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domingo, 26 de junho de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: BEBIDA NA ADOLESCÊNCIA - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Bebida na adolescência

                             ROSELY SAYÃO

        [...]

        OS MESMOS PAIS QUE ENSINAM O FILHO A BEBER NÃO O ENSINAM SOBRE OS CUIDADOS QUE PODEM REDUZIR SEUS EFEITOS

        Pesquisas recentes constatam que o álcool é a droga mais usada por adolescentes. O pior é que o consumo vem aumentando, principalmente entre os mais novos e as meninas: quase metade dos jovens de 12 a 17 anos já usou bebida alcoólica. Nos anos 1980, o consumo iniciava-se entre os 16 e 17 anos. Atualmente, ocorre entre os 12, 14 anos, e o uso frequente tem crescido. Por que os jovens têm bebido cada vez mais e mais cedo? Vamos levantar hipóteses e refletir a respeito a fim de nos responsabilizarmos pela questão. Em primeiro lugar, a presença de bebidas alcoólicas na vida cotidiana dos jovens é vista por eles como corriqueira e inofensiva. Muitos acham que o problema surge apenas com a ingestão em demasia, quando se tornam inconvenientes ou se aproximam do que eles chamam de "PT" (perda total) – perda dos sentidos ou coma.

        Contribuem muito para essa percepção os belos comerciais de bebidas. Mais do que um produto, vendem um estilo de vida almejado pelos jovens: beleza, alegria, popularidade, azaração, etc. Aliado a esse poderoso instrumento, surge outro muito eficaz: o aval dos pais.
Muitos adultos acreditam que oferecer bebida aos filhos em casa é uma atitude aconselhável e dão festas para os menores nas quais permitem que haja bebida, por exemplo.

        Aliás, para muitos jovens, faz parte das festas o ritual do "esquenta": antes do evento, reúnem-se em pequenos grupos para beber na casa de um deles – sei de casos, inclusive, em que os pais que recebem os amigos do filho participam do momento festivo introdutório- ou em locais públicos, com bebidas trazidas de casa ou compradas em supermercados. Aí está outro fator que leva os jovens a crerem que a ingestão de bebida alcoólica é inofensiva: apesar de sua venda ser proibida a menores de 18 anos, a lei não é respeitada. Muitos estabelecimentos comerciais – notadamente supermercados – as vendem sem pedir documentos aos jovens e muitos adultos aceitam o pedido deles para passar a bebida em sua compra. Eu já fui abordada em um supermercado por três adolescentes que pediram que eu colocasse duas garrafas de vodca em minha esteira. Diante da recusa, pediram para outra pessoa e foram atendidos.

        Os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. Mas, depois, afeta a coordenação motora, os reflexos e o sono, além de interferir na percepção do que o jovem considera certo e errado. Já conversei com garotas que tiveram a primeira experiência sexual sob efeito do álcool e se arrependeram. Os mesmos pais que ensinam o filho a beber não o ensinam sobre os cuidados que podem reduzir seus efeitos, como alimentar-se bem antes, não misturar diferentes tipos de bebida e ingerir muita água.

        Os menores de 18 anos sempre encontrarão maneiras de transgredir as proibições para o uso de bebida alcoólica. Entretanto, temos ajudado para que isso não seja visto por eles como transgressão. E, talvez, esse seja nosso maior equívoco.

ROSELY SAYÃO. Como Educar Meu Filho? Folha de S. Paulo, São Paulo, 16 fev. 2009. Caderno Equilíbrio.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 195-6.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Segundo a autora do artigo de opinião, por que muitos jovens acham que a presença do álcool em suas vidas é “corriqueira e inofensiva”? O que contribui para essa percepção?

      Porque acham que os problemas relacionados ao álcool surgem apenas com a sua ingestão exagerada, que torna as pessoas inconvenientes ou causa perda dos sentidos ou coma. Contribuem para essa percepção os comerciais de bebidas, que são muito sedutores, o aval dos próprios pais e o desrespeito à lei que proíbe a venda do produto para menores de 18 anos.

02 – Segundo o texto, que motivos levam os jovens a ingerir álcool? E quais as consequências geradas pelo consumo das bebidas alcoólicas?

      Segundo o texto, os jovens bebem, entre outros motivos, porque o álcool provoca euforia, desinibição e destrava os mais tímidos. As consequências de seu consumo são as dificuldades na coordenação motora, a diminuição dos reflexos e o sono. Além disso, a bebida interfere na percepção do que o jovem considera certo e errado.

03 – Releia com atenção o último parágrafo do texto.

a)   A quem a autora se dirige?

Aos adultos de modo geral e, especialmente, aos pais e responsáveis por jovens e adolescentes.

b)   Qual é o “recado” transmitido por ela aos seus supostos interlocutores?

A autora diz que os jovens sempre tentarão transgredir as regras para consumir bebidas alcoólicas e os adultos frequentemente não encaram essa atitude como uma transgressão. Esse seria um grave equívoco que incentivaria o seu consumo.

04 – Reflita sobre o consumo abusivo de álcool. Você já acompanhou alguma situação em que a ingestão de bebidas alcoólicas teve consequências indesejáveis? Que ações acha que devem ser realizadas para evitar o consumo irresponsável das bebidas alcoólicas?

      . Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As ações podem ser: o cumprimento da lei, o esclarecimento sobre os danos causados pela bebida, o fim das propagandas de bebidas na televisão, etc.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: O PODER DA AMIZADE NA ADOLESCÊNCIA - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: O PODER DA AMIZADE NA ADOLESCÊNCIA

                                         Rosely Sayão

         Terminada a infância, os filhos querem mais é trocar de turma porque os pais e a família já não bastam como companhia para eles. Essa é a hora de eles começarem a conquistar vida própria, de iniciarem a construção de sua privacidade, de darem os primeiros passos  rumo  à  independência  e  à  liberdade  possíveis  do  mundo  adulto.  Mesmo que os  filhos  tenham  um  grupo  de amigos que se frequenta desde muito cedo – o que tem ocorrido bastante no mundo atual –, é só a partir do início da adolescência que esse processo de estabelecimento de vínculos fora da família se consolida de fato.

 Fazer amigos ajuda a combater a ideologia consumista de nosso tempo, que pega tão pesado com os jovens, já que ter amigos subverte a lógica do consumo.

 Nunca é demais lembrar que a presença firme e tuteladora dos pais ainda é imprescindível na vida dos filhos, acima de tudo por meio de palavras e condutas que orientam, limitam, impõem e reafirmam as regras e normas de vida que são valorizadas no convívio familiar.  Ao mesmo tempo, é nessa fase que os pais devem iniciar  o  processo  de  substituição  das  imposições  por propostas e sugestões naquilo que diz respeito à vida do filho.

         Entretanto esse é um processo longo, que apenas tem sua largada nessa fase e deve terminar lá pelos 17 ou 18 a nos afim de  precipitar  a  autonomia  e  a  maturidade.  Agir com urgência ou  impaciência  e  abortar  o  processo  ainda  em  andamento prejudica sua chance de bom termo.

         Muitas coisas os jovens devem aprender com educadores escolares e pais nessa fase, e hoje vamos conversar a respeito de uma delas, que é crucial para que eles tenham um norte nos relacionamentos que passam a ter com seus pares de geração: as relações de amizade. A respeito das relações de coleguismo e das impessoais e incidentais, falaremos em outra oportunidade.

        Num mundo em que se aponta a popularidade – ser conhecido por um grande número de pessoas – como característica social das mais cobiçadas e reveladoras de prestígio, nada mais importante e necessário do que esse tema na educação.

      Muitos fatores têm contribuído para que os jovens tenham um conceito pouco sólido a respeito da amizade, já que quase todas as pessoas com quem eles se relacionam são chamadas de amigos. Talvez o mau hábito de pais e professores de, desde que a criança  é  bem  pequena,  nomearem  como  amigos  todos  os  colegas  de  classe,  de  prédio  ou  de  clube,  por  exemplo,  tenha  um grande peso nessa história. O fato é que eles não têm em conta como amigos apenas aqueles a quem eles querem bem e  a  quem  têm  grande  consideração.  Então, eles precisam saber que nem todo relacionamento é de amizade.

        Fazer amigos é uma escolha, se bem que viver sem  amigos  talvez  torne  a  vida  mais  árdua  do  que    é  ou,  quem  sabe,  até impossível  de  ser  vivida.  Amigo  não  deixa  de  ser  um  recurso  para  fazer  frente  às vicissitudes  da  vida.  E  os  jovens  precisam aprender que tal escolha traz compromissos: de disponibilidade, de dedicação, de generosidade, de tolerância e de lealdade, entre outros.

        Fazer amigos ajuda a combater a ideologia consumista de nosso tempo, que pega tão pesado com os jovens, já que ter amigos subverte a lógica do consumo. Quem cultiva amizades  entende que mais importante do que ter o poder de ter algo é ter alguém ao lado, poder contar com alguém.

         Ao despedir - se da infância, o jovem se depara com uma grande empreitada: saber quem é, reconhecer o outro e suas diferenças  e  respeitá-lo.  Essa é uma questão das mais  importantes  do  início  de  adolescência,  que acompanhará  o  jovem  pelo resto da vida, pois as relações de amizade são um campo fértil de experimentações que contribuem de forma criativa para essas descobertas.

         Tudo isso e muito mais os jovens podem aprender se pais e escolas, principalmente, contribuírem para que eles encarem a amizade como um valor. Mas, pelo jeito, temos é colaborado para que tal questão seja cada vez mais banalizada.

Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2508200510.htm>. Acesso em: 26 mar 2019.

 Entendendo o texto

 01.  Releia um trecho transcrito do quarto parágrafo: “

A  respeito  das  relações  de  coleguismo  e  das  impessoais  e  incidentais, falaremos em outra oportunidade.” Refletindo acerca do enunciador do trecho, explique por que houve silepse de  número  no verbo grifado.

Houve silepse de número em “falaremos”, pois a mensagem do texto está sendo transmitida por uma única pessoa, Rosely Sayão, então não havia a necessidade de se usar o plural, mas, provavelmente, ela fez isso para dar um tom de humildade ao texto.

 02. O  terceiro  parágrafo  encerra - se  da  seguinte  forma:  “Agir  com  urgência  ou  impaciência  e  abortar  o  processo  ainda  em andamento prejudica sua chance de bom termo.”

O pronome em destaque refere-se à/ao:

( a ) urgência.        ( c ) processo.

( b ) impaciência.    ( d ) maturidade

 

03. Releia três trechos do texto e transcreva o único que serviria adequadamente de resposta ao título (entre as opções), caso fosse um questionamento: Qual é o poder da amizade na adolescência?

 I.“Entretanto esse é um processo longo, que apenas tem sua largada nessa fase e deve terminar lá pelos 17 ou 18 anos a fim de precipitar a autonomia e a maturidade.”

II)“Muitos fatores têm contribuído para que os jovens tenham um conceito pouco sólido a respeito da amizade, já que quase todas as pessoas com quem eles se relacionam são chamadas de amigos.”

III)“ Quem cultiva amizades entende que mais importante do que ter o poder de ter algo é ter alguém ao lado, poder contar com alguém.”

 04. Assinale a frase que constitui um período simples.

( a ) “Agir com urgência ou impaciência e abortar o processo ainda em andamento prejudica sua chance de bom termo.”

( b) “A respeito das relações de coleguismo e das impessoais e incidentais, falaremos em outra oportunidade.”

( c ) “Então, eles precisam saber que nem todo relacionamento é de amizade.”

( d ) “Mas, pelo jeito, temos é colaborado para que tal questão seja cada vez mais banalizada.”

 

 

 

domingo, 6 de março de 2022

ARTIGO DE OPINIÃO: (Des) CONECTAR - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

 Artigo de Opinião:(Des)Conectar

          Rosely Sayão

Muitas pessoas criticam essa nossa mania de ficarmos o tempo todo conectados para nos comunicar com filhos, conhecidos, colegas de trabalho, amigos e parentes. Programas de mensagens instantâneas em aparelhos celulares fazem enorme sucesso, talvez por serem de baixo custo e permitirem a formação de grupos de família, de pais de alunos da classe do filho, de amigos, de colegas que realizam algum trabalho, de chefes e seus auxiliares diretos, de alunos com seus professores etc.


Por outro lado, há piadas, vídeos institucionais, campanhas com mensagens melosas e até um pouco dramáticas apontando o quão pouco é saudável essa nossa ligação com os aparelhos, que ocupam tanto de nosso tempo e nos afastam das pessoas em nossa volta.

Alguns locais, como restaurantes, por exemplo, incentivam, de modo bem-humorado, seus frequentadores a renunciar aos aparelhos enquanto lá estão para uma refeição compartilhada.

Mas esses recursos não têm conseguido abalar nosso apego a esse tipo de comunicação. Creio até que a coluna cervical de muita gente anda reclamando por causa disso. E como o que pode provocar mudanças é mais a ação do que a falação, conto a você, caro leitor, a experiência vivida por uma amiga.

Ela é uma dessas pessoas quase viciadas em comunicação a distância e internet, com suas redes variadas. Tanto que passou a sentir-se culpada por ver seu tempo com os filhos ser engolido por sua dedicação ao celular. Resolveu, então, com o marido e os três filhos, ter um final de semana em que ficariam totalmente desconectados.

Encontraram um hotel que não tinha sinal de celular nem de internet, e para lá foram, tanto animados quanto temerosos, para viver dois dias inteiros sem conexão alguma, a não ser entre eles, e diretamente, olho no olho. Logo na chegada, colocaram todos os aparelhos em uma caixa, que só seria aberta ao final da estadia.

E aí começou uma aventura. No início, foi difícil, reconheceu ela, mas aos poucos eles se envolveram entre si: leram livros, contaram histórias, divertiram-se com jogos de tabuleiro, conversaram.

Ela disse que o marido, os filhos e ela gostaram tanto da experiência de "desconectar para conectar" que adotaram o ritual de guardar os aparelhos de todos em uma caixa pelo menos por algumas horas nos finais de semana.

Considerei essa uma boa sugestão para famílias com filhos que se sentem distantes dos pais. Nem sempre crianças e jovens conseguem perceber o quanto é bom trocar ideias e afetos com os pais e conviver com eles para fortalecer o vínculo, porque também estão muito envolvidos com suas traquitanas tecnológicas e com as redes sociais.

Mas, quando eles descobrem –ou redescobrem– que o relacionamento com os pais e os irmãos, fora das questões administrativas do cotidiano, lhes faz bem, eles se entregam, e o resultado costuma ser visível no humor e até mesmo na busca de uma maior proximidade.

Se nós não dermos a eles oportunidades e chances de se tornar mais sensíveis aos relacionamentos interpessoais humanizados, a vida deles certamente será mais árdua, mais difícil, mais áspera. Algumas horas desconectados nos finais de semana podem lhes fazer um bem enorme!

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

Matéria publicada na Folha de São Paulo, 24 de Março de 2015.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.

Entendendo o texto

 1. Na opinião da autora, o uso de celular é saudável para as relações entre as pessoas? Por quê?

 Não, pois, segundo ela, o uso exagerado de celulares ocupa muito nosso tempo e nos afasta das pessoas.

2. Releia o seguinte trecho. “Creio até que a coluna cervical de muita gente anda reclamando por causa disso”?

a)   Qual a figura de linguagem presente nele? Justifique sua resposta.

Personificação, pois é atribuída à cervical uma caraterística humana.

b)   O que se pode inferir dessa afirmação feita pela autora do artigo no trecho?

É possível inferir que usar o celular exageradamente pode ocasionar dores, pois ficamos com a cervical voltada para baixo.

 3. Relacione as colunas de acordo com o sentido das palavras destacadas.

a)   Companhia    ( d  ) para viver dois dias.

     b) Ausência        ( b ) dois dias inteiros sem conexão alguma

c) Tempo            ( f ) eles se envolveram entre si

d) Finalidade       ( c) no início, foi difícil

e) Modo               ( e) divertiram-se com jogos

    f) Posição entre dois limites        (a) conviver com eles

4. Identifique se as palavras destacadas nestes dois trechos do artigo classificam-se em preposições, em combinações ou em contrações.

a) Encontraram um hotel que não tinha sinal de celular nem de internet, e para lá foram, tanto animados quanto temerosos, para viver dois dias inteiros sem conexão alguma, a não ser entre eles, e diretamente, olho no olho. Logo na chegada, colocaram todos os aparelhos em uma caixa, que só seria aberta ao final da estadia.

Preposições: de, de, para, para, sem, a, entre, em; Combinações: ao; Contrações: no, na, da

b)   E aí começou uma aventura. No início, foi difícil, reconheceu ela, mas aos poucos eles se envolveram entre si: leram livros, contaram histórias, divertiram-se com jogos de tabuleiro, conversaram.

Preposições: entre, com, de;

Combinações: aos; Contrações: no.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: COMO ENSINAR A DOBRADINHA DIREITOS-DEVERES - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Como ensinar a dobradinha direitos-deveres
                                 Rosely Sayão


        Quem convive com crianças ou adolescentes sabe: mais cedo ou mais tarde eles reclamam – e quase sempre com muita eficiência – por aquilo que chamam de seus direitos.
        Explicitamente. "Eu tenho o direito de me divertir", "Eu tenho o direito de escolher meus amigos", "Eu tenho o direito de decidir minha vida" e tantas outras frases desse tipo logo passam a fazer parte da lista de argumentos que eles usam em casa, quando se confrontam com os pais, ou na escola, quando entram em conflito com os professores.
        Por outro lado, pais e professores vivem cobrando dos filhos e alunos o que chamam de obrigações:
"Você tem a obrigação de voltar na hora combinada",
"Você tem a obrigação de arrumar a cama quando levanta",
"Você tem a obrigação de entrar na aula no horário",
"Você tem a obrigação de estudar", por exemplo.
        Uma das conclusões a que a criança e o adolescente chegam seguindo o caminho citado nos exemplos pode ser: o dever atrapalha o direito. O dever de chegar em casa na hora combinada previamente com os pais, por exemplo, atrapalha o direito de se divertir e decidir a própria vida. O dever de fazer a tarefa de casa limita o direito de escolher o que fazer.
        Uma outra conclusão a que eles logo chegam é a de que o direito é interessante buscar e do dever talvez valha mais a pena se esquivar. Nos dois casos, o que está colocado nada mais é do que um puro jogo de interesse individual. E é isso que o processo educativo provoca, ou seja, que os adolescentes e crianças vão construindo uma imagem bastante equivocada tanto da noção de direito e de dever quanto da relação entre elas. Quanto aos pais e professores, que estiveram e/ou estão muitas vezes submetidos a esse modelo, eles estimulam, sem perceber ou querer, a confusão que tanto atrapalha a vida de todo mundo.
        Afinal, como entender – e ensinar – que o conceito de dever e de direito são solidamente associados? Ou seja: que um não existe ou não sobrevive sem o outro? Como relacionar direitos e deveres à vida em grupo, ao respeito ao outro e, assim, superar os interesses absolutamente pessoais que norteiam o início da vida? Como evitar a ideia de que deveres e direitos são forças opostas?
        Talvez o primeiro passo seja ter clareza de que direitos e deveres são condições essenciais para a vida em grupo, para a convivência, e são constituídos, adquiridos. Direitos e deveres são fruto, portanto, da negociação, da relação com os outros e das regras que dela resultam. Essa pode ser a chave para introduzir a noção de direito e dever na relação educativa: ambos têm relação com a socialização – objetivo da educação – e também com o exercício da cidadania.
        Com essa compreensão fica mais fácil ensinar à criança, por exemplo, que o dever de ir à escola restringe a diversão, mas está estreitamente ligado com o direito de uma vida mais digna no futuro. É, ainda tem essa: direito e dever não têm, necessariamente, uma relação garantida de causa e efeito. A relação é muito mais de esperança, de promessa.
        É preciso reconhecer: não é fácil nem simples para pais e professores sustentar tal relação, que parece pouco objetiva e prática para crianças e adolescentes em seus anseios mais comuns. Por isso, como sempre acontece quando falamos de limites, de regras, de educação, enfim, iremos chegar ao mesmo ponto: o exercício da autoridade. É preciso que pais e professores ocupem seu lugar e pensem no futuro dos filhos e alunos quando educam.
        Exercer o papel educativo com autoridade significa introduzir as crianças na vida em sociedade, com todas as contradições e desconfortos que isso supõe. Direitos e deveres impõem, sim, limites à vida de todos, e não só à das crianças e jovens. Mas, em compensação, tornam possível a autonomia e permitem que a convivência entre diferentes seja muito mais pacífica e solidária.

ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo É Sexo"
(Ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br 

Entendendo o texto:
01 – A psicóloga Rosely Sayão mostra, em seu texto, que o processo educativo de crianças e adolescentes passa obrigatoriamente pela discussão dos conceitos envolvidos na “dobradinha direitos-deveres”.
a)   A que tipo de público o texto está dirigido?
Pais, professores, crianças e adolescentes.

b)   O que fica subentendido na relação entre direitos e deveres, qualificados no texto como uma “dobradinha”?
Que direitos e deveres caminham juntos.

c)   Que argumento a psicóloga utiliza para desenvolver esse tema em seu texto?
Que a clareza de que direitos e deveres são condições essenciais para a vida em grupo, para a convivência, e são constituídos, adquiridos.

02 – Para exemplificar o seu ponto de vista, a autora afirma que a criança e o adolescente chegam a duas conclusões equivocadas sobre o tema.
a)   O que as crianças e os adolescentes concluem sobre direitos e deveres?
Que o dever atrapalha o direito.

b)   Segundo a autora, que leva crianças e adolescentes a construírem essa ideia equivocada?
O direito é interessante buscar e do dever, talvez valha mais a pena se esquivar.

c)   Você concorda ou discorda do que é afirmado pela autora? Elabore um argumento que justifique sua opinião.
Concordo, pois, pais(adultos) não explicam às crianças e adolescentes o quanto é importante cumprir seus deveres, para sua convivência e seu futuro quando estiverem mais velhos.

03 – No desenvolvimento do texto, a autora apresenta exemplos para comprovar a ideia equivocada que crianças e adolescentes tem a respeito de direitos e deveres.
a)   Que situações exemplificam por que crianças e adolescentes acreditam que “o dever atrapalha o direito”?
“O dever de fazer a tarefa de casa limita o direito de escolher o que fazer.” “O dever de chegar em casa na hora combinada previamente com os pais, por exemplo atrapalha o direito de se divertir e decidir a própria vida.” 

b)   Você já passou por uma situação semelhante, em que tenha cometido o mesmo equívoco? Qual?
Resposta pessoal do aluno.

04 – A autora afirma que os pais e professores, muitas vezes, estimulam, sem perceber ou querer, a confusão entre direitos e deveres.
a)   Como eles poderiam contribuir para que as crianças e os jovens tivessem uma percepção mais correta do que são direitos e deveres?
Mostrando a importância dos direitos e deveres, na vida futura deles.

b)   Cite três deveres ou obrigações que lhe sejam solicitados em casa, na escola ou na comunidade. A seguir, escreva três direitos que possam ser associados a esses deveres.
Fazer tarefa – Divertir.
Estudar – Descansar.
Organizar material – Ver televisão.

05 – De acordo com a afirmação a seguir, certos deveres que temos hoje podem ser a garantia de certos direitos.
“[...] o dever de ir à escola restringe a diversão, mas está estreitamente ligado com o direito de uma vida mais digna no futuro.”
A partir dessa ideia, substitua cada * pelo direito que pode ser decorrente dos deveres citados a seguir.
a)   Você tem o dever de cuidar do que é público para ter o direito * de quando precisar, usar esse mesmo patrimônio público.

b)   Você tem o dever respeitar o jeito de cada um ser para ter o direito * de ser respeitado(a).

06 – Pense sobre as questões abaixo e depois escreva sua opinião sustentando-a com um argumento.
a)   Estudar é um direito ou um dever de toda criança?
É um direito, as nem toda criança pode fazer, porque nem todas podem pagar por escola particular, e nas públicas nem todas tem vagas e condições de estudar. E tem criança que precisam trabalhar para ajudar em casa.

b)   Comportar-se de modo civilizado no trânsito é um direito ou um dever de todo cidadão, seja motorista ou pedestre?
É um dever, para poder ser respeitado.

c)   Defender o meio ambiente é um direito ou um dever do cidadão?
É um dever, que é para salvar nosso planeta, nosso futuro.

d)   Não aceitar comportamentos que revelem discriminação ou preconceito é um direito ou um dever de cada cidadão?
É dever e direito. É um direito não ser discriminado e um dever não discriminar.





domingo, 21 de janeiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: QUEREMOS A INFÂNCIA PARA NÓS - ROSELY SAYÃO - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Queremos a infância para nós
                                         Rosely Sayão

  O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.
        Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem etc.
        Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.
        Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída, pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das religiões e alvo da fé. A ideia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança, mesmo sem professar religião nenhuma. O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente, a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades, precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?
        E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando fazem cursos, frequentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem está ao lado, acender fósforo para expressar uma ideia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo, escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos etc.
        Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento, comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. Mas os adultos gritarem desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)

Entendendo o texto:

01 – O texto argumentativo tem por objetivo expor uma opinião a respeito de determinado tema e defendê-la com argumentos. Qual é a opinião exposta pela autora?
      As crianças tem comportamento de adultos e os adultos de crianças, além de ser contra isso.

02 – Um texto como esse, publicado em revistas ou jornais e assinado por alguém que defende sua opinião sobre um tema, é chamado de artigo opinativo, artigo de opinião, ou simplesmente artigo. Um artigo de opinião em geral apresenta 3 partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução, que costuma vir no primeiro parágrafo, normalmente apresenta o tema a ser discutido. Qual é o tema desse artigo de opinião?
      A relação entre infância e a vida adulta nos dias de hoje.

03 – O desenvolvimento representa a maior parte do artigo: em geral, começa no segundo parágrafo e estende-se até o penúltimo. No desenvolvimento, os autores apresentam argumentos que justificam seu ponto de vista, ou seja, explicam por que pensam daquela maneira. Uma das formas de argumentar é apresentar exemplos. No segundo e terceiros parágrafos, Sayão explica por que acha que as crianças estão se comportando como adultos, e os adultos como crianças. Quais são os argumentos apresentados para embasar sua opinião?
      As crianças hoje estão usando roupas e acessórios de adultos; enquanto que adultos estão usando acessórios de crianças.

04 – Há várias maneiras de se escrever à conclusão de um artigo de opinião. É possível resumir tudo o que foi dito; apresentar um argumento mais forte para terminar de convencer o leitor; deixar uma sugestão de reflexão; propor uma ação concreta para a solução do problema, etc. Qual(is) desse(s) recurso(s) Rosely Sayão usou para concluir seu artigo?

      Ela apresentou um argumento mais forte que os outros e uma sugestão de reflexão para o leitor.