Soneto: Pastores, que levais ao monte o gado
Cláudio Manuel da Costa
Pastores,
que levais ao monte o gado,
Vêde la como andais por essa serra;
Que para dar contagio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:

Eu ando (vós me vedes) tão pezado;
É a Pastora infiel, que me faz guerra,
E’ a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martirio tão cansado.
Se a quereis conhecer, vinde commigo,
Vereis a formozura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
Deixai, não a vejais; eu volo imploro;
Que se seguir quizerdes o que eu sigo,
Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.
Fonte: Português –
Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite;
Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 116.
Entendendo o soneto:
01
– Qual é o tema central do soneto?
O tema central do
soneto é o sofrimento do eu lírico (o poeta) causado por um amor não
correspondido. Ele expressa sua dor e desilusão amorosa, comparando-a a um
contágio que pode se espalhar.
02
– Quem são os "pastores" mencionados no soneto e qual é o seu papel?
Os
"pastores" são figuras que representam a tranquilidade e a
despreocupação. O poeta os adverte sobre os perigos da serra, tanto os perigos
físicos quanto o perigo de se depararem com a sua dor, que é tão intensa que
pode "contagiar" a todos.
03
– Como o poeta descreve a causa de seu sofrimento?
O poeta descreve
a causa de seu sofrimento como sendo a "Pastora infiel", que lhe faz
guerra e é a fonte de seu "martírio cansado". Ele a idealiza como
possuidora de uma beleza que ele adora, mas que ao mesmo tempo é a causa de sua
dor.
04
– Por que o poeta adverte os pastores para não verem a Pastora?
O poeta adverte
os pastores para não verem a Pastora porque ele não quer que eles sintam a
mesma dor que ele sente. Ele expressa um misto de amor e ódio, pois ao mesmo
tempo em que a adora, reconhece que ela é a causa de seu sofrimento.
05
– Quais são as características estilísticas marcantes do soneto?
O soneto
apresenta características típicas do Arcadismo, como a idealização da natureza
e a presença de elementos pastoris. A linguagem é contida e elegante, buscando
a beleza formal e a expressão equilibrada dos sentimentos. O soneto também
explora a oposição entre a tranquilidade dos pastores e a dor do poeta.