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quarta-feira, 10 de agosto de 2022

CONTO: UM TALENTO PARA OS NEGÓCIOS - MARK TWAIN - COM GABARITO

 Conto: Um talento para os negócios

             Mark Twain

        Sábado estava um dia lindo. Mas Tom tinha de trabalhar. Na calçada, com um balde de tinta branca e um pincel na mão, olhou a cerca à sua espera para ser pintada e desanimou. Achou a vida horrível. Molhou o pincel e começou a passá-lo pela primeira tábua. Repetiu tudo outra vez e mais outra. Precisava dar três demãos para o serviço aparecer. Ia levar a vida toda naquilo. Viu Jim passar carregando água, tarefa que sempre achara detestável e agora lhe parecia bem melhor. Propôs:

         - Eu vou buscar água para você. Enquanto isso, me dá uma mãozinha aqui.

          O outro hesitou, Tom insistiu e lhe ofereceu uma bola de gude. Jim ia aceitar, mas tia Polly surgiu, e o negócio não foi adiante. Tom foi de novo caiar a cerca, pensando nas coisas maravilhosas que podia estar fazendo. Logo os outros meninos passariam por ali a caminho de brincadeiras. Iam rir dele. Tinha vontade de sumir. Pensou em tudo o que tinha nos bolsos e que poderia usar para sugerir trocas. Muito pouco. Não ganharia mais de meia hora de liberdade.

          De repente, teve uma ideia. Pegou o pincel e voltou ao trabalho. Bem na hora em que apareceu Ben Rogers, o mais gozador de todos. Vinha alegre, com uma maçã na mão, brincando de navio. Apitava, manobrava, fazia os sons do Grande Missouri, o maior barco que navegava pelo rio. O menino era ao mesmo tempo o navio, o capitão e as sinetas. Ao chegar perto de Tom, passou a andar mais devagar.

            - Diminuir a velocidade! Parar! Ding-a-ling-ling! Encostar no cais! Piuííí! Parar as máquinas! Chit-chit-chit!

             Tom ignorou as manobras de aproximação e a atracação do barco. Continuou entretido com a cerca, dando uns retoques. Ben perguntou:

             - Você está de castigo, é? Tem de trabalhar enquanto a gente vai nadar?

             - Trabalhar? Como assim?

             - Bom, isso que você está fazendo...

             - Tudo bem, se acha que é trabalho, pode achar. Eu estou me divertindo.

              - Essa não... Para cima de mim? Ninguém gosta disso.

              O pincel não parava, para cima e para baixo na tábua.

               - Não sei por que não ia gostar. Não é todo dia que um menino tem a chance de pintar uma cerca.

                Ben não tinha pensado nisso. Mordeu a maçã, ficou vendo Tom se afastar ligeiramente, pincel na mão, para examinar mais de longe o efeito da pintura.

                - Deixa eu pintar um pouquinho, Tom...

                - Não posso, Ben. Para pintar bem, precisa ser artista. Tia Polly é muito exigente, você sabe. Se fosse na cerca dos fundos, tudo bem. Mas, aqui na rua, tem de ficar bem feito. Aposto que só um menino entre mil consegue. Talvez um entre dois mil.

                 - E quem disse que eu não consigo?

                 - Não sou eu, Ben, é a tia Polly. Jim quis pintar, ela não deixou. Sid também. Tenho medo de que ela se zangue.

                 - Eu sou cuidadoso, Tom, garanto. Olhe aqui, te dou o final da minha maçã.

                 De coração contente e expressão relutante, Tom passou o pincel. O “ex-Grande Missouri” ficou suando debaixo do sol enquanto o artista descansava na sombra, sentado num barril, comendo maçã e planejando novos negócios.

                 Os meninos vinham passando, um a um, paravam para uma gozação, e pronto! Quando Ben cansou, Tom deu uma chance a Billy em troca de uma pipa nova. Depois, Johnny ofereceu um rato morto e ganhou direito de pintar por uma hora. No fim do dia, Tom já estava na maior riqueza – tinha bolas de gude, uma gaita, um pedaço de vidro azul, um carretel, uma chave, um soldadinho de chumbo, um casal de sapos, um gato caolho, uma maçaneta, uma coleira de cachorro (sem cachorro), o cabo de uma faca, quatro cascas de laranja. A cerca estava pintada, com quatro demãos de tinta. Se a tinta não acabasse, Tom levaria à falência todos os meninos da cidade.

         - Tia Polly nem acreditou. Um trabalho perfeito. E tão rápido!

         - Viu só? Quando quer fazer uma coisa bem-feita, é uma maravilha. Pode ir brincar, você merece. Mas não perca a hora do jantar. E tome um prêmio.

          Levou-o até a despensa para ele escolher uma maçã (e pegar uma rosca sem ela notar).

          [...]

         TWAIN,Mark. As aventuras de Tom Sawyer. Adaptação de Ana Maria Machado. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2005.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 2 p.48-51.

Interagindo com o texto

01. Em uma narrativa de aventura, o protagonista é corajoso, astucioso e inteligente. Identifique o protagonista da história e dê exemplos de como essas características aparecem no texto.

É Tom Sawyer. Ele se mostra muito inteligente e astucioso, pois teve uma ótima ideia para se livrar do castigo.

02. Uma narrativa de aventura costuma apresentar vários personagens. Identifique os personagens do texto.

Tia Polly, Ben Rogers, Sid, Billy e Johnny.

03. Qual foi a primeira ideia que Tom teve para se livrar do trabalho que sua tia lhe dera? Ele conseguiu o que queria? Explique o que aconteceu.

Tom tentou trocar de trabalho com Jim, que hesitou. Diante disso, Tom lhe ofereceu bolas de gude, quando Jim ia aceitar, a tia Polly apareceu.

04. Em que Tom pensou que o fez querer sumir?

Os outros meninos logo passariam  por ele a caminho de brincadeiras e iam rir dele.

05. O texto apresenta algumas onomatopeias.

a)   Identifique-as, escrevendo o trecho em que elas aparecem.

As onomatopeias são: “Din-a-ling-ling!” “Piuííí!” e “Chit-chit-chit!”.

b)   Cite em que momento elas aparecem e explique o som que elas reproduzem.

     Ben Rogers estava brincando de navio. Assim, apitava, manobrava e fazia sons do Grande Missouri.

06. Explique como Tom convenceu Ben de que não estava de castigo.

Tom disse que estava se divertindo, argumentando que não era todo menino que tinha chance de pintar a cerca.

07. No trecho “De coração contente e expressão relutante, Tom passou a pincel”, o que a expressão em destaque sugere?

Mesmo estando feliz por ter conseguido convencer Ben Rogers; Tom não pode demonstrar esse sentimento, assim fingia resistência para deixar o amigo pintar a cerca.

08. Explique o título do texto: “Um talento para os negócios”.

Todos os meninos que paravam para zombar de Tom eram convencido por ele de que se tratava de uma diversão.

 

 

sábado, 7 de novembro de 2020

ROMANCE DE AVENTURA: AS AVENTURAS DE TOM SAWYER - CAP. 34 - MARK TWAIN - COM GABARITO

 ROMANCE DE AVENTURA: As aventuras de Tom Sawyer

                    Capítulo 34

Na manhã que se seguiu ao funeral, Tom levou Huck a um lugar onde não poderiam ser escutados, para terem uma importante conversa. Huck já tinha ouvido tudo a respeito das aventuras de Tom dos lábios do galês e da viúva Douglas, mas Tom disse achar que pelo menos uma coisa eles não lhe haviam contado; era sobre isto que ele queria conversar agora. O rosto de Huck entristeceu-se e ele disse:

– Eu já sei. Você entrou no quarto Número Dois e não encontrou nada lá, senão uísque. Ninguém me contou que tivesse sido você, mas eu sabia que tinha de ser você, assim que ouvi falar na história do uísque; e eu sabia também que você não tinha encontrado o dinheiro, porque você teria dado um jeito de me encontrar, fosse como fosse, e me contar sobre isso, mesmo que você não contasse pra mais ninguém. Tom, alguma coisa me diz que nós nunca vamos poder agarrar aquela grana.

– Mas, Huck, não fui eu. Eu nunca denunciei o dono da pensão. Você sabe que não tinham descoberto nada na hospedaria até o sábado em que eu fui ao piquenique. Você não se lembra que tinha de ficar vigiando naquela noite?

– Ah, sim! Ora, me parece que já passou quase um ano. Foi naquela merma noite que eu fui detrás de Índio Joe até a casa da viúva.

– Você o seguiu?

– Pois segui. Mas você fique quieto e não diga nada. Eu calculo que Índio Joe tinha amigos que ficavam junto com ele. Eu não quero que nenhum desses venha atrás de mim pra me fazer umas malvadezas. Se não tivesse sido por minha causa, a essa altura ele já estava no Texas, claro que sim!

Foi então que Huck contou toda a sua aventura a Tom, na mais estrita confiança, pois este só havia escutado a parte narrada anteriormente pelo galês.

– Bem – disse Huck, retornando ao assunto principal –, seja lá quem for que descobriu o uísque no Número Dois, também descobriu o dinheiro. Calculo que pra nós já se perdeu de um tudo, Tom.

– Huck, aquele dinheiro nunca esteve no quarto Número Dois!

– O quê? – Huck examinou atentamente o rosto de seu camarada.

– Tom, por acaso você pegou o rastro daquele dinheiro de novo?

– Huck, está dentro da caverna!

Os olhos de Huck reluziram como duas brasas.

– Diga de novo, Tom!

– O dinheiro está dentro da caverna!

– Tom – por favor, seja honesto comigo –, está brincando ou é pra valer?

– Estou falando sério, Huck. Nunca falei mais sério em minha vida. Você vai lá comigo, para me ajudar a trazer?

– Com certeza! Quer dizer, eu vou, se estiver em um lugar em que a gente possa pegar ele sem se perder lá dentro!

– Huck, nós podemos pegar o dinheiro sem a menor dificuldade neste mundo!

– Mas isso é ótimo! Por que você pensa que o dinheiro…

– Huck, espere só até que a gente esteja lá. Se nós não acharmos, eu prometo que dou a você meu tambor e tudo o mais que eu tiver nesse mundo. Ah, dou mesmo, palavra!

– Tudo bem, vamos logo. Quer dizer, quando você quer ir?

– Agora mesmo, se você estiver de acordo. Já está forte o suficiente?

– É muito longe a caverna? Eu estou usando as minhas varetas faz uns três ou quatro dias e já estou andando muito bem, até, mas acho que não posso caminhar mais de um quilômetro, um quilômetro e meio de cada vez, Tom. No mínimo é o que eu penso.

– Olha, fica mais ou menos há uns oito quilômetros a partir da entrada, pelo menos do jeito que todo mundo iria. Só que eu vou diferente, Huck. Existe um atalho muito bom que ninguém conhece, exceto eu. Huck, eu levo você até lá de barco, eu mesmo vou remando. Quer dizer, na ida, o barco vai pela corrente mesmo, nem precisa remar; mas na volta, eu venho remando sozinho. Você nem precisa me dar uma mão.

– Então vamos começar agora mesmo, Tom!

– Tudo bem. Vamos precisar de um pouco de pão e de carne, nossos cachimbos, um saco ou dois dos pequenos, duas ou três fiadas de pandorga e algumas dessas coisas novas que eles chamam de fósforos. Vou lhe contar, uma porção de vezes eu desejei ter alguns desses no meu bolso, quando fiquei preso lá dentro.

Um pouco depois do meio-dia, os meninos tomaram emprestado um barquinho de um cidadão que se achava ausente na ocasião, e de imediato puseram-se a derivar com a corrente. Quando eles estavam diversos quilômetros além do “Fundão da Caverna”, Tom disse:

– Agora você vê que esta ribanceira aqui parece completamente igual desde a clareira em que fica a caverna. Não há casas nem serrarias, os arbustos são todos iguais. Mas você está vendo aquela mancha branca lá adiante, onde houve um desmoronamento de terra? Ora, pois esta é uma das minhas marcas. Vamos para a margem agora.

Eles desembarcaram.

– Agora, Huck, deste lugar em que nós estamos parados, você pode tocar no buraco por onde eu saí, basta esticar uma vara de pescar. Veja se consegue encontrá-lo.

Huck examinou todas as cercanias, mas não conseguiu achar nada. Tom orgulhosamente marchou até uma touceira grossa de arbustos de sumagre e disse:

– Olhe só aqui! Olhe bem, Huck, é o buraco mais seguro deste país. Mas você simplesmente fique de boca fechada e não conte nada a ninguém sobre ele. Toda a vida eu quis ser salteador, mas eu sabia que precisava de um esconderijo como este, um lugar muito difícil de ser encontrado, ainda mais por acaso. Agora que nós temos, vamos guardar absoluto segredo, só vamos contar a Joe Harper e a Ben Rogers onde é que fica. [...]

A essa altura, tudo estava preparado e os dois meninos entraram no buraco. Tom ia à frente, Huck mais atrás. Eles foram caminhando até o lugar em que se abria o túnel, então amarraram bem firme um dos barbantes de pandorga e seguiram em frente. [...]

Agora, os meninos começaram a falar em sussurros, porque a quietude e obscuridade do lugar oprimiam-lhes os espíritos. Eles seguiram caminhando em frente e, no devido tempo, entraram e seguiram pelo outro corredor de Tom, até que atingiram o “lugar de pular”. As velas revelaram o fato de que não era realmente um precipício, mas apenas uma ladeira íngreme de argila, com uns oito ou dez metros de altura. Tom murmurou:

– É agora que eu vou lhe mostrar uma coisa, Huck.

Ele levantou sua vela bem alto e disse:

– Olhe o mais longe que puder além daquela curva do caminho. Está vendo aquilo? Lá adiante, naquela rocha grande que está lá no fim. Desenhado com fuligem de vela.

– Tom, é uma cruz!

– Agora, me diga. Onde é que ficava o Número Dois? “Embaixo da cruz”, não era? E foi justamente ali que eu vi Índio Joe carregando uma vela, Huck!

Huck ficou contemplando o sinal místico por algum tempo; e então disse, com a voz trêmula:

– Tom, vamos dar o fora daqui já, já!

– O quê? E deixar o tesouro?

– Sim, deixa aí mesmo. O fantasma de Índio Joe tem de andar por aqui, claro que anda!

– Não, não anda por aqui, coisa nenhuma, Huck. O fantasma dele teria de assombrar o lugar em que ele morreu, lá longe na boca da caverna, a uns oito quilômetros daqui.

– Não, Tom, não tinha, não. O espírito dele ia se pendurar ao redor do dinheiro. Eu sei como é que os espíritos fazem com dinheiro. E você sabe também, tão bem que nem eu!

Tom começou a temer que Huck tivesse razão. Certas dúvidas começaram a se reunir em sua mente. Mas logo a seguir, ocorreu-lhe uma ideia:

– Olhe aqui, Huck, nós dois estamos fazendo papel de bobos! O fantasma de Índio Joe não pode chegar perto daqui, porque, bem lá na parede, existe uma cruz!

O argumento teve seu efeito. Huck ficou convencido.

– Puxa, Tom, eu não tinha nunca pensado nisso!… Mas é claro que é isso mesmo. É sorte nossa, essa cruz que botaram ali. Calculo que podemos chegar até lá e procurar a tal caixa.

Tom foi na frente, cortando degraus grosseiros na argila, à medida que descia. Huck desceu junto a seus calcanhares. Quatro avenidas se abriam junto à pequena caverna em cujo centro estava a grande rocha. Os meninos examinaram três delas e tiveram de retornar sem resultados. Mas encontraram um pequeno nicho no quarto corredor, justamente o que se abria mais perto da base da rocha, com um catre desengonçado, sobre o qual estava amontoada uma pequena pilha de cobertores. Acharam também um par de suspensórios velhos, algumas cascas de toucinho e ossos muito bem roídos de duas ou três aves. Mas não acharam nenhuma caixa com dinheiro. Os rapazes procuraram, pesquisaram e reviraram o lugar, sem resultado algum. Tom disse:

– Ele disse que ficava embaixo da cruz. Ora, este é justamente o lugar que fica mais embaixo da cruz. Não pode estar enterrada embaixo dessa pedra grande. É sólida demais, dura demais, está meio enterrada no chão. Não há lugar para um esconderijo.

Examinaram tudo mais uma vez e depois, sentaram-se no chão, desencorajados. Huck não conseguia sugerir nada. Mas daí a pouco, Tom falou:

– Olhe aqui, Huck: há pegadas e um pouco de sebo de vela sobre o barro de um dos lados desta rocha, mas dos outros lados, não há nada. Agora me explique: por que é assim? Aposto que o dinheiro está embaixo da pedra. Eu vou cavoucar nessa argila.

– Não é uma má ideia, Tom! – disse Huck, muito animado.

O “legítimo canivete Barlow” de Tom saiu imediatamente de seu bolso; ele não tinha cavado mais que dez centímetros quando bateu em madeira.

– Huck! Huck! Você escutou isso?

Huck começou a cavar com as mãos. Logo foram descobertas e removidas algumas tábuas, estas estavam escondendo uma cova natural que se estendia para baixo da rocha. Tom entrou dentro dela e esticou o braço com a vela o mais distante que pôde, e então disse que era um buraco muito grande e não conseguia ver até o fundo da fenda. Decidiu explorá-la. Encurvou-se e passou por baixo da rocha. O caminho estreito descia gradualmente. Ele foi seguindo a senda tortuosa, primeiro para a direita, depois para a esquerda, com Huck logo atrás dele. Em breve, a aleia fazia uma curva fechada. Tom dobrou-a e exclamou:

– Meu Deus do Céu, Huck, olhe aqui!

Era a caixa do tesouro, sem a menor dúvida, ocupando uma pequena abertura lateral, juntamente com uma barrica de pólvora vazia, dois revólveres dentro de coldres de couro, dois ou três pares de mocassins velhos, um cinto de couro e mais uma meia dúzia de artigos sem valor, empapados pela água que brotava das paredes.

– Até que enfim, conseguimos! – exclamou Huck, enfiando as mãos por entre as moedas um tanto azinhavradas. – Meu Deus, nós estamos ricos, Tom!

– Huck, eu sempre soube que nós íamos encontrar o tesouro. É quase bom demais para se acreditar, mas nós acabamos conseguindo, graças a Deus! Mas escute só, não vamos ficar de bobeira por aqui, vamos tirar tudo isso e levar para fora. Deixe ver se eu consigo levantar a caixa.

Devia pesar uns vinte quilos. Tom conseguia levantá-la, mas de uma maneira bastante desajeitada; e não poderia carregá-la confortavelmente.

– Foi o que eu achei – disse ele. – Aquele dia, na casa mal-assombrada, quando eles saíram com esta caixa, vi que estavam carregando uma coisa pesada. Percebi muito bem. Eu tinha toda a razão em trazer aquelas duas bolsas.

Logo o dinheiro estava dentro dos dois sacos e os meninos carregaram para fora da lapa, colocando-os aos pés da grande rocha. [...]

Em breve, eles emergiram da touceira de arbustos de sumagre, olharam muito cautelosamente ao redor, viram que “não havia mouros na costa” e desceram em seguida para o barquinho, onde fizeram um lanche e deram umas baforadas. Enquanto o sol se afundava em direção ao horizonte, eles empurraram a embarcação para o fluxo do rio e puseram-se a remar contra a corrente. Tom foi conduzindo o bote junto à margem, onde a correnteza era menos forte, através do longo crepúsculo de verão, tagarelando alegremente com Huck, até que desembarcaram um pouco depois de escurecer.

– Bem, Huck – determinou Tom –, vamos esconder o dinheiro no sótão do galpão de lenha da viúva Douglas e voltamos de manhã para contar as moedas e dividir. Depois nós encontramos um lugar na floresta para esconder tudo, um lugar bem seguro, que ninguém mais possa achar. Fique quieto aqui tomando conta do botim, enquanto eu corro para pegar a carrocinha de Benny Taylor. Não vou demorar mais que um minuto.

Ele desapareceu e em breve retornou com a carrocinha, colocou os dois sacos de moedas dentro, jogou uns trapos velhos por cima, para não chamar a atenção de ninguém, e iniciou a jornada, puxando a pequena carroça pelo varal. Quando os meninos chegaram à altura da casa do galês, pararam para descansar. No momento em que iam recomeçar a avançada, o galês saiu de casa e falou:

– Alô! Quem são vocês?

– Huck e Tom Sawyer.

– Que bom! Venham comigo, meninos, todo mundo está esperando por vocês. Vamos, apurem, vão na minha frente! Deixem que eu levo a carroça. Ué, mas como está pesada! Pensei que a carga fosse bem mais leve. O que é que vocês colocaram aí dentro? Tijolos ou metal velho? [...]

Twain, Mark, 1835-1910 pseud. As aventuras de Tom Sawyer / Samuel Langhorne Clemens / tradução de William Lagos. – Porto Alegre: L&PM, 2011. (Coleção L&PM POCKET)

Disponível em< http://www.litterarius.com.br/assets/upload/post/As%20Aventuras%20de%20Tom%20Sawyer%20-%20Mark%20Twain(1).pdf > Acesso em 10 de ago. de 2020.

 

1)  Com que finalidade o texto acima foi escrito?

 a)  Narrar fatos do cotidiano, geralmente colhidos no noticiário jornalístico.

b)  Informar o leitor sobre um acontecimento.

c)  Entreter, despertando a imaginação.

d)  Convencer sobre a boa qualidade de um determinado produto.

 

2)  Preencha o quadro:

Qual é o tipo de narrador?

Narrador observador.

Em que tempo acontece os fatos?

Após o meio dia até ao entardecer.

Em que espaço as ações acontecem?

Na caverna e na cidade.

Quais são os personagens da narrativa?

Tom Sawyer e Huckblerry Finn.

 

3)  As aventuras de Tom Sawyer é um romance de aventura. O que diferencia um romance de aventura de outras narrativas em geral? Justifique sua resposta, com elementos do texto.

O romance de aventura contém necessariamente situações de aventura (por mar, terra ou ar), perigos, mistérios e descrições dos lugares e paisagens. No texto lido há a busca do tesouro em uma caverna (terra), os perigos que os personagens enfrentam para achar esse tesouro e a descrição de como era o lugar.

 4)  Nesse texto, há presença de um narrador

 a)  personagem, pois o Tom conta sua própria história.

b)  personagem, porque o Huck narra sua vida.

c)  observador, porque conta a história e ainda faz parte dela.

d)  observador, pois ele apenas narra os fatos sem participar da história.

 

5) Observe este trecho e responda:

 

“Venham comigo, meninos, todo mundo está esperando por vocês. Vamos, apurem, vão na minha frente! Deixem que eu levo a carroça. Ué, mas como está pesada!”

 Dos termos destacados, há predominância de verbos que indicam algo que já aconteceu, está acontecendo ou ainda acontecerão?

Indicam que algo está acontecendo.

 6)  Marque um X na alternativa que justifica o uso do travessão no texto acima.

 a)  Utilização de termos em língua estrangeira.

b)  A fala dos personagens.

c)  Indicação do pensamento das personagens.

d)  Descrição do ambiente.

 

7)  O texto lido apresenta características

   a)  narrativas.

b)  instrucionais.

c)  argumentativas.

d)  descritivas.


Disponível em <http://tudosaladeaula.blogspot.com/2017/08/leia-o-texto-e-responda-as-proximas-10.html> Acesso em 10 de ago. de 2020.

8)  No trecho “[...] Tom entrou dentro dela e esticou o braço com a vela o mais distante que pôde, e então disse que era um buraco muito grande e não conseguia ver até o fundo da fenda. Decidiu explorá-la. Encurvou-se e passou por baixo da rocha. O caminho estreito descia gradualmente. Ele foi seguindo a senda tortuosa, primeiro para a direita, depois para a esquerda, com Huck logo atrás dele. [...]”, as palavras destacadas se referem a quem?

      a)  Huck.

b) Índio Joe.

c) Tom.

d) O galês.


 9) No trecho lido acima, os verbos indicam qual tempo?

Indicam um tempo passado (pretérito)

 10)Observe o trecho a seguir e responda:

 “Tom foi conduzindo o bote junto à margem, onde a correnteza era menos forte, através do longo crepúsculo de verão, tagarelando alegremente com Huck, até que desembarcaram um pouco depois de escurecer.”

 a)   As palavras Tom e Huck estão escritas com iniciais maiúsculas. Qual é a classificação que esses nomes recebem?

        São substantivos próprios.

 b)   Que sentido a expressão “crepúsculo” quer dizer no texto lido?

   Os instantes antes do pôr do sol.

 11)Qual foi a estratégia utilizada por um dos meninos para não se perder na caverna?

Amarraram barbantes de pandorga para se orientarem.

 12)No trecho “Ele desapareceu e em breve retornou com a carrocinha:”, a expressão “em breve” expressa a ideia de

a)  tempo.

b) lugar.

c)  condição.

d)  dúvida.  


 13. No trecho “Meu Deus, nós estamos ricos, Tom!A função do ponto de exclamação é

       a)  questionar.

b)   finalizar uma frase.

        c)    separar palavras.

        d) demonstrar emoção.


 

 

 

sábado, 19 de setembro de 2020

CRÔNICA: O CAMELO EXTRAVIADO - MARK TWAIN - COM GABARITO

 Crônica: O camelo extraviado

                             Mark Twain

   Um condutor de camelos perdeu o seu camelo e, encontrando um homem, perguntou-lhe: 

  -- Por acaso, o senhor não encontrou um camelo extraviado?

    O homem respondeu:

    -- Não é um camelo cego do olho esquerdo?

   -- Sim. 

        -- Que perdeu um dente de cima?

        -- Sim. 

        -- Que mancava da perna esquerda traseira?

        -- Sim! 

        -- Que carregava milho de um lado e mel do outro?

        -- Sim! O senhor não precisa apresentar mais detalhes. É exatamente o camelo que procuro. Estou com pressa. Onde o senhor o viu?

        -- Eu não vi camelo nenhum, respondeu o homem. 

        -- O senhor não viu? E como pôde descrevê-lo tão detalhadamente?

        -- Porque sei me servir dos olhos para observar as coisas. A maioria das pessoas tem olhos que não lhes servem de nada. Eu sabia que um camelo havia passado porque vi rastros. Sabia que mancava da pata esquerda traseira pelas marcas diferentes deixadas no chão do lado esquerdo. Sabia que era cego de um olho, porque só pastou o capim do lado direito do caminho. Sabia que perdeu um dente de cima porque deixou falhas nas raízes que mordeu. Notei que aves comiam os grãos de milho que foram caindo do lado esquerdo. Sei que o mel escorreu do lado direito porque observei muitas moscas juntas desse lado. Sei tudo sobre o seu camelo, mas não o vi. 

Mark Twain. Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 10-1.

Entendendo a crônica:

01 – O texto que você leu é um diálogo.

a)   Qual é o assunto do diálogo?

O assunto é um camelo que desapareceu.

b)   Quem está dialogando?

O diálogo ocorre entre dois homens; um deles é o dono do camelo.

02 – Você acha que as pessoas que conversam no texto se conhecem ou são estranhas uma para a outra? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São estranhas, pela maneira respeitosa que o trata “senhor”.

03 – O homem não viu o camelo, mas conseguiu descrevê-lo. Como ele concluiu que:

a)   O camelo era cego de um olho?

Porque o animal só pastou o capim de um dos lados da estrada.

b)   O animal havia perdido um dente?

Porque ficaram falhas nas raízes que ele mordeu.

c)   O animal mancava de uma perna?

Porque algumas marcas deixadas no chão eram diferentes das outras.

04 – Como o homem concluiu que, de um lado, o camelo carregava milho e, de outro, levava mel?

      Ele notou que as aves estavam comendo os grãos caídos em um dos lados da estrada e que havia moscas reunidas sobre o mel derramado no outro lado.

05 – Na sua opinião, o homem que indicou as caracterís­ticas do camelo é um bom observador? Justifique sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, porque ele soube identificar os sinais que este havia deixado por onde passara.

06 – O que o homem que descreveu o camelo quis dizer com a frase "A maioria das pessoas tem olhos que não lhes servem de nada"?

      Ele deu a entender que muitas pessoas, apesar de enxergarem bem, não aproveitam essa capacidade, pois não prestam atenção àquilo que podem ver, ou seja, não observam atentamente as coisas.

07 – O fato narrado no texto, se realmente tivesse acontecido, poderia ter se passado no Brasil? Por quê?

      Não. Porque no Brasil, a não ser no zoológico, não há camelos. Mesmo que tivesse fugido, não seria um animal de carga.

08 – O autor do texto, ao criar essa história, não quis ape­nas contar um fato a respeito de um camelo. Na verdade, ele inventou esse acontecimento para trans­mitir aos leitores uma mensagem. Explique, com suas palavras, que mensagem seria essa.

      Resposta pessoal do aluno.