Conto: A
Noite dos Espetáculos
Paulo
Leminski
A Noite dos Espetáculos só acontecia de
cinco em cinco anos, quando o elefante branco fazia aniversário.
O Rei, a Rainha e a Princesa se
sentariam nos tronos para ver as danças, as acrobacias e as lutas, até chegar o
elefante branco, conduzido por um menino.
O elefante branco deveria se ajoelhar
diante do Grande Rei, levantar a cabeça e emitir um grito. Assim faziam os
elefantes brancos desde os tempos do avô do Grande Rei.
Quando a festa começou, o Palácio parecia estar em chamas de tantas
luzes. Escravos e escravas corriam de um lado para outro, trazendo ou levando
coisas. Baita, com dois cães, estava ao lado do trono vazio esperando a hora de
o Rei chegar.
De repente, soaram trombetas, a
multidão abriu caminho e passou um elefante trazendo a Rainha. A Rainha desceu,
foi até o trono e sentou.
De novo soaram as trombetas. Era o
animal trazendo a Princesa para a cerimônia.
Mas algo parecia errado, ele começou a
balançar, uma tragédia estava para acontecer.
Do lado do trono vazio, esperando o
Rei, com um cachorro em cada mão, Baita percebeu logo o perigo. Ele conhecia os
elefantes como se fosse um deles.
Percebeu que o que trazia a Princesa
era uma fêmea grávida. E sabia que as fêmeas grávidas têm medo de fogo.
Desatou dos pulsos as coleiras dos
cachorros e saltou para o pátio, correndo para o animal enfurecido como se
corresse para seu grande destino.
A multidão tinha se afastado. Parecia
que a Princesa ia cair a qualquer momento da cesta.
Baita chegou diante da elefanta,
jogou-se no chão e se encolheu como um caramujo. Ela ainda se agitou um pouco.
Mas logo parou e estendeu a tromba para acariciar as costas do Mestre do
Cachorros. Dava para ouvir uma mosca voar no imenso pátio do Palácio.
Tudo voltou ao normal, as pessoas
voltaram a murmurar e a respirar. A Princesa desceu sob os aplausos e o som das
trombetas.
Agora só faltava o Grande Rei.
Sua entrada foi recebida de acordes de
música e trombetas, coros de vozes masculinas e femininas e gritos ritmados da
multidão. Seu elefante era o maior de todos, um macho gigantesco que entrou
majestoso no pátio. A figura do Rei estava encoberta por um véu de seda, já que
era crime ver seu rosto. O Grande Rei era, sobretudo, uma voz.
E assim que se sentou no trono, a voz
falou:
-- Na Noite dos Espetáculos, sempre
acontecem coisas. Hoje vimos um oficial da Guarda acalmar um elefante furioso.
Que pode um homem contra um elefante? Um elefante é o mar, um homem é uma
gota-d’água. Mas este homem pôde com um elefante. Não fosse ele, estaríamos
chorando a morte da Princesa.
Este homem que tem poderes sobre os
elefantes é, a partir de agora, meu novo Chefe da Guarda. Ele é agora o Mestre
dos Elefantes.
LEMINSKI, Paulo.
Guerra dentro da gente. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1993, p. 51-2.
Fonte: Língua Portuguesa –
Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 110-4.
Entendendo o conto:
01 – Essa história é real ou
ficcional? Quem a criou?
Ficcional. Criada
por Paulo Leminski.
02 – Explique por que a
Noite dos Espetáculos só acontecia de cinco em cinco anos.
Porque era
comemorado o aniversário do elefante branco, o qual fazia de cinco em cinco
anos.
03 – Quais são as
personagens principais desse cerimonial?
O Grande Rei e o elefante branco.
04 – Na cerimônia acontecia
um ritual de apresentação do elefante branco perante os reis. Descreva como
você entendeu esse ritual.
Resposta pessoal
do aluno.
05 – Ao final da cerimônia,
quem se tornou o personagem mais importante? Por quê?
O mestre dos
cachorros, por ter salvo a Princesa da ira do elefante que a carregava.
06 – De que maneira Baita
foi recompensado?
Ele recebeu o
reconhecimento do Grande Rei, que promoveu ao cargo de Chefe da Guarda e o
Mestre dos Elefantes.
07 – Escreva os verbos que
aparecem nos trechos abaixo.
a)
“A Noite dos Espetáculos só acontecia de
cinco em cinco anos”.
Acontecia.
b)
“O elefante branco deveria se ajoelhar diante
do Grande Rei [...]”.
Deveria e ajoelhar.
c)
“Baita chegou diante da elefanta, jogou-se no
chão e se encolheu como um caramujo”.
Chegou, jogou-se e encolheu.
08 – A que tempo se referem
os verbos em destaque nas frases abaixo?
a)
A Princesa jogou o véu que cobria sua face.
Pretérito.
b)
O Grande Rei falará para o público.
Futuro.
c)
Baita é,
agora, o Mestre dos Elefantes.
Presente.