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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

CONTO: A DANÇA DA VIDA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

 CONTO: A DANÇA DA VIDA – Bahia, 1889

            Heloísa Prieto

        Sempre digo que sou uma pessoa de sorte. Na vida tive tudo o que desejei, como aprender a escrever, em português e francês. No sertão da Bahia, nos arredores de Nossa Senhora do Livramento, poucas são as mulheres letradas e, se forem negras como eu, nem pensar. Creio que nasci abençoada por Maria, como dizia minha mãe, e filha de Iansã, como dizia meu avô.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRQ77lKCYdvvgyJBuo0NfgyH5TBGUYuagJY5WOSgiFj3e0_OfpR_7QZ-jJHL4ZuO7jIpcI3z3c1euJX8YseiNQ9FiHqJ4OQqHXR5JlCSjzutrFTu1cRPo4YS5eExMWYZtE4jUadcqG6hONd2MioXMXpuM16gHLn3a4FmlJgZQYmm1MxxrO5B4dE0TbGig/s1600/DAN%C3%87A.jpg 


        Agora que minha vida está por terminar, alegro-me com minhas lembranças. Já tenho oitenta e seis anos. Sinto-me cansada ao caminhar. Mas minhas mãos são ágeis, minha vista é boa e passo os dias recordando e escrevendo. Quem sabe meus netos se interessem pelo que tenho a contar...

        Quando eu era menina, as pessoas me diziam que era muito mimosa. Sinhá Quitéria, que todos chamavam de sinhá Viúva, ordenou que eu trabalhasse na casa grande. Deixei a senzala e comecei a dormir no porão com as outras mucamas. Mas, na verdade passava a maior parte das noites em claro, cuidando de meu sinhozinho.

        Nunca esquecerei a primeira vez em que o vi. A pele tão branca, os olhos tão fundos e delicados, os cabelos castanhos, encaracolados e longos. Ele sorriu para mim, gostou do meu jeito. Passava o dia acamado. Sofria do pulmão. O peito chiava e ele sentia muita fraqueza. Às vezes tossia a noite inteira.

        Mas nos dias em que estava disposto, ele era muito divertido. Vendo como eu adorava os livros encadernados que viviam na sua mesinha-de-cabeceira, sinhozinho resolveu me ensinar a ler. Só para que depois eu lesse histórias para ele. Foi uma alegria. Aprendi tudo num instante.

        Sinhá Quitéria sempre me dizia que não deixasse meu sinhozinho por um minuto sequer. Mas ela nem precisava dar essa ordem. Até hoje continuamos juntos. Só vamos nos separar quando a morte vier.

        Mas como estava dizendo, nas noites em que ele sofria, eu quase morria. Não suportava vê-lo assim. Foi por isso que, certa madrugada, eu o convenci a fugir do quarto.

        Abri as cortinas que viviam fechadas e saímos os dois pela janela. Foi assim que levei meu querido Pedro Manuel de Assis, meu amado sinhozinho, para meu avô examiná-lo.

        Meu avô nascera em Angola; conhecia as ervas e os segredos da cura. Foi uma noite inesquecível. Quando nos aproximamos da senzala, vi que a roda de capoeira já havia começado. Lembro-me ainda hoje do som do berimbau e das cantigas cadenciadas.

        Sinhozinho até parou de tossir. Não tirava os olhos da ginga, dos rabos-de-arraia, das rasteiras, daquela dança mágica da vida. A lua estava cheia, a noite clara e, à luz da fogueira, os homens rodopiavam como se pertencessem a uma constelação de estrelas negras, cortantes e mortais.

        De repente sinhozinho me disse:

        — Eu quero aprender capoeira, Maria Macária. Diga isso ao seu avô.

        Vocês podem imaginar como fiquei apavorada. E se alguma coisa desse errado? E se alguém descobrisse?

        Mas quando meu avô fitou Pedro Manuel bem no fundo dos olhos simplesmente respondeu:

        — Você é filho de Xangô. Se eu ajudar, você nos fará justiça e descobrirá sua própria coragem.

        Foi uma surpresa para mim. Nunca pensei que meu avô um dia aceitasse ensinar capoeira a um branco. Sinhá Quitéria ficou desconfiada quando sinhozinho lhe disse que passaria as tardes em companhia do velho João. Mas como detestava contrariar o filho, acabou permitindo.

        E foi muito, muito divertido. Porque meu avô decidiu que aprenderíamos a ginga juntos. Mandava-nos engatinhar entre as árvores imitando gatos e cachorros. Morríamos de rir dando rasteiras um no outro. Aos poucos fomos aprendendo a dançar e a compreender cada som do berimbau.

        A luz do sol e o toque da terra devolveram a saúde a sinhozinho. A chiadeira foi sumindo, o peito se desenvolvendo, as pernas firmando e finalmente ele conseguia dormir à noite. Sinhá Quitéria ficou muito satisfeita com o “tratamento” de meu avô, e nós começamos a ter regalias. Mas contente mesmo ela ficou no dia da surra.

        Nesse dia, sinhá Quitéria recebeu a visita de dona Raquel, uma mulher muito antipática. Tinha nascido na Europa e detestava a Bahia. Seu filho era seu orgulho: um moleque grandalhão que sempre gritava com as mucamas e adorava matar passarinho. Na tarde da confusão eu estava muito cansada e derrubei chá quente em sua roupa quando fui servi-lo. Ele me deu tabefe tão forte no rosto que eu caí sentada no chão.

        E antes que sinhá Quitéria pudesse dizer qualquer coisa, meu amado sinhozinho já se levantara e segurava o menino pelo colarinho.

        Dona Raquel deu uma risadinha maldosa.

        — Seu filho já está bem de saúde? — perguntou para sinhá Quitéria. — Será que aguenta uma surra?

        Mas a frase ficou perdida no ar, porque rapidamente sinhozinho levou o menino para o meio do quintal. O grandalhão estava contente com a situação. Louco para bater em alguém. Levantou os punhos como se fosse dar socos.

        E sinhozinho começou a gingar. Ele se movimentava sem parar, observando o adversário de soslaio. Depois sorriu levemente, cheio de esperteza e mandinga.

        Quando o grandalhão levou a primeira rasteira, dona Raquel levantou-se indignada. Mas depois nem teve mais tempo de reclamar. Sinhozinho esquivou-se dos socos e o atacou com o arrastão, depois aplicou-lhe a meia-lua, e assim o grandalhão foi levando um tombo atrás do outro. A essas alturas alguém já tocava berimbau e uma roda havia sido formada em torno dos dois meninos. A cada vitória de sinhozinho todos aplaudiam e davam risadas. Ele tomava cuidado para não ferir o grandalhão de verdade. Queria só quebrar aquele orgulho. Mas isso quem fez foi a própria sinhá Quitéria. Pois quando a briga acabou e dona Raquel foi buscar o filho caído no meio do quintal, ela perdeu a compostura e gritou:

        — Muito bem Quitéria, você tem um filho valente. Ele luta como um negro.

        Sinhá Quitéria abraçou Pedro, que ria abraçado ao meu avô, e respondeu com toda a calma:

        — É Raquel, meu filho luta como um homem!

        Nunca mais dona Raquel voltou à fazenda e muitas coisas mudaram depois desse dia. Para mim e sinhozinho essa foi a primeira vitória. Passamos a vida envolvidos em muitas lutas. A luta contra o preconceito, contra a pobreza, contra a ignorância. E hoje, quando vejo nossos netos correndo por aí, acredito que conseguimos várias vitórias. Mas essas são histórias muito longas e ainda levarei dias para escrevê-las. E mesmo sendo velha guerreira, há momentos em que preciso descansar e, quem sabe sonhar. Até mais tarde.

Heloísa Prieto. Heróis e guerreiras. São Paulo, Companhia

das Letrinhas, 1995. Coleção Quase tudo o que você queria saber.

Entendendo o texto:

01 – Onde se passa a história do texto?

      A história do texto se passa no sertão da Bahia, nos arredores de Nossa Senhora do Livramento, em 1889.

02 – Qual é a idade da narradora no início do texto?

      A narradora tem oitenta e seis anos no início do texto.

03 – Como a narradora aprendeu a ler em português e francês?

      A narradora aprendeu a ler em português e francês através do seu sinhozinho, que a ensinou.

04 – Por que a narradora deixou a senzala e passou a dormir no porão?

      A narradora deixou a senzala e passou a dormir no porão porque foi ordenado por Sinhá Quitéria, que todos chamavam de Sinhá Viúva.

05 – Quem é sinhozinho e por que ele estava doente?

      Sinhozinho é o apelido do jovem Pedro Manuel de Assis, que estava doente com problemas pulmonares.

06 – O que a narradora fez para tentar ajudar sinhozinho?

      A narradora convenceu sinhozinho a fugir do quarto e o levou para seu avô, que era conhecedor das ervas e segredos da cura.

07 – Qual é o desejo de sinhozinho após assistir a uma roda de capoeira?

      Sinhozinho expressa o desejo de aprender capoeira após assistir a uma roda de capoeira.

08 – Qual foi a reação do avô da narradora quando sinhozinho pediu para aprender capoeira?

      O avô da narradora aceitou ensinar capoeira a sinhozinho, afirmando que ele era "filho de Xangô".

09 – Como sinhozinho e a narradora aprenderam a ginga da capoeira?

      O avô da narradora decidiu que eles aprenderiam a ginga juntos e os fazia engatinhar entre as árvores imitando gatos e cachorros.

10 – Como sinhozinho enfrentou o grandalhão que agrediu a narradora?

      Sinhozinho usou suas habilidades de capoeira para enfrentar o grandalhão, vencendo a briga e quebrando seu orgulho.

 

sábado, 12 de fevereiro de 2022

CONTO: LUNA, MINHA HEROÍNA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

 Conto: Luna, minha heroína

             Heloísa Prieto

        Quando se fala em um herói, sempre se pensa em um homem alto e forte, uma espécie de guerreiro, com uma espada ou arma na mão.

        Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis. E que muitos daqueles que nos ajudaram durante a vida, nossos heróis íntimos, quase sempre ficam guardados anônimos, em uma lista secreta no fundo de nossa memória.

        Luna foi uma das heroínas da minha infância, minha querida amiga da espécie canina dos dobermanns. Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida como ninguém, Luna era nossa babá. Dormíamos, minha irmã Sandra e eu, com a cabeça apoiada em sua barriga macia.

        Passávamos a maior parte do tempo metidos em brincadeiras malucas no quintal, ainda não tínhamos uma televisão, e, às vezes a folia ia longe demais. Como no dia em que resolvemos dar um susto em nossa mãe e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” de pano verde, amarramos uma linha nela e a fizemos rastejar lentamente pelo meio do gramado.

        Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.

        Hoje sei que mamãe não bateria em nós com a vassoura. Jamais apanhamos. Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinando a bater.” Mas daquele dia em diante, sempre que mamãe ficava brava, antes de nos pôr de castigo ou simplesmente nos dar uma bronca, ela trancava Luna no canil, só para prevenir. Assim, durante boa parte de minha infância, mãe brava virou sinônimo de cachorro preso.

                       Heloísa Prieto – “Minhas três heroínas”. In: Heróis e guerreiros. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1995.

                    Fonte: Língua Portuguesa – Coleção Mais Cores – 5° ano – 1ª ed. Curitiba 2012 – Ed. Positivo p. 128-131.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a diferença entre a imagem de herói que as pessoas geralmente fazem e a heroína desse texto?

      O herói que as pessoas falam, não existe. Mas, já o da história é um personagem real, que quando precisamos ele está pronto a nos ajudar.

02 – Ao contar a história, a narradora resgata de sua memória fatos de sua infância. Que parte do texto comprova essa afirmação?

      “Mas agora, que já tenho quarenta e cinco anos, sei que todos nós podemos ser heróis.”

03 – Relate, resumidamente, como Luna se tornou a heroína das crianças daquela casa.

      Luna defendeu-as quando sua mãe iria bater nelas.

04 – Você concorda com as palavras da mãe das crianças? Justifique sua resposta.

          “Quem bate está ensinando a bater.”

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, porque ela só queria ensina-las que o que fizeram foi errado.

05 – Analise os dois trechos em que as aspas foram usadas. A seguir, justifique o uso desse sinal de pontuação em ambos os casos.

        [...] e costuramos com muito cuidado uma longa “cobra” [...] (4° parágrafo). Apanhou a vassoura para matar a “cobra” [...] (5° parágrafo).

        Ela sempre nos disse: “Quem bate está ensinado a bater”. (6° parágrafo).

      Ela é usada para ressaltar o tema empregado (não tem significado real).

a)   Que outro sinal de pontuação poderia substituir as aspas no 2° caso apresentado anteriormente?

Travessão.

b)   Reescreva esse trecho, usando o sinal de pontuação indicado por você na resposta do item anterior. Faça as devidas adequações.

Ela sempre nos disse: -- Quem bate está ensinado a bater.

06 – Nem sempre o travessão é usado para indicar a fala direta de personagens. Analise o uso da travessão no trecho a seguir. Depois, explique por que foi usado.

        “No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos.”

      Porque isso é tipo um diálogo.

07 – A que substantivo do texto se referem estes adjetivos?

a)   Linda, negra, brilhante, musculosa, rápida.

Luna.

b)   Malucas.

As brincadeiras.

c)   Louca, furiosa, brava.

Mãe.

08 – Observe os pronomes em destaque no parágrafo abaixo. A seguir, resolva as questões propostas.

        “Mamãe ficou louca. Apanhou a vassoura para matar a “cobra” e, quando descobriu que era tudo brincadeira, virou-se furiosa, com a vassoura ainda levantada, e saiu correndo atrás de nós. No começo não conseguíamos parar de rir, mas depois ficamos com medo – mamãe estava tão brava que quase não a reconhecíamos. Foi nesse momento atroz que Luna se colocou entre nós e mamãe, protegendo-nos da vassoura. Sentou-se na nossa frente a não deixou que ela nos tocasse.”

a)   A quem se refere o pronome se de “virou-se”?

A mãe.

b)   Que expressão está sendo substituída pelo pronome a?

A mãe.

c)   A quem se refere o pronome nos?

As meninas.

d)   A quem se refere o pronome se de “sentou-se”?

Luna.

e)   O pronome ela está no lugar de que palavra?

Mãe.

 

domingo, 24 de janeiro de 2021

DIÁLOGO: MENINAS NA LINHA WWW - GILBERTO DIMENSTEIN E HELOISA PRIETO - COM GABARITO

 Diálogo: Meninas na linha WWW

            Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto

        Chatter: Oi!

        Mano: E aí? Tá em casa em pleno sábado à noite?

        Chatter: Eu tinha uma festa mas fiquei com preguiça de sair. Tá frio pra caramba. Melhor navegar.

        Mano: Eu não tinha nada pra fazer. Entrei num site idiota.

        [...]

        Chatter: Eu adoro filme de terror.

        Mano: Mas terror mesmo é ficar com a garota que a gente gosta. Cara, dá um branco, já me aconteceu.

        Chatter: Como foi?

        Mano: Era uma garota da minha escola, ela já foi embora, mudou de cidade. Eu ficava mudo, derrubava tudo, ou então falava sem parar.

        Chatter: É engraçado. Você é tímido.

        Mano: Eu não, é que eu gostava dela. Meu irmão disse que é assim mesmo. Gostou, travou. Tipo terrir.

        Chatter: O quê?

        Mano: Filme terrir, trash, terror do mais ridículo que existe.

        Chatter: Então eu acho legal, é divertido ver terror pra rir.

        Mano: Eu também. A gente compra os vídeos aqui em casa.

        Chatter: Me dá seu endereço.

        Sílvia: Oi.

        Mano: Oi.

        Chatter: Oi.

        Sílvia: Vocês querem conversar comigo?

        Chatter: Sobre o quê?

        Sílvia: Sobre a beleza do amor juvenil, o primeiro beijo, tão inesquecível, a delícia da primeira carícia. Me contem, meus jovens, me contem como foi...

        Mano: Tô fora!

        Chatter: Tô fora também!

        Sílvia: Mas não foi por isso que vocês entraram nesse chat? Para abrir-se por inteiro? Este é um espaço para confidências femininas! O cantinho certo pra descobrir tudo que se esconde no fundo do coração!

        Mano: Dona, me desculpe, pensei que Meninas na Linha era tipo revista Playboy, sabe como é...

        Chatter: Ei, Mano, é roubada, vamos embora, mas me dá seu endereço, me conte dos filmes...

        Mano: Cara, tá certo, meu endereço é Mano@swift.br e o seu?

        Chatter: Vou escrever mandando meu endereço.

        Mano: Vou esperar.

        Sílvia: Esperem, meus jovens, a confidência faz parte do amor...

        Mano: Bye, bye, tia. Obrigado e me desculpe...

        Chatter: Mano, espere, eu vou mandar o e-mail.

        Mano: Vou lá ver.

        Chatter@...

        Mano, aquela Sílvia do chat era igual à mulher do 0800: disque-estrela e descubra seu destino. Metralhadora de palavras.

        Parece que é tudo combinado, sempre a mesma coisa.

        Eu gosto de ler história de amor, mas tem que ser emocionante.

        Aqui em casa tem livro pra caramba porque minha mãe é professora de literatura e meu pai também gosta de ler, por causa da minha avó que também adora livros. Eu sei ler em francês e inglês, mas na minha classe o pessoal só pega gibi.

        Você gosta de ler? De escrever? De ficar em casa?

        Mano@...

        Ei, Chatter, cara, foi divertido fugir daquele chat. Confidências femininas, tá louco!

        Bom, eu gosto de livro de terror e mistério.

        Sou igual você, tenho um avô que lê sem parar. Ele se chama Hermano, como eu. É por isso que tenho esse apelido. Bom, tenho preguiça de escrever na escola, mas gosto de conversa virtual. Que mais?

        Ah, eu ficava bastante em casa, ultimamente tô preferindo a rua.

        Primeiro porque fiquei amigo do Pipoquinha, filho do pipoqueiro da escola. Cara, seu João Pipoca, o pai dele, faz uns desenhos de areia dentro de garrafinhas. É muito legal. Ele está me ensinando.

        E o Pipoquinha e eu estamos fazendo um rolimã. Parece skate, a gente vai pintar depois que terminar. A gente também gosta de bolinha de gude.

        Bom, a rua está muito melhor que a minha casa porque meu irmão, o Pedro, tá meio pirado. Cara, eu trocava muita ideia com ele, mas agora não dá mais.

        Você tem irmãos? Mora em prédio? Tem alguma mania maluca?

        Mano descobre o @mor. São Paulo, Senac/Ática, 2001.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p.126-130.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.casanadisney.com.br%2Fsites-blogs-bacanas-sobre-orlando-florid%2F&psig=AOvVaw1cz4jMxOqMgG7I8-hc-Gwk&ust=1611610296211000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjoqq3Cte4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o diálogo:

01 – O uso da Internet ainda provoca discussão. Mesmo você não seja um usuário da rede, com certeza tem uma opinião: conversar com alguém pela Internet é tão bom quanto fazer isso ao vivo? A Internet impede o contato entre as pessoas?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A Internet constitui um eficiente e rápido meio de comunicação e, sem dúvida, é válida como forma de ampliarmos conhecimentos e travarmos relações. Não substitui, entretanto, o contato pessoal.

02 – Você sabe o que é site, chat, e-mail? Reúna-se com seus colegas, pesquisem e registrem no caderno o que descobrirem.

      Site (pronuncia-se “sáiti”) quer dizer “sítio, lugar”. Sites são áreas dentro de um servidor de Internet que podem ser visitadas por usuários de computadores conectados à Internet. Para entrar em um site, é preciso conhecer o endereço dele, que geralmente tem esta estrutura: www.(nome do site).com.br – Chat (“bate papo”, em inglês), na linguagem dos computadores, significa “correspondência por escrito entre duas ou mais pessoas”. Equivale a uma conversa telefônica, porém feita por escrito. E-mail (abreviatura de electronic mail, “correio eletrônico”) é um tipo de programa usado em computadores para o envio de bilhetes, arquivos ou mensagens pela Internet. O termo também serve para indicar “endereço eletrônico”.

03 – O texto inicia com um breve cumprimento de Chatter e em seguida ele e Mano começam a conversar pela Internet. Você acha que eles já se conheciam? Justifique sua resposta.

      Deduz-se que eles não se conheciam, pois, ao saírem do chat, pedem um ao outro os respectivos endereços eletrônicos. Além disso, as perguntas revelam que eles desconhecem os hábitos e gostos um do outro.

04 – A certa altura, uma pessoa chamada Sílvia entra na conversa dos garotos. Eles quiseram conversar com ela? Por quê?

      Não quiseram. O assunto proposto por Sílvia, confidências femininas, não era o que Mano esperava encontrar naquele chat, e Chatter também o considerou uma roubada.

05 – É comum a opinião de que nas conversas pela Internet só se falam bobagens. Você concorda com isso? Na conversa que tiveram, Chatter e Mano contaram apenas coisas sem importância? Dê sua opinião, justificando-a com exemplos tirados das mensagens de um e de outro.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Chatter e Mano iniciam sua conversa em um chat chamado “Meninas na linha”. Pesquise em um dicionário os significados da palavra linha. Em seguida, converse com um colega e tentem explicar por que o nome do chat pode ser entendido de mais de uma forma, ou seja, é ambíguo.

      Linha: fio de fibras torcidas usada para costurar ou bordar; fio metálico para transmissões telegráficas ou telefônicas; serviço regular de transportes entre dois pontos; elegância, beleza do corpo; jogadores de ataque de um time; cada um dos traços horizontais de um papel.

07 – O português é a língua falada no Brasil. Entretanto, ele apresenta muitas variações, conforme a região onde é falado, o grupo social a que pertence o falante, a idade dele e o tipo de situação de comunicação. As personagens de “Meninas na linha WWW” usam uma variante da língua própria de sua idade. Identifique no texto e copie no caderno pelo menos cinco expressões que exemplifiquem essa afirmação.

      Possibilidades: “e aí?”; “tá frio pra caramba”; “ficar com a garota”; “cara, dá um branco”; “vcs”; “tô fora”; “é roubada”; “tá louco”, etc.

08 – Você já escreveu um bilhete ou uma carta para alguém?  Quando? Você tem o hábito de escrever cartas? Comente com seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Os assuntos tratados por Chatter e Mano por e-mail poderiam ter sido tratados, da mesma forma, por carta ou bilhete?

      Resposta pessoal do aluno.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

CONTO: O MÉDICO FANTASMA - HELOÍSA PRIETO - COM GABARITO

CONTO: O MÉDICO FANTASMA
                Heloísa Prieto

        Esta história tem sido contada de pai para filho na cidade de Belém do Pará. Tudo começou numa noite de lua cheia de um sábado de verão.
        Dois garotos conversavam sentados na varanda da casa de um deles.
        — Você acredita em fantasma? — perguntou o mais novo.
        — Eu não! — disse o outro.
        — Acredita sim! — insistiu o mais novo.
        — Pode apostar que não — replicou o outro.
        — Tudo bem. Aposto minha bola de futebol que você não tem coragem de entrar no cemitério à noite.
        — Ah, é? — disse o garoto que fora desafiado. Pois então vamos já para o cemitério, que eu vou provar minha coragem.
        Assim, os dois garotos foram até a rua do cemitério. O portão estava fechado. O silêncio era profundo. Estava tão escuro... Eles começaram a sentir medo.
        Para ganhar a aposta, era preciso atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério. O garoto que tinha topado o desafio correu. Parou na frente do portão e começou a fazer careta para o amigo. Depois se encostou ao portão e tentou bater a mão nele. Foi quando percebeu que ela estava presa.
        — Socorro! Alguém me ajude! — ele gritou, desmaiando em seguida.
        Nisso apareceu um velhinho vindo do fundo do cemitério, abriu o portão e chamou o outro menino.
        — Seu amigo prendeu a manga da camisa no portão e desmaiou de medo. Coitadinho, pensou que algum fantasma o estivesse segurando.
        O garoto reparou que o velhinho era muito magro, quase transparente.
        — Obrigado. Como é que o senhor se chama?
        — Eu sou o médico daqui. Vou acordar seu amigo.
        O velhinho passou a mão na cabeça do menino desmaiado e ele despertou na mesma hora.
        — Vão pra casa, meninos — ele disse. Já passou da hora de dormir.
        E foi assim que os meninos perceberam que tinham conhecido um fantasma e entenderam que não precisavam ter medo de fantasmas, pois esses, apesar de misteriosos, são do bem.

                       
  Heloísa Prieto. “Lá vem história outra vez: contos do folclore mundial.
                                      São Paulo. Cia das letrinhas, 1997 (texto adaptado para fins didáticos).

Entendendo o texto:
01 – Qual é o título do texto? E qual é o tema?
      O título e O médico fantasma e o tema principal é o medo de fantasma.

 02 – Esse é um texto narrativo, informativo ou descritivo?
      Texto narrativo.

 03 – Quantos e quais são os personagens do texto?
      São três os personagens. O menino mais novo, o menino mais velho e o médico fantasma.

04 – Quem é o autor do texto?
      É Heloísa Prieto.

05 – Quantos parágrafos tem o texto?
      Possui 20 parágrafos.

06 – Se algum amigo seu te desafiasse assim como no texto, você aceitaria? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Reescreva o último parágrafo do texto, criando um final diferente.
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Assinale a alternativa correta:
No início do texto, onde estavam os personagens?
( )Os garotos estavam na escola, brincando no recreio.
( )Os garotos estavam na porta do cemitério.
(X) Os garotos estavam sentados na varanda na casa de um deles.

09 – Por que os meninos decidem ir ao cemitério?
( ) Para acompanhar um enterro.
(X) Devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de futebol.
( ) devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de basquete.

10 – O que era necessário para ganhar a aposta?
(X) Atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério.
( ) Atravessar a rua e entrar no cemitério.
( ) Atravessar a rua e chamar pelos fantasmas pelo portão do cemitério.

11 – Depois de se encostar no portão, o que aconteceu ao garoto?
( ) Sua mão ficou presa no portão, mas ele conseguiu se soltar rapidamente.
(X) Sua mão ficou presa, ele gritou e desmaiou em seguida.
( ) Sua mão ficou presa, ele ficou mudo e desmaiou em seguida.

12 – O médico fantasma é uma história sobre medo, um “Conto de assombração”. Descreva o momento mais assustador da história.
     Foi quando a mão dele ficou presa no portão.

13 – Você ficou com medo? Por quê?
     Resposta pessoal do aluno.

14 – Como os meninos perceberam que o velhinho era um fantasma? 
     Quando ele passou a mão sobre a cabeça e o menino despertou na mesma hora.

15 – Por que será que o desafio era ter que ir ao cemitério à noite? Você aceitaria este desafio? Por que?
     Resposta pessoal do aluno.

16 – Você já passou por uma situação assustadora? Era um medo real ou imaginário? Conte aqui a sua história.
     Resposta pessoal do aluno.



domingo, 21 de janeiro de 2018

TEXTO: O SAPO E O ESCORPIÃO - ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

TEXTO: O SAPO E O ESCORPIÃO


  Era uma vez um sapo e um escorpião que estavam parados à margem de um rio.
  -- Você me carrega nas costas para eu poder atravessar o rio? – perguntou o escorpião ao sapo.
  -- De jeito nenhum. Você é a mais traiçoeira das criaturas. Se eu te ajudar, você me mata em vez de me agradecer
-- Mas, se eu te picar com meu veneno – respondeu o escorpião com uma voz terna e doce --, morro também. Me dê uma carona. Prometo ser bom, meu amigo sapo.
         O sapo concordou.
         Durante a travessia do rio, porém, o sapo sentiu a picada mortal do escorpião.
         -- Por que você fez isso, escorpião? Agora nós dois morreremos afogados! – disse o sapo.
         E o escorpião simplesmente respondeu:
         -- Porque esta é a minha natureza, meu amigo sapo. E eu não posso muda-la.

                                                        Heloisa Prieto. O livro os medos. São Paulo:
                                                                 Companhia das Letrinhas, 1998, p. 25.

1 – No trecho “—Você me carrega nas costas para eu poder atravessar o rio? – perguntou o escorpião ao sapo”, que palavra o escorpião usa para se dirigir ao sapo?
       Você.

2 – Na frase “Mas, se eu te picar com meu veneno”, que sentido a palavra meu acrescenta à palavra veneno?
       Sentido de posse.

3 – Durante a travessia do rio, o escorpião pica as costas do sapo e este, aborrecido, exclama: “Agora nós dois morreremos afogados!”. A quem se refere a palavra nós?
       Ao sapo e o escorpião.

4 – Leia a fala do escorpião no final da fábula e responda: A palavra la na expressão mudá-la se refere a que termo, citado anteriormente?
       Refere-se a natureza do escorpião.

5 – Qual das frases a seguir pode servir de moral da fábula em estudo? Indique-a.
      a)   É burrice tentar ser uma coisa que não é.
      b)  Seja sempre você mesmo.
     c)     Devagar e sempre se chega na frente.
    d)    Fazer a coisa certa na hora certa é uma grande arte.

    e)    Nada elimina o que a natureza determina