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terça-feira, 21 de setembro de 2021

CAUSO: NUM RANCHO ÀS MARGENS DO RIO PARDO - EQUIPE XICO DA KAFUA

 Causo: Num rancho às margens do Rio Pardo

             Equipe Xico da Kafua

        Era um matuto dos bons e vivia num rancho às margens do Rio Pardo, perto de Cajuru. Seu Ico era o apelido dele. Acreditava em tudo que via e ouvia. E tinha opiniões muito firmes sobre coisas misteriosas. Adorava contar casos de assombração e outros bichos: 

        — Fui numa caçada de veado no primeiro dia da quaresma! Ai, ai, ai! Num pode caçá na quaresma, mas eu num sabia. Aí apareceu a assombração! Arma penada do otro mundo. E os cachorro disparô. Foro tudo pro corgo pra modi fugi da bicha... Veado que é bão nem nu pensamento, pruque eis tamém pressintiru a penuria passanu ali pertu! 

        — Mas era assombração mesmo, seu Ico? 

        — Pois u que havera di sê? Esse mundo é surtido! 

        Pois no mundo sortido do seu Ico também tinha saci! 

        — Quando é que o senhor viu saci, seu Ico? 

        — Ara! Vi a famia toda, num foi um saci só... Tinha o saci, a sacia gravi (ele queria dizer grávida), e os sacizim em riba da mãe, tudo pulano numa perna... 

        — E o que eles fizeram ou disseram pro senhor?

        — Nada... O saci cachaço inda ofereceu brasa pro meu paiero (tradução: o saci-pai acendeu o cigarro de palha dele). Gardicido!, eu disse... e entrei pa dentro modi num vê mais as tranquera... 

        E mula sem cabeça? Ah, seu Ico garante que existe: 

        — Essa eu nunca vi, mas ouvi o rinchado dela umas par de veis... E otro que eu tamém vi foi o tar de lobisome! Ê bicho fei! Mai num feis nada... desvirô num cachorro preto e sumiu presse mundão de meu Deus. Agora, em dia de pescaria, aparece muito é caboco-d'água. Um caboquim pretim e jeitado que mora dentro do rio... Ah, e tem que vê tamém o caapora. Grandão qui nem ele só, com um corpo peludo. Bichu fei! E o curupira! Vichi Maria, é fei dimais, tem pé virado pa trais... 

        — E com tudo isso o senhor ainda se arrisca a ir pro meio do mato, seu Ico? 

        — Pois vô sem medo! Qué sabê? – Dá uma gargalhada rouca e faz um ar maroto. – Qual! Tenho muito, mais muito mais medo é de gente vivo! 

EQUIPE Xico da Kafua, 24 nov. 2007. Disponível em: https://www.xicodakafua.com.br/causos_detalje.php?cod=9. Acesso em: 8 jan. 2015.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 4ª Edição São Paulo 2015 p. 159-161.

Entendendo o causo:

01 – Complete a alternativa a seguir com as informações corretas sobre o texto. 

        Nesse texto. Um narrador fala sobre seu Ico, um homem do interior que diz ter visto diferentes tipos de assombrações. Para descrever o matuto, o narrador apresenta sua conversa com ele. 

      Ico, interior e assombrações.

02 – Releia as perguntas ou comentários que o narrador dirige a seu Ico. 

        — Mas era assombração mesmo, seu Ico? [...] 

        — Quando é que o senhor viu saci, seu Ico? [...] 

        — E o que eles fizeram ou disseram pro senhor? 

·        Qual é a intenção do narrador ao fazer essas perguntas?

Ele faz perguntas a seu Ico para direcionar a conversa, estimular o contador a falar sobre diferentes assuntos ou aprofundar a descrição do que ele já está contando. 

03 – O narrador, além de mostrar ao leitor os causos de seu Ico, retrata-o como uma personagem bem interiorana. Destaque palavras, expressões ou frases que identifiquem seu Ico como tal. 

      “Um matuto dos bons”; “Vivia num rancho”; “acreditava em tudo que via e ouvia”; “tinha opiniões muito firmes sobre coisas misteriosas”; “adorava contar casos de assombração e outros bichos”.

04 – É possível dizer que há dois narradores no texto que você leu: um que conta a história de seu Ico e outro que é o próprio Ico – personagem que também narra suas histórias ao longo do texto. 

·        Considerando essas informações, responda: Qual dos dois narradores pode ser considerado um "contador de causos"?

Seu Ico, pois é ele quem narra histórias que envolvem assombrações e personagens lendários.

05 – Quais são os seres sobrenaturais citados por seu Ico? 

      Assombração (alma penada), família de sacis, mula sem cabeça, lobisomem, caboclo-d'água, caipora e curupira.

06 – Releia o trecho a seguir e responda às próximas questões. 

        “— Fui numa caçada de veado no primeiro dia da quaresma! Ai, ai, ai! Num pode caçá na quaresma, mas eu num sabia. Aí apareceu a assombração!”

a)   Seu Ico faz referência a uma crendice popular relacionada a um fato religioso. Qual é ela?

Atividades que não podem ser realizadas durante a quaresma (quarenta dias que antecedem a Páscoa cristã), como caçar. 

b)   As crendices populares estão presentes no cotidiano. Cite algumas que você conhece. 

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: acreditar que atitudes como passar embaixo de escada, ver gato preto em noite de sexta-feira, quebrar espelho trazem azar.

07 – Você já viu um contador de causo pessoalmente ou pela TV? Conte para seus colegas. 

      Resposta pessoal do aluno. Professor, incentive a socialização das vivências.

08 – Copie das frases a seguir as palavras cujo significado você desconheça. Primeiro, tente descobrir o sentido dos termos, observando a relação que estabelecem com outras palavras. Depois, pesquise as palavras no dicionário e anote o significado que seja mais adequado ao contexto.

a)   "Era um matuto dos bons [...]".

Era um caipira dos mais típicos, dos mais autênticos, original.

b)   "Dá uma gargalhada rouca e faz um ar maroto."

Dá uma gargalhada rouca e faz um ar de esperto, brejeiro. 

 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

CAUSO: DOIS CABOCLOS NA ENFERMARIA - ROLANDO BOLDRIN - COM GABARITO

 Causo: Dois caboclos na enfermaria

                  Rolando Boldrin

       Lá na minha terra tinha um caboclo que vivia reclamando de uma dor na perna. E, coincidentemente, um compadre dele tinha também a mesma dor na perna, e também estava sempre reclamando da danada.

        Só que nenhum deles tinha coragem de ir ao médico. Ficavam mancando, reclamando da dor, mas não iam ao hospital de jeito nenhum. Até que um deles teve uma ideia:

        Caboclo 1 – Ê, cumpadi, nóis véve sofrendo muito com a danada dessa dor na perna... Por que é que nóis num vamu junto no dotô? Vamos lá. A gente faz a consulta, e tal, se interna no mesmo quarto... Daí fazemo o tratamento e vemo o que acontece. Se curar, tá bom demais!

        O compadre gostou da ideia, tomou coragem e lá se foram os dois.

        Quando chegaram ao hospital, o médico pediu para o primeiro deitar na cama e começou a examinar. Fez algumas perguntas e foi apertando a perna do caboclo:

        Doutor – Dói aqui?

        Caboclo 1 – Aiiii...

        Doutor – E aqui, como é que está?

        Caboclo 1 – Aii, aii, aii! ... Dói demais!

        E o outro só olhando. Quando chegou a vez dele, o médico foi cutucando, apertando, mas nada de ele gemer. Ficou quieto o tempo todo. Aí o médico foi embora e o compadre estranhou:

        Caboclo 1 - Mas, cumpadi... a minha porta doeu demais da conta com os aperto do hômi... Como é que a sua não doeu nadica de nada?

        Caboclo 2 – E ocê acha que eu vou dá a perna que dói pro hômi apertá?!?!?!


              Rolando Boldrin. Dois caboclos na enfermaria. In: ANDREATO, Elifas. Brasil – Almanaque de cultura popular. 2017.

                                  Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 197-9.

Entendendo o causo:

01 – O causo é iniciado com a expressão: “Lá na minha terra”. Responda:

a)   Por que narrador inicia o causo dessa forma?

Porque ele está se apresentando como contador de causo e utiliza essa expressão para dar uma ideia de veracidade ao fato, por ter acontecido em sua terra.

b)   O foco narrativo está em primeira ou em terceira pessoa? Explique.

Embora o narrador use o pronome em primeira pessoa minha, o foco narrativo está em terceira pessoa, porque ele não participa dos fatos que conta.

02 – Releia os dois primeiros parágrafos do causo e responda:

a)   Como o narrador apresenta os personagens?

Um caboclo que sentia dor na perna e, coincidentemente, um compadre dele, outro caboclo, com a mesma dor, mas que não procuravam um médico.

b)   Vivendo uma situação em comum, o que os dois personagens decidem?

Ir até o hospital juntos procurar um médico.

c)   Pesquise no dicionário o significado da palavra caboclo.

Indivíduo mestiço, filho de branco com indígena; indivíduo simples do sertão, com pele bronzeada de sol e cabelos lisos; pessoa da área rural; caipira.

d)   Qual(is) desses significados pode(m) relacionar-se ao causo?

Indivíduo simples do sertão; pessoa da área rural; caipira.

03 – Releia o trecho a seguir:

        “Ficavam mancando, reclamando da dor, mas não iam ao hospital de jeito nenhum.”

a)   Que características dos personagens o narrador está enfatizando nesse trecho? Explique.

São enfatizadas a teimosia e a desconfiança dos personagens.

b)   Em sua opinião, o que a atitude dos personagens pode revelar sobre o comportamento de muitas pessoas em relação a procurar um médico?

Resposta pessoal do aluno.

04 – Para prender a atenção e criar expectativa no leitor/ouvinte, o contador relata os mínimos detalhes da ida dos dois personagens ao médico. Responda:

a)   Quais detalhes são descritos da consulta do caboclo 1?

O médico pediu que se deitasse na cama, fez perguntas e apertou a perna dele, que sentiu muita dor, enquanto seu compadre olhava.

b)   Quais detalhes são descritos da consulta do caboclo 2?

O médico foi cutucando, apertando, mas nada de ele gemer.

05 – Releia o diálogo entre o médico e o caboclo 1.

        “Quando chegaram ao hospital, o médico pediu para o primeiro deitar na cama e começou a examinar. Fez algumas perguntas e foi apertando a perna do caboclo:

        Doutor – Dói aqui?

        Caboclo 1 – Aiiii!

        Doutor – E aqui, como é que está?

        Caboclo 1 – Aii, aii, aii! ... Dói demais!”

a)   Embora o texto lido seja um causo, com que outro gênero textual ele se assemelha? Explique as semelhanças.

As semelhanças se apresentam pelo nome dos personagens antecedendo suas falas e pela forma como as frases estão colocadas, como se o personagem estivesse dramatizando.

b)   Que recursos linguísticos são usados para expressar a sensação do personagem que está sob cuidados médicos?

Uso da interjeição “Aiiii” e da pontuação expressiva com os pontos de exclamação.

c)   Que efeito de sentido o autor promove ao usar esses recursos na fala do personagem?

Para tornar a história interessante, o contador usa diferentes recursos expressivos de linguagem, como o recurso do uso de interjeição e do ponto de exclamação.

d)   É possível observar, no trecho destacado acima, que, além do discurso direto, o autor utiliza o discurso indireto. Transcreva os trechos em que isso ocorre.

“[...] o médico pediu para o primeiro deitar na cama [...]”; “[o médico] Fez algumas perguntas.”

06 – Leia o quadro a seguir sobre o gênero textual causo.

        Os causos são histórias de tradição oral, contadas, geralmente, em uma linguagem espontânea, que registra o jeito de falar típico de determinada região ou localidade. Envolvem fatos pitorescos (inusitados, curiosos, surpreendentes), reais, fictícios ou ambos; e podem ou não envolver o narrador.

        Os contadores de causos apresentam vários recursos que costumam prender a atenção de seus ouvintes, como entonação, gestos, suspense, efeitos de surpresa, humor, etc. Características como sotaque e vocabulário da região são naturais a muitos deles.

Responda:

a)   Que fato pitoresco é contado no causo?

Dois “caboclos” que sentiam uma dor danada na perna resolveram ir juntos ao médico. Um deles foi examinado e sentiu uma dor horrível quando o médico apertou a perna dele. O outro não demonstrou nenhuma reação no momento do exame. Ao ser questionado pelo companheiro se a perna não tinha doido quando foi examinada, ele disse que não mostrou a perna que doía, para o médico não apertar.

b)   Segundo o contador, essa história é real ou fictícia? E você, o que acha?

De acordo com o contador, a história é lá da terra dele, então, para ele, é real. Resposta pessoal do aluno.

c)   Que fato provoca efeito de humor no leitor ou ouvinte do causo?

É o fato de o caboclo ter mostrado a perna boa para o médico não apertar a perna que doía.

07 – Nos diálogos, os caboclos e o médico representam de forma diferente os modos de falar dos personagens. Responda:

a)   Qual variedade linguística é usada para representar o modo de falar dos caboclos?

A variedade regional do português brasileiro.

b)   Na fala dos caboclos, que efeito de sentido o uso dessa variedade linguística pode provocar?

O modo de falar possibilita caracterizar melhor os personagens e inferir seus valores humanos e sociais.

c)   Qual é a variedade linguística usada para representar o modo de falar do médico?

O modo de falar do médico emprega a variedade urbana de prestígio, de acordo com a norma-padrão da língua.

d)   Na fala do médico, que efeito de sentido o uso dessa variedade linguística pode provocar?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

CAUSO: AS SETE VELHAS DA ESTRADA - MAURÍCIO PEREIRA - COM GABARITO

 Causo: As sete velhas da estrada

                                                             Maurício Pereira

        Faz uns quarente anos que isto aconteceu, numa tarde quente do mês de janeiro.

        O Tavinho e o seu cunhado Zezinho Pereira voltavam de jipe da vila, que era como eles chamavam a cidade de Redenção da Serra. Já estavam quase chegando ao Sítio do Fundão quando, ao contornar um morro, encontraram o Berto, irmão de Tavinho, vindo de charrete. Ele ia para a vila buscar o filho Paulo, que estudava medicina no Rio de Janeiro e agora vinha passar as férias no sítio do pai.

        O Tavinho então pediu ao irmão que voltasse para casa com o Zezinho, para ele ir na charrete apanhar o sobrinho. O Berto concordou.

        Perto da encruzilhada, onde sai a estrada para a cidade velha, o Tavinho avistou sete velhas à beira do caminho. Estavam três de um lado e quatro do outro. Vestidas de branco, pareciam rezar, dispostas na forma de um triangulo. Aquilo assustou o cavalo, que refugou, mas o cavaleiro insistiu. Passaram pelas estranhas figuras e foram embora.

        Era uma visão esquisita, sinistra para aquele horário. Já estava começando a escurecer e não moravam tantas velhas na região. Ao encontrar com o sobrinho na vila, o Tavinho chegou a comentar o fato ocorrido na ida. Colocaram as malas na traseira da charrete e tomaram o caminho de volta.

        Mas o estranho foi que, ao passar novamente no local, não encontraram mais ninguém. As velhas sumiram com o cair da noite.

        Depois disso, outras pessoas contaram ter visto mulheres de branco na beira daquela estrada, ao pôr do sol.

Maurício Pereira.

Entendendo o causo:

01 – Quem são as personagens que aparecem no trecho?

      As personagens principais da história são Tavinho, seu cunhado Zezinho Pereira e o Berto (irmão do Tavinho).

02 – Qual o espaço em que a história acontece? É possível descrevê-lo?

      A história acontece na estrada no caminho da vila para o Sítio do Fundão.

03 – Quem é o narrador da história?

      O narrador é alguém que está contando a história – um narrador-observador que, provavelmente, ouviu ou lembra dos acontecimentos.

04 – É possível saber quando ocorreu a história?

      Sim, ocorreu em uma tarde quente do mês de janeiro, quarenta anos atrás.

05 – O que você imagina que pode acontecer depois que Tavinho pediu ao irmão que voltasse para casa?

      Resposta pessoal do aluno.

  

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

CAUSO: BARBEIRO - PUBLICADO POR ROBERTO COHEN - COM QUESTÕES GABARITADAS


Causo: Barbeiro

        Diz que, um belo dia, um índio bem alegre chegou numa barbearia juntamente com um menino, os dois para cortar o cabelo. 
        O barbeiro, gente mui buena, fez um belo corte no índio, que já aproveitô pra aparar a barba, enfim, deu um trato geral. Depois de pronto o índio, chegou a vez do guri. Nisso o índio disse pro barbeiro:
        -- Tchê, enquanto tu corta as melena do guri, vou dar um pulo até o bolicho da esquina comprar um cigarrito e já tô de volta
        -- Tá bueno! -- disse o barbeiro. 
        Só que o barbeiro terminou de cortar o cabelo do guri e o índio não apareceu. 
        -- Senta aí e espera que teu pai já vem te buscar. 
        -- Ele não é meu pai! - disse o moleque. 
        -- Teu irmão, teu tio, seja lá o que for, senta aí. 
        -- Ele não é nada meu! -- falou o guri. 
        Aí o barbeiro perguntou intrigado:
        -- Mas quem é o animal então?
        -- Não sei! Ele me pegou ali na esquina e perguntou se eu queria cortar o cabelo de graça! 
Autor desconhecido. Publicado por Roberto Cohen em 
20 de Novembro de 1999.
Entendendo o causo:
01 – Quem são os personagens do causo?
      O índio; o menino e o barbeiro.

02 – As hipóteses que você havia levantado sobre o texto se confirmaram?
      Resposta pessoal do aluno.   

03 – Como o narrador caracteriza os personagens?
·        O barbeiro como gente muito boa.
·        O índio como uma pessoa bem alegre.
·        O menino com o cabelo grande.

04 – Após o barbeiro cortar o cabelo do índio, o que o índio disse ao mesmo?
      “-- Tchê, enquanto tu corta as melena do guri, vou dar um pulo até o bolicho da esquina comprar um cigarrito e já tô de volta.” 

05 – O texto informa quando e onde aconteceu esse episódio?
      Não. De acordo com o texto, só diz que era um belo dia.

06 – A princípio, qual se imagina que seja a relação entre o homem e o menino? Por quê?
      A relação de pai e filho. Porque era um homem e um garoto, e chegaram juntos ao salão.

07 – Até que ponto do texto essa impressão se mantém? Copiar o verso que comprava isso.
      “Ele não é meu pai.”    
 
08 – Quem disse a frase: “Mas quem é o animal então”? E a quem estava se referindo?
      Foi o barbeiro. E se referia ao índio.

09 – Você achou o final engraçado? Surpreendente? Por quê? 
      Resposta pessoal do aluno.   

10 – Por que o barbeiro ficou intrigado e ao mesmo tempo irritado?
      Porque ele se sentiu enganado, e não esperava por isso.

11 – Copie do texto expressões coloquiais, informais: 
      “... aproveitô pra aparar... /
       ... deu um trato... /
       ... bolicho... /     
       ... corta as melenas...”

12 – O que significa a expressão destacada no texto? Você costuma utilizá-la? 
      Significa que não vou demorar para voltar. Sim, sempre.

13 – Podemos afirmar que esse texto pertence ao gênero textual CAUSO ou CONTO? Justifique sua resposta: 
      É gênero causo, pois é uma história contada de forma engraçada, com objetivo lúdico.


sexta-feira, 2 de março de 2018

CAUSO: FILHOTE NÃO VOA - ROLANDO BOLDRIN - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

CAUSO -   FILHOTE NÃO VOA


   Existe por aí afora muito caboclinho esperto e safado. Imaginem que lá pras bandas do Corgo Fundo tinha um que era tal e qual do jeito que estou falando.
     Pois não é que o dito cujo deu de roubar coisas da igreja de lá? E virava e mexia, o padre saía excomungando o tal, pois não conseguia pegá-lo com a boca na botija, ou melhor, com a mão na mercadoria roubada. 

     E vai daqui e vai dali, continuava sumindo coisa. Ora uma imagem, ora dinheiro dos cofrinhos... Enfim: um despropósito de coragem pra furto.
     Mas – sempre tem um mas – eis que o padre resolve botar um paradeiro na roubança. Arma-se de um trabuco carregado e posta-se às escondidas no escuro da igreja em altas horas e ali espera, atocaiado, pelo ladrãozinho que não deveria demorar para aparecer. Devia ser umas 3 da madrugada quando o padre se depara com um vulto esperto na escuridão. Engatilha o trabuco e aponta no rumo do vulto que, percebendo, se esconde com a carinha de safado por detrás de uma estátua grande de um anjo de asas...
     Padre (falando alto) Quem está aí?
     Ninguém, é claro, responde.
     Padre (mais alto) Quem está aí?
     Ninguém responde.
     Padre (apontando a arma engatilhada) Pois bem. Pela última vez,
vou perguntar: quem está aí? Se não responder, vou pregar fogo.
     A voz (trêmula e disfarçada) É.. é...um anjo, seu vigário. Eu sô um
Anjo...
     Padre (percebendo a malandragem) Que anjo o quê, seu idiota! Voa
Já daí!
     A Voz (caipiresca) Num posso avuá, seu vigário. Eu sô fióti!
     Conta-se que o padre, depois dessa resposta, resolveu ir dormir.

                                BOLDRIN, Rolando. Brasil Almanaque de Cultura Popular, n. 75, jun. 2005.

  1 -   Em seu caderno, explique o significado dos seguintes trechos:
         a)    “Enfim: um despropósito de coragem pra furto”.
             Uma enorme coragem, ousadia para roubar.

         b)    “Mas – sempre tem um mas [...]”.
           Sempre há um entrave, uma contrariedade.

  2 -   No causo, o narrador não descreve fisicamente a personagem que realiza os roubos na igreja, mas faz referência a ela de outras maneira. Em seu caderno, transcreva todas as expressões que fazem uma descrição dessa personagem.
     “Caboclinho esperto e safado”; “um despropósito de coragem pra furto”; “Ladrãozinho”; “Vulto esperto”.

  3 -   O fato de o padre identificar a personagem que roubava pela voz tem uma intenção. Qual?
     O fato de não revelar a identidade de quem furta o causo mais misterioso; é como se o autor reforçasse o mistério de quem era o ladrão. Até o leitor fica sem essa resposta.

4 -   Se o padre continuasse insistindo até descobrir quem é a pessoa, o causo perderia a graça? Por quê?
     Sim. Porque a graça está justamente no fato de a identidade não ser revelada e de o conto ser encerrado com o padre indo dormir. Se o padre insistisse, a piada se estenderia e perderia o seu propósito.

5 - É possível afirmar que o texto apresenta marcas de uma variedade linguística específica?
     Ao empregar os termos "Corpo Fundo", "trabuco", "atocaiado", "Num posso avuá, seu vigário. Eu sô fióti!", e a própria forma como o conto é conduzido, remete a linguagem oral do povo do interior, caipiresca, portanto o texto apresenta marcas de uma variedade linguística específica, a linguagem oral.

INTRODUÇÃO
  Existe por aí afora muito caboclinho esperto e safado. Imaginem que lá pras bandas do Corgo Fundo tinha um que era tal e qual do jeito que estou falando.

CONFLITO
   Pois não é que o dito cujo deu de roubar coisas da igreja de lá? E virava e mexia, o padre saía excomungando o tal, pois não conseguia pegá-lo com a boca na botija, ou melhor, com a mão na mercadoria roubada. E vai daqui e vai dali, continuava sumindo coisa. Ora uma imagem, ora dinheiro dos cofrinhos... Enfim: um despropósito de coragem pra furto.

CLÍMAX
      Mas – sempre tem um mas – eis que o padre resolve botar um paradeiro na roubança.

SOLUÇÃO DO CONFLITO

Arma-se de um trabuco carregado e posta-se às escondidas no escuro da igreja em altas horas e ali espera, atocaiado, pelo ladrãozinho que não deveria demorar para aparecer. Devia ser umas 3 da madrugada quando o padre se depara com um vulto esperto na escuridão. Engatilha o trabuco e aponta no rumo do vulto que, percebendo, se esconde com a carinha de safado por detrás de uma estátua grande de um anjo de asas...
     Padre (falando alto) Quem está aí?
     Ninguém, é claro, responde.
     Padre (mais alto) Quem está aí?
     Ninguém responde.
     Padre (apontando a arma engatilhada) Pois bem. Pela última vez,
vou perguntar: quem está aí? Se não responder, vou pregar fogo.

DESFECHO
    A voz (trêmula e disfarçada) É.. é...um anjo, seu vigário. Eu sô um
Anjo...
     Padre (percebendo a malandragem) Que anjo o quê, seu idiota! Voa
Já daí!
     A Voz (caipiresca) Num posso avuá, seu vigário. Eu sô fióti!
     Conta-se que o padre, depois dessa resposta, resolveu ir dormir.