Mostrando postagens com marcador ANÍBAL MACHADO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ANÍBAL MACHADO. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

POEMA: DESASTRE NO POEMA - ANÍBAL MACHADO - COM GABARITO

 Poema: Desastre no poema

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAK8vqqFJuTOipS0Hkrg01r_6JXdiGLU8cd5_j6F0b2T0CxNgvCSpRiPlHdymEvNB5v0s3c5cIfSoR1LlLzkHDk2uKQiugc-axjpi5N_ZYATeqri7ZKPd7ySBzQntbdYdkM2JiFTj8E_WFGsUZwr6LGcwQTuvw7hUoOtQH1QXnWeE1vhNKx-iQ19ww/s1600/desastre.jpg

MACHADO, Aníbal. Cadernos de João. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. p. 140.

               Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 161-2.

        "Destroços de uma estrofe catastrófica descarrilhada à margem da linha ruínas de poema escombros do nada."

Entendendo o poema:

01 – No sentido gráfico, isto é, da reprodução do poema no papel, o que mais chama a sua atenção?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O poema foi manuscrito, escrito à mão. Posteriormente, ele foi reproduzido graficamente na página de um livro.

02 – Em geral, costumamos ler os textos no sentido horizontal. Como esse poema deve ser lido?

      No sentido vertical.

03 – O que essa disposição das palavras no espaço da página sugere?

      Queda, descarrilamento, desmoronamento.

04 – A que podem ser associadas as palavras destroços, escombros, ruínas, descarrilhada, nada?

      A um desastre. A palavra descarrilhada sugere a metáfora de um trem de ferro ou de uma locomotiva desgovernada, que saiu dos trilhos.

05 – A que se referem as palavras poema e estrofe?

      Ao gênero poema.

06 – Baseando-se na forma, na escolha do vocabulário e na decomposição das palavras, o que se pode concluir a respeito do tema do poema?

      O tema é a crise na poesia. O poema provavelmente ironiza ou brinca com o Concretismo, tendência que se instala na época (1957). Sugere que, por usar técnicas de decomposição do poema tradicional ou de decomposição das palavras, o Concretismo pode ser uma arte baseada em destroços, ruínas, como uma locomotiva de palavras desgovernadas, sem rumo, sem sentido.

domingo, 12 de agosto de 2018

CONTO: TATI - ANÍBAL MACHADO - COM GABARITO

Conto: TATI
             Aníbal Machado

       Tati esperava amanhecer para se dirigir ao mar. O mar estava sempre em seu pensamento, diante do olhar ou nos ouvidos. Louca por ele. Respeitava-o como à sua mãe. Ambos eram até parecidos, não sabia bem por quê. Grandes, poderosos e macios, podendo enraivecer de repente, podendo matá-la se quisessem. Misteriosa, sua mãe era também; mas perto dela, como agora, Tati se sentia obrigada, ao passo que o mar era terrível, oh! Terrível...
        -- Não brinca muito longe de casa, recomendou-lhe Manuela, quando o sol do dia seguinte clareou a praia. A criança respondeu que tinha pensado num brinquedo muito bom para não ir longe – o de horta. Num canto do terreiro abriu com a amiguinha uns buraquinhos, atirou dentro grãos de milho e feijão. Uma empregada da lavanderia disse que dava. Os dias iam passando.
        -- Quando você for na cidade, você me leva mamãe. 
        Delícia era ver as vitrinas. A princípio Tati queria possuir tudo que aparecia nelas. Custara a compreender como é que as pessoas não furtavam aquelas maravilhas. Agarrada ao dedo de sua mãe, vai ouvindo as razões por que não se podia fazer isso. A explicação não a convence, tanto mais que outros mostruários belíssimos de frutas, brinquedos e objetos bonitos vão sucessivamente se oferecendo e provocando.
        -- Eu acho que neste mundo tem tudo, não é, mamãe?
        Impressionada com uma vitrina de queijos, pergunta qual a árvore que dava aquilo. Alguns manequins, parecendo gente de verdade, a irritavam; tinha vontade de atirar pedra neles. Se a mãe se demora nas compras, a garota aproveita as quadras do passeio para jogar amarelinha. Indiferente aos empurrões, vai sendo arrastada para longe, pela onda de transeuntes apressados. Meu Deus, em que casa mesmo entrou sua mãe? Tati já está longe, mais absorta no jogo do que amedrontada. Mas sua mãe está demorando. De que porta sairá Manuela? Sente-se perdida, angustiada, a querer gritar pela salvadora, quando uma mão aflita a agarra e lhe dá um beliscão. Viera assustada sua mãe. A garotinha chora. E como pede entre lágrimas um automovelzinho, a mãe não sabe se está chorando pelo beliscão ou pela falta do brinquedo. A costureira consulta a bolsa. O dinheiro não dá.

                          Machado, Aníbal M. Tati, a garota. In: Ramos, Graciliano. 
        Seleção de contos brasileiros. Rio de Janeiro;
Ed. de Ouro, 2. vol. p. 233.
Entendendo o conto:
01 – O que é sentir-se abrigada?
      Sentir-se protegida.

02 – Sucessivamente é um advérbio derivado do adjetivo sucessivo. O que é sucessivo?
      É o que ocorre um após o outro.

03 – O que designa o vocábulo manequim?
      É boneco para exposição de roupas.

04 – Passeio, em alguns lugares, é chamado de calçada. O passeio ou calçada tem, de um lado, os prédios. O que tem do outro lado?
      Sarjeta, meio-fio.

05 – O que são transeuntes?
      Pedestres.

06 – Qual o significado de absorta?
      Pensativa.

07 – Você também é louco pelo mar? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Qual a sua brincadeira preferida? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

09 -  Como você interpreta a fala da menina: “— Eu acho que neste mundo tem tudo, não é, mamãe?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – O que você acha do beliscão dado pela mãe?
      Resposta pessoal do aluno.


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

CRÔNICA: CHUÍ COMANDA O TRÁFEGO - ANÍBAL MACHADO - COM GABARITO

CRÔNICA: CHUÍ COMANDA O TRÁFEGO
                      Aníbal Machado

   Num domingo, à hora cinzenta em que terminam as festas e todos voltam meio decepcionados para casa, rugiam de impaciência os automóveis ante o sinal vermelho. Alguns farolavam de longe, pedindo passagem. Mas o vermelho não cedia ao verde. E, com a força de seu símbolo, paralisava o tráfego.
        Os terríveis moleques da Praça perceberam a confusão. Chuí, o principal deles, resolve intervir. Vai para o meio do asfalto, começa a acenar aos motoristas.
        Que passassem! Livre estava o trânsito para a direita.
        – Podem vir! Não estou brincando! É verdade…
        Hesitaram alguns a princípio. Depois romperam. Outros os seguiram.
        Chuí, imponente, estende os braços para a rua principal. Os motoristas enfim acreditam nele. E a imensa massa de veículos – cadilaques, oldsmobiles, buíques, fordes e chevrolés – desfilam ao comando único do pequeno maltrapilho.
        Em enérgico movimento, Chuí ordena aos carros que parem. Gira o corpo, estica o braço, e manda que sigam pela esquerda os da rua principal. No que é obedecido.
        Passageiros e motoristas atiram moedas. Mas o improvisado inspetor, cônscio de suas responsabilidades, sabe que não pode abaixar-se para apanhá-las sem risco para o trânsito.
        A noite descera depressa e os combustores não se acendiam.
        Mais rubro na escuridão, o sinal vermelho tendo perdido a função de proibir, só confiavam os motoristas no braço infalível de Chuí.
        Quando, gritando de longe, a mãe do garoto o ameaçava com uma coça, aparece, uniformizado, um inspetor de verdade. Prende Chuí e o leva chorando para o Distrito.
        – Nós apanhamos as moedas para você, gritam-lhe os companheiros.
        Não eram as moedas que ele queria, oh! não era isso! O que Chuí queria era voltar ao tráfego, continuar submetendo aqueles carros enormes, poderosos, ao seu comando único, ao aceno do seu bracinho…
Fonte: (Aníbal Machado. A morte da porta-estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965)


        Vocabulário:
        Farolavam – piscavam os faróis
        Cônscio – consciente
        Combustores – postes para iluminação pública
        Coça – surra

Entendendo o texto:
Marque com um x o sinônimo das palavras ou expressões grifadas:
01 – Em: “Um domingo à hora cinzenta em que terminam as festas…” a expressão grifada significa:
a. (   ) pela madrugada               b. (   ) ao amanhecer
c. (X) ao anoitecer                     d. (   ) durante a tarde

02 – Em: “Mas o vermelho não cedia ao verde.” a palavra grifada significa:
a. (   ) respondia                  b. (X) dava vez
c. (   ) prestava atenção       d. (   ) fazia sinal

03 – Em: “Mas o improvisado inspetor…”, a palavra grifada significa:
a. (   ) preparado com antecedência         
b. (   ) marcado de repente
c. (   ) planejado com atenção                   
d. (X) arranjado às pressas

04 – Em: “… para apanhá-las sem risco para o trânsito…”, a expressão grifada pode ser substituída por:
a. (   ) sem medo               b. (X) sem perigo
c. (   ) sem importância      d. (   ) sem responsabilidade.

Assinale a alternativa de acordo com o texto.
05 – Do trecho: “… o vermelho não cedia. E, com a força do seu símbolo, paralisava o tráfego. “, podemos entender que:
a. (   ) os carros estavam parados diante do sinal luminoso porque a luz vermelha era intensa e atrapalhava a visão dos motoristas
b. (X) o sinal luminoso havia enguiçado, indicando somente o vermelho, e por isso, os carros não podiam andar
c. (   ) os motoristas não entendiam o significado da luz vermelha e, por isso, permaneciam no mesmo lugar
d. (   ) os motoristas estavam cansados e, por isso, pararam diante do sinal luminoso, esperando a luz verde.

06 – O fato de Chuí ter assumido o comando do tráfego indica que ele estava querendo:
a. (   ) chamar a atenção dos motoristas
b. (X) ajudar os motoristas
c. (   ) divertir os passageiros dos carros
d. (   ) preocupar os motoristas

07 – Em relação à atitude de Chuí, os motoristas demonstram dois comportamentos diferentes no que se refere ao início e ao decorrer da história. Esses comportamentos são, respectivamente:
a. (   ) confiança e tranquilidade           
b. (   ) indecisão e indiferença
c. (X) indecisão e confiança                  
d. (   ) impaciência e aborrecimento

08 – O trecho que mostra a seriedade com que Chuí executou o papel de guarda de trânsito é:
a. (   ) “Chuí, o principal deles, resolve intervir. Vai para o meio do asfalto, começa a acenar para os motoristas.”
b. (X) “Mas o improvisado inspetor, cônscio de suas responsabilidades, sabe que não pode abaixar-se para apanhá-las sem risco para o trânsito.”
c. (   ) “… só confiavam os motoristas no braço infalível de Chuí.”
d. (   ) “… a imensa massa de veículo desfila ao comando único do pequeno maltrapilho.”

09 – Chuí vai chorando para o Distrito porque:
a. (X) não poderia continuar comandando o trânsito
b. (   ) não poderia apanhar as moedas
c. (   ) temia ser castigado pela mãe
d. (   ) sentia medo do inspetor.

10 – Ao final do incidente, Chuí demonstra ter ficado:
a. (   ) realizado              b. (   ) nervoso
c. (X) frustrado               d. (   ) agradecido.

11 – Numere as frases segundo a ordem dos fatos no texto:
a. (3) Chuí resolve intervir.
b. (6) Os motoristas, agradecidos, atiram moedas.
c. (1) O sinal luminoso está com defeito, os motoristas impacientam-se.
d. (2) Os meninos percebem a confusão.
e. (4) Os motoristas ficam indecisos em obedecer a Chuí.
f. (5) Chuí comanda o tráfego com precisão.
g. (7) A mãe, preocupada, ameaça castigá-lo.
h. (9) Chuí chora de frustração.
i. (8) Aparece um inspetor de verdade e leva Chuí para o Distrito.