Mostrando postagens com marcador ENTREVISTA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ENTREVISTA. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

ENTREVISTA: A TURMA DO MAURÍCIO - FRAGMENTO - FELIPE MACHADO - COM GABARITO

 Entrevista: A turma do Maurício – Fragmento

        Aos 85 anos, Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, prepara a versão de seus personagens em idade adulta e aposta nos filmes com atores reais

        Ninguém no Brasil tem uma família tão grande quanto Maurício de Sousa. Além dos dez filhos biológicos, ele é responsável pela criação de mais de 400 personagens [...]. Sua saga começou aos 19 anos, quando mudou-se para a capital e escreveu reportagens policiais na Folha de S. Paulo. Em 1959, aos 24, realizou o sonho: publicou no jornal uma tirinha com um personagem seu, o cão Bidu e seu dono, Franjinha. Aí vieram Mônica e Magali, inspiradas nas filhas, Cebolinha e Cascão. [...].

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijfk7Q_gCSNXVooB6r_dPFb7oQ6OMQSYFlM8CVf75kmNGYcBHsiaIpQdPf4x1N97JGl2pwJS9o6_EGJQ5G3qKn5cHkKPugpe8l5XHVCKl1RL_MwdUoYAKSTu2ea80mcyBZrFf3ys4ddEm4NtLJCOZuZSqMZ2iI0mFSvu1RHBAw7LApPNJ0VuF4GL6nlUM/s320/GF_Turma-da-monica.jpg


 Depois do sucesso da Turma da Mônica Jovem, que mostra os personagens com idades de adolescentes, Maurício estuda uma maneira de adaptá-los para a vida adulta. [...] O plano é ambicioso: a idade da turma acompanhará o tempo cronológico dos leitores, ou seja, o primeiro ano traria Mônica com 25 anos, no ano seguinte com 26, e assim por diante. “Ainda precisamos definir como seria a relação entre eles, quem casaria com quem, quem teria filhos com quem”, explica.

        ENTREVISTA

        “Todos nós somos substituíveis”

        Você tem feito campanhas de conscientização; até o Cascão lavou as mãos contra o coronavírus. Quadrinhos devem ter função social?

        Criei esses personagens há 60 anos inspirados nas minhas filhas, mas percebi que não estava falando só sobre crianças próximas. Sempre tento descobrir como podemos ajudar crianças com problemas e suas famílias.

        Como manter os leitores jovens que estão envelhecendo?

        Ninguém envelhece hoje, só fica com mais idade. E eles gostam de continuar a se ver nas histórias. Não quero que falem: “a Turma já foi criança, jovem e adulta, vai fazer agora a da terceira idade?” [...] A ideia é construir histórias atuais, em tempo real. [...]

        A notícia de que a Mônica fez 60 anos deixou muita gente surpresa. Como você se sente tendo uma filha que virou um personagem universal?

        Fico feliz da vida. Tenho duas Mônica para cuidar, a real e a desenhada.

        [...]

        Tivemos recentemente a morte do Quino, influente cartunista argentino. Há uma nova geração chegando?

        A gente nunca sabe, mas sempre aparece algum jovem. Todos nós somos substituíveis, às vezes demora um pouquinho, mas sempre chega alguém. Tem muita criança aí rabiscando para ser o Maurício de Sousa do futuro. O importante e dar material para desenhar e deixar brincar.

        [...]

MACHADO, Felipe. A turma do Maurício. ISTO É, [São Paulo], 3 nov. 2020. Disponível em: https://istoe.com.br/a-turma-do-mauricio. Acesso em: 5 maio 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 42-43.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a principal novidade que Maurício de Sousa está preparando para a Turma da Mônica?

      Maurício de Sousa está preparando uma nova fase para a Turma da Mônica, na qual os personagens envelhecerão em tempo real, acompanhando o crescimento dos leitores. A ideia é mostrar os personagens na vida adulta, explorando novas relações e desafios.

02 – Qual a importância da Turma da Mônica na vida de Maurício de Sousa?

      A Turma da Mônica é uma parte fundamental da vida de Maurício de Sousa. Os personagens foram inspirados em seus filhos e, ao longo dos anos, se tornaram uma família para ele. Além disso, Maurício enxerga a importância de usar os quadrinhos para abordar temas sociais e ajudar crianças e famílias.

03 – Como Maurício de Sousa pretende manter os leitores jovens interessados na Turma da Mônica?

      Para manter os leitores jovens, Maurício de Sousa pretende criar histórias atuais e relevantes, que acompanhem os acontecimentos do mundo real. A ideia é mostrar que os personagens também envelhecem e enfrentam os desafios da vida adulta, mas sem perder a essência e o humor que os caracterizam.

04 – Qual a visão de Maurício de Sousa sobre o futuro dos quadrinhos e a importância de incentivar novos talentos?

      Maurício de Sousa acredita que sempre haverá novos talentos surgindo nos quadrinhos, e que é importante incentivar crianças a desenhar e criar suas próprias histórias. Ele destaca a importância de oferecer materiais e oportunidades para que os jovens desenvolvam sua criatividade.

05 – Como Maurício de Sousa vê a relação entre seus personagens e a realidade?

      Maurício de Sousa acredita que seus personagens são uma representação da realidade, mas também possuem uma vida própria. Ele busca criar histórias que reflitam os desafios e as alegrias da vida, mas também que sejam divertidas e inspiradoras.

06 – Qual o papel social que Maurício de Sousa atribui aos quadrinhos?

      Para Maurício de Sousa, os quadrinhos têm um papel social importante. Eles podem ser utilizados para educar, conscientizar e promover valores positivos. Ele utiliza seus personagens para abordar temas relevantes, como a importância da higiene e a luta contra o preconceito.

07 – Qual a sensação de ter criado um personagem tão popular e duradouro como a Mônica?

      Maurício de Sousa se sente muito feliz e realizado por ter criado um personagem tão querido e duradouro como a Mônica. Ele destaca a importância da família que construiu ao redor da Turma da Mônica e a alegria de ver que seus personagens continuam a fazer parte da vida de tantas pessoas.

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

ENTREVISTA: "LIVRO PARA CRIANÇA NÃO PRECISA SER EDUCATIVO", DIZ VENCEDORA DO JABUTI -FRAGMENTO - COM GABARITO

 Entrevista: “Livro para criança não precisa ser educativo”, diz vencedora do Jabuti – Fragmento

        A vida da escritora Marina Colasanti, 77, é um livro de histórias. Começa na África, em um país chamado Eritreia, onde nasceu.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj1I-x1WYJ1tmGVcOdyjc6bUI7UF5GYZl5F6sfl5UXRoTezpe40FvFXUV0gWLuH7O8BHWJleo3EkKAtNjSC-8VFudknZPwHEEFgzYVwHPWpQr-tLR4wNp1ywIGgMwbDXUps8LkZvVdngXsUkHJkeOCUVNeO9ahNq1JL4v-wAa8D4jOwNxeO787rYSjG3E/s320/Marina-Colasanti.jpg


        Depois, vem a Segunda Guerra Mundial e a infância na Itália. Aos dez anos de idade, ela passa a viver no Brasil, em um palacete no Rio.

        Autora de poemas, crônicas e até contos de fadas, Colasanti adicionou um novo capítulo a sua vida: ganhou o Jabuti de melhor livro de 2014 com o infantil “Breve” história de um pequeno amor – seu sétimo Jabuti, um dos prêmios literários mais importantes do Brasil.

        “Não esperava. É raro que um livro para crianças seja considerado o melhor do ano”, disse a escritora à Folhinha. Leia a entrevista a seguir.

        Folhinha: Foi uma surpresa ganhar o Jabuti de melhor livro do ano?

        Marina Colasanti: É muito raro que um livro para crianças vença como o melhor do ano. Foi uma surpresa absoluta.

        Folhinha: O prêmio mostra uma valorização da literatura infantil?

        Marina Colasanti: Gostaria de dizer que sim. Mas há um certo demérito ligado à literatura infantil, como se não fosse necessário ser escritor para escrever livros para crianças. Veja uma coisa: se algum escritor brasileiro ganhasse o Nobel, todos fariam muito barulho, concorda? Porém, o Brasil já ganhou por três vezes o Hans Christian Andersen [considerado o Nobel da literatura infantil], e ninguém fala sobre isso.

        Por outro lado, a literatura infantil e juvenil está na ponta mais valorizada do mercado, que tem altíssimo interesse por esse tipo de livro. Há muita demanda, muito lançamento. Mas muitas vezes sem um cuidado literário.

        Folhinha: Como assim?

        Marina Colasanti: A produção de livros sofre de duas doenças. Uma é o descrédito da inteligência infantil por parte dos adultos. Eles acreditam que qualquer coisa pode ser publicado e que a criança não vai perceber que o livro é ruim. O outro problema é que a literatura infantil tem um pé amarrado na educação, como se ela servisse para carregar conhecimentos, princípios morais, como uma cápsula que tivesse outra coisa dentro. E isso envenena a literatura.

        As grandes obras são grandes porque escaparam disso. Por exemplo, o [Lewis] Carroll, que era educador, não colocou nada de educativo na Alice. Fez um baita sucesso. Toda a produção do [Carlo] Collodi é extremamente educativa, menos uma: Pinóquio, que é uma obra genial. Esse envenenamento pela educação é um problema não só do Brasil. A literatura é formadora e ensina por si, e não por ensinamentos embutidos.

        [...]

        Folhinha: Quando terminei “Breve” história de um pequeno amor, fiquei com a dúvida: É um livro para criança?

        Marina Colasanti: Adoro quando essa pergunta aparece no fim. É o melhor atestado de qualidade que o livro pode ter. Se uma obra infantil não toca um adulto, ele também não vai tocar a criança. Eu nunca escrevi para distrair ninguém. Não sou um palhaço. Eu quero tocar, emocionar, sacudir, fazer refletir. Nada disso é possível se aquilo que você escreve não toca pontos profundos do leitor.

        Folhinha: É possível tocar esses pontos com um pombo como personagem principal?

        Marina Colasanti: A criança não se identifica apenas com o “eu”, como se fosse um espelho. É um erro achar que a melhor chave de leitura é a identificação. A criança busca a identidade no outro, no melhor amigo, no convívio com os irmãos. Achar que livro infantil sempre tem que ter criança é deixar a literatura mais pobre.

        [...]

        Folhinha: A criança de hoje é muito diferente da de sua época?

        Marina Colasanti: A principal mudança foi a valorização do desejo da criança. A gente até podia ter vontades, mas isso não significava que seriam atendidas pelos adultos. Hoje, o desejo da criança é uma ordem. Ela quer algo e ponto. Na minha época, no máximo, a criança gostaria de alguma coisa. Mas ela segue precisando de cuidados, com medo da morte, pavor do escuro. A criança continua a mesma, embora o cotidiano seja muito diferente.

        Folhinha: Outra mudança foi o aparecimento do digital. Como isso se reflete na literatura?

        Marina Colasanti: O livro não vai acabar. O que pode mudar é a chamada sacralização do livro. Ler sempre foi um momento importante. Não sabemos se, com a popularização do digital e livros mais baratos, o valor da leitura não será quebrado. Tudo é muito recente.

MOLINERO, Bruno. Livro para criança não precisa ser educativo, diz vencedora do Jabuti. Folha de S. Paulo. 3 jan. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2015/01/1568552-livro-para-crianca-nao-precisa-ser-educativo-diz-vencedora-do-jabuti.shtml. Acesso em: 20 abr. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 23-25.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a principal surpresa para Marina Colasanti ao ganhar o prêmio Jabuti?

      A principal surpresa foi o fato de um livro infantil ter sido considerado o melhor livro do ano, já que é raro que isso aconteça.

02 – Qual a visão de Marina Colasanti sobre a valorização da literatura infantil no Brasil?

      Apesar de haver uma grande demanda e interesse por livros infantis, a autora acredita que há um certo descrédito em relação à literatura infantil, como se não fosse necessário ser um escritor de verdade para escrever para crianças.

03 – Quais os principais problemas que Marina Colasanti identifica na produção de livros infantis atualmente?

      Os principais problemas são o descrédito da inteligência infantil e a tendência de transformar a literatura infantil em um veículo para transmitir ensinamentos morais e educativos, em vez de permitir que as histórias toquem e emocionem as crianças.

04 – Qual a importância de uma obra infantil tocar o adulto leitor?

      Para Marina Colasanti, se uma obra infantil não toca um adulto, ela também não conseguirá tocar uma criança. A literatura infantil deve ser capaz de emocionar e fazer refletir tanto crianças quanto adultos.

05 – Por que Marina Colasanti acredita que a criança não se identifica apenas com personagens que se assemelham a ela?

      A autora acredita que a criança busca a identidade no outro, em personagens diferentes de si mesma, como amigos, irmãos e até mesmo animais.

06 – Como Marina Colasanti vê as mudanças na criança ao longo do tempo?

      A principal mudança que a autora observa é a valorização do desejo da criança, que hoje em dia tem suas vontades mais atendidas. No entanto, as crianças continuam tendo as mesmas necessidades básicas, como medo da morte e do escuro.

07 – Qual o impacto do digital na literatura infantil, na visão de Marina Colasanti?

      A autora acredita que o livro não irá desaparecer, mas que a forma como ele é consumido pode mudar. A popularização do digital pode alterar a valorização da leitura, mas ainda é cedo para saber como isso irá se desenrolar.

08 – Qual a importância de um livro infantil tocar pontos profundos do leitor?

      É fundamental que um livro infantil toque em questões profundas e emocionais, para que possa gerar reflexão e conexão com o leitor.

09 – Por que Marina Colasanti considera a pergunta "É um livro para criança?" um elogio?

      Essa pergunta indica que o livro transcende as barreiras entre o mundo adulto e infantil, sendo capaz de emocionar e envolver leitores de todas as idades.

10 – Qual a mensagem principal que Marina Colasanti quer transmitir com suas obras infantis?

      A autora busca tocar, emocionar, sacudir e fazer refletir seus leitores, independentemente da idade. Ela acredita que a literatura infantil tem o poder de transformar e enriquecer a vida das pessoas.

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

ENTREVISTA: QUERO BATALHAR IGUAL MINHA MÃE, MAS TER UMA VIDA MELHOR, DIZ VITÓRIA, 11- FRAGMENTO - PAULO SALDANHA - COM GABARITO

 Entrevista: Quero batalhar igual minha mãe, mas ter uma vida melhor, diz Vitória, 11. – Fragmento

        Vitória olha com admiração para a história da mãe, e da avó, que vende temperos na feira e é apontada como sua confidente. Quer ser batalhadora como as duas, mas espera para si um futuro melhor. “Acho que a gente tem que pensar em coisas grandes”, diz. “Eu acho muito fundamental as pessoas que têm oportunidade de estudar, olhar assim pro caderno e ver uma fonte de aprendizagem”.

        Aluna do 6º ano da escola municipal de ensino fundamental do CEU Três Pontes, no Jardim Romano, zona leste de São Paulo, Vitória Railane Nobre Santos tem 11 anos. Mora no mesmo bairro com a mãe, avó e a irmã mais velha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLv9zfSfPFgmZrkzhoCRIRMVaFAgcJn7YGA7Ds1ngsJ1hWX_EDfM2NDGBvAZz1hWCCKJtnkdy0eep2MqfHa8k3_Af0cdflBpBYICFs1UOfwMuSBY2R8vs4zXAJuzTeVYvBg2WerXVNIt4vfpz4yQpa0nP4uqaVdRNYYXH66LKQRHjgLgECeSdgnpG0Oyk/s1600/CEU.jpg


        [...] Para ela, a educação é um caminho para uma vida melhor da de seus familiares – mas também uma oportunidade de entender o mundo atual e poder intervir mais na sociedade. [...]

        Vitória, me conta um pouco sobre a sua rua, seu bairro, sua casa. Você gosta de morar aqui?

        Eu moro aqui mesmo no Jardim Romano e adoro por causa das minhas colegas, das amizades que eu tenho na rua, mas dentro de casa é mais diferente, porque eu tenho uma irmã de 14 anos, que se acha “adultona”, quer mandar em mim. Um modo de eu me distrair é aqui mesmo, na escola, com as minhas amigas, ou quando eu passo na rua e converso com alguma pessoa que eu gosto.

        [...]

        Mas você nasceu no Ceará?

        Não, eu fui para o Ceará quando tinha 1 ano de idade. Aí eu fiquei lá até os meus seis. Eu me considero uma cearense, no caso. O meu pai veio do Ceará, minha mãe veio do Ceará, a família todinha do meu pai veio do Ceará, então sangue de cearense está aqui em mim, né? Às vezes, minha mãe reclama porque o meu jeito de falar é igual ao deles. Mas foram seis anos num lugar aprendendo a viver da maneira daquele estado. É muito difícil chegar aqui e, de uma hora para outra, aprender a falar igual eles fazem.

        Mas eu acho bonito o sotaque do Ceará. Você acha? Tem orgulho dele?

        Sim, eu uso todo dia, então é difícil não achar bonito. É uma maneira de expressar um lugar muito humilde, que eu gosto e onde eu queria ter nascido. A minha vida praticamente foi feita lá.

        [...]

        Você queria opinar sobre o que vai ser ensinado [na escola]?

        Eu queria que a gente aprendesse um pouco mais sobre eras antigas e sobre deputados, essas coisas. Quando os deputados a gente começar a aprender, mas isso é o que a gente não aprende.

        Por que você acha importante?

        Porque se a gente aprendesse mais coisas sobre a política, ia pensar e falar com os nossos pais antes de votarem. É fácil chegar lá, digitar o número e votar. Agora, quando os políticos começam a acabar com o nosso Brasil, as pessoas só colocam a culpa neles, mas não pensam em quem vota. Então, acho que era fundamental aprender. Eu vi lá na TV que eles roubam R$ 1,6 bi da gente por ano. É dinheiro que eles podiam doar para um orfanato ou um daqueles tipos de casa para morador de rua. Mas não, eles gastam com iate, dessas coisas porque minha mãe levanta muito cedo para trabalhar, minhas tias trabalham muito, suam muito para ganhar R$ 100 por mês. Trabalha de doméstica, então eu vejo como ela sofre para ganhar um pouco de dinheiro para os deputados fazerem isso.

        Como você vê o seu futuro? Você quer ser igual a sua mãe ou a sua vó?

        Tipo, quero ser batalhadora igual a minha mãe, a minha avó, sim. Só que eu queria ter um futuro melhor do que o delas. Acho que a gente tem que pensar em coisas grandes. Minha mãe não pôde estudar porque trabalhava das 5h até de tarde, lá no Parque Dom Pedro, no Brás. Eu acho muito fundamental as pessoas que têm oportunidade de estudar, olhar assim para o caderno e ver uma fonte de aprendizagem porque tem muita gente que não estudou, não sabe ler, não sabe escrever. Inclusive, fui eu que ensinei minha avó a assinar o nome dela porque ela não sabia. Como a coitada trabalhava muito, não tinha tempo de ir para a escola. a minha mãe estudou até o sétimo ano, mas foi muitas poucas coisas que ela aprendeu.

SALDANA, Paulo. Tem coisas que a escola não ensina, a gente aprende na vida, diz Beatriz. 13 fev. 2019. Folha de S. Paulo. Disponível em: http://temas.folha.uol.com.br/crianca-do-dia/educacao/tem-coisas-que-a-escola-não-ensina-a-gente-aprende-na-vida-diz-Beatriz-11.shtml. Acesso em: 20 abr. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 19-20.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a principal aspiração de Vitória para o futuro?

      Vitória deseja ter um futuro melhor do que o de seus familiares, com mais oportunidades de estudo e trabalho. Ela valoriza a educação como ferramenta para transformar sua vida e a vida da comunidade.

02 – Como Vitória descreve sua relação com a família?

      Vitória tem uma relação próxima com sua mãe e avó, admirando a força de trabalho e a luta delas. No entanto, ela também descreve as dificuldades de conviver em casa, como a diferença de idade com sua irmã.

03 – Qual a importância da educação para Vitória?

      A educação é vista por Vitória como um caminho para a ascensão social e para a transformação da sociedade. Ela acredita que o conhecimento é fundamental para entender o mundo e poder intervir nele.

04 – Qual a visão de Vitória sobre a política?

      Vitória demonstra preocupação com a política e a corrupção. Ela acredita que a educação política é fundamental para que as pessoas possam tomar decisões mais conscientes e exigir dos seus representantes.

05 – Como Vitória se sente em relação à sua origem e cultura?

      Vitória tem orgulho de suas raízes cearenses e valoriza a cultura de sua família. Ela vê seu sotaque como parte de sua identidade e como uma forma de expressar sua história.

06 – Quais são os desafios que Vitória enfrenta em sua comunidade?

      Vitória vive em uma comunidade com desafios como a falta de oportunidades, a desigualdade social e a corrupção. Ela observa as dificuldades que seus familiares enfrentam e busca soluções para melhorar a vida de todos.

07 – Qual a importância das amizades para Vitória?

      As amizades são um refúgio para Vitória, um espaço onde ela se sente acolhida e pode se divertir. As relações interpessoais são importantes para ela, tanto dentro quanto fora de casa.

08 – Qual a influência da história de vida de sua família na visão de futuro de Vitória?

      A história de luta e superação de sua família serve de inspiração para Vitória. Ela deseja seguir os passos de suas parentes, mas com mais oportunidades e conhecimentos.

09 – Quais são os temas que Vitória gostaria de aprender mais na escola?

      Vitória demonstra interesse em aprender mais sobre história, política e cidadania. Ela acredita que esses conhecimentos são essenciais para entender o mundo e poder participar ativamente da sociedade.

10 – Qual a mensagem que Vitória transmite com sua história?

      Vitória transmite uma mensagem de esperança e determinação. Apesar dos desafios, ela acredita no poder da educação e da união para construir um futuro melhor. Sua história inspira outras pessoas a lutarem por seus sonhos e a fazer a diferença em suas comunidades.

 

ENTREVISTA: QUEM QUER SER UM ASTRONAUTA? 9FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Entrevista: Quem quer ser um astronauta? – Fragmento

        “A Terra é azul”. Essa frase foi dita por Yuri Gagarin, o cosmonauta soviético, no primeiro voo espacial tripulado por um ser humano, realizado em 1961.

  Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqDUxVQPwkI3XQZOqAV7FKcjI67Rfy0fXJxZ4E4pMz5swYOpibmrS3RmbrC7J0J0PGOUCUdG9yiTRW7l32YkMAFbMhHuwDcebb7lGYpLHJ9Nxd1_mIOpsb9Q0QEPiHarKwjdBpTv3igjy25RqCL1zac1vGitqcjpUnnFkCjADhMOojwAAJWighJLqkKLw/s320/YURI.jpg

        Em 1969, seria a vez de o astronauta norte-americano Neil Armstrong pisar em solo lunar, na missão espacial Apollo 11.

        O que parecia pura ficção científica começava a se tornar realidade. As fronteiras do espaço estavam sendo rompidas pela ciência e pela tecnologia, abrindo também as barreiras da imaginação. Afinal, um dos maiores sonhos da humanidade é conhecer o espaço. Não é à toa que o desejo de ser astronauta almejadas por jovens e crianças em todo mundo.

        A brasileira Ana Paula Castro é um desses casos de desejo em se tornar uma profissional do espaço. Para tanto, formou-se em engenharia aeroespacial pela Universidade de Brasília (UnB). Após um percurso de determinação, que incluiu especialização no exterior, Ana Paula foi selecionada para fazer parte de uma missão espacial simulada pela Agência Espacial Europeia (ESA).

        Em entrevista ao jornal Joca, em janeiro de 2020, a jovem explicou o que vem a ser uma missão espacial simulada: “são testes feitos em um lugar parecido com os ambientes extremos – locais onde seria muito difícil sobreviver em razão das condições, como temperatura, acessibilidade a diferentes fontes de energia ou alta pressão – que a gente pode achar no espaço.”

        Essas missões são importantes para o treinamento no espaço e para possibilitar “a experiência de viver em um ambiente extremo, com comunicação limitada e a experiência em si de ser astronauta”, explica a entrevistada.

        Ao ser questionada sobre a possibilidade de ser a primeira astronauta brasileira, Ana Paula afirma ser “grata em trazer essa representatividade para o Brasil”.

        Talvez, vir a ser astronauta não seja uma missão tão simples, mas, com certeza, é fascinante. Nesse caso, o melhor é buscar dicas com quem já tem trilhado esse caminho profissional.

        Ao final da entrevista, a jovem brasileira dá uma dica preciosa:

        “Que conselho você daria para crianças que querem ser astronautas?”, perguntou o entrevistador do jornal Joca.

        “Minha dica é: sejam curiosos e curiosas. O que move a ciência hoje é a curiosidade, então, tente entender como as coisas funcionam, o que são os elementos que vemos no céu, como funcionam os fenômenos naturais etc.”, respondeu Ana Paula.

        Se você quiser conhecer mais sobre o assunto, a íntegra da entrevista encontra-se disponível em: https://www.jornaljoca.com.br/conheca-a-jovem-que-pode-ser-a-primeira-astronauta-brasileira/. Acesso em: 18 abr. 2021.

Texto escrito pelas autoras deste material.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 06-07.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual foi o marco inicial da exploração espacial tripulada e quem foi o pioneiro?

      O marco inicial da exploração espacial tripulada foi o voo espacial de Yuri Gagarin em 1961, quando ele se tornou o primeiro ser humano a viajar ao espaço.

02 – Qual a importância das missões espaciais simuladas para o treinamento de astronautas?

      As missões espaciais simuladas são cruciais para preparar os astronautas para as condições extremas do espaço. Elas permitem que os astronautas vivenciem situações desafiadoras, como comunicação limitada e ambientes hostis, antes de uma missão real.

03 – Quais as qualificações necessárias para se tornar um astronauta?

      Embora não haja um perfil único para um astronauta, a formação em engenharia aeroespacial, como a de Ana Paula Castro, é um caminho comum. Além disso, são valorizadas habilidades como adaptabilidade, resistência física e mental, e paixão pela exploração espacial.

04 – Qual o papel da curiosidade na carreira de um astronauta?

      A curiosidade é fundamental para um astronauta. A busca por respostas e o desejo de entender como as coisas funcionam são os motores da pesquisa científica e da exploração espacial.

05 – Qual a importância da representatividade de uma astronauta brasileira?

      A presença de uma astronauta brasileira seria inspiradora para as futuras gerações, especialmente para as meninas e jovens que sonham com carreiras nas áreas de ciência e tecnologia. Além disso, contribuiria para fortalecer a pesquisa espacial no Brasil.

06 – Quais os desafios de se tornar um astronauta?

      Os desafios são muitos, incluindo a necessidade de uma formação rigorosa, a competição por vagas em programas espaciais, e a exigência de grande dedicação e preparo físico e mental.

07 – Qual a mensagem principal que Ana Paula Castro transmite para as crianças que sonham em ser astronautas?

      A mensagem principal é que a curiosidade é o principal combustível para alcançar os sonhos. Ao incentivar as crianças a questionarem e a buscarem conhecimento, Ana Paula demonstra a importância da educação e da paixão pela ciência para quem deseja seguir uma carreira na área espacial.

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

ENTREVISTA: A CANTINA ESCOLAR TAMBÉM É UM ESPAÇO QUE EDUCA? (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Entrevista: A cantina escolar também é um espaço que educa? – Fragmento

        Todos os dias mães, pais e responsáveis se perguntam: o que eu vou enviar para o lanche da escola? De segunda a sexta a cena se repete e a busca por opções saudáveis nem sempre é feliz. Para muitas famílias, a venda de alimentos na escola é uma facilidade que garante a merenda das crianças. Mas e quando as opções à venda não são tão saudáveis quanto gostaríamos? Juliana Abrahão é nutricionista com experiência em cardápios saudáveis para escolas. “Enquanto não temos uma legislação federal que defina critérios para todas as escolas, públicas e privadas, vejo que uma transformação vem acontecendo no ambiente escolar e as cantinas estão melhorando os alimentos ofertados”, enfatiza. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcfr-TsE7i64j5KU4fCkTNIi_UZCVwPHVJUloAO8CEluUP0TKe-lMPCfiFkEO9UAk5NENK8esiLYEXKDtNO9HyzkmHlzeBcvLWmVWXrZ4jourEW7T29KmIVaEfqy3KDpmuqXGKT_5RVbCXGc95XZA-HnTgNfznNjHT4HIVFM3UCLPaZv_WsZQ-IYLTRcc/s320/CANTINA.jpg


Ela lembra que, apesar das mudanças visíveis em muitas cantinas escolares pelo país, ainda há alguns obstáculos à promoção da alimentação saudável nas escolas. “Nas escolas públicas é preciso reivindicar que a alimentação oferecida seja sempre de boa qualidade e na escola privada, no caso da venda, as famílias precisam ficar atentas quanto aos alimentos disponíveis”, explica. Na entrevista a seguir, Juliana Abrahão conta mais sobre a importância das cantinas saudáveis para a tranquilidade das famílias e para a saúde dos alunos.

        [...]

        Qual é o papel da cantina escolar para a promoção da alimentação saudável?

        Temos uma variedade de situações quando pensamos em alimentação escolar. Nas escolas públicas temos o oferecimento gratuito da merenda ou a venda em cantinas; nas escolas privadas temos os alunos que levam o lanche de casa, temos os alunos que compram na escola o que vão comer e temos ainda a situação em que todo o lanche é de responsabilidade da escola. Em todas as situações de comércio, a cantina escolar deve ter o compromisso social com a saúde da comunidade escolar na qual ela se insere. Os lanches e produtos que ela comercializa têm enorme importância para um bom desenvolvimento físico, psíquico e social das crianças. Além disso, uma cantina que se preocupa com a saúde da comunidade escolar, a partir da oferta de alimentos adequados e saudáveis, desenvolve a confiança nos pais e alunos.

[...].

A CANTINA escolar também é um espaço que educa? Rebrinc. Disponível em: https://rebrinc.com.br/noticias/alimentacao/a-cantina-escolar-tambem-e-um-espaco-que-educa. Acesso em: 7 maio 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 94-95.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a principal função da cantina escolar, segundo a nutricionista Juliana Abrahão?

      A principal função da cantina escolar é garantir a alimentação saudável dos alunos, contribuindo para o seu desenvolvimento físico, psíquico e social. Além disso, a cantina deve ter um compromisso social com a comunidade escolar, oferecendo alimentos de qualidade e desenvolvendo a confiança dos pais e alunos.

02 – Quais são os principais desafios para a promoção de alimentos saudáveis nas cantinas escolares?

      Os principais desafios são a falta de uma legislação federal específica para todas as escolas (públicas e privadas), a necessidade de reivindicar alimentos de qualidade nas escolas públicas e a atenção das famílias quanto aos alimentos disponíveis nas escolas privadas.

03 – Qual a importância da parceria entre escola, família e nutricionista para garantir uma alimentação saudável na escola?

      A parceria entre escola, família e nutricionista é fundamental para garantir uma alimentação saudável na escola. A escola deve oferecer um ambiente propício e alimentos de qualidade, a família deve estar atenta às opções oferecidas e o nutricionista deve orientar e acompanhar o processo, garantindo que as necessidades nutricionais dos alunos sejam atendidas.

04 – Como a cantina escolar pode contribuir para a educação alimentar das crianças?

      A cantina escolar pode contribuir para a educação alimentar das crianças ao oferecer uma variedade de alimentos saudáveis, incentivando o consumo de frutas, legumes e verduras, e evitando alimentos ultra-processados. Além disso, a cantina pode promover atividades educativas sobre alimentação saudável, como oficinas de culinária e palestras com nutricionistas.

05 – Qual o impacto da alimentação saudável na escola para o desenvolvimento das crianças?

      A alimentação saudável na escola tem um impacto positivo no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional das crianças. Uma alimentação adequada fornece os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento, melhora o desempenho escolar, aumenta a imunidade e previne doenças crônicas.

 

domingo, 25 de agosto de 2024

ENTREVISTA: "CHEGA DE 'DICAS PARA SE TORNAR MAIS SUSTENTÁVEL"', DIZ CRISTAL MUNIZ - MILENE CHAVES - COM GABARITO

 Entrevista: Chega de ‘dicas para se tornar mais sustentável’”, diz Cristal Muniz – Fragmento

          Milene Chaves – Colaboração para Universa – 05/06/2019 12h29

        Chega de dicas? A catarinense Cristal Muniz, ativista do movimento lixo zero no Brasil, entende que é preciso dar uma reciclada nos assuntos e aproveitar este 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para ir além daquela lista de dicas com jeito de enlatada, que surge na data e costuma incluir as palavras ecobag e canudo de metal como solução imediata para todos os problemas ecológicos. "É hora de elevar o debate e parar de subestimar as pessoas", defende. "Vamos começar a discutir que impactos causamos no mundo, e como podemos mudar isso”.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikpmeoDuH2ihSfjUE419Pjw2U9TWNTdV1rCQOR6qS6bWfVCbMaYuli-O-dDUsL2-pRpUU7E3hnoBXXnsO7ntE2NEO70VfqQHLLlilmXuD4x6kCbhFniQSQqjjHsBYywXKRIdWzzI_6jonOcClkY5TzygFiMhc7bJTZY4groW9b1UJKmZvytMxqljjqVDM/s320/SUSTENTAVEL.jpg


        Em entrevista a Universa, Cristal, de 27 anos, conta que foi uma criança criada para ser consciente, do tipo que separava o lixo e usava um produto até o fim antes de jogá-lo fora. Mas algo clicou quando ela entrou em contato com o conteúdo da blogueira norte-americana Lauren Singer e tomou conhecimento do movimento que pretende zerar o lixo em casa -- ou, ao menos, diminuir intensamente seu volume -- por meio da eliminação do desperdício, do consumo de plástico, de produtos com aditivos químicos. Em 2015, criou o blog "Um Ano Sem Lixo" para compartilhar experiências no processo de adesão ao movimento.

        [...] A entrevista que você lê abaixo [...] não tem dica fácil, mas provoca uma boa reflexão.

        Em 2019, quais questões o Dia Mundial do Meio Ambiente deve suscitar?

        Ainda estamos pensando em "dicas para se tornar mais sustentável", mas já falamos tanto disso que se tornou repetitivo. Precisamos elevar o debate; começar a discutir que impactos causamos no mundo, e como podemos mudar isso. [...]

        Que responsabilidade o governo, as empresas e os consumidores têm sobre o lixo?

        A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, diz que a responsabilidade é compartilhada, portanto é do governo, das empresas e dos consumidores. Porém, para fazer a nossa parte, dependemos de ações dessas esferas maiores. As empresas devem informar nas embalagens qual é o descarte adequado, além de aplicar políticas de logística reversa [quando o fabricante recolhe o resíduo descartado pelo consumidor], especialmente para produtos que não vão para a coleta comum. Também é preciso que os municípios ofereçam a coleta seletiva, hoje presente em apenas 18% das cidades do País. Se o lugar onde compramos uma lâmpada oferece a coleta de lâmpadas, por exemplo, isso estimula o consumidor a fazer a sua parte. Quando essa estrutura não existe, as pessoas precisam se responsabilizar 100% pelo resíduo.

        Quais são os erros mais comuns a respeito do descarte do lixo?

        Produzimos em casa três grupos de lixo: os recicláveis, como papel, metal e vidro; os orgânicos, que são as cascas de alimentos, e que podem ir para a compostagem para virar adubo, e os rejeitos, que não podem ser reciclados nem compostados. Se déssemos o tratamento adequado aos diferentes lixos, apenas a última categoria seria enviada aos aterros. Mas ainda há uma grande quantidade de pessoas que simplesmente não separa o lixo. Outra questão é não dar o destino certo a itens que são aproveitáveis, mas que não entram no caminhão da coleta comum: pilhas, baterias e eletrônicos devem ir para pontos específicos de coleta. Não tem mágica; não basta apenas colocar um resíduo na sacola de recicláveis e dar por garantido que aquilo terá destino certo.

        Que produtos contêm plástico e a maioria das pessoas nem desconfia?

        Fiquei chocada quando descobri que pastas de dente e esfoliantes de pele contêm microplásticos, que cumprem a função de abrasão. São os polietilenos que se lê no rótulo. Essas microesferas escapam do tratamento de esgoto pois não há filtro que consiga bloqueá-las. O plástico absorve radioatividade e agrotóxicos, por exemplo, e vai carregando essas substâncias por onde passa. Amostras de torneira de água potável pelo mundo revelaram alto teor de plástico, que vêm das microesferas, mas também de microfibras de plástico que se soltam desses produtos de beleza e de tecidos sintéticos. Até sal pode ter plástico, é meio desesperador.

        Qual é o primeiro item que, urgentemente, deveríamos parar de consumir?

        O plástico tem se mostrado o mais problemático. De qualquer forma, deveríamos parar de consumir do jeito que consumimos. Nada será extremamente nocivo se o consumo for consciente. Se usarmos o produto até o final, se fizermos o uso adequado dele, se pensarmos na sua criação e descarte, aproveitando 100% da matéria-prima, aí não tem vilão. Temos casas abarrotadas e mais coisas do que somos capazes de usar. Se repensarmos desde o desperdício da comida até a compra de novos itens, questionando o modelo de ter e comprar cada vez mais, vamos melhorar a questão.

        [...].

CHAVES, Milene. “Chega de ‘dicas para se tornar mais sustentável’”, diz Cristal Muniz. UOL, 5 jun. 2019. Disponível em: www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/06/05/chega-de-dicas-para-se-tornar-mais-sustentavel-diz-cristal-muniz.htm. Acesso em: 20 jul. 2020.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 169-170.

Entendendo a entrevista:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Ecobag: sacola retornável feita de pano ou outros materiais recicláveis, em substituição à sacola plástica.

·        Aditivo químico: ingrediente adicionado intencionalmente para modificar as características de um produto.

·        Compostagem: técnica utilizada para transformar restos orgânicos (como sobras de alimento, por exemplo) em adubo.

·        Polietileno: tipo de plástico.

02 – Por que Cristal Muniz critica as "dicas para se tornar mais sustentável"?

      Cristal Muniz acredita que as dicas de sustentabilidade, como o uso de ecobags e canudos de metal, se tornaram repetitivas e superficiais. Ela defende que o debate precisa ser elevado para discutir os impactos reais que causamos no mundo e como podemos mudá-los de maneira mais profunda e consciente.

03 – Qual é a responsabilidade do governo, das empresas e dos consumidores em relação ao lixo, segundo Cristal Muniz?

      Cristal Muniz destaca que, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a responsabilidade sobre o lixo é compartilhada entre governo, empresas e consumidores. No entanto, para que os consumidores possam fazer sua parte, é necessário que o governo e as empresas implementem políticas adequadas, como a coleta seletiva e a logística reversa.

04 – Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem ao descartar o lixo?

      Muitos não separam corretamente o lixo em recicláveis, orgânicos e rejeitos. Além disso, há um erro em não dar o destino correto a itens como pilhas, baterias e eletrônicos, que exigem pontos específicos de coleta. Cristal ressalta que simplesmente colocar algo na sacola de recicláveis não garante que ele terá o destino certo.

05 – Que produtos contêm plástico e que a maioria das pessoas desconhece?

      Cristal menciona que produtos como pastas de dente e esfoliantes de pele contêm microplásticos, que são usados para abrasão. Esses microplásticos, como polietilenos, não são filtrados no tratamento de esgoto e acabam contaminando a água potável e até o sal.

06 – Qual é o primeiro item que deveríamos parar de consumir urgentemente, segundo Cristal Muniz?

      Cristal aponta o plástico como o item mais problemático, mas enfatiza que o problema maior é o consumo desenfreado. Ela sugere que devemos consumir de forma consciente, usando os produtos até o fim e aproveitando ao máximo a matéria-prima, repensando nosso modelo de consumo.

07 – Como Cristal Muniz se envolveu com o movimento lixo zero?

      Cristal Muniz foi criada para ser consciente em relação ao meio ambiente, mas seu envolvimento com o movimento lixo zero começou após entrar em contato com o conteúdo da blogueira norte-americana Lauren Singer. Inspirada por esse movimento, ela criou em 2015 o blog "Um Ano Sem Lixo" para compartilhar suas experiências e aderir ao movimento.

08 – O que Cristal Muniz sugere para elevar o debate sobre sustentabilidade no Dia Mundial do Meio Ambiente?

      Ela sugere que, ao invés de focar em dicas superficiais, devemos discutir os impactos que causamos no mundo e como podemos mudá-los. Cristal acredita que é necessário parar de subestimar as pessoas e começar a refletir sobre mudanças mais profundas em nosso comportamento e consumo.