Mostrando postagens com marcador FERNANDO SABINO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FERNANDO SABINO. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

CRÔNICA: JAGUATIRICAS A BORDO - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 Crônica: JAGUATIRICAS A BORDO

              Fernando Sabino

        De repente, em pleno voo a caminho de Lisboa, passa por mim um comissário de bordo carregando uma jaguatirica.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-AnuPJMJHKQxe8XsHMbc49ggGQLC21Gsr7lXjwWf3pzNz9DEmyu7ysjwlK17laMPFVGQiv9ujmwU2L2MoEmQEAjk4_1_QTN9peN63Z9ziH8v_KhHBeOdoEq1ZLCVC2cjM48HpyrjdZbEaSBWGJTnE71V-w2O3Z4JT8jz7Ri0-lzJDuJgTGWs_y1vo1mw/s320/JAGUA.jpg


        Os demais passageiros dormem na penumbra do avião, eu também cochilava ainda há pouco. Estarei sonhando? Nada disso, já vem o homem de volta com o bicho no colo.

        -- Que bicho é esse? – pergunto.            

        -- Uma jaguatirica – responde ele simplesmente, erguendo o felino nos braços para que eu o veja de perto: – filhote ainda. Parece um gato, não parece?

        -- Tira isso pra lá! – reajo, encolhendo-me na poltrona. – Parece uma jaguatirica.

        -- Pois é uma jaguatirica.       

        -- Você me disse.

        Penso comigo: nada mais perecido com uma jaguatirica do que uma jaguatirica. A longa viagem dentro da noite, os passageiros dormindo, tudo conspira para me deixar vagamente idiota, os passageiros flutuando no ar.

        -- E posso saber o que está fazendo essa sua jaguatirica aqui no avião? – pergunto, cauteloso.

        -- Não é minha não – explica ele: – É de um passageiro. Trouxe do Pará, vai levar para morar com ele em Lisboa. A minha deixei no Rio, lá no meu apartamento, um amigo da comida pra ela enquanto viajo.
        -- A sua o quê?

        -- A minha jaguatirica.

        -- Ah! Quer dizer que você também tem uma.

        -- Tenho. Por que? O senhor não gosta de jaguatiricas?

        -- Gosto, gosto... Eu não sabia é que estava na moda ter jaguatiricas. Confesso que no momento não tenho nenhuma.

        -- Quem é que não gosta? – torna ele, entusiasmado, procurando conter a fera, que se mexe ameaçadoramente nos seus braços. – Um amigo meu lá em Teresópolis tem um leãozinho, mas leão dá muito trabalho, o senhor não acha?

        -- Sem dúvida – concordo, sacudindo a cabeça: – Cortar as unhas, pentear a juba, essa coisa toda...

        -- Jaguatirica não: mandei fazer umas luvas, embaixo é peludinho, em cima é de náilon. Para não arranhar o sinteco, sabe? Eu mesmo dou banho nela, é divertido, acredite.

        -- Eu acredito – torno a concordar, sem grande entusiasmo.

        -- Não tem perigo nenhum – insiste ele: – De morder, que eu digo. Só morde quando está com raiva. Pode é arranhar sem querer. Mas não aparo as unhas dela, acho uma pena.

        -- Realmente, seria uma pena.

        Ele continua a dissertar animadamente sobre o assunto:

        -- Esse cara, por exemplo, vai se dar mau com a jaguatirica dele. Porque, como o senhor sabe, jaguatirica não pode viver só com o dono. Chega uma hora lá, tem de casar, não é isso mesmo?

        -- Isso mesmo: não vai ser fácil arranjar em Lisboa um jaguatirica.

        -- É o que eu estou dizendo: como é que ele vai casar a bichinha? Já tive uma que era solteira, foi ficando maluca, acabei tendo de matar a tiro, uma pena.

        Como ele não diz mais nada, olhando embevecido a jaguatirica, me arrisco a perguntar:

        -- Isso aí não é uma espécie de onça não?

        -- Não é não: é uma espécie de jaguatirica mesmo.

        E ele acrescenta, procurando me tranquilizar:

        -- Pode ter certeza de uma coisa: bicho nenhum come gente a não ser que esteja com muita fome. Com fome até o homem é capaz de tudo, inclusive de comer gente. Ouça o que estou lhe dizendo. Ouço o que ele está me dizendo, nos confraternizamos à base do nosso amor às jaguatiricas, e volto a cochilar.

O gato sou eu. Rio de Janeiro, Record, 1984.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 80.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a situação inicial que causa a surpresa do narrador?

      O narrador, em pleno voo noturno para Lisboa, é surpreendido ao ver um comissário de bordo passando com uma jaguatirica no colo.

02 – Como o comissário descreve a jaguatirica para o narrador?

      O comissário diz que é um filhote e o ergue para que o narrador veja de perto, comparando-o a um gato. No entanto, o narrador reage com medo, afirmando que o animal "parece uma jaguatirica".

03 – A jaguatirica que está no avião pertence a quem e para onde está indo?

      O comissário explica que o animal pertence a um passageiro que o trouxe do Pará e o está levando para morar com ele em Lisboa.

04 – O que o narrador descobre sobre a relação do comissário com as jaguatiricas?

      O narrador descobre que o comissário também tem uma jaguatirica em seu apartamento no Rio de Janeiro. Isso o surpreende, e ele confessa que não sabia que "estava na moda ter jaguatiricas".

05 – Quais são os cuidados que o comissário tem com sua jaguatirica, de acordo com o texto?

      O comissário explica que fez luvas especiais para a jaguatirica, com pelinho por baixo e náilon por cima, para não arranhar o sinteco. Ele também diz que ele mesmo dá banho no animal e não apara suas unhas.

06 – Qual o problema que o comissário aponta para o passageiro que leva a jaguatirica para Lisboa?

      O comissário aponta que o passageiro terá dificuldades em Lisboa, pois "jaguatirica não pode viver só com o dono". O animal precisa casar, e o comissário questiona como o passageiro vai arranjar um par para a jaguatirica na nova cidade. Ele ainda relata um caso anterior em que teve que matar uma jaguatirica que ficou "maluca" por ser solteira.

07 – Qual a última afirmação que o comissário faz para o narrador?

      A última afirmação do comissário é que "bicho nenhum come gente a não ser que esteja com muita fome". Ele compara o comportamento do animal ao do ser humano, dizendo que "com fome até o homem é capaz de tudo, inclusive de comer gente".

 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

CRÔNICA: NOTÍCIA DE JORNAL - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 Crônica: Notícia de Jornal

              Fernando Sabino

        Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8EvbercfLXZZogrdQEWgpPxOpNSQXbK0HtaV2krSewN3KEU5zGXyzlG8KeskDUXI4uo5werUoJAEoRXjBBP6GTERi4dAnJR6QXyuZe2VnHLWM0i7TVV-hvpoK7r8kFi5aXxvVlicVFbsdyd34prcW-Y-PbLuPshTKBe-goZu6J5aBrIqnz6uEqd5T9YI/s320/JORNAL.jpg


        Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

        Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

        O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem deu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

        Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

        E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

        E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

        Morreu de fome.

Fernando Sabino, A Mulher do Vizinho, 1997.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal crítica social presente na crônica?

      A principal crítica social presente na crônica é a indiferença da sociedade diante da morte de um homem por fome em plena cidade. Sabino denuncia a desumanização e a falta de empatia das pessoas, que preferem ignorar o sofrimento alheio. A crônica questiona os valores da sociedade e a ausência de solidariedade.

02 – Como a repetição da frase "morreu de fome" contribui para o efeito da crônica?

      A repetição da frase "morreu de fome" reforça a ideia da morte como um fato banal e corriqueiro, desumanizando a vítima. A repetição cria um efeito de choque e indignação, denunciando a crueldade da situação.

03 – Qual o papel dos personagens secundários (comerciantes, autoridades, passantes) na história?

      Os personagens secundários representam a sociedade como um todo, com suas diferentes reações diante da morte do homem. Os comerciantes simbolizam a preocupação com o próprio bem-estar e a busca por soluções práticas para problemas que os incomodam. As autoridades representam a burocracia e a falta de responsabilidade, enquanto os passantes simbolizam a indiferença e a apatia da maioria.

04 – Qual a importância da caracterização física do homem que morreu de fome?

      A caracterização física do homem é intencionalmente vaga, destacando sua condição de ser humano anônimo e descartável. A falta de detalhes sobre sua identidade reforça a ideia de que ele representa todos os marginalizados e excluídos da sociedade.

05 – Qual a relação entre o título da crônica e seu conteúdo?

      O título "Notícia de Jornal" é irônico, pois a morte por fome é apresentada como uma notícia comum, sem a devida importância e comoção. A crônica denuncia a banalização da morte e a insensibilidade da sociedade diante do sofrimento humano.

06 – Qual o efeito da linguagem utilizada por Fernando Sabino na crônica?

      A linguagem utilizada por Sabino é direta, objetiva e impactante. A repetição de frases e a ausência de adjetivos emotivos reforçam o caráter denunciatório da crônica. A linguagem clara e concisa contribui para a compreensão do leitor e o choca com a realidade apresentada.

07 – Qual a mensagem principal que a crônica transmite?

      A mensagem principal da crônica é um chamado à reflexão sobre a condição humana e a importância da solidariedade. Sabino nos convida a questionar nossos valores e atitudes, denunciando a indiferença e a desumanização presentes na sociedade. A crônica nos lembra que cada vida tem valor e que somos responsáveis pelo bem-estar do próximo.

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CRÔNICA: A INVENÇÃO DA LARANJA - FRAGMENTO - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 Crônica: A INVENÇÃO DA LARANJA – Fragmento

              Fernando Sabino

        Nem todos sabem que a laranja, fruta cítrica, suculenta e saborosa, foi inventada por um grande industrial americano, cujo nome prefiro calar, mas em circunstâncias que merecem ser contadas.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDhAMjZsld8U2vRTTnM1n3jUuO7fRgg6Dmg7fQhQ09jqIyB0MsuFlJnA7t1CsZlx1_UJYSGii7tHxkeSJlOkKESuP4RYs1Ccpj1zj8UtGYXffHXN-uugtHOgFZB97f0NxfRMjCZWaLWULlGdvS5lo8XMwMUXRaKTVS_JdPyEep3APYHfJkrx-2rAs7Ysc/s320/LARANJA.jpg


        Começou sendo chupada às dúzias por este senhor, então um simples molecote de fazenda no interior da Califórnia. Com o correr dos anos o molecote virou moleque e o moleque virou homem, passando por todas as fases lírico-vegetativas a que se sujeita uma juventude transcorrida à sombra dos laranjais: apaixonou-se pela filha do dono da fazenda, meteu-se em peripécias amorosas que já inspiraram dois filmes em Hollywood e que culminaram nas indefectíveis flores de laranjeiras, até que um dia, para encurtar, viu-se ele próprio casado, com uma filha que outros moleques cobiçavam, e dono absoluto da plantação.

        [...]

SABINO, Fernando. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 244. Fragmento.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 430-431.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal ironia presente no conto?

      A principal ironia reside na ideia de que a laranja, um fruto tão natural e antigo, tenha sido "inventada" por um homem. Essa afirmação subverte a noção de que a natureza é algo estático e imutável, sugerindo que a realidade pode ser moldada pela imaginação e pelas experiências humanas.

02 – Qual o papel do protagonista na "invenção" da laranja?

      O protagonista não inventa a laranja no sentido literal, mas sim transforma a sua relação com a fruta. Ao longo de sua vida, ele estabelece uma conexão profunda com os laranjais, vivenciando diversas experiências que o fazem apreciar ainda mais o sabor e o significado da laranja. Sua história pessoal se entrelaça com a história da fruta, criando uma nova perspectiva sobre ela.

03 – Que elementos da narrativa contribuem para o humor da crônica?

      O humor da crônica é construído através da exageração, da ironia e da subversão de expectativas. A ideia de que um homem tenha inventado a laranja, a descrição das peripécias amorosas do protagonista e a relação entre a fruta e as fases da vida são elementos que contribuem para a criação de um efeito cômico.

04 – Qual a importância da natureza na crônica?

      A natureza, representada pelos laranjais, desempenha um papel fundamental na crônica. Ela serve como pano de fundo para a história do protagonista, influenciando suas emoções e moldando sua personalidade. A laranja, em particular, é um símbolo da vida, da fertilidade e da renovação.

05 – Qual a mensagem principal da crônica?

      A mensagem principal da crônica é que a realidade é construída a partir de nossas experiências e percepções. A laranja, que para muitos é apenas uma fruta, adquire um significado especial para o protagonista, tornando-se um símbolo de sua vida e de suas memórias. A crônica nos convida a olhar para o mundo com mais atenção e a encontrar significado nas coisas mais simples.

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

CRÔNICA: O MELHOR AMIGO - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 CRÔNICA: O Melhor Amigo

                   Fernando Sabino

 A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.

– Meu filho? – gritou ela.

– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.

– Que é que você está carregando aí?

Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkq_eAecfBEKvUyNMH1ZF_EWNm44ZZKJMQDbP4AdT5hrIMdqYpDMB9D45pyehyphenhyphen6geTHLfWyOcyFIsQYqQtr4eDyvH4a4aEV_Zv9MLqHUp7MOwnzOb4HxnaCKsRza_bSFxoJp6Kv-w785DrrqqNOOwaRhq49LIqlxsaskPbT2kN7mwfhl__1FnVDo8bHs4/s1600/CAO.jpg


– Eu? Nada…

– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.

Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la. Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:

– Olha aí, mamãe: é um filhote…

Seus olhos súplices aguardavam a decisão.

– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?

– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?

Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso. Insistiu ainda:

– Deve estar com fome, olha só a carinha que ele faz.

Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!

– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.

– Tem dez minutos para botar esse bicho na rua. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar, Deus me livre de ainda inventar uma amolação dessas.

O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia lágrima. Voltou para o quarto, emburrado.

A gente também não tem nenhum direito nesta casa – pensava. Um dia ainda faço um estrago louco. Meu único amigo, enxotado desta maneira!

– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido! – gritou, lá do quarto, e ficou
esperando a reação da mãe.

– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza.

– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.

Você não é todo mundo.

– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não
faço mais nada.

Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com a sua costura.

– A senhora é ruim mesmo, não tem coração!

– Sua alma, sua palma.

Conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo: tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e depois… ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável:

– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora.

– Ah, mamãe, deixa! – choramingou ainda: – Meu melhor amigo, não tenho mais
ninguém nesta vida.

– E eu? Que bobagem é essa, você não tem sua mãe?

– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.

– Deixa de conversa: obedece sua mãe.

Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe chegou a se preocupar: meninos nessa idade, uma injustiça praticada e eles perdem a cabeça, um recalque, complexos, essa coisa.

– Pronto, mamãe!

E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.

– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava, murmurou pensativo.

In: http://www.contioutra.com/o-melhor-amigo-cronica-de-fernando-sabino/

Entendendo o texto

 01-Estamos diante do gênero textual:

     a- notícia, pois relata o que aconteceu com um menino, uma mãe e um cachorro;

     b- conto, pois conta uma história de ficção sobre um menino, uma mãe e um cachorro;

     c- crônica, pois narra um episódio do cotidiano que pode ocorrer na vida de qualquer criança e sua mãe, envolvendo o desejo do menino de cuidar de um cãozinho;

    d- artigo de opinião, pois demonstra a opinião negativa de uma mãe sobre a possibilidade de seu filho adquirir um cachorro.

02-Na ironia, o locutor diz A, mas pensa B, ou seja, pensa o contrário de A. Dito isso, o título “O melhor amigo” recebeu um tratamento irônico, pois:

      a- o menino tratou o cachorrinho do início ao fim da história como se fosse realmente seu melhor amigo;

     b- O menino ficou deprimido pelo abandono do seu melhor amigo;

     c- O menino vendeu seu chamado “melhor amigo” por trinta dinheiros.

03-A intertextualidade ocorre quando um dado texto-discurso se constrói baseado em outro texto-discurso preexistente. O final da crônica de Fernando Sabino possui intertextualidade explícita com uma passagem da Bíblia, quando esta relata:

    a- que Pedro negou conhecer seu amigo Jesus por três vezes, depois que este foi preso;

    b- que Judas vendeu seu amigo Jesus por trinta moedas;

    c- que Madalena lavou os pés do seu amigo Jesus;

04-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

    a-( V ) Percebe-se o discurso do medo constituinte dos filhos, fazendo com que estes tentem esconder suas práticas afetivas de seus pais;

    b-( V    ) Percebe-se o discurso do controle social que a instituição família exerce sobre suas crianças;

    c-( F  ) Percebe-se o discurso de aceitação e compreensão dos filhos perante o controle social exercido por seus pais;

   d-( V  ) Percebe-se o discurso da tentativa de chantagem emocional exercida pelos filhos sobre seus pais, no intuito de tentar conseguir seu objetivos

    e-( V ) Percebe-se o discurso da tendência de submissão das crianças perante o poder superior de seus pais;

    f-(  F  ) Percebe-se o discurso capitalista do vale-tudo para se obter lucros, inclusive comercializar os amigos;

05-Assinale o argumento que representa o discurso da MENTIRA:

      a) “– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.”

     b) “– Eu? Nada…”

     c) “– Olha aí, mamãe: é um filhote…”

     d) “– Ah, mamãe… – já compondo uma cara de choro.”

06-Assinale o argumento que representa o discurso da CHANTAGEM EMOCIONAL:

     a) “– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?”

     b) “– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.”

     c) “– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não vou mais ao colégio, não
faço mais nada.”

d) “– Eu devia ter pedido cinquenta, tenho certeza que ele dava murmurou, pensativo.”

07-Assinale o argumento que representa o discurso INCONFORMISMO DOS FILHOS perante as regras da família:

     a) “Mãe e cachorro não é a mesma coisa.”

     b) “– Meu melhor amigo, não tenho mais ninguém nesta vida.”

     c) “– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido!”

     d) “– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?”

08-No argumento “E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia vendido seu melhor amigo por trinta dinheiros.”, destaca-se o discurso:

     a- da fidelidade aos amigos;

     b- da traição aos amigos;

     c- da sensibilidade aos amigos;

     d- da solidariedade aos amigos.

09-No argumento “O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado...”, a palavra grifada significa:

     a- desconfiado;

     b- emocionado;

     c- confiante;

     d- maravilhado.

10-No argumento “ao fim de dez minutos, a voz da mãe, inexorável...”, a palavra grifada significa:

     a- flexível;

     b- inflexível;

     c- compreensiva;

     d- pensativa

11-Extraia um discurso direto relativo à personagem “mãe”.

      Discurso direto da mãe: "– Meu filho?", "– Que é que você está carregando aí?", "– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!", "– Dez minutos", "– Sua alma, sua palma.", "– Dez minutos – repetiu ela, com firmeza."

 12-Extraia um discurso direto relativo ao personagem “menino”.

      Discurso direto do menino: "– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.", "– Eu? Nada...", "– Olha aí, mamãe: é um filhote...", "– Ah, mamãe...", "– Que diabo também, nesta casa tudo é proibido!", "– Ah, mamãe, deixa!", "– Mãe e cachorro não é a mesma coisa.", "– Pronto, mamãe!"

 13-No enunciado “– Pronto, mamãe! E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez...”, o pronome grifado refere-se:

       a- ao menino;

       b- à mãe;

       c- à nota;

       d- ao cachorro

14-No argumento “– Um filhote? Onde é que você arranjou isso? – Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe? Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de isso, as palavras grifadas sugerem:

      a- que a mãe nomeava o cão com carinho;

      b- que a mãe nomeava o cão com desprezo;

      c- que a mãe nomeava o cão com respeito;

      d- que a mãe nomeava o cão com sensibilidade.

15-A que ou a quem se referem as palavras grifadas no texto-discurso?

As palavras grifadas no texto se referem, em sua maioria, aos personagens: "isso" se refere ao filhote, "lhe" se refere à mãe, "ele" se refere ao cachorro.

 16-Produza um texto-discurso refletindo sobre a importância da adoção de animais.

Resposta pessoal.

A importância da adoção de animais:

A crônica de Fernando Sabino nos mostra um dilema atemporal: a relação entre crianças e animais de estimação. A história do menino e do cachorro nos convida a refletir sobre a importância da adoção e do cuidado com os animais. Ao adotar um animal, estamos oferecendo um lar e amor a um ser vivo, além de promover a compaixão e a responsabilidade nas crianças. A história também nos alerta para a importância do diálogo entre pais e filhos, para que juntos possam encontrar soluções que beneficiem a todos os membros da família, incluindo os animais de estimação.

Gostaria de aprofundar em algum outro aspecto da crônica? Podemos explorar mais a fundo os temas da infância, da família, da amizade, da responsabilidade ou da relação entre humanos e animais.

Que tal propormos uma atividade para os leitores? Poderia ser a criação de uma história com final alternativo, onde a mãe aceita o cachorro ou o menino encontra outra forma de cuidar do animal.

 

segunda-feira, 17 de junho de 2024

CRÔNICA: GALINHA AO MOLHO PARDO - (FRAGMENTO) - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 Crônica: Galinha ao molho pardo – Fragmento

              Fernando Sabino

        Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal. O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase toda casa de Belo Horizonte naquele tempo. Tinha era uma porção de árvores: um pé de manga sapatinho, outro de manga coração-de-boi, um pé de gabiroba, um pé de goiaba branca, outro de goiaba vermelha, um pé de abacate e até um pé de fruta-do-conde. No fundo, junto do muro, um bambuzal. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR5wNe17ZA7TS0XUobwCO1u9MlRX2cOefsSctkC2EYn6neKlYqnH7oxaVRDF7pMuszY_SCbGy2SDdCXp16g_Ny9ywP58-yczfgKSzViCw8Ivt52B9G9y_7CAzIXAS8e2BPjnwrDR9D4nKcL768vOOUKvLIeue8jf0-ehypxfLnnqYZiuNtTuCFpB4eo3U/s320/GALINHA.jpg


De um lado, o barracão com o quarto da Alzira cozinheira e um quartinho de despejo. Do outro lado, uma caixa de madeira grande como um canteiro, cheia de areia que papai botou lá para nós brincarmos. Eu brincava de fazer túnel, de guerra com soldadinhos de chumbo, trincheira e tudo. Deixei de brincar ali quando começaram a aparecer na areia uns montinhos fedorentos de cocô de gato. Os gatos quase nunca apareciam, a não ser de noite, quando a gente estava dormindo. De dia se escondiam pelos telhados. Tinham medo de Hindemburgo, que era mesmo de meter medo, um pastor alemão deste tamanho. Não sabiam que Hindemburgo é que tinha medo deles. cachorro com medo de gato: coisa que nunca se viu. Quando via um gato, Hindemburgo metia o rabo entre as pernas e fugia correndo.

        Pois foi no fundo do quintal que eu vi a galinha, toda folgada, ciscando na caixa de areia. Havia sido comprada por minha mãe para o almoço de domingo: Dr. Junqueira ia almoçar em casa e ela resolveu fazer galinha ao molho pardo.

        Eu já tinha visto a Alzira matar galinha, uma coisa terrível. […]

        Como se fosse a coisa mais natural deste mundo, a Alzira me contou o que ia acontecer com a nova galinha.

        Revoltado, resolvi salvá-la.

        Eu sabia que o Dr. Junqueira era importante, meu pai dependia dele para uns negócios. Pois no que dependesse de mim, no domingo ele ia poder comer tudo, menos galinha ao molho pardo.

        Era uma galinha branca e gorda, que não me deu muito trabalho para pegar. Foi só correr atrás dela um pouco, ficou logo cansada. Agachou-se no canto do muro, me olhou de lado como as galinhas olham e se deixou apanhar.

        Não sei se percebeu que eu não ia lhe fazer mal. Pelo contrário, eu pretendia salvar a sua vida. O certo é que em poucos minutos ficou minha amiga, não fugiu mais de mim.

        – O seu nome é Fernanda – falei então. e joguei um pouquinho de água na cabecinha dela: – Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém.

        Assim que escureceu, Ela se empoleirou muito fagueira num galho da goiabeira, enfiou a cabeça debaixo da asa e dormiu. Então eu entendi por que dizem que quem vai para a cama cedo dorme com as galinhas.

        No dia seguinte era sábado, não tinha aula. Passei o tempo inteiro brincando com ela. levei horas lhe ensinando a responder sim e não com a cabeça.

        -- Você sabe o que eles estão querendo fazer com você, Fernanda?

        Ela mexia a cabecinha para os lados, dizendo que não.

        -- Pois nem queira saber. Cuidado com a Alzira, aquela magrela de pernas compridas. É a nossa cozinheira. Ruim que só ela. Não deixa a Alzira nem chegar perto de você.

        Ela mexia com a cabecinha para cima e para baixo, dizendo que sim.

        -- Estão querendo matar você para comer. Com molho pardo.

        Os olhinhos dela piscaram de susto. O corpo estremeceu e ali mesmo, na hora, ela botou um ovo. De puro medo.

        -- Mas eu  não vou deixar – procurei tranquilizá-la, apanhando o ovo com cuidado, para enterrar na areia depois e ver se nascia pinto.

        E acrescentei:

        -- Hoje não precisa de ter medo, que o perigo todo vai ser amanhã.

        Eu sabia que para fazer a galinha ao molho pardo tinham de matar quase na hora, por causa do sangue, que era aproveitado para preparar o molho.

        -- Vou esconder você num lugar que ninguém é capaz de descobrir.

        Junto do tanque de lavar roupa costumava ficar uma bacia grande de enxaguar. A Maria lavadeira só ia voltar na segunda-feira. Antes disso ninguém ia mexer naquela bacia. Assim que escureceu, escondi a Fernanda debaixo dela. Fiquei com pena de deixar a coitada ali sozinha:

        -- Você se importa de ficar ai debaixo até passar o perigo?

        Ela fez com a cabeça que não.

        -- Então fica bem quietinha e não canta nem cacareja nem nada. Principalmente se ouvir alguém andando aqui fora.

        Ela fez com a cabeça que sim.

        -- Amanhã, assim que puder eu volto. Dorme bem, Fernanda.

        Naquela noite, para que ninguém desconfiasse, jantei mais cedo e fui dormir com as galinhas.

        […]

SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio De janeiro: Record, 2003, p. 14-19.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 88-90.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a razão da presença da galinha no quintal da casa do narrador?

      A galinha tinha sido comprada para o almoço de domingo, cujo prato seria “galinha ao molho pardo”, no qual haveria a presença do Dr. Junqueira.

02 – O narrador descreve o quintal de sua casa de infância. O que você destacaria dessa descrição, que lhe parece muito diferente dos quintais de hoje?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Já inteirado com a galinha, o narrador resolveu batizá-la, dando-lhe um nome. Qual é a relação entre o nome dado à galinha e o narrador?

      O nome dado à galinha foi Fernanda. A relação existente entre os dois fatos é que o narrador se chama Fernando (versão masculina do nome da galinha).

04 – Como o menino descreve a cozinheira Alzira?

      Ele a descreve como magrela de pernas compridas e ruim.

05 – O que fez o narrador para esconder a galinha da família?

      Ele a escondeu debaixo de uma grande bacia.

06 – O narrador revela que foi capaz de estabelecer uma comunicação com a galinha. Como se percebe essa comunicação no texto?

      O narrador afirma que a galinha respondia ao que ele falava, movimentando a cabeça de modo afirmativo ou negativo.

07 – Explique o significado da expressão “dormir com as galinhas” de acordo com o texto.

      A expressão significa dormir mais cedo, isso porque as galinhas dormem muito cedo também.

 

 

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

CRÔNICA: VALE POR DOIS - FERNANDO SABINO - COM GABARITO

 CRÔNICA: VALE POR DOIS

                   Fernando Sabino

         Pela manhã, ao sair de casa, olha antes à janela:

        - Estará fazendo frio ou calor?

        Veste um terno de casimira, torna a tirar, põe um de tropical. Já pronto para sair, conclui que está frio, devia ter ficado com o de casimira. Enfim... Consulta aflitivamente o céu nublado: será que vai chover?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh5W4203htdmgZaGIS4oSWjWIFIZIUZaX62LgkWaBDlfdr1rbMEvPtelo0ujG3pj4CPMgCnQuZmbNhbJ4a3PvkgkSRGmuPcbf4oyf-oqsM-TT4K-a4MHN7XleTiKkdCkE1SxAI_83t7theo4gMaIFhONnuNZcKkX9PcR89bSD62kg3rVemZSFxnESL5R4/s1600/CAFE.jpg


        Volta para pegar o guarda-chuva — um homem prevenido vale por dois: pode ser que chova. Já no elevador, resolve mudar de ideia: mas também pode ser que não chova. Carregar esse trambolho! Torna a subir, larga em casa o guarda-chuva.

        Já na esquina, coça a cabeça, irresoluto: de ônibus ou de táxi? Se passar um lotação jeitoso eu tomo. Eis que aparece um: não é jeitoso. Vem em disparada, quase o atropela para deter-se ao sinal que lhe fez. Não, não entro: esse é dos doidos, que saem alucinados por aí.

        Deixa que os outros passageiros entrem — quando afinal se decide — também a entrar, é barrado pelo motorista: não tem mais lugar. De táxi, pois. Logo virá outro — pensa, irritado, e se vê de súbito entrando num lotação. Ainda bem não se sentara, já se arrependia: é um absurdo, são desvairados esses motoristas, como é que deixam gente assim tirar carteira? Assassinos — assassinos do volante. Melhor saltar aqui, logo de uma vez. Poderia esperar ainda dois ou três quarteirões, ficaria mais perto...

Deu o sinal: salto aqui, decidiu-se. O lotação parou.
— Pode tocar, foi engano — balbuciou para o motorista.

        Já de pé na calçada, vacila entre as duas ruas que se oferecem: uma, mais longa, sombreada; outra, direta, castigada pelo sol. Não iria chover, pois: sua primeira vitória neste dia.

         — Se for por esta rua, chego atrasado, mas por esta outra, com tanto calor...

         Só então se lembra que ainda não tomou café: entra no bar da esquina e senta-se a uma das mesas.
              - Um
             O garçom lhe informa que não servem cafezinho nas mesas, só no balcão. Pensa em sair, chega mesmo a empurrar a cadeira para trás, mas reage: pois então tomaria outra coisa ora essa. Como também pode simplesmente sair do bar sem tomar nada, não é isso mesmo?

         — Me traga uma média — ordena, com voz segura que a si mesmo espantou. Interiormente sorri de felicidade — mais um problema resolvido.

         —     Simples ou com leite? Pergunta o garçom, antes de servir. Ele ergue os olhos aflitos para o seu algoz, e sente vontade de chorar.

Entendendo o texto

01. O tema da crônica de Fernando Sabino é:
a) o protesto contra a violência.
b) a prevenção de acidentes.
c) a indecisão humana.
d) a modernização das grandes cidades.

02. Apenas uma, entre as frases abaixo, confirma sua resposta à questão 1:
a) "Só então se lembra que não tomou café."
b) "Vem em disparada, quase o atropela, para deter-se ao sinal que lhe fez."
c)" - Me traga uma média - ordena, com voz segura que a si mesmo espantou."
d) "Já na esquina, coça a cabeça, irresoluto: de ônibus ou de táxi?"

03.Pode-se considerar como símbolo de homem prevenido:
a) o táxi         

b) o terno de casimira           

c) o cafezinho         

d) o guarda-chuva

04. "Coçar a cabeça" é um gesto característico de quem:
a) já tomou uma decisão.
b) não está pensando no assunto.
c) está em algum dilema.
d) se sente aborrecido.

05. "Não iria chover, pois: sua primeira vitória neste dia." Por que o autor afirma que a personagem conseguiu uma vitória?

O autor afirma que a personagem conseguiu uma vitória porque decidiu não levar o guarda-chuva, acreditando que não iria chover, o que se mostrou verdadeiro.

06. A personagem teve um rápido momento de decisão quando:
a) pensa sobre qual das duas ruas iria escolher.
b) deixa passar um táxi vazio.
c) ordena ao garçom que lhe traga uma média.
d) olha à janela, antes de sair de casa, pela manhã.

07. O autor faz uma crítica a alguém. Transcreva a passagem que reproduz a crítica.

"Assassinos — assassinos do volante."

08. A personagem passa por todos os estados de espírito citados abaixo, exceto:
a) aflição           b) irritação          c) desespero         

d) satisfação     e) revolta

09. O que o protagonista faz ao sair de casa pela manhã para decidir sobre a roupa que usará?

O protagonista olha pela janela para avaliar o clima, veste um terno de casimira, troca por um de tropical, e, ao concluir que está frio, volta para pegar o guarda-chuva.

10. Por que o protagonista decide levar o guarda-chuva, mesmo indeciso sobre o tempo?

O protagonista decide levar o guarda-chuva porque acredita que "um homem prevenido vale por dois" e teme que possa chover. No entanto, muda de ideia e deixa o guarda-chuva em casa.

11. Como o protagonista decide sobre o meio de transporte para chegar ao seu destino?

O protagonista fica indeciso entre pegar um ônibus ou um táxi. Ele cogita entrar em um ônibus lotação, mas desiste ao considerá-lo perigoso. Finalmente, decide pegar um táxi.

12. O que acontece quando o protagonista entra no bar da esquina para tomar café?

O garçom informa ao protagonista que não servem café nas mesas, apenas no balcão. Inicialmente, o protagonista pensa em sair, mas decide ficar e pedir uma média, resolvendo mais um problema.

13. Qual é a reação do protagonista quando o garçom pergunta se a média deve ser simples ou com leite?

O protagonista, interiormente surpreso com sua própria voz segura, pede uma média. No entanto, ao ser questionado sobre se deseja a média simples ou com leite, ele sente vontade de chorar e olha aflito para o garçom.