Texto: Os anos 60 e a juventude brasileira
José Geraldo Couto
No início da década de 60, a
modernização do Brasil e o desenvolvimento das telecomunicações tinham causado
o crescimento das cidades e desenvolvimento de uma cultura urbana, sintonizada
com os acontecimentos políticos, sociais e culturais de outros países.

O rock’n’roll e a música pop
internacional conquistaram amplas parcelas da nossa juventude desde o final dos
anos 50, influenciando posteriormente cantores e compositores da jovem guarda e
do tropicalismo. Junto com a música dos Beatles e dos Rolling Stones chegavam
ao País novos costumes e uma nova moda: cabelos compridos e calças justas para
os homens, minissaias para as mulheres, o uso de drogas alucinógenas e o
questionamento de valores tradicionais, como a virgindade e o casamento. A
segunda metade da década de 60 foi a época do lema “Paz e Amor”, bandeira do
movimento hippie.
Nos filmes do cinema novo e nas peças do
Teatro de Arena e do Tetro Oficina, jovens artistas brasileiros procuravam uma
nova estética que expressasse as transformações que o País vinha sofrendo, ao
mesmo tempo que a televisão se tornava uma presença cada vez mais influente nos
lares brasileiros.
Foi também uma década de ativa
participação política da juventude. Em 1967, o guerrilheiro Ernesto “Che”
Guevara foi morto na Bolívia ao tentar implantar uma guerra de guerrilhas
semelhante à que tinha sido vitoriosa em Cuba em 1959. Depois de morto, Guevara
tornou-se um ídolo para os jovens brasileiros que lutavam contra o regime
militar. Em 1968, os movimentos de protesto realizados por jovens
(principalmente estudantes) explodiram em todo o mundo. Nos Estados Unidos,
protestava-se contra a guerra do Vietnã. Na França, os estudantes ocupavam as
universidades e tentavam aliar-se aos trabalhadores para derrubar o governo. No
Brasil, passeatas contestavam o poder dos militares.
A década se encerrou, no Brasil e no
mundo, com um sabor de derrota para a juventude: as rebeliões foram sufocadas,
a guerra do Vietnã continuou por mais alguns anos, os governos conservadores
ficaram mais fortes. Será que “o sonho acabou”, como declarou o ex-beatle John
Lennon em 1970, depois da dissolução do conjunto?
José Geraldo Couto. Brasil
– Anos 60. 3. ed. São Paulo: Ática, 1991, p. 224-25.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 38.
Entendendo o texto:
01 – Como a modernização do Brasil
influenciou a juventude nos anos 60?
A modernização, junto com o
desenvolvimento das telecomunicações, levou ao crescimento das cidades e ao
desenvolvimento de uma cultura urbana conectada com tendências globais.
02 – Quais influências culturais
internacionais marcaram a juventude brasileira nos anos 60?
O rock'n'roll, a
música pop internacional, os Beatles, os Rolling Stones, novos costumes, moda
(cabelos compridos, minissaias), o uso de drogas alucinógenas e o
questionamento de valores tradicionais.
03 – De que forma a juventude
brasileira expressou suas transformações culturais e sociais na arte?
Através do Cinema
Novo e do teatro, com o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, buscando uma nova
estética que refletisse as mudanças no país.
04 – Qual foi o papel da
juventude na política durante os anos 60?
A juventude teve
uma participação política ativa, com protestos contra o regime militar no
Brasil e manifestações contra a Guerra do Vietnã e por mudanças sociais em todo
o mundo.
05 – Quem foi Che Guevara e
qual sua importância para os jovens brasileiros nos anos 60?
Ernesto
"Che" Guevara foi um guerrilheiro que se tornou um ídolo para os
jovens brasileiros que lutavam contra o regime militar, especialmente após sua
morte em 1967.
06 – Como terminaram os
movimentos de juventude nos anos 60?
Os movimentos de
juventude foram suprimidos, a Guerra do Vietnã continuou e governos
conservadores se fortaleceram, levando a um sentimento de derrota para muitos
jovens.
07 – Qual foi a influência da
televisão na cultura brasileira durante os anos 60?
A televisão se
tornou uma presença cada vez mais influente nos lares brasileiros,
desempenhando um papel significativo na disseminação de novas ideias e
tendências culturais.