TIPOS
DE LEITURA
Cabe ao profissional de educação, neste
sentido o professor, selecionar o tipo de leitura mais indicado para cada
situação de modo a poder obter melhores resultados no processo de ensino e
aprendizagem. Vejamos de seguida os diferentes tipos de leitura existentes:
Segundo BARBOSA (1994:121), os tipos de leitura dividem-se essencialmente
em, leitura de informação –
na qual destina-se basicamente no conhecimento de determinado conteúdo por
parte do leitor, sem uma preocupação com a retenção da informação;
leitura de consulta –
aquela dirigida para situações emergentes e imediatas, como por exemplo, a
consulta de dicionários, enciclopédias, guias e endereços;
leitura de para a ação –
caracteriza-se por ser uma leitura rápida, seletiva, em que o leitor realiza-a
de forma espontânea, esta realiza-se por exemplo, nas placas de sinalização,
cartazes, manuais de instrução;
leitura
de reflexão – destina-se a apreensão de conteúdos diversos, esta
envolve o trabalho intelectual, realizada em teses, ensaios, obras literárias,
revistas científicas;
leitura de
distração – como o próprio nome sugere, destina-se ao lazer, sem
portanto, existir uma finalidade científica propriamente dita, ajuda a passar o
tempo, exigindo do leitor o domínio perfeito do ato de ler;
e a leitura de linguagem poética –
que segundo BARBOSA visa criar prazer no leitor pela sonoridade com que são
lidas as palavras, esta dirige-se a leitura de poemas.
scanning –
sendo aquela leitura que procura um determinado tópico da obra através do
índice;
skimming –
realizada nos títulos, subtítulos e ilustrações das obras;
do significado – que
centra-se na busca do conteúdo principal, deixando os secundários, lendo por
isso de forma uniforme, sem voltar;
do
estudo – esta caracteriza-se por ser mais completa, o leitor, lê,
relê, apoia-se de dicionários e elabora resumos;
critica – aquela que tem como finalidade a formação de
um ponto de vista sobre o conteúdo lido, recorrendo portanto, a avaliação do
conteúdo veiculado pelo texto quanto a solidez da argumentação.
leitura silenciosa –
na qual não há interferência dos órgãos vocais, esta possibilita maior
interiorização, a memorização, compreensão e rapidez na leitura, possibilita
ainda a visualização do conteúdo do texto;
e
a leitura oral individual – sendo portanto, um dos melhores meios de
aperfeiçoar a leitura, geralmente em contexto de sala de aula, sugere-se ao
professor para apresentar uma “leitura modelo”, para os alunos que não possuem
ainda uma pratica na leitura.
Depois de deixar ficar os tipos de
leitura alinhados por alguns autores, espero que os senhores professores
comentem, dizendo quais os tipos e modalidades de leitura tem usado nas aulas de
língua portuguesa (leitura). Podem ainda sugerir outros tipos de leitura
que não foram indicados neste artigo. Deixem ainda ficar as vossas experiências
sobre o ensino da leitura nas classes iniciais.
Pré-Leitura
É comum se achar que após a leitura de uma obra ou de um texto teremos a nossa
disposição uma compreensão plena no final desta tarefa, existe aí um grande
equívoco, pois isso só é realmente possível em duas condições extremas: se o
texto ou a obra em questão forem muito singelos, ou, se o leitor for muito
eficiente.
Vemos inúmeros relatos de pessoas que afirmam ler uma determinada página e ao
final não conseguem entender ou interpretar na íntegra o que foi lido, isso
evidencia que esse leitor não está plenamente preparado para o exercício da
leitura, seu cérebro ainda está em fase de adaptação cognitiva e as áreas
responsáveis pela leitura profícua não foram devidamente ativadas, ficando
essas informações na memória de trabalho, sendo, portanto, de conteúdo volátil
se perdendo na própria estrutura do sistema de assimilação, reconhecimento e
arquivo de dados.
A Pré-leitura ou scanning tem
a função de realizar um reconhecimento exploratório preliminar da leitura, é
uma passagem visual rápida pelo texto sem a pretensão da fixação ou da
compreensão plena do escrito.
Nesta oportunidade é muito importante que o leitor comece a relacionar as
palavras cujo significado ele não conheça para posteriormente encontrar seus
sinônimos, o que tornará mais fácil e proveitosa no momento da releitura. Isso
pode ser feito grifando as palavras, escrevendo-as em separado ou no local
reservado no próprio escrito.
Outro procedimento a ser tomado para orientar o leitor naquilo em que sua
atenção deve estar voltada é denominado de skimming.
O skimming é uma ação pré-cognitiva
onde o indivíduo, numa visão macro, busca no próprio texto, sumário,
ilustrações, capas, contracapa, títulos, subtítulos, resumos, etc. Elementos
que possa lhe dar uma noção daquilo que ele vai ler, dando-lhe uma boa ideia
sobre o tema abordado. Esse procedimento estimula a organização do pensamento e
rebusca na memória lembranças de assuntos correlativos com o tema, sendo
responsável por uma boa parcela do entendimento inicial do texto.
As palavras-chaves são
vocábulos que contém a ideia integral do texto, isso facilita a localização dos
possíveis assuntos onde se encontram os argumentos ou partes do assunto que se
pretende focar.
Exemplificando: vamos supor
que um aluno tenha sido incumbido de fazer um trabalho de história com o tema
“A Revolução Pernambucana de 1817”, o primeiro passo é encontrar uma fonte
correspondente à matéria: História; História do Brasil; História de Pernambuco;
História das Revoluções Pernambucanas; “a Revolução Pernambucana de 1817”.
O skimming, nesta acepção,
funcionou como argumento de busca utilizando as seguintes palavras-chaves:
história, revolução, pernambucana e 1817.
De posse da fonte e com o texto em mãos procede-se a pré-leitura, a leitura e
posteriormente a realização do trabalho.
Assim, a pré-leitura pretende instigar um clima de interesse investigativo que
possibilita ao leitor, o vislumbre de aumentar seus conhecimentos, obter maiores
informações ou fazer uma análise crítica dessa literatura sem o compromisso
inicial de especular questões de ordem semântica, gramatical, ortográfica ou
estrutural do texto.
Por essas razões é interessante para uma melhor compreensão e fixação do texto,
uma leitura preambular rápida procurando fazer uma breve apreciação do que está
escrito, procurando deter nas palavras mais difíceis e pouco usuais buscando
seus sinônimos e relacionando-os com o sentido que se quer denotar, em seguida
partir para uma leitura mais atenta.
Leitura
Fragmentada
Muitas pessoas afirmam que não gostam de ler porque isso lhes causa fadiga, ou
ao terminar um texto não conseguem compreender seu conteúdo, acham-se
dispersas, desconcentradas e sentem que não houve um aproveitamento
satisfatório das informações contidas nesses escritos.
Não
estamos falando aqui nos casos comprovados de dislexia, ou de qualquer
transtorno de ordem patogênica relacionados com a leitura e a escrita.
Reportamo-nos da falta do exercício mental e da constância exigidas quando
optamos pelo hábito de ler.
Isso acontece por diversas razões, à principal ocorre pela falta de disciplina
e continuidade que esse costume exige. Dessa forma a pessoa lê, compreende as
palavras uma a uma: separadamente, mas não conseguem associar o sentido na
construção das frases, parágrafos e por fim o texto.
Com a dificuldade presente nessa associação de palavras, frases e parágrafos as
mensagens e as informações ali contidas perdem seu senso e o escrito vira um
emaranhado literário incompreensível e enfadonho: é o ler sem compreender.
O mecanismo cognitivo responsável por essa dificuldade já foi comentado
anteriormente quando versamos sobre as relações da memória de trabalho e
memória intermediaria. Em virtude da precariedade da leitura, a decifração
ocorre com poucas unidades significativas que vão se perdendo com o passar do
tempo, então apenas as informações que forem mais usuais ficam retidas nos
níveis superiores da cognição, portanto em fragmentos.
Alguns autores definem esse tipo de leitura
como decifratória, que tem como principal característica o pequeno
esforço empregado no ato e a atenção geralmente dispersa em verter o texto
escrito em elementos mentalmente compreensíveis e decifráveis.
Outro motivo contundente é que os textos contidos nos livros, jornais e
revistas, embora estejam em nosso idioma, nem sempre usam palavras que estão na
linguagem usual das pessoas, ou seja, é muito comum o uso de enunciados
carregados de expressões de erudição lexical, pidgins, regionalismos, vocábulos
próprios de determinadas profissões, etc., tudo isso dificulta a compreensão e
interpretação desses escritos.
Outra razão preponderante se encontra na obrigatoriedade imposta pelas
instituições de ensino, testes vestibulares, provas classificatórias de certos
cargos profissionais, que compelem as pessoas de lerem livros pouco populares e
de difícil compreensão em nome da cultura de elite. Na realidade isso prova
nada, pelo contrário se perde um tempo precioso na aplicação e correção de
exames que não medem nem o potencial nem as competências de um indivíduo,
apenas cria um grau de dificuldade efêmera e improdutiva.
Tudo isso causa desmotivação no hábito de ler, principalmente quando não se
vislumbra objetivos práticos e concretos, que possam levar um fim produtivo,
ninguém investe naquilo que não lhe traga resultados e desenvolvimento.
Leitura
Integral
Chamamos de leitura integral a forma de ler com plena compreensão e
interpretação do que está escrito. Esse tipo de leitura é caracterizado pelo
amadurecimento e pela condição disciplinar alcançada pelo cérebro no exercício
contínuo e perseverante do ato de ler e que eleva de forma eficaz o condicionamento
intelectual.
Nessa
fase o indivíduo tem a capacidade de associar perfeitamente as frases e
parágrafos, compreender sistematicamente e de forma coerente todo conteúdo,
inclusive com a condição de memorizar ou absorver determinados trechos, frases
ou citações.
Todavia,
é importante salientar que mesmo com a percepção efetiva no exame de um escrito
a formação critica sob o assunto poder bastante prejudicada, devido ao fato de
que a criticidade depende do cabedal de conhecimentos anteriores do assunto em
questão.
Neste
caso em particular, a associação é ao nível cognitivo que dá ao leitor
elementos de comparação do assunto abordado com as matérias previamente
conhecidas juntamente com a opinião já formada, constituindo assim um
encadeamento de ideias na formação de um novo pensamento ou no desenvolvimento
e maturação dos conceitos e informações existentes.
Isso implica dizer que para que o indivíduo tenha a criticidade apurada e
assisada (ajuizada) é necessário muita leitura e muito estudo dentro de um
determinado assunto para que possa obter elementos efetivos das diferenças e
relações contextuais.
Dessa forma não devemos confundir a leitura
integral com a leitura
corrida, enquanto uma se atenta aos detalhes e a compreensão do texto,
a outra só se detém em elementos decifratórios e automatizados.
Leitura
Dinâmica
Na Leitura Dinâmica, diferentemente das outras formas de ler, utilizam-se
métodos e técnicas de leitura que permitem a decifração substanciada,
instantânea e em blocos de um juízo ou pensamento na forma integral, evitando-se,
portanto, a decifração de uma cadência de ideias sequenciadas e linear, como se
dá geralmente na leitura comum.
Conhecida também como leitura rápida, leitura acelerada, ou nos casos mais
avançados: a leitura fotográfica. A leitura dinâmica tem como característica
primordial a forma diferenciada da entrada de informações em nossa base neural
de conhecimentos. Essa peculiaridade, assim como o próprio ato de ler, pode ser
desenvolvida progressivamente através de técnicas especiais e muito treino,
pois carece que o cérebro esteja bem adaptado a essas funções que são
adquiridas por intermédio de uma neuróbica exaustiva e perseverante.
Salientamos que nesta acepção não devemos confundir com a leitura corrida: que
é o tipo de vocalização textual sem levar em conta o significado e a
compreensão do escrito.
O leitor trivial realiza sua leitura como se fosse um sussurro, decifrando e
pronunciando vocalmente ou mentalmente o que a sua percepção visual capta no
escrito, ou seja, letra por letra, silaba por silaba, frase por frase, etc.,
muitas vezes tendo que realizar uma releitura para começar a entender o
conteúdo exposto.
Quando a leitura é dinâmica e já está bem desenvolvida no indivíduo, este
decifra o texto em blocos: de palavras, de frases ou parágrafos inteiros. A
mente desta pessoa não produz o efeito da vocalização sussurrante, pois o
processo se sucede no plano puramente cognitivo; sua visão é lateralmente
ampliada, em virtude do desenvolvimento e utilização da visão periférica; e,
sua compreensão é instantânea, pois o nível de inferência é elevado. Funciona
como quem olha uma fotografia rapidamente e consegue distinguir e assimilar
todos os detalhes de uma única vez.
Alguns autores chamam de visão
gestáltica, que conforme o dicionário do Aurélio Buarque de Holanda
(1999): “relativo aos fenômenos psicológicos e biológicos, que veio a alcançar
domínio filosófico, e consiste em considerar esses fenômenos não mais como soma
de elementos por isolar, analisar e dissecar, mas como conjuntos que constituem
unidades autônomas, manifestando uma solidariedade interna e possuindo leis
próprias, donde resulta que o modo de ser de cada elemento depende da estrutura
do conjunto e das leis que o regem, não podendo nenhum dos elementos preexistir
ao conjunto”. Isto é, a visão que parte de um todo convergindo para o pontual.
Em suma, na leitura dinâmica
não se vê o texto, mas se compreende a ideia ou o conjunto dessas ideias
integralmente e instantaneamente. Na utilização de métodos e técnicas adequados
adicionados a exercícios constantes, qualquer pessoa pode adquirir, desenvolver
e executar este tipo de leitura.
Leitura
Profícua
A
leitura e seu desenvolvimento estão intrinsecamente ligados ao exercício mental
e habitual que imprimimos ao cérebro. O processo deve ser gradual, crescente e
sistemático até que se chegue a um nível de excelência satisfatório às
necessidades do indivíduo.
Aconselha-se
que se comece por edições simples e pequenos escritos, desde que agradáveis ao
nosso gosto e associados a temas que estão ao nosso inteiro alcance
intelectual, com o objetivo de posteriormente passarmos a adquirir a condição
da leitura e interpretação de textos mais complexos, criar simpatia literária
ao ponto de se tornar prazeroso esse ato.
Comparamos a um
exercício físico: se o esforço for demasiado aos primeiros dias, o indivíduo
será afetado por uma fadiga muscular seguida de dores e consequentemente a
desmotivação. Enquanto que se o esforço despendido for paulatino, a musculatura
aos poucos irá se adaptando a nova condição resultando num condicionamento
satisfatório.
Para se ler o
nosso estado emocional deverá estar apto, sereno e em receptividade aguçada
para haurir os inúmeros estímulos e impressões de ordem psíquicas. Consequentemente,
não é concebível que um indivíduo escolha um momento de leitura quando esteja
preocupado com outras coisas; se encontre cansado de um dia exaustivo;
perturbado com problemas do cotidiano; ouvindo música em volume alto; sem
conforto ou condições ambientais favoráveis para a atividade, e mesmo assim
tirar um bom proveito do conteúdo ora apresentado.
Portanto, urge atentar para a importância de ações higiênicas para dar uma
infraestrutura no momento do ler. É possível tornar a leitura produtiva e bem
compreendida apenas observando os fatores externos que influenciam diretamente
nessa atividade. Como os seguintes:
• Fatores fisiológicos – Ligados diretamente à saúde e bem estar do
nosso organismo: boa disposição corporal; estado normal e periódico de repouso;
ausência de incômodos orgânicos, acuidade visual, etc.
• Fatores ambientais – Estão associados às boas condições do espaço
físico ao nosso redor: luminosidade, temperatura ambiente, ventilação,
sonoridade, conforto e ausência de elementos dispersantes, por exemplo, uma
janela voltada para uma rua movimentada ou o movimento de animal de estimação.
• Fatores psicológicos – relacionados com o momento emocional de um
indivíduo, para incentivar a atenção, motivação, emoção, etc.
• Fatores metodológicos – envidar métodos, processos e técnicas para
que a leitura seja a mais produtiva possível. O exercício e a disciplina diária
podem coligir para produção e desenvolvimento dessas técnicas.
• Fatores intelectuais – Referem-se aos conhecimentos adquiridos pelo
indivíduo, é inegável que quanto maior a coletânea de informações e vocábulos
que um indivíduo é portador mais fácil será a interpretação e compreensão dos
textos.
Desta forma poderemos solver o máximo de informações sem que isso seja um
suplício traumatizante e aversivo, a leitura faz parte do desenvolvimento
intelectual humano, pois é a pedra basilar dos estudos e da transmissão de
conhecimentos.
FONTE: BARBOSA, Juvêncio José. Alfabetização e Leitura. São Paulo:
Cortez, 1994 – 2,ed. Ver – (Colecção magistério. 2º grau. Série formação do
professor; v 16)