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quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÔNICA: O SELVAGEM - WALCR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: O selvagem

               Walcyr Carrasco

        Saía para a balada todas as noites. Pai e mãe descabelados. Dormia até tarde. Apareceu com uma tatuagem no braço. Um desenho que não parecia fazer sentido.

        -- O que é, meu filho? – gemeu a mãe.

        -- Tribal.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg94T1GHPltLpwuwNdcUENgaCMj_zBtF8_uSNKGMDfHncYmbeez0CcjUGzQJxFRb1dfekNQ8PU09QjFJm538kzoHfLxDLJ5V6Zq5-DZSdxbx2tWggdESaYxgaihdlyepB7OEgJSQ9QnsPrb49GgYhIvmK0ur8aeS5iYGAt21w3k7YJ8dTtfmPMVekL2DWg/s1600/images.jpg

        Logo a mãe descobriu que existem “escolas” de tatuagem: tribais. Étnicas, new age...

        O pai quase teve um infarto. Piorou quando soube que a turminha do prédio estava se reunindo em um apartamento vazio, com três velhos colchões jogados. O porteiro dedou:

        -- Ficam lá, a noite toda, ouvindo música...

        Foram expulsos. A tia comentou:

        -- Se ao menos ele tivesse uma boa namorada!

        Apareceu uma candidata. Tinha piercing nas sobrancelhas. A mãe tentou se conformar.

        -- Até que é bonitinho!

        Ela abriu a boca para agradecer. Também tinha piercing na língua!

        De noite, a mãe quis aconselhar.

        -- Meu filho, e se sua língua ficar presa?

        O rapaz olhou-a como se fosse marciana.

        -- Tá me tirando, mãe?

        Outra surpresa:

        -- Ah, meu filho, a traça roeu sua camiseta. Está cheia de furinhos.

        -- Comprei assim. É lançamento.

        Viu a etiqueta da grife italiana. Adquirida em dez prestações no cartão!

        -- Você pagou tanto por uma camiseta furada!

        De noite, na solidão do quarto, o pai se contorcia.

        -- O que vai ser desse rapaz?

        Prestou vestibular. Para surpresa de todos, passou. Faculdade em uma cidade próxima. Dali a alguns meses, anunciou:

        -- Arrumei trabalho!

        Alívio.

        -- Qual o salário?

        -- É voluntário. Em uma ONG para proteger os meninos de rua!

        O casal fugiu para o cinema. Durante a pizza, o pai vociferava:

        -- Pode se dar ao luxo de ser voluntário porque tem quem o sustente! No meu tempo eu só pensava em comprar um carro novo!

        A mãe refletiu. Anos a fio, trocando de carro. Seria tão bom não ter esse tipo de preocupação!

        O marido insistiu. Era o caso de chamar um terapeuta. Marcaram consulta.

        -- Para quê? Não preciso de terapia!

        -- Você precisa conversar, tem de tomar rumo na vida! – explicou o pai.

        A custo, foi convencido. Não sem alguma chantagem financeira.

        O psicólogo o recebeu em uma sala aconchegante, com poltronas.

        -- Por que veio aqui?

        -- Meu pai mandou. Eu mesmo não tinha a menor vontade.

        Péssimo começo.

        -- Não costumo receber ninguém porque o pai mandou. Estudei com sua mãe. Estou aqui coo amigo. Não considere que é uma consulta.

        -- Meus pais não me entendem.

        -- Quem sabe você possa me dizer por quê?

        -- Eu quero qualidade de vida, sabe? Não passar o tempo todo me matando para ter coisas. Quem sabe mais tarde vou morar numa praia... e trabalhar com alguma coisa de que eu goste. Sei lá, entrei numa ONG...

        O terapeuta observou as tatuagens (agora já eram cinco), o brinco ousado, a camiseta torta. Cabelos espetados. Atrás da aparência selvagem, reconheceu seu passado. Em sua época, a juventude também fora assim. Com projetos de vida. Teve uma sensação de alegria, porque afinal... a juventude continuava sendo... a juventude.

        -- O que você mais quer? – perguntou.

        -- Dividir a vida com alguém. O mundo anda complicado, tanta doença... Eu queria ter uma ralação fixa. Eu só dela, ela só minha!

        Sorriu:

        -- Quem sabe ter um filho, mais tarde.

        Despediu-se do terapeuta com um abraço. O profissional ligou.

        -- Qual o problema do meu filho? – quis saber o pai.

        -- O problema é nosso, que esquecemos como fomos. E, parafraseando a música, nos tornamos como nossos pais.

        -- Ahn?

        Quando o pai desligou, sorria. Tudo era muito diferente, mas, no fundo, igual!

        Quem disse que os jovens não têm mais sonhos?

Walcyr Carrasco. Veja São Paulo, 8/6/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 158-159.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o principal conflito apresentado na crônica?

      O principal conflito é o choque de gerações entre os pais e o filho, evidenciado pelas diferenças de comportamento, valores e expectativas em relação à vida.

02 – Como os pais reagem às mudanças no comportamento do filho?

      Os pais reagem com preocupação, estranhamento e até desespero, tentando entender e controlar as atitudes do filho, que fogem do padrão que eles consideram "normal".

03 – Quais são os principais símbolos da rebeldia do filho?

      Os principais símbolos são a tatuagem tribal, o piercing na língua da namorada, as roupas rasgadas de grife e a decisão de trabalhar como voluntário em uma ONG.

04 – Qual a importância da figura do terapeuta na crônica?

      O terapeuta representa um ponto de equilíbrio entre as gerações, pois compreende tanto a angústia dos pais quanto a busca por sentido do filho. Ele ajuda os pais a perceberem que, apesar das diferenças, os jovens ainda têm sonhos e valores.

05 – Qual a crítica social presente na crônica?

      A crônica critica a superficialidade e o materialismo da sociedade moderna, representados pela obsessão dos pais em "comprar um carro novo", em contraste com o desejo do filho por "qualidade de vida" e trabalho voluntário.

06 – Como o autor utiliza o humor na crônica?

      O autor utiliza o humor para suavizar a tensão entre as gerações, através de situações cômicas como a reação da mãe ao piercing na língua da namorada e a incompreensão dos pais em relação à camiseta rasgada de grife.

07 – Qual o significado do título "O Selvagem"?

      O título é irônico, pois o filho é visto como "selvagem" pelos pais devido ao seu comportamento rebelde, mas na verdade ele busca valores mais humanos e significativos, em contraste com o "selvagem" mundo materialista dos pais.

08 – Qual a mensagem final da crônica?

      A mensagem final é que, apesar das aparências e das diferenças de comportamento, os jovens ainda têm sonhos e valores, e que é importante que os pais compreendam e respeitem as escolhas dos filhos.

09 – Qual a visão do pai sobre o trabalho voluntário do filho?

      O pai tem uma visão negativa sobre o trabalho voluntário, pois acredita que o filho deveria estar preocupado em ganhar dinheiro e ter sucesso material, como ele próprio.

10 – O que o terapeuta quis dizer com a frase "nos tornamos como nossos pais"?

      O terapeuta quis dizer que, com o tempo, os pais tendem a repetir os mesmos padrões e valores que criticavam em seus próprios pais, esquecendo-se de como eram quando jovens e de seus próprios ideais.

domingo, 12 de maio de 2024

CRÔNICA: MEU AMIGO MARCOS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Meu Amigo Marcos

                Walcyr Carrasco

         Conheci MARCOS REY há mais de vinte anos, quando sonhava-me tornar escritor. Certa vez confessei esse desejo à atriz Célia Helena, que deixou sua marca no teatro paulista. Tempos depois, ela me convidou para tentar adaptar um livro para teatro. Era “O Rapto do Garoto de Ouro”, de Marcos. Passei noites me torturando sobre as teclas. Célia marcou um encontro entre mim e ele, pois a montagem dependia da aprovação do autor. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh60_pAQHZelqEP5hjcmBOxq7_EeMOj3Ixno1FltdyVOLiqcbfiLiLkqbJkthuv5qvRY9po9WmzX3hApZcM5XD5EhKqPiJFvPm1v6DjrXEagB4uBcZr74_YmW6llXVN2b5GbV6j0L_jl2sui9TjgV0lQmc5G87lolDUblgOt2FpyAQRd9fN53ig9gerZX0/s320/O%20RAPTO.jpg


Quando adolescente, eu ficara fascinado com Memórias de um Gigolô, seu livro mais conhecido. Nunca tinha visto um escritor de perto. Imaginava uma figura pomposa, em cima de um pedestal. Meu coração quase saiu pela boca quando apertei a campainha. Fui recebido por Palma, sua mulher. Um homem gordinho e simpático entrou na sala. Na época já sofria de uma doença que lhe dificultava o movimento das mãos e dos pés. Cumprimentou-me. Sorriu. Estava tão nervoso que nem consegui dizer "boa tarde". Gaguejei. Mas ele me tratou com o respeito que se dedica a um colega. Propôs mudanças no texto. Orientou-me. Principalmente, acreditou em mim. A peça permaneceu em cartaz por dois anos. Muito do que sou hoje devo ao carinho com que me recebeu naquele dia.

         Continuei a vê-lo esporadicamente. Era alegre, divertido. Todo sábado, de manhã, ia tomar cerveja e uísque com outros escritores na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional. As vezes nos telefonávamos para falar da vida. Escritores costumam ser competitivos e ciumentos. Buscam defeitos nas obras alheias, como mulheres vaidosas, comparando vestidos umas das outras. Marcos, não. Conheci muitos autores beneficiados por suas opiniões. Era generoso. Quando deu uma entrevista no programa do Jô Soares, a escritora Fanny Abramovich lhe telefonou. Elogiou seu suéter, de uma bonita cor cinza. Marcos mandou-o de presente para ela.

         Sempre me senti orgulhoso por ser seu companheiro aqui na última página de Veja São Paulo. Quando começamos as crônicas, fui visitá-lo. Ele acabara de comprar um apartamento em Perdizes. Seus livros ficarão na história da literatura. Mas, até poucos anos atrás, lutava com o aluguel. Não costumávamos nos telefonar em aniversários ou datas especiais. Mas, em janeiro último, ligou para desejar feliz ano novo. Chamou-me de colega. Emocionei-me:

         — Tomara que você também tenha um ano maravilhoso.

        Como é a vida, não?

         Palma me contou que tudo aconteceu muito depressa. Hospitalização, operação. Os médicos foram francos. Ela o visitou na UTI.

         — Marcos, não fique sofrendo. Pode partir em paz, meu amor.

         Estava adormecido, mas ela tem uma certeza íntima de que ele entendeu. Depois de 39 anos juntos, Palma tem o direito de ter certezas. Quando alguém nos deixa, até as pessoas mais céticas sentem o desejo de acreditar no desconhecido. Pessoalmente, nunca tive dúvida de que existe algo mais, em algum lugar. Ainda bem.

         Marcos, algum dia a gente se encontra por aí.

 Entendendo a crônica:

 01 – Qual é o título do livro que Walcyr Carrasco adaptou para o teatro, escrito por Marcos Rey?

a)   Memórias de um Gigolô.

b)   O Rapto do Garoto de Ouro.

c)   Meu Amigo Marcos.

d)   A Última Página.

 02 – Como o autor descreveu Marcos Rey quando o conheceu pessoalmente?

a)   Como uma figura pomposa em um pedestal.

b)   Como um homem gordinho e simpático.

c)   Como um escritor distante e arrogante.

d)   Como uma presença intimidadora.

 03 – O que Marcos Rey propôs ao autor após a leitura de sua adaptação para teatro?

a)   Que mudasse de editora.

b)   Que fizesse mais alterações no texto.

c)   Que desistisse do projeto.

d)   Que o apresentasse a outros escritores.

 04 – O que Marcos Rey costumava fazer aos sábados de manhã com outros escritores?

a)   Ir ao teatro.

b)   Ir à praia.

c)   Tomar cerveja e uísque na Livraria Cultura.

d)   Participar de competições de escrita.

 05 – Qual era uma característica marcante de Marcos Rey em relação aos outros escritores?

a)   Ele era competitivo e ciumento.

b)   Ele buscava constantemente defeitos nas obras alheias.

c)   Ele era generoso e não competitivo.

d)   Ele evitava conversar com outros escritores.

 06 – O que Marcos Rey enviou de presente para a escritora Fanny Abramovich após receber um elogio dela?

a)   Uma cópia autografada de seu livro.

b)   Um suéter cinza.

c)   Um convite para um evento literário.

d)   Um exemplar de uma revista.

 07 – Onde Marcos Rey e Walcyr Carrasco eram companheiros na última página de Veja São Paulo?

a)   Na seção de cultura do jornal.

b)   Na coluna de opinião.

c)   Na seção de viagens.

d)   Na seção de crônicas.

 08 – Qual era a situação financeira de Marcos Rey antes de sua consolidação como escritor famoso?

a)   Ele era um autor bem-sucedido desde o início.

b)   Ele tinha dificuldades com aluguel.

c)   Ele vivia em um apartamento luxuoso.

d)   Ele era um escritor de renome internacional.


09 – O que Palma, esposa de Marcos Rey, disse a ele quando o visitou na UTI?

a)   Que ele não deveria sofrer e poderia partir em paz.

b)   Que ele deveria lutar mais contra a doença.

c)   Que ela não queria mais viver com ele.

d)   Que eles precisavam viajar juntos.

10 – Qual foi a última mensagem emocionante que Marcos Rey deixou para Walcyr Carrasco?

a)   "Espero que você tenha um ano maravilhoso."

b)   "A vida é breve, colega."

c)   "Até logo, amigo."

d)   "Nos encontraremos por aí."

sábado, 11 de maio de 2024

CRÔNICA: FAMÍLIA UNIDA - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Família Unida

              Walcyr Carrasco

         Todos os anos, mães e filhos se encontram para um novo    round. São os tais laços de família que, frequentemente, se transformam em nós.

         — Acho que a mamãe não está regulando bem. Fez tender para o almoço. Está cansada de saber que estou de regime — geme a mais nova.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvjCOyo_QNL4atdkcK5KcpvqgWzPPfYwHN19JJdtTsB6lp60qw3hhyKRIDRcK42OpO2u0NBTca6qOst7xPCNi8iHX_QTxtBh2G1rPfkgFe8TnMld2id61iDo841BsgZzeVpfHU2TSGTSD1ZSFImIdEyfCWrJilISBaCiHy1ld2cni3SmLe-Y7cYm0A9kI/s320/FAMILIA.jpg


         — E a idade... ela não é mais o que era — diz a mais velha.

         Saltitante, a mãe mostra a mesa com um sorrisinho. Não só o tender criminoso, adornado com pêssegos em calda. Mas também a maionese, que todos adoravam quando meninos, e o quindim de sobremesa. Só falta uma garrafa de colesterol puro. O mais velho, com uma ponte de safena, morre de pavor de ter infarto à mesa. Mas come. Seja dito o que for, um dos grandes objetivos de qualquer mãe é engordar os filhos.

         — Está uma delícia, mamãe — suspira a mais nova.

         A mãe não resiste:

         —- Vai repetir? Pensei que estivesse de regime. Você não tem mesmo força de vontade.

         A filha quase atira o prato no chão. Se comesse pouco, a mãe reclamaria:

         — Desse jeito você acaba doente.

         Surgem as recordações dos bons tempos.

         — Zelito, por que você chegou atrasado? Eu me lembro daquela noite que passei acordada é depois soube que tinha batido o carro e quase foi preso. Fico nervosa.

         Por que ela tem de se lembrar sempre daquela noite em que ele dirigiu sem carta? A única, ilegalidade em toda a sua vida de juiz!

         — Mamãe, isso faz vinte anos. Eu tinha 15.

         — Eu nunca esqueci.  

         Quem disse que mãe esquece? A não ser, é claro, nos momentos estratégicos. 

         — Gilda, me passe a salada.

         Silêncio mortal. Choque. O filho do meio balbucia.

         — Mãe, esta é a Soraia. Você trocou os nomes. A Gilda é minha ex-mulher.

         — Desculpe, Soraia... eu sei que você não se importa. É a idade. Mas é que eu adorava a Gilda!

         Um neto bate com um martelinho no chão! 

         — Não faça barulho.

         — Você está reprimindo o Arturzinho —- revolta-se a nora.

         -— Gislaine, mamãe tem razão. É uma tortura — defende o caçula.

         Gislaine se levanta, puxando o menino pela mão, e sai. O marido, irritado, corre atrás.

         -—Vocês atacam minha mulher só porque ela era manicure!

         Todos contemplam a mesa desfalcada. A mãe, arrasada.

         — Com ela por perto, não posso dizer um ah! O que será desse menino?

         O grupo descasca a cunhada. Até que ela volta, com o filho e o marido. Senta-se, um sorriso torto. Tocam a campainha, a mais nova vai atender. É o namorado. A mãe suspira:

         — Já casou duas vezes. Nem fala mais em noivo ou marido. Só em namorado. Quando essa menina vai se acertar na vida?

         — Mãe, ela já tem 34 anos. Não meta o bico — palpita a mais velha, esta, sim, casada e atormentada com os filhos adolescentes, que fugiram do almoço.

         — Eu não me meto em nada — avisa a mãe, feroz. — Mas, se isso é o que chamam de liberdade, eu dispenso.

         A mais nova entra com um sujeito de bermuda e cabelos de cantor de reggae, dez anos mais novo. Todos trocam olhares venenosos. A filha avisa que já vão. Surge o convite materno:

         — Sente-se... coma um pouquinho... eu mesma fiz — murmura gentil.

         Ele recusa educadamente. Ela insiste. Ele se senta e come metade do pernil, dois terços da maionese e um naco do tender, acompanhado por três cervejas. Depois, levanta-se:

         — Desculpem por bancar o cachorro magro, mas tenho de ir.

         Mal ele sai com a filha a tiracolo, a mãe geme:

        — E um morto de fome. Imaginem só... criar uma filha, dar estudo, para depois ela virar vendedora de bijuteria e arrumar um namorado desses.

         Exalta-se o caçula:

         — Mãe, será que você tem de criticar tudo?

         Uma lágrima furtiva. A velha mexe humildemente o garfo no prato.

         — Viu o que você fez? Magoou sua mãe — ataca a nora.

         Olhos arregalados, ele dispara:

         — Quem magoou foi você, quando brigou por causa de seu filho.     

          Artur, você vai deixar seu irmão falar assim comigo?

         — Ela tem razão, Zelito... você...

         Olhos cintilantes, a mãe pede, com voz angelical:

         — Filhos, não briguem por minha causa. Tudo o que quero é uma família unida!

 Entendendo a crônica:

 01 – Quais são as principais queixas dos filhos durante o almoço preparado pela mãe?

a)   A falta de variedade de pratos.

b)   O excesso de comida não saudável.

c)   A preocupação com a saúde da mãe.

d)   A insistência da mãe para repetir os pratos.

02 – Por que o filho mais velho come mesmo tendo preocupações com sua saúde?

a)   Porque a mãe o convenceu.

b)   Porque adora a comida da mãe.

c)   Porque tem medo de discutir com a mãe.

d)   Porque está faminto.

03 – Qual foi o acontecimento que a mãe relembra de forma inoportuna durante o almoço?

a)   A formatura do filho mais novo.

b)   O acidente de carro do filho mais velho.

c)   O divórcio do filho do meio.

d)   O nascimento do neto.

04 – Por que a mãe confunde o nome da nora durante o almoço?

a)   Por estar nervosa.

b)   Por ter problemas de memória.

c)   Por preferir a ex-nora.

d)   Por não gostar da atual nora.

05 – Qual é a reação da nora diante da repreensão da mãe?

a)   Ela concorda.

b)   Ela fica revoltada.

c)   Ela se desculpa.

d)   Ela se retira com o marido e o filho.

06 – Como a mãe se sente quando a mais nova chega com um acompanhante inusitado?

a)   Encantada.

b)   Preocupada.

c)   Desgostosa.

d)   Surpresa.

07 – Qual é o motivo do acompanhante recusar a comida educadamente?

a)   Por não gostar da comida.

b)   Por ter pressa.

c)   Por não querer causar problemas.

d)   Por estar de dieta.

08 – O que a mãe lamenta após a saída da filha com o acompanhante?

a)   A falta de educação do acompanhante.

b)   O comportamento da filha.

c)   A profissão da filha.

d)   O estado financeiro da filha.

09 – Como os filhos reagem à discussão entre a nora e o caçula?

a)   Ficam indiferentes.

b)   Defendem a nora.

c)   Ignoram.

d)   Apoiam o caçula.

10 – Qual é o desejo final da mãe diante das discussões entre os filhos?

a)   Que parem de brigar.

b)   Que a respeitem mais.

c)   Que se sintam culpados.

d)   Que se afastem.