzSKZkKIzxMcSxHkK1kRs495LYUWE9FZT4QHDDj0al81pKsPRKoD0Nk6-JAXVuDZHZCaUk46UfR5NvO7pSkoQzNJiR9IEOPYYs1iZi4yZQ20AvsqHHDgH12QsnuYE908otYbcLryL-IMV1PcusA/s320/LUAR.jpg 

As torres brancas, terminando em setas, 
Onde velam, nas noites infinitas, 
Mil guerreiros sombrios como ascetas, 
Erguem ao Céu as cúpulas benditas.

As virgens de Israel as negras comas
Aromalizam com os ungüentos brancos
Dos nigromantes de mortais aromas...

Jerusalém, em meio às Doze Portas, 
Dorme: e o luar que lhe vem beijar os flancos
Evoca ruínas de cidades mortas.

 

Entendendo o poema

01. Na segunda estrofe do poema, percebe-se uma repetição sonora de cunho consonantal conhecido como

a)   aliteração.

b)   assonância.

c)   eco.

d)   onomatopeia.

e)   sinestesia. 

02. Que tema é abordado nesse poema?

          O poema é marcadamente místico e envolvido com a religiosidade católica.

03. Qual é a imagem predominante no início do poema?

No início do poema, a imagem predominante é a de Sião dormindo ao luar, enquanto vozes diletas cantam salmos e sombra sacrossanta dos Profetas melancoliza o canto dos levitas.

04. O que as torres brancas simbolizam no poema?

As torres brancas simbolizam as estruturas religiosas e espirituais de Jerusalém, onde guerreiros sombrios como ascetas vigiam e erguem cúpulas em direção ao céu.

05. Qual é o papel das virgens de Israel no poema?

No poema, as virgens de Israel aromatizam suas negras comas com os unguentos brancos dos nigromantes, criando uma imagem de beleza e mistério ligada a elementos mágicos e místicos.

06. Qual é a sensação que o luar evoca em relação a Jerusalém? O luar que beija os flancos de Jerusalém evoca a ideia de evocação de ruínas de cidades mortas, criando uma atmosfera melancólica e nostálgica que ressalta a história e as vicissitudes da cidade.

 

terça-feira, 26 de julho de 2022

POEMA: NEM LUZ DE ASTRO NEM LUZ DE FLOR SOMENTE: UM MISTO... ALPHONSUS DE GUIMARAENS - COM GABARITO

 Poema: Nem luz de astro nem luz de flor somente: um misto ...

             Alphonsus de Guimaraens


Nem luz de astro nem luz de flor somente: um misto
De astro e flor. Que olhos tais e que tais lábios, certo,
(E só por serem seus) são muito mais do que isto...
Ela é a tulipa azul do meu sonho deserto.

Onde existe, não sei, mas quero crer que existo
No mesmo nicho astral entre luares aberto,
Em que branca de luz sublime a tenha visto,
Longe daqui talvez, talvez do céu bem perto.

Ela vem, (sororal!) vibrante como um sino,
Despertar-me no leito: ouro em tudo, — na face
De anjo morto, na voz, no olhar sobredivino.

Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma
Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce...
Oh sonora audição colorida do aroma!

Alphonsus de Guimarães. Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960. p. 100.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 231-2.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sororal: característico de sóror, isto é, de freira.

·        Sobredivino: mais que divino.

·        Ei-la: aí está ela; veja-a.

·        Assoma: aparece.

02 – Na terceira estrofe do poema, o eu lírico descreve sua amada. Copie no caderno três palavras dessa estrofe que remetem à religiosidade.

      Sororal, anjo, sobredivino.

03 – Copie no caderno a alternativa que resume melhor a descrição feita pelo eu lírico.

·        Ele descreve uma mulher de “carne e osso”, bem sensual.

·        Ele descreve uma mulher meio angelical, mais ligada às coisas do céu que às coisas da terra.

04 – Depois de ter sido despertado no leito pela amada, o eu lírico observa a manhã nascendo.

I – Na sua descrição que ele faz desse momento, aparece uma das figuras de linguagem que estudamos neste capítulo. Qual? Explique.

      Aparece a sinestesia, porque o eu lírico afirma que a luz tem cheiro. A figura torna-se ainda mais marcante no último verso, em que ele exclama: “Oh sonora audição colorida do aroma!”, misturando audição com visão e olfato.

II – Em sua opinião, em uma manhã luminosa, quando se está ao lado da pessoa amada, que cheiro a luz pode ter?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Um cheiro doce, um cheiro de alegria, um cheiro divino, etc.

 

 

domingo, 26 de junho de 2022

POEMA: CANTEM OUTROS A CLARA COR VIRENTE- ALPHONSUS DE GUIMARAENS - COM GABARITO

 Poema: Cantem outros a clara cor virente

              Alphonsus de Guimaraens

Cantem outros a clara cor virente

Do bosque em flor e a luz do dia eterno...

Envoltos nos clarões fulvos do oriente,

Cantem a primavera: eu canto o inverno.

 

Para muitos o imoto céu clemente

É um manto de carinho suave e terno:

Cantam a vida, e nenhum deles sente

Que decantando vai o próprio inferno.

 

Cantem esta mansão, onde entre prantos

Cada um espera o sepulcral punhado

De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...

 

Cada um de nós é a bússola sem norte.

Sempre o presente pior do que o passado.

Cantem outros a vida: eu canto a morte...

GUIMARAENS, Alphonsus de. Cantem outros a clara cor virente. Disponível em: http://www.camarabrasileira.com/alphonsus.htm. Acesso em: 4 nov. 2009.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 260.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Virente: florescente, próspera.

·        Fulvos: louros, ocres.

·        Imoto: sem movimento, imóvel.

·        Decantando: separando, isolando.

02 – Identifique no poema um recurso expressivo usado pelo poeta para a sonoridade em seu poema.

      O poeta usa a aliteração em /c/ e /p/ e a assonância em /e/ e /o/ para criar a sonoridade em seu poema, como se vê em: Cantem Clara Cor; Cada um esPera o sePulCral Punhado; cantEm Esta mansãO, OndE EntrE prantOs; quE dEcantandO vai O prÓpriO infernO; entre outros.

03 – Qual o tema/assunto do poema? Que símbolo sintetiza o tema?

      O poema tem como tema a morte, a opção do eu lírico em não tematizar a vida, como fazem outros poetas, mas sim a morte. O símbolo que sintetiza o tema é “inverno”.

04 – O que representa no poema o ato de “cantar”?

      O ato de cantar representa discutir, trabalhar, ter como preocupação central, tematizar.

05 – É possível estabelecer uma relação entre os recursos expressivos usados pelo poeta e o tema geral do poema? Justifique sua resposta.

      Sim. O tema do poema é a morte e a escolha da alternância entre sons abertos e fechados, /e/ e /o/, além do ritmo marcado fortemente pela aliteração em /c/ e /p/, propõe uma relação de alternância: o poeta poderia escolher entre vida e morte, mas sua opção, como comprova a estrofe final do soneto, é pela morte, uma escolha pessimista que os sons do poema reforçam.

 

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

POEMA: VAGA EM REDOR DE TI... - ALPHONSUS GUIMARAENS - COM GABARITO


Poema: Vaga em redor de ti...
         

     Alphonsus Guimaraens

"Vaga em redor de ti uma fulgência
Que tanto é sombra quanto mais fulgura
O teu sorriso, que é divino, vence-a,
E ela, que é luz de estrela, pouco dura. 

De outra não sei que tenha a etérea essência
Que nos teus olhos brilha: nem a pura
Linha de arte de tal magnificência,
Como a que rosto de anjo te emoldura. 

Na candidez ebúrnea do semblante
Tens um lis de ternura, que desliza
À flor da pele em mágoa suavizante. 

Não sei que manto celestial arrastas...
És como a folha do álamo que brisa
Beija e balança ao luar das noites castas. "
                                                                                                     Alphonsus de Guimaraens. “Vaga em redor de ti...”. In: Andrade Muricy, Panorama do movimento simbolismo brasileiro. 2 Ed. Brasília, Conselho Federal de Cultura-INP, 1973. v. l. p. 452.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 286.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:          
·        Fulgência: Brilho, cintilação.             
·        Candidez: Pureza, inocência, candura.
·        Ebúrnea: De marfim.                         
·        Lis: De lírio, plantas de cores alvas, amplas e perfumadas.  

02 – Por que dura pouco a fulgência ao redor do ser a que se refere o eu lírico?
      Porque “o sorriso, que é divino, vence-a”.

03 – Destaque do texto as palavras que divinizam o ser descrito pelo eu lírico.
      Divino, anjo, celestial.

04 – Retire do texto um exemplo de aliteração.
      “A música antes de qualquer coisa”.

05 – Todo esse soneto exemplifica uma característica marcante na obra de Alphonsus de Guimaraens. Qual é essa característica?
      A idealização e divinização da mulher.

06 – Indique, no caderno, os autores das obras a seguir:
a)   Câmara ardente: Alphonsus Guimaraens.

b)   Faróis: Cruz e Sousa.

c)   Setenário das dores de Nossa Senhora: Alphonsus Guimaraens.

d)   Kiriale: Alphonsus Guimaraens.


domingo, 28 de outubro de 2018

POEMA: ISMÁLIA - ALPHONSUS DE GUIMARAENS - COM QUESTÕES GABARITADAS

POEMA: ISMÁLIA


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar.
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As assas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

                                            GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: Roteiro da poesia brasileira – 
                          Simbolismo Seleção e prefácio de Lauro Junkes. São Paulo: Global, 2006. P. 62-3.

 ENTENDENDO O POEMA

1 – O poema “Ismália” é bastante sonoro Identifique, nele, elementos responsáveis por essa sonoridade.
     O uso da rendondilha maior, versos de sete sílabas poéticas e o uso recorrente de palavras rimando com final – eu e –ar em todas as estrofes.

2 -   O poema trabalha com inúmeras antíteses. Identifique-as.
     Céu/mar; subir/descer; perto/longe; alma/corpo; alto/baixo (em relação a torre).

3 -   Qual o tema trabalhado no poema? De que forma as antíteses acentuam essa temática?
     O tema do poema é a loucura de Ismália. As antíteses acentuam essa temática porque deixam clara a divisão de Ismália, sua loucura. O fato de ela sentir-se perdida, insatisfeita, incapaz de escolher entre desejos contrários.

4 -   Explique o sentido da última estrofe do poema.
     Ismália não consegue suportar a loucura e se suicida Dessa maneira, realiza seu desejo de alcançar o céu e o mar ao mesmo tempo, já que seu corpo se lança ao mar e sua alma sobe ao céu.

5 -   Uma das marcas centrais do Simbolismo é a sugestão, levar o leitor a perceber o que está por trás e além das palavras usadas pelo poeta. A partir disso, é possível afirmar que o poema “Ismália” apresenta essa marca? Justifique sua resposta.
     Sim. O poeta trabalha com símbolos, como a partição em dois desejos inconciliáveis para retratar a loucura Do mesmo modo, o suicídio vem sugerido nas entrelinhas, cabe ao leitor captar a atmosfera do poema e compreender o que se passou com Ismália.

06 – Alguns poemas de Alphonsus de Guimaraens ligam-se à tradição medieval. Observe no texto os seguintes aspectos formais: métrica, ritmo e paralelismos.
a)   O poema em estudo liga-se ou não a essa tradição? Justifique.
Sim, liga-se a tradição medieval, devido aos aspectos formais do texto, segue as características do Simbolismo, onde os poemas possuem um triângulo, misticismo, amor e morte.

b)   Que outro movimento literário perseguiu a mesma tradição medieval?
O movimento que seguiu a mesma tradição medieval foi o Romantismo.

07 – Todo o poema é constituído com base em antíteses. As antíteses articulam-se em torno dos desejos contrários de Ismália, que se dividem entre a realidade espiritual e a realidade concreta.
a)   Identifique dois pares de antíteses no texto.
As antíteses no poema estão nas últimas estrofes: “Sua ALMA subiu ao céu / Seu CORPO desceu ao mar”. Antíteses são ideias contrárias, opostas. Corpo e alma são palavras contrárias entre si.

b)   Reconheça o elemento que representa a realidade espiritual e o que representa a realidade concreta.
Espiritual – “Sua Alma subiu ao céu”.
Concreto – “Seu Corpo desceu ao mar”.

08 – O Simbolismo, por ser um movimento anti-lógico e anti-racional, valoriza os aspectos interiores e pouco conhecidos da alma e da mente humana. Retire do texto palavras ou expressões que comprovem essa característica simbolista.
      As características do simbolismo com os verbos: enlouqueceu, sonhar, além de desvario, “Como um anjo” e “As asas que Deus lhe deu”.

09 – Tal qual no Barroco e no Romantismo, o poema estabelece relações entre corpo e alma ou matéria e espírito. Com base no desfecho do poema, responda:
a)   Céu e mar relacionam-se ao universo material ou espiritual?
Universo espiritual é representado pela lua do céu e o universo concreto é representado pela lua do mar.

b)   Ismália conseguiu realizar o desejo simbolista de transcendência espiritual?
Sim, porque a morte, no período simbolista é vista como elemento libertador. Quando Ismália cai ao mar, ela realiza esse desejo.

c)   Pode-se afirmar que, para os simbolistas, sonho e loucura levam à libertação? Justifique.
Sim, para os simbolistas, sonho e loucura tornam os homens livres, pois a razão e a lógica prendem o homem a este duro mundo real, e transpassar os limites significa a libertação da alma.

10 – Identifique alguns elementos responsáveis pela intensa musicalidade que caracteriza o poema, considerando antológico tanto em relação à produção do autor quanto em relação ao Simbolismo brasileiro.
      As rimas, os versos curtos (sete sílabas métricas), as assonâncias, as aliterações, as reticências e os paralelismos atribuem intensa musicalidade ao texto.

11 – Relendo a 1ª e 2ª estrofes, percebemos que o texto tem a loucura e a morte como tema.
a)   A 1ª estrofe desencadeia uma sequência de imagens com as quais o sujeito poético atribui uma dimensão lírica e metafísica à loucura de Ismália. Identifique e explique essas imagens.
A partir do momento em que enlouqueceu, Ismália “Pôs-se na torre a sonhar...”, isto é, tornou-se como que superior em relação ao real e entregou-se a um onirismo – “Viu uma lua no céu, / Viu outra lua no mar” – que pode significar busca de unidade cósmica, de reunião do corpo (a lua do mar) com a alma (a lua do céu).

b)   Na 2ª estrofe quais são os desejos de Ismália e o que representam?
Os desejos de Ismália – querer subir ao céu / querer subir ao mar – parecem representar a morte, aqui entendida como reunião entre corpo e alma, integração com a natureza.

12 – Mencione e interprete as características temáticas simbolistas da 3ª estrofe.
      Na 3ª estrofe o canto de Ismália associa-se à manifestação de sua loucura, e também à proximidade em que se encontra do céu, da transcendência espiritual, caracterizando fortemente a presença do estilo Simbolista.

13 – Na 4ª estrofe, o que acontece com Ismália?
a)   Do ponto de vista de uma visão racional da existência.
Ismália se suicida.

b)   Do ponto de vista de uma visão simbolista da existência.
Ao morrer, a alma de Ismália “sobe ao céu”, enquanto seu corpo “desce ao mar”, com o movimento das “asas que Deus lhe deu”. Ou seja, ela reencontra a unidade perdida, a transcendência, a transfiguração para a dimensão esoiritual e metafísica da existência.





terça-feira, 27 de março de 2018

POEMA: A CATEDRAL - ALPHONSUS GUIMARÃES - COM GABARITO

Poema: A CATEDRAL


Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
                 Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
                 Toda branca de sol.

E o sino canta um lúgubres responsos:
                 “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
                   Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
                   Recebe a benção de JESUS.

E o sino clama em lúgubres responsos:
                  “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
                     Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
                     Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:
                     “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
                      Vem açoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
                      Como um astro que já morreu.

E o sino geme em lúgubres responsos:
                      “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

                                    Guimarães, A. de. Os melhores poemas.
                                                            São Paulo, global, 1985.

Entendendo o poema:
01 – Já se ressaltou que os simbolistas tiveram apreço por todo tipo de correspondência entre as coisas, num sistema de analogias. Em A catedral, que correspondências existem entre o “eu” que fala e a catedral?
     Verifica-se a correspondência entre o “eu” e a catedral na solenidade que existe no sonho; o aspecto religioso; a tristeza, etc.

02 – A musicalidade é outro objetivo dos simbolistas em todos os seus poemas. Em A catedral, onde o aspecto musical é mais reforçado?
      O aspecto musical é mais reforçado no refrão.

03 – Esse poema sugere que o poeta acompanhou o dia em suas etapas. Identifique-as. Em sua opinião, qual o objetivo do poeta ao destacar essas etapas?
      As etapas são: O amanhecer, o dia alto, à tarde, o anoitecer. O objetivo do poeta é marcar as etapas da existência (nascer, crescer, atingir a maturidade e morrer).

04 – Há nesse poema uma progressão envolvendo a ideia de cor e de luz. Identifique-a.
      Primeira estrofe: “hialino orvalho”;
      Segunda estrofe: “áurea seta”;
      Terceira estrofe: “lírios e lilases”;
      Quarta estrofe: “trevas, cabeleira ruiva”.


  


domingo, 25 de fevereiro de 2018

POEMA: A CATEDRAL - ALPHONSUS DE GUIMARAENS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Poema: A CATEDRAL

Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
                    Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho,
                    Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
                  “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada,
                       Refulgente raio de luz.


A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
                       Recebe a bênção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres responsos:
                       “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
                       Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
                       Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
                       “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
                        Vem açoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
                         Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
                         “Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

                               Alphonsus de Guimaraens. In: Alphonsus de Guimaraens.
                                                Poesia. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1963, p. 82-3.

Entendendo a poesia:
01 – Quanto à forma, faça comentários sobre:
     a) Métrica: Varia do decassílabo à redondilha menor.
     b) Rima: AA BC CB DD
     c) Estrofação: Apresenta estrutura fixa.
     d) Vocabulário: Vocábulo abstrato: litúrgico, pictórico e sonoro.
     e) Recursos sonoros: Presença da aliteração.

02 – Explique a relação entre o conteúdo significativo de cada estrofe e o tempo.
       Cada uma das quatro estrofes está associada ao tempo, na medida em que estabelece a manhã, o fim da tarde, a noite e a madrugada, respectivamente.

03 – Comente a utilização do refrão e o estado do eu lírico.
       O refrão marca a dor de ser e de viver o poeta.

04 – Assinale a alternativa em que todas as características de estilo são do Simbolismo.
     a) Atmosfera de imprecisão, realismo cru, religiosidade.
     b) Hermetismo intencional, alquimia verbal, musicalidade.
      c)  Complexidade, ressurreição dos valores humanos, materialismo pornográfico.
     d) Favor da forma, expressões ousadas, fidelidade nas observações.
     e) Impassibilidade, vida descrita objetivamente, ecletismo.