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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POEMA: JUÍZO ANATÔMICO DA BAHIA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Juízo anatômico da Bahia

        Juízo anatómico dos achaques que padece o corpo da República, em todos os seus membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?............... Verdade.
Que mais por sua desonra?......... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?....... Vergonha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaf9HLpKuoFev17Fkr1gtobnbDHBQRXLwd07NBlsaGCo6cGg2Bf16hyaGJu8MzrBLOa7OrBUXi7r-bgxKIHxdb-QyZO3tIo9Pn6_y_7DrTOx2WR1uiNRC23UVLUrKlnbqR_VWHKGdT_rvS-TzLwhyphenhyphenas3uGY9NSps4qWe0_lF52xm6lcnBpYLrvGyPECDw/s320/pelourinho.jpg


O Demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra e vergonha.

Quem a pôs neste necrócio?.......... Negócio.
Quem causa tal perdição?.............. Ambição
E no meio desta loucura?............... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio, e sandeu,
Que não sabe, o que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objectos?.......... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?.......... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?....... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?........... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?................ Guardas.
Quem as tem nos aposentos?............... Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?.................... Bastarda.
É grátis distribuída?............................... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?............. Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa.
O que El-Rei nos dá de graça,

Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Gregório de Matos http://www.bib.virt.futuro.usp.br/

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 363-364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal crítica feita por Gregório de Matos à Bahia em seu poema?

      Gregório de Matos faz uma crítica ferrenha à sociedade baiana de sua época, denunciando a corrupção, a falta de valores morais e a desigualdade social. O poeta utiliza uma linguagem irônica e contundente para expor os vícios e mazelas daquela sociedade.

02 – Quais os principais vícios e mazelas da sociedade baiana denunciados no poema?

      O poema denuncia uma série de vícios e mazelas, como a falta de verdade, honra e vergonha, a corrupção, a ambição, a usura, a exploração da mão de obra escrava, a injustiça e a desigualdade social. Gregório de Matos pinta um quadro sombrio da sociedade baiana, marcada pela decadência moral e pela busca desenfreada por poder e riqueza.

03 – Qual a função das repetições e enumerações no poema?

      As repetições e enumerações servem para reforçar a ideia de que os vícios e mazelas denunciados são generalizados e arraigados na sociedade baiana. Ao enumerar os diversos problemas, o poeta cria um efeito de acumulação que intensifica a crítica e torna a denúncia mais contundente.

04 – Qual o papel da ironia na construção do poema?

      A ironia é um recurso fundamental na construção do poema. Ao utilizar um tom irônico, Gregório de Matos subverte as expectativas do leitor, revelando a hipocrisia e a falsidade da sociedade que critica. A ironia torna a crítica mais incisiva e eficaz, permitindo que o poeta expresse sua indignação sem ser explícito.

05 – Qual a relação entre o título do poema e seu conteúdo?

      O título "Juízo anatômico da Bahia" já antecipa a intenção do poeta de fazer uma análise profunda e crítica da sociedade baiana. A palavra "anatômico" sugere uma dissecação dos males que acometem a cidade, revelando seus órgãos doentes e suas funções corrompidas.

06 – Como o poeta retrata a figura do povo baiano?

      O poeta retrata o povo baiano de forma ambivalente. Por um lado, ele denuncia a ignorância e a passividade do povo, que se deixa explorar e corromper. Por outro lado, ele expressa compaixão pelos sofrimentos causados pela injustiça e pela desigualdade social.

07 – Qual a importância histórica do poema "Juízo anatômico da Bahia"?

      O poema "Juízo anatômico da Bahia" é considerado um dos mais importantes da poesia brasileira, pois representa uma denúncia contundente dos problemas sociais e políticos da época. A obra de Gregório de Matos serve como um testemunho histórico da realidade colonial brasileira e continua a ser relevante para a compreensão da sociedade brasileira contemporânea.

 

 

POEMA: ARDOR EM FIRME CORAÇÃO NASCIDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Ardor em firme coração nascido

             Gregório de Matos

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Ylyv58bJYC4haraxhbGnz7glNZP_rF-iwKZ_wuLzAKr4cyWKs_wDCZD7dDMadIYy81nKChoiBzThMqctGnYImR1u2pt7VZgPfSQ-6BUpeRnILddZtQWQGbN9rigbkmhk5UV_my_CHrmAEuBeXlW0FR5pURsf48qUokLg6oPnj6cHx8J6H2qw5N5fYMo/s1600/GREGORIO.jpg


Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia”?
Mas aí, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (Seleção de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1976.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema de Gregório de Matos trata do amor como uma força contraditória e complexa, que causa tanto prazer quanto sofrimento. O eu lírico busca compreender a natureza paradoxal do amor, que se manifesta como fogo e gelo ao mesmo tempo.

02 – Quais as principais metáforas utilizadas para representar o amor?

      O amor é representado por diversas metáforas, como "fogo", "neve", "incêndio" e "rio". O fogo simboliza a paixão e o ardor, enquanto a neve representa a frieza e a dor. Essas metáforas contraditórias expressam a dualidade do sentimento amoroso, que é capaz de causar tanto calor quanto frio.

03 – Como o eu lírico se sente diante da complexidade do amor?

      O eu lírico se sente confuso e perplexo diante da complexidade do amor. Ele questiona como o fogo pode ser brando e a neve, ardente. Essa perplexidade revela a dificuldade de compreender e domar um sentimento tão intenso e contraditório.

04 – Qual o papel do amor na vida do eu lírico?

      O amor é a força motriz do poema. Ele domina os pensamentos e sentimentos do eu lírico, causando tanto prazer quanto sofrimento. O amor é apresentado como uma força poderosa e imprevisível, capaz de transformar a vida do indivíduo.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é que o amor é uma força ambivalente e paradoxal. Ele pode ser tanto fonte de alegria quanto de sofrimento. O eu lírico nos convida a refletir sobre a complexidade do sentimento amoroso e a aceitar suas contradições. O poema também sugere que o amor é uma força que escapa ao controle humano, e que, por isso, deve ser admirado e respeitado em sua totalidade.

 

 

POEMA: A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR - GREGÓRIO DE MATOS GUERRA - COM GABARITO

 Poema: A Jesus Cristo Nosso Senhor

             Gregório de Matos Guerra

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVS3HfNgBYMoq5j-Z2rjKzNHKpalzCmuAV4fmX3ajyQIh4tdV7pa7RGDleT4t4qZMxXrtIBPxDDkc77Fdi-9jAaKKhL26j9jQv3AZbBl1FsGVZpB20yUsWk-QLOY40nVC0K_qyiirp64KhWbUTrVY4xkqnSXc9TmnWdBzzPnsf3JyRSwf2YhCQ0C5-s4w/s320/jesuscristo-380x249.jpg


Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Gregório de Matos. In: AMADO, James (org.). Gregório de Matos – obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1992.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 362.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal intenção do eu lírico ao escrever este poema?

      O eu lírico busca, principalmente, obter o perdão divino pelos seus pecados. Ele utiliza argumentos lógicos e emotivos para convencer Deus a perdoá-lo, baseando-se na misericórdia divina e na parábola da ovelha perdida.

02 – Qual a relação entre a culpa e o pedido de perdão no poema?

      A culpa é apresentada como um paradoxo: quanto mais o eu lírico se sente culpado, mais ele se sente merecedor do perdão divino. Essa relação paradoxal é baseada na crença de que a consciência da própria pecaminosidade aumenta a humildade e a disposição para receber a graça divina.

03 – Como o eu lírico se compara a Deus?

      O eu lírico se compara a Deus através da metáfora da ovelha perdida. Ele se coloca como um pecador arrependido que busca o caminho de volta para o rebanho divino. Essa comparação sublinha a sua pequenez e a necessidade de ser perdoado.

04 – Qual a importância da parábola da ovelha perdida para o poema?

      A parábola da ovelha perdida é fundamental para o poema, pois serve como base para o pedido de perdão do eu lírico. Ao se comparar à ovelha perdida, ele invoca a alegria de Deus ao encontrar um pecador arrependido e busca despertar a mesma compaixão divina.

05 – Qual a principal característica da linguagem utilizada por Gregório de Matos neste poema?

      A linguagem utilizada por Gregório de Matos é marcada pela sobriedade e pela formalidade. O poeta emprega um vocabulário rico e expressivo, além de recursos como a antítese e a alusão bíblica, para construir um discurso persuasivo e elegante. A linguagem reflete a tensão entre a humildade do pecador e a grandeza de Deus.

 

 

POEMA: DESENGANOS DA VIDA HUMANA METAFORICAMENTE - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Desenganos da vida humana metaforicamente

              Gregório de Matos

É vaidade, Fábio, nesta vida,

Rosa, que da manhã lisonjeada,

Púrpuras mil, com ambição dourada,

Airosa rompe, arrasta presumida.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNayJkVdJ0gamk1MYMAqQwzXp1iJKL04xxH28X1c-oEdBzWoINpee9nSmo0VLcCLMPPIOaV9vLtc_fcDx8AiESnV8VhTBmU1G6ituVoi637-E7T65RCoOxNvlcxpPbboxk3b4Zeq9284RxHiACgVAEy3ag12iLmTHqZrcXWMjiMEcsP-3PCWLmYvlr0Ic/s320/DESENCANTOS.jpg


É planta, que de abril favorecida,

Por mares de soberba desatada,

Florida galeota empavesada,

Sulca ufana, navega destemida.


É nau enfim, que em breve ligeireza

Com presunção de Fênix generosa,

Galhardias apresta, alentos preza:


Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa

De que importa, se aguarda sem defesa

Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Gregório de Matos Guerra.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 358.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mensagem transmitida pelo poema?

      O poema transmite uma mensagem pessimista sobre a vida e a vaidade humana. Gregório de Matos utiliza metáforas para mostrar que a beleza, a riqueza e o sucesso são passageiros e frágeis, como uma rosa que murcha, uma planta que seca ou um navio que naufraga. A vida é vista como uma ilusão, e a morte, como um destino inevitável.

02 – Quais as metáforas utilizadas pelo poeta para representar a vida humana?

      O poeta utiliza diversas metáforas para representar a vida humana: a rosa, a planta, a nau. A rosa simboliza a beleza e a juventude, que murcham com o tempo. A planta representa o crescimento e a prosperidade, que podem ser destruídos por fatores externos. A nau simboliza a ambição e a busca por sucesso, que podem naufragar diante das adversidades.

03 – Qual o papel da natureza nas metáforas utilizadas pelo poeta?

      A natureza desempenha um papel fundamental nas metáforas utilizadas por Gregório de Matos. Os elementos naturais, como a rosa, a planta e o mar, são utilizados para representar os ciclos da vida e a inevitabilidade da morte. A beleza e a fragilidade da natureza servem como um espelho para a condição humana.

04 – Qual a relação entre a vaidade e a morte no poema?

      A vaidade é apresentada como um dos grandes vilões do poema. A busca por reconhecimento, riqueza e poder leva o homem a esquecer a sua própria mortalidade. A morte, por sua vez, é vista como um destino inevitável que destrói todas as ilusões e vaidades. A oposição entre a vaidade e a morte é um dos eixos centrais do poema.

05 – Qual a importância da repetição da pergunta "De que importa?" no final do poema?

      A repetição da pergunta "De que importa?" reforça a ideia de que todas as conquistas e realizações humanas são passageiras e sem sentido diante da morte. A pergunta serve como um convite à reflexão sobre o verdadeiro valor da vida e a importância de buscar algo mais profundo do que a mera satisfação dos desejos egoístas.

 

 

quarta-feira, 17 de abril de 2024

POEMA: MORALIZA O POETA NOS OCIDENTES DO SOL A INCONSTÂNCIA DOS BENS DO MUNDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo

             Gregório de Matos

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMRJoeTMcLFpz4kWEOEKet1qBzeZR0qrdj6IJJdzpPej_18JQEI8T5zquwROlHfhbyrHYMkicFfSIYBVXUmSmojghh6U-wi-BSnKUW4Lo0iAPYUWu0kKfuWNpKWxq73z7z2wI83jFhk6_jUFnsnhnTAJ73pYMqGpC9c8wJ6tyAF1X5WWpfAf6CqgzWMe8/s320/sol.jpg



Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. E Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 336.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 88-89.

Entendendo o poema:

01 – O poema é construído com base em antíteses, empregadas para mostrar a transformação de tudo em seu contrário. O que é tematizado nesse poema?

      A inconstância dos “bens da natureza”.

02 – O eu lírico propõe ao leitor uma provocativa questão filosófica: como ser feliz em um mundo em que todas as coisas se acabam, têm fim? O que você responderia a ele?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Explique o paradoxo que fecha o poema “A firmeza somente na inconstância”.

      A única certeza possível é de que tudo é inconstante.

04 – Qual é a reflexão central do poema "Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo" de Gregório de Matos?

      O poema reflete sobre a transitoriedade e instabilidade dos bens e prazeres mundanos, questionando por que a beleza, a luz e a alegria são efêmeras e inconsistentes.

05 – Como o poeta caracteriza a natureza passageira dos elementos como o Sol, a Luz, a formosura e a alegria?

      O poeta descreve esses elementos como efêmeros e sujeitos à constante mudança, sugerindo que sua beleza e alegria são seguidas inevitavelmente por sombras e tristezas.

06 – Qual é a ironia expressa pelo poeta ao abordar a natureza fugaz da beleza e da alegria?

      O poeta ironiza a brevidade da beleza e da alegria ao questionar por que essas qualidades existem se são tão transitórias, destacando a contradição entre sua atratividade e sua falta de permanência.

07 – Como o poema relaciona a inconstância dos bens do mundo com a experiência humana?

      O poema conecta a inconstância dos elementos naturais com a condição humana, sugerindo que a vida é marcada pela transitoriedade e pela falta de estabilidade nos prazeres e conquistas terrenas.

08 – Qual é a mensagem moral implícita na reflexão do poeta sobre a instabilidade dos bens materiais e emocionais?

      A mensagem moral é que os seres humanos devem aceitar a impermanência dos prazeres mundanos e buscar uma compreensão mais profunda da existência para encontrar uma verdadeira estabilidade além das mudanças passageiras do mundo.

 

POEMA: ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Achando-se um braço perdido do Menino Deus

             Gregório de Matos

          ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS DE N. S. DAS MARAVILHAS, QUE DESACATARAM INFIÉIS NA SÉ DA BAHIA

 

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ0-2i7Z8G7hWriJd_zfkOO44S25o3u87bpFhP5tpL9ovrpoKaajKAKTTaN6mu45M99avFWEKjE1OxBQSmr-N3WD-uPzTYej9u484Yr64l4KyLo3qIThi4CyzEOGJZkcKJw-GtjL7QwfiPfbPCDn_ZKGXQqFSfoqSSQlN1XkN5g_Y-hGL1NwDTZ2oW8bY/s320/menino-jesus.jpg

Em todo o Sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica o todo.

 

O braço de Jesus não seja parte,

Pois que feito Jesus em partes todo,

Assiste cada parte em sua parte.

 

Não se sabendo parte deste todo,

Um braço, que lhe acharam, sendo parte,

Nos disse as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. E Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 326.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 97-98.

Entendendo o poema:

 01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Sacramento: ritual cristão feito com o intuito de confirmar a fé dos homens em Deus.

·        Assiste: cuida.

02 – Por que Gregório de Matos dedica seu poema ao braço da estátua e não à figura inteira do Menino Jesus?

      Porque o braço da estátua não representa uma parte dela, mas um todo. Dessa forma, o braço representa o Menino Jesus, e não uma parte dele.

03 – A qual figura de linguagem você associaria o poema? Como você chegou a essa conclusão?

      Podemos associar o poema à metonímia porque o poeta utiliza uma parte para representar um todo.

04 – No quarteto inicial do poema, faz-se um complexo jogo com as palavras parte e todo.

a)   Coloque o primeiro verso em ordem direta e explique-o sucintamente.

O todo não é todo sem a parte. Para o todo ser todo, uma unidade, não poderá faltar nele a parte.

b)   No segundo verso, afirma-se que, sem o todo, isto é, isolada, a parte não é, de fato, uma parte. Nesse caso, o que seria ela?

Ela seria o próprio todo, pois não havendo um todo que ela pudesse compor, não haveria a parte. Dessa forma, o pedaço constituiria um todo.

c)   O que se pode concluir a partir da leitura dos dois últimos versos do primeiro quarteto?

Se o “todo” é formado pela “parte”, conclui-se que a “parte” é o “todo”, ou seja, o braço da imagem encontrado não é simplesmente uma parte dela, mas ela toda.

05 – Releia o poema e, retomando as estrofes, explique de que maneira cada uma delas se articula à conclusão feita no primeiro quarteto.

      Segundo quarteto: da mesma maneira que a “parte” é o “todo”, cada um dos Sacramentos católicos – partes – constituem o todo da fé em Deus. Primeiro terceto: o braço de Jesus não pode ser visto como “parte”, pois ele, mesmo estando estilhaçado em partes, foi feito “todo”. Segundo terceto: o braço não se sabe parte de um todo, por isso “diz”, como se fosse um todo, a fé cristã do povo.

06 – Que mensagem você acha que o eu lírico pretende passar aos fiéis?

      Não importa ao homem de fé que a imagem tenha sido despedaçada. Cada pedaço dela encontrado deveria servir como elemento renovador da fé do cristão.

 

 

POEMA: PINTURA ADMIRÁVEL DE UMA BELEZA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Pintura admirável de uma beleza

             Gregório de Matos

Vês esse sol de luzes coroado?
Em pérolas a aurora convertida?
Vês a lua de estrelas guarnecida?
vês o céu de planetas adornado?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_PqcgcdZMYnTGydrqEnu9umXSoFNmj3aGCK3bz2T_0iO0goawKPsdl2P254ezSPsIxNr1gLw6ffUXgggyfCH3432hAtrA0JO6GsRgxJhecwuTg9hDeJjKq_RIhZ7_VuAU0qh-o8Lne_xMlTwisaVChqOjQtSHLQnaGhOq2wrp0-5iacmmOcYt82_eecg/s320/ESTRELAS.jpeg



O céu deixemos; vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida?
A açucena por alva presumida?
O cravo por galã lisonjeado?

Deixa o prado; vem cá, minha adorada:
vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?

Parece aos olhos ser de prata fina?
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
Á vista do teu rosto, Catarina.

MATOS, Gregório de. In: WISNIK, José Miguel (Sel. e Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 237.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 100.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Guarnecida: enfeitada.

·        Desvanecida: que perdeu a cor, desbotada.

·        Aljôfar desatada: que lacrimeja sem parar.

02 – Nas estrofes 1, 2 e 3 do poema, o eu lírico menciona três diferentes ambientes físicos.

a)   Quais são esses ambientes?

     Os ambientes são: O céu, a terra e o mar.

b)   Como é marcada linguisticamente a transição de um ambiente para outro? Para responder a essa questão, observe o primeiro verso das estrofes 2 e 3.

     A transição de ambientes é feita através dos verbos deixar e ver.

c)   Em qual desses ambientes se encontra o eu lírico? Transcreva uma palavra do poema que comprove sua resposta.

    Ela está na terra – “Deixa o prado (campo), vem cá minha adorada”.

03 – Qual é o tema do texto?

      O poeta fala para nós dos elementos da natureza para elogiar a beleza de sua amada Catarina.

04 – O poema apresenta uma sequência de perguntas. Como ela contribuiu para o desenvolvimento do tema?

      As frases interrogativas servem para enaltecer, o céu, a terra e o mar e engrandecer as belezas de sua amada.

05 – Explique como os elementos da natureza, presentes nas perguntas do eu lírico, se relacionam ao rosto da amada.

      Através do uso das Metáforas.

06 – Comente a importância do trecho ''pois tudo é nada'' para a construção da chave de ouro, isto é, o final marcante, que arremata a ideia construída ao longo do poema.

      A chave de ouro "Tudo é nada! À vista do teu rosto Catarina" o eu lírico acha que nenhuma beleza do mundo, céu, mar e terra, são melhores ou mais belas que a beleza de sua amada.



domingo, 13 de junho de 2021

POEMA: AO BRAÇO DO MESMO MENINO JESUS QUANDO APARECEU - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 POEMA: Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Apareceu


      Gregório de Matos

 

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. Poemas Escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1990. p. 307.

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, [s.d.]. p. 397.

Glossário:

assistir: estar presente.

dizer: informar, expor.

ENTENDENDO O POEMA

1.   Na primeira estrofe do poema, o eu lírico expressa uma verdade universal. Explique essa afirmativa.

Toda parte pertence a um todo, assim como o todo é constituído de partes. Qualquer parte que falte a um todo fará que esse todo perca sua natureza de totalidade.

2. Como o eu lírico exemplifica (particulariza) essa verdade?

   Pela religião, mostrando a ideia de um Deus indivisível, que, no entanto, está em todos os sacramentos.

3.O braço da imagem de Jesus, reencontrado depois de certo tempo, exemplifica a relação entre todo e parte. Explique.

O braço, sendo uma parte do todo, é também o todo. Logo, o braço de Jesus é também Jesus todo.

4. Você conhece a figura de linguagem que utiliza a relação entre parte/todo?

Resposta pessoal.

Sugestão: Trata-se da metonímia.

5.Sobre o poema de Gregório de Matos, há três alternativas coerentes com a poesia acima, assinale-as:

Escolha uma ou mais:


a. O eu lírico, na segunda estrofe, reflete sobre a temática religiosa, fazendo ver que Deus, ainda que fragmentado em muitas partes, está em todas as partes, o tempo todo.
b. Há figuras de linguagem que estão diretamente atreladas à estética literária cuja principal característica é a presença do sentimento bucólico, ou seja, sentimento relativo ao culto à natureza.
c. Os versos, construídos sob a ótica da estética barroca, mostram o quanto tal estética, em razão de sua natureza social e histórica, refletiu temáticas de natureza contrastante e paradoxal.
d. No primeiro e no segundo verso, se analisarmos as palavras “parte” e “todo”, podemos dizer que estamos diante de um jogo de palavras cujo objetivo é propor situações reflexivas.
e. Há demonstração, por meio da terceira e da quarta estrofe, que a temática central discutida no texto tem relação direta com a fase satírica presente na obra de Gregório de Matos.

 6. Por que Gregório de Matos dedica seu poema ao braço da estátua e não à figura inteira do menino Jesus?

Porque o autor , afirma que  :

"um todo jamais o seria sem sua parte."

Isto quer dizer que , o que deixa a estátua do menino Jesus bonita e única são "as partes que a compõem."

7. A qual figura de linguagem você associaria o poema? como você chegou a essa conclusão?

É  o PARADOXO, porque paradoxo é o "oposto " do que alguém pensa ser a verdade ou o contrário a uma opinião admitida.

8. No quarteto inicial no soneto, faz-se um complexo jogo com as palavras parte e todo.

a) coloque o primeiro verso em ordem direta e explique-o sucintamente.

"O todo sem a parte não é o todo "

Quer dizer que algo inteiro se tirar a parte deixa de ser todo .

b) no segundo verso , afirma-se que, sem o todo, isto é, isolada, a parte não é, de fato, uma parte, nesse caso, o que seria ela ?

Se o que compõem o TODO são as "partes juntas" ---> essa parte seria o próprio todo.

c)O que se pode concluir a partir da leitura dos dois últimos versos ?

Se a parte não pode ser chamada de parte, porque forma " um todo como parte, " ela passa a ser ---> também um todo.

 

 

 

sexta-feira, 14 de maio de 2021

SONETO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 SONETO – (Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia)


   Gregório de Matos

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para a levar à praça e ao terreiro.

 

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres1,

Posta nas palmas toda a picardia,

 

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia.

 

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 41.

1. Na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros "homens nobres" [nota de José Miguel Wisnik].

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.150-1. 

Glossário:

cabana e vinha: significa casa e trabalho; desfeita.

picardia: pirraça; desfeita.

usura: desejo exacerbado de poder e riqueza; cobiça.

FONTE: Mauricio Pierro/Arquivo da editora

Entendendo o texto

1.Há uma ironia na primeira estrofe. Que ironia é essa?

A ironia repousa no fato de o eu lírico falar na grande quantidade de conselheiros, querendo dizer que não se tratava de conselheiros, mas de fofoqueiros.

2.O que você consegue entender do segundo verso da última estrofe?

O eu lírico afirma que só quem furta consegue sair da condição de muito pobre.

3. Qual é a caracterização da Bahia feita pelo poeta Gregório de Matos?

A descrição feita por Gregório de Matos é satírica, tem o objetivo de criticar a cidade da Bahia, e seu enunciador se coloca como um conhecedor das pessoas e dos costumes do local.