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terça-feira, 15 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: POR QUE ALGUMAS MÚSICAS NÃO SAEM DA NOSSA CABEÇA? - MUNDO ESTRANHO - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: Por que algumas músicas não saem da nossa cabeça?

        Porque elas usam e abusam de letras repetitivas, melodias simples e positivas – ou seja, poucas notas musicais e sons que inspiram uma sensação de otimismo no ouvinte. Com essa junção, a canção gruda no cérebro que nem chiclete. Quem é que não sabe de cor a melodia e a letra de “Macarena”, de Los Del Rio? Ou a sensação do verão, “Festa no Apê”, do Latino?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnbosL1oAIIyfK5JNCEJENmqsc78H9XwKmrkSY_25PGtGy9VBCNSrHLkadXUYY5vUC_iyduR8gxiJorLd5-hg44c9cmZT8diBGsGcaN0VtLS4rQ6jiqwvRlPY2AI4wLlbiajQSvJfg3u3jN0dIItCUoH0BOOAld96m-8ivQkxciJ_8vWn05Gev7fWM__A/s320/CANTA.jpg


        Há muito tempo, a publicidade descobriu que a simplicidade e a repetição são o caminho para fazer o público decorar sua mensagem. “Um dos elementos do jingle é justamente a reexecução de melodia e letra dentro da mesma música”, diz o compositor Calique Ludwig, especialista em mensagens publicitárias musicadas. Mesmo assim, os especialistas garantem que não existe uma receita infalível para uma música grudenta – às vezes a tentativa dá certo, às vezes não. Tem algum jeito de se livrar dessas pragas sonoras? Não existe “antídoto” 100% confiável, mas há quem diga que a melhor maneira é repetir até o fim a famigerada canção. Pode funcionar. Então, comece: “Hoje é festa, lá no meu apê…”.

Mundo Estranho, n° 39.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 5ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 24.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, quais são os principais elementos que fazem com que uma música "grude" na nossa cabeça?

      Segundo o texto, as músicas que grudam na cabeça geralmente utilizam e abusam de letras repetitivas, melodias simples e positivas, com poucas notas musicais e sons que inspiram otimismo no ouvinte.

02 – Quais exemplos de músicas "chiclete" são citados no texto?

      O texto cita como exemplos de músicas que grudam na cabeça "Macarena", de Los Del Rio, e "Festa no Apê", do Latino.

03 – Qual a relação que o texto estabelece entre músicas "chiclete" e a publicidade?

      O texto aponta que a publicidade descobriu há muito tempo que a simplicidade e a repetição são eficazes para fazer o público decorar uma mensagem, sendo esses elementos também presentes em jingles e músicas que grudam na cabeça.

04 – Segundo o compositor Calique Ludwig, qual é um elemento fundamental dos jingles publicitários?

      De acordo com Calique Ludwig, um dos elementos fundamentais do jingle é a reexecução da melodia e da letra dentro da mesma música.

05 – O texto oferece alguma solução garantida para se livrar de uma música que não sai da cabeça? Qual é a sugestão apresentada?

      O texto afirma que não existe um "antídoto" 100% confiável para se livrar de músicas grudentas. No entanto, a sugestão apresentada por algumas pessoas é repetir a música até o fim, na esperança de que isso funcione.

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: A MEMÓRIA DA VELHICE - (FRAGMENTO) - DRÁUZIO VARELLA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: A memória da velhice – Fragmento

           Dráuzio Varella

        [...]

        Estímulos intelectuais e atividade física

        Ao comentar essas pesquisas, o pesquisador Robert Friedland concluiu que não apenas a leitura, mas simples passatempos como a montagem de quebra-cabeças ou a prática de palavras cruzadas são atividades capazes de proteger o cérebro. No final, acrescentou que vários trabalhos demonstram que assistir à televisão está associado ao efeito contrário: aumenta a probabilidade de Alzheimer. Num inquérito conduzido entre 135 portadores da doença, comparados a 331 de seus familiares saudáveis, cada hora diária adicional diante da TV multiplicou o risco de Alzheimer por 1,3.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKMDfeaTcqZC3BlUZ8XwyjSVgu_102YM7MLbHIfrQ_YwVPfNO12kBPKShhAzTEHwUxZSBsBGc5uksM3-knjmqOVVLmj2g4hrHFT3cETgDnXXe33S5fgDCvYh1bvk9LUDyCQPLc1Z_bBpRKlc2pVLQyJ-sgdc8sP4SoxiyzwtGalBl-PnMXUluWx17FfBY/s1600/DRAUZI.jpg


        Vários estudos apresentados na conferência reforçam a ideia de que nem só do intelecto vive o cérebro: o exercício físico também é capaz de torná-lo mais resistente.

        [...]

        Trabalhos experimentais confirmam essa conclusão: o exercício físico melhora o fluxo sanguíneo cerebral através da formação de novos capilares no córtex -área essencial para a cognição – e induz a produção de proteínas que estimulam o crescimento e favorecem a formação de novas conexões entre os neurônios.

        [...].

Folha de São Paulo, 3/9/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 141.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal conclusão do pesquisador Robert Friedland sobre atividades que protegem o cérebro?

      Robert Friedland concluiu que atividades como leitura, montagem de quebra-cabeças e palavras cruzadas são capazes de proteger o cérebro. Ele também destacou que assistir à televisão está associado ao efeito contrário, aumentando o risco de Alzheimer.

02 – Como o hábito de assistir à televisão pode influenciar o risco de desenvolver Alzheimer, de acordo com o estudo mencionado no artigo?

      Um estudo com portadores de Alzheimer e seus familiares saudáveis revelou que cada hora diária adicional diante da TV aumentou o risco de Alzheimer em 1,3 vezes.

03 – Além dos estímulos intelectuais, que outro fator é destacado no artigo como benéfico para a saúde do cérebro?

      O artigo destaca que o exercício físico também é capaz de tornar o cérebro mais resistente. Estudos mostram que o exercício melhora o fluxo sanguíneo cerebral e estimula a produção de proteínas que favorecem novas conexões entre os neurônios.

04 – Quais são os benefícios do exercício físico para o cérebro, segundo os trabalhos experimentais mencionados no artigo?

      Os trabalhos experimentais confirmam que o exercício físico melhora o fluxo sanguíneo cerebral através da formação de novos capilares no córtex, área essencial para a cognição. Além disso, induz a produção de proteínas que estimulam o crescimento e favorecem a formação de novas conexões entre os neurônios.

05 – Qual a principal mensagem que Dráuzio Varella transmite neste fragmento do artigo?

      Dráuzio Varella transmite a mensagem de que a saúde do cérebro na velhice pode ser preservada através de uma combinação de estímulos intelectuais e atividade física. Ele alerta para os riscos do sedentarismo intelectual, representado pelo excesso de televisão, e destaca a importância de manter o cérebro ativo e o corpo em movimento para uma vida mais saudável e com menor risco de doenças neurodegenerativas.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: NOVOS ÓDIOS - (FRAGMENTO) - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Novos ódios – Fragmento

           Luís Fernando Verissimo

        O racismo cresce e assusta na Europa, onde estive durante o último mês e pouco. Acontece um tétrico torneio de violência entre etnias e grupos – brancos contra negros e árabes, árabes contra negros e judeus, neonazistas contra negros, árabes, judeus e o que estiver pela frente. Racismo não é novidade no continente, e nem é preciso invocar a velha tradição anti-semita e o seu paroxismo nazista. Na Europa desigual que emergiu da II Guerra Mundial, portugueses, espanhóis, italianos, gregos e outros em fuga das regiões mais pobres eram discriminados onde procuravam os empregos que não tinham em casa, e o problema dos magrebinos na França é anterior à II Guerra. Mas todos integraram-se de um jeito ou de outro no país escolhido ou voltaram aos seus próprios países economicamente recuperados, e o velho racismo foi solucionado, ou pelo menos amenizado, pelo tempo e o progresso. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiASj1l8ro-iAZ3-U2KDEhksm_y_gyBbjRHPpAeVPkWlAGAv6ghC8XxehqlXxWr2KG5xSxRnxY3wGFTZRqvKQgfdx2bPRL4pGqzZ9OtTee5TD-oPFZa2uyAx8HplA2G8g5-ThJBozwTL3zLufsE3JZ63poH2aJ6amZ2_t02vjPUanBABpmjhbG5SKRgCJQ/s320/NEGRO.jpg


O que assusta no novo racismo é a ausência de qualquer solução parecida à vista. Ele é econômico como o outro, claro. Existe na sua grande parte entre jovens marginalizados e sem perspectiva. Mas envolve cor e religião e ódios culturais novos, ou – no caso de judeus e muçulmanos – ódios antigos importados. E o tempo só piora o novo racismo. Caso curioso é o do futebol, que deveria estar contribuindo para o entendimento racial, mas ajuda a deteriorá-lo. Não há grande clube europeu que não tenha um bom número de jogadores negros, que são ídolos das suas torcidas, mas alvos dos insultos raciais das torcidas adversárias – que esquecem seus próprios ídolos negros na hora do xingamento. É nos estádios de futebol que tem havido os piores incidentes raciais. Na França fazem campanhas contra o preconceito e a violência, e contra as novas manifestações do anti-semitismo, que tem sido uma infecção recorrente na história da Europa cristã. A luta parece em vão num mundo que, quanto mais cosmopolita fica, mais se retribaliza.

        [...]

Luís Fernando Veríssimo. O Estado de São Paulo, 31/3/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 183.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal preocupação de Luís Fernando Verissimo ao observar a Europa?

      A principal preocupação é o crescimento do racismo e da violência entre diferentes grupos étnicos e religiosos, um fenômeno que ele chama de "tétrico torneio de violência".

02 – Como o autor compara o racismo atual na Europa com o racismo do passado?

      Verissimo aponta que o racismo na Europa não é novidade, mas que o racismo do passado, que discriminava imigrantes europeus, foi amenizado pelo tempo e pelo progresso econômico. O novo racismo, por outro lado, envolve ódio racial e religioso, e não apresenta soluções óbvias.

03 – Qual o papel do futebol nesse contexto, segundo o autor?

      O futebol, que deveria ser um espaço de união e entendimento racial, paradoxalmente, tem se tornado palco de manifestações racistas, com torcidas insultando jogadores negros, mesmo quando seus próprios times contam com ídolos negros.

04 – Quais são os fatores que contribuem para o "novo racismo" na Europa?

      O novo racismo é impulsionado por fatores econômicos, como a marginalização de jovens sem perspectiva, e por ódios culturais e religiosos, tanto novos quanto antigos, como o antissemitismo.

05 – Qual a conclusão do autor sobre a luta contra o racismo na Europa?

      Verissimo expressa uma visão pessimista, sugerindo que a luta contra o racismo parece em vão em um mundo que, apesar de se tornar mais cosmopolita, também se retribaliza, ou seja, se divide em grupos com identidades fechadas e hostis a outros grupos.

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: JOVEM CINQUENTÃO - SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Jovem Cinquentão

        Como se mede a importância de um livro? Há os que se impõem pelo valor do enredo, há os que vencem o critério do tempo pela excelência da linguagem; há os que flagram e desenham para sempre tipos humanos de certo tempo e lugar, há ainda os que, por uma misteriosa combinação de fatores, acabam influenciando o futuro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhg1R6xmhbLb7_lDaGfSNaFJ1ydXSqEgnmLx-pApDJlLA_QJpTKceLc4LR2OkcvKaagxxv-Mtkda4CJ-CnCX11JYaujmpNf0pjYh6S4n_zsfcwtr-Ershyphenhyphenjn10nctryqgyX_dfUZyClFgcKD__pMVBNeQwd_s1WaYaXwsWUQOfpisqOMghfkeyMVJVcWQE/s1600/50.jpg


        O apanhador em campo de centeio (The Catcher in the rye), de Jerome David Salinger, está nesse caso. Lançado há 50 anos no calor do pós-guerra, aproveitou-se do nascimento da cultura jovem e potencializou-a, na história de Holden Caulfield, adolescente que é expulso de um prestigioso colégio, às vésperas do Natal, e volta para casa, em Nova York. O sofrido e variado percurso entre a escola, com sua ética superada aos olhos do jovem, e a casa da família, idem, é o recheio da novela.

        O livro (publicado No Brasil pela Editora do Autor) acertou em cheio a sensibilidade “teen”. Sabemos desde as primeiras linhas que Holden está internado num hospital e que dali vai desfiar suas lembranças, na ordem em que aconteceram, sem dourar nenhuma passagem.

        Quem não se comove com a sinceridade do jovem? é impossível não sentir uma ponta de agradável melancolia com as observações de Holden, como “É gozado, os adultos ficam horríveis quando estão dormindo de boca aberta, mas as crianças não, elas continuam cem por cento”. Há exatos 50 anos, Salinger fotografou seu futuro, a nossa cara.

Superinteressante, out,2001.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 210.

Entendendo o texto:

01 – Quais critérios o texto aponta para medir a importância de um livro?

      O texto menciona: Valor do enredo; Excelência da linguagem; Capacidade de retratar tipos humanos de uma época; Influência no futuro.

02 – Qual a importância do livro "O Apanhador no Campo de Centeio" para a cultura jovem?

      O livro potencializou a cultura jovem ao retratar a sensibilidade "teen" através do personagem Holden Caulfield, um adolescente que questiona a ética do mundo adulto.

03 – Qual a estrutura narrativa do livro e como ela contribui para a identificação do leitor?

      O livro é narrado em primeira pessoa, como memórias de Holden Caulfield, o que permite ao leitor acompanhar seus pensamentos e sentimentos de forma direta e sincera, gerando identificação e comoção.

04 – Que características do personagem Holden Caulfield o tornam tão marcante?

      A sinceridade, a melancolia e as observações perspicazes de Holden sobre o mundo adulto, como a que compara o sono de adultos e crianças, tornam o personagem extremamente marcante e atemporal.

05 – Qual a relevância do livro "O Apanhador no Campo de Centeio" para os dias atuais, segundo o autor do texto?

      O autor do texto afirma que Salinger, com sua obra, fotografou o futuro, a nossa cara, ou seja, o livro continua muito atual para os dias atuais.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: A CIDADANIA BRASILEIRA É INACESSÍVEL - DÉBORA CRISTÓFARO DAVID - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: A cidadania brasileira é inacessível

          Débora Cristófaro David

        A cidadania no Brasil está se tornando cada vez mais difícil, a conveniência rege a moral do brasileiro para que ele só exerça sua cidadania em momentos oportunos. Assim, ele fica propenso a desrespeitar leis e regras e, consequentemente, tornar-se amoral.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTlMV76qIWb_-ifZZ9q63U-0k7om6cpgRmtR2ResvtLL3U7R_3Gq9YrwkF7rZOtEiEtmugzrhtRLsfd0zAcYBAwLYpVG9X14yomcRJixB7CKS1h5yu_Uu8sm1EPdSz74V8tRZihEZ1uRPU7Kz3myYqpTlV7AVrAxL57tNzFYMKhEs2dCMOjENhBgdTgg/s320/Cidadania.jpg


        O brasileiro ainda não percebe que o processo de conscientização social para a prática da verdadeira cidadania é individual e não apenas conjunta. É claro que a ação da massa é importante e, geralmente, mais significativa, porém, com uma forte motivação pessoal, o resultado torna-se melhor. E, como cidadão, o brasileiro cresce.

        No entanto, o povo segue um exemplo de cidadão que, a seu ver, lhe é superior. Mas, se somos governados por pessoas corruptas, que outro exemplo nos é propício a seguir? Não temos escolhas. Temos acesso apenas à corrupção dos administradores do nosso país, que não deixam espaço para a honestidade no governo. Ao povo só resta segui-los, pois é constantemente desmotivado a ser política e socialmente correto.

        Não obstante isso, as punições aos infratores não são devidamente aplicadas, seja por um papel jogado no chão, seja por um homicídio. A lei é proposta de acordo com o poder aquisitivo do seu transgressor, inversamente, eu diria. Visto isso, o brasileiro não encontra meios que o impeçam de continuar a desrespeitar as regras do país, embora o faça.

        A cidadania no Brasil é, pois, inacessível, já que não encontramos como frear a demasiada corrupção do governo, a “proteção” aos infratores e a visão debilitada de grupos e individualismo do brasileiro que, agindo assim, nunca será um verdadeiro cidadão.

Débora Cristófaro David – 1ª série do ensino médio.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 211-212.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal crítica do texto sobre a prática da cidadania no Brasil?

      O texto critica a prática da cidadania no Brasil, descrevendo-a como seletiva e conveniente, onde os cidadãos exercem seus direitos e deveres apenas em momentos oportunos, levando ao desrespeito às leis e à amoralidade.

02 – Como o texto descreve a relação entre a corrupção no governo e o comportamento dos cidadãos?

      O texto argumenta que a corrupção dos líderes governamentais serve como um mau exemplo para a população, desmotivando os cidadãos a serem honestos e socialmente corretos, e perpetuando um ciclo de comportamento inadequado.

03 – Qual a crítica do texto em relação à aplicação das leis no Brasil?

      O texto critica a aplicação desigual das leis, onde as punições variam de acordo com o poder aquisitivo do infrator, resultando em impunidade e incentivando a continuidade do desrespeito às regras.

04 – Qual o papel do individualismo na dificuldade de alcançar a verdadeira cidadania no Brasil, segundo o texto?

      O texto destaca que a falta de conscientização individual e a visão debilitada de grupos contribuem para a inacessibilidade da cidadania, pois a verdadeira cidadania exige um compromisso pessoal com os valores e práticas cidadãs.

05 – Quais os principais obstáculos para a cidadania plena no Brasil apontados no texto?

      Os principais obstáculos apontados são: A corrupção governamental; A impunidade e a aplicação desigual das leis; A falta de conscientização individual; O individualismo excessivo.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: SEGURANÇA E MEDO - FRAGMENTO - BORIS FUSTO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Segurança e medo – Fragmento

           BORIS FAUSTO

        Nas últimas décadas, muitos indicadores sociais do Brasil melhoraram. Entre eles, os índices de mortalidade infantil, de expectativa de vida, de pessoas alfabetizadas, de crianças e jovens cursando o ensino fundamental. Mas, em matéria de segurança do cidadão e, portanto, de avanço da criminalidade, chegamos a níveis insuportáveis. É preciso insistir no tema, mesmo com o risco de repetir coisas sabidas, quando mais não fosse para enfrentar a resignação e a banalização da violência na vida cotidiana.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoYBUNXthN3bqzn5ua1aGpjDVpsKK7B2ZE4sTduQ_b0RkG39pls_fp4Kp43trfyLppfx8WDk1JmdKSq91RilnKLSyvqUxQ9vbUy82Yj32d17mTIe4hdJdU-SsktyTRo65YD9_pOm1SDGMLqKUJGilk6rFfYkGd3nnTx3VaNUGEzFzmjTTQx_ISumebzuQ/s320/SEGURAN%C3%87A.png


        [...]

        Por que chegamos a essa situação? [...] À desigualdade – uma constante da nossa história – veio se juntar a crise da instituição familiar, a quebra generalizada de valores, a busca de "felicidade imediata", a qualquer preço, tendo por objeto do desejo os bens de consumo multiplicados – dos tênis de marca numa ponta aos carrões de luxo, na outra.

        O crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, pode melhorar o quadro aqui sumariamente descrito. Mas não há automatismo entre o que ocorre na área da economia e na área da criminalidade. Basta lembrar um dos aspectos mais graves do problema – o tráfico e consumo de drogas, opção tentadora de ganhos vultosos, em que não só gente de favela como de classe média está envolvida pesadamente.

        [...] É justo reconhecer que medidas vêm sendo tomadas no sentido de reverter o quadro atual. [...] algumas experiências que combinam medidas preventivas e repressivas com uma constante atuação social, numa associação entre prefeituras, polícia e ONGs, têm produzido efeitos localizados muito positivos, [...].

        As indicações positivas não pretendem significar, nem de longe, que o quadro geral de insegurança está em franca desaparição. Se muitas distorções sociais e muitos erros levaram ao cenário atual, sua reversão demandará um leque variado de iniciativas, em macro e microescala, envolvendo redução do desemprego, oportunidades educativas atraentes, medidas policiais eficazes, preventivas e repressivas, como sabem os especialistas melhor do que eu. Mas as indicações positivas demonstram que é possível atuar eficazmente, tendo como meta garantir a tranquilidade dos cidadãos, entregues muitas vezes à descrença e ao desespero.

       [...].

Boris Fausto. Folha de São Paulo, 7/10/2005.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 242.

Entendendo o artigo:

01 – Apesar da melhora em alguns indicadores sociais no Brasil nas últimas décadas, qual área específica apresenta níveis considerados insuportáveis pelo autor?

      A área de segurança do cidadão, relacionada ao avanço da criminalidade, atingiu níveis insuportáveis, contrastando com as melhorias em mortalidade infantil, expectativa de vida, alfabetização e acesso ao ensino fundamental.

02 – Quais fatores o autor aponta como contribuintes para a grave situação da segurança pública no Brasil?

      O autor menciona a desigualdade histórica do país, a crise da instituição familiar, a quebra generalizada de valores e a busca por "felicidade imediata" através do consumo de bens materiais como fatores que contribuem para o aumento da criminalidade.

03 – O autor acredita que o crescimento econômico, por si só, é capaz de solucionar o problema da criminalidade? Justifique sua resposta.

      Não, o autor não acredita em um automatismo entre economia e criminalidade. Ele cita o exemplo do tráfico e consumo de drogas, que envolve tanto pessoas de baixa renda quanto de classe média, como um problema complexo que não se resolve apenas com crescimento econômico e geração de empregos.

04 – O autor reconhece que alguma ação está sendo tomada para tentar reverter o quadro de insegurança? Se sim, qual tipo de iniciativa ele destaca?

      Sim, o autor reconhece que medidas estão sendo tomadas. Ele destaca experiências que combinam ações preventivas e repressivas com uma atuação social constante, envolvendo a colaboração entre prefeituras, polícia e ONGs, que têm apresentado resultados positivos em nível local.

05 – Qual a mensagem principal que o autor busca transmitir ao citar as "indicações positivas" de algumas iniciativas na área de segurança?

      A mensagem principal é que, apesar do cenário geral de insegurança e da descrença e desespero da população, é possível atuar eficazmente para garantir a tranquilidade dos cidadãos. As experiências bem-sucedidas demonstram que, com um conjunto variado de iniciativas em diferentes escalas, a situação pode ser melhorada.

 

terça-feira, 8 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: O BRASIL ARMADO - (FRAGMENTO) - SÉRGIO LÍRIO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O Brasil armado – Fragmento

           Sérgio Lírio

        [...] Extenso e inédito levantamento do Instituto de Estudos da Religião (Iser), a pedido do Movimento Viva Rio, revela que há muito tempo pequenos e médios municípios deixaram de ser oásis de tranquilidade e segurança. Segundo a pesquisa, nas últimas décadas, o número de assassinatos com armas de fogo cresceu em ritmo semelhante tanto nos grandes centros quanto nas cidades menores.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz8RZGeUezUh5HS0xzJkHWrb-GiVZ5gV8wE7vo7fZKe7lEp_puROV4lOwy0ZlabpEX_pGW6QmhRhqae7ezLyz7o2PCtEHpTX9M7xR8uDfB-gFaPGk5XSNOXlTsVQkl7UlLAJaTnXxSoKSLRxjc9aQtBjcCscpdnIkMiBrh_qtoVLi-4xWxVsov3xIqLnY/s1600/iser.jpg

        Além disso, a violência atingiu índices preocupantes em regiões do interior controladas pelo crime organizado ou localizadas no entorno de rodovias usadas par escoar drogas e contrabando, a exemplo do polígono da maconha, em Pernambuco, e das áreas de fronteira no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul. Nesses lugares, os percentuais de assassinatos rivalizam com os índices registrados nos maiores centros urbanos.

        [...] uma das conclusões possíveis a partir do trabalho coordenado pela pesquisadora Luciana Phebo é que a proliferação das armas de fogo pelo território brasileiro torna frágil a esperança da classe média, que vê na fuga das grandes cidades o método mais eficiente para se proteger da violência. Na mesma velocidade da criminalidade cresce a sensação de insegurança.

Sérgio Lírio. Carta Capital, 15/12/2004.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 241.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal revelação da pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (Iser) mencionada no artigo?

      A pesquisa revela que o aumento de assassinatos com armas de fogo nas últimas décadas ocorreu em ritmo semelhante tanto nos grandes centros urbanos quanto em pequenos e médios municípios, indicando que a violência se disseminou para além das metrópoles.

02 – Que regiões específicas do interior do Brasil apresentam índices preocupantes de violência, segundo o artigo?

      Regiões controladas pelo crime organizado ou localizadas próximas a rodovias utilizadas para o tráfico de drogas e contrabando, como o polígono da maconha em Pernambuco e as áreas de fronteira no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul, exibem altos percentuais de assassinatos.

03 – Qual a conclusão do estudo coordenado por Luciana Phebo sobre a proliferação de armas de fogo no Brasil?

      A conclusão é que a ampla disseminação de armas de fogo em todo o território brasileiro enfraquece a esperança da classe média que buscava segurança ao se mudar das grandes cidades, pois a violência também cresce no interior.

04 – Qual a relação estabelecida no artigo entre o crescimento da criminalidade e a sensação da população?

      O artigo aponta que a sensação de insegurança cresce na mesma velocidade em que a criminalidade se expande pelo país, afetando tanto os moradores de grandes centros quanto os de cidades menores.

05 – Qual a implicação da pesquisa para a estratégia de fuga das grandes cidades como forma de proteção contra a violência?

      A pesquisa sugere que a estratégia da classe média de buscar refúgio da violência em cidades menores se torna cada vez mais frágil, pois o aumento de assassinatos com armas de fogo ocorre de maneira similar em diferentes portes de municípios.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO HÁ COMO FICAR PIOR - (FRAGMENTO) - RONALDO FRANÇA - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Não há como ficar pior – Fragmento

            Ronaldo França

        Chacina na Baixada Fluminense expõe a face mais cruel da violência no país: a polícia organizada para matar inocentes

       A corrupção policial é o inimigo número 1 da segurança pública. É ela que alimenta os bandidos com uma encorajadora sensação de impunidade e esteriliza a ação do Estado. É também ela a porta de entrada dos próprios policiais no mundo do crime. O exemplo extremo dessa realidade foi visto na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, há duas semanas, quando trinta pessoas foram assassinadas em menos de duas horas. O crime foi de uma brutalidade nunca vista no país. Não apenas pelo número de vítimas, mas porque foram contados nos corpos mais de sessenta tiros dados principalmente na cabeça, no pescoço e na região do coração. Entre os mortos, adolescentes e crianças. Todos absolutamente inocentes. A investigação inicial tem provas de que os autores são policiais suspeitos de envolvimento em atividades de segurança privada.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH8g0aE_gcnayGXMQRpBHMBy8vqWQG0Ln7NsNWIGxVZJjRo7YSLlrruGGl3sG4awm6k0PqNy5MHH_yGkDeWc52ZFA9KrfRamzIS9k5f81Iw_V3aluLVuoeNeBemIxgITg3YvvAZkQLXOJoyZm2UUsmdJxh3YEjnuN_Sy8KW3ZbSxL3x_Sa2LC66MkK-34/s320/POLICIAIS.jpg


        [...] O envolvimento de policiais com o crime não é novidade e acontece em todo o país. Mas a frequência com que tem ocorrido cresce assustadoramente. Especialista em supervisão de policiais, o americano Paul Whisenand escreveu que a integridade faz parte da infraestrutura da segurança pública. Quando ela se esvai, a polícia perde credibilidade e eficiência. Várias cidades do mundo já se defrontaram com esse problema e a experiência mostra que a faxina é inevitável quando se pretende construir uma política de segurança eficaz.

        [...] Em Nova Orleans, nos Estados Unidos, um terço da força policial foi afastada com a implantação de uma política de tolerância zero semelhante à de Nova York, onde o mesmo ocorreu. Em Los Angeles, centenas de policiais foram postos para fora de seus distritos. Nessas cidades os índices de criminalidade foram reduzidos em até um terço do que eram, o que não se teria conseguido sem a limpeza na polícia.

        A experiência americana mostra que o expurgo dos policiais criminosos é vital, mesmo quando se sabe que no dia seguinte à expulsão haverá um bandido a mais à solta. “É melhor um bandido na rua, monitorado, do que disfarçado de policial e com sua ação criminosa custeada pelo estado”, afirma o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho.

Ronaldo França. Veja, n° 1900.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 241.

Entendendo o artigo:

01 – Qual o evento trágico que motiva a reflexão do autor no artigo?

      A chacina ocorrida na Baixada Fluminense, onde trinta pessoas foram assassinadas com extrema brutalidade, sendo muitas vítimas atingidas na cabeça e no coração, incluindo adolescentes e crianças inocentes.

02 – Segundo o autor, qual é o principal inimigo da segurança pública no Brasil?

      A corrupção policial é apontada como o inimigo número um da segurança pública, pois alimenta a impunidade dos criminosos, impede a ação eficaz do Estado e serve como porta de entrada para policiais no mundo do crime.

03 – Qual a principal implicação da perda de integridade na polícia, de acordo com o especialista Paul Whisenand citado no artigo?

      A perda de integridade na polícia leva à perda de credibilidade e eficiência da instituição, prejudicando a segurança pública como um todo.

04 – Quais exemplos de cidades americanas são mencionados no artigo como casos de sucesso na redução da criminalidade através da "faxina" na polícia?

      Nova Orleans e Los Angeles, nos Estados Unidos, são mencionadas como cidades que implementaram políticas de tolerância zero e afastaram um grande número de policiais, resultando na redução significativa dos índices de criminalidade.

05 – Qual o argumento apresentado pelo ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, sobre a importância de expurgar policiais criminosos da corporação?

      Ele argumenta que é preferível ter um bandido na rua, mesmo que monitorado, do que um criminoso disfarçado de policial, cuja ação criminosa é financiada pelo próprio Estado.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: O ESPELHO - MARCELO MIGLIACCIO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: O espelho

                MARCELO MIGLIACCIO

        Falar mal da TV virou moda. É "in" repudiar a baixaria, desancar o onipresente eletrodoméstico. E, num país em que os domicílios sem televisão são cada vez mais raros, o que não falta é especialista no assunto. Se um dia fomos uma pátria de 100 milhões de técnicos de futebol, hoje, mais do que nunca, temos um considerável rebanho de briosos críticos televisivos.

Fonte https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-UNiE09OlPdDgnXOEp1NxlqtgDCsUY4ekxrafClLnD27JfxrsJ5kcx9vO2YGumv0otERn-RVV4EIaeCj0pZhM2D-OmubDEcb0U_MMeSI8h9H-K2Tgxmf9R8LzyKUqbeBSMH8Dt-4cQnGneop1jOp57INXQUm7fdbDfTmhHhyGVYCy49gatfahg4nX460/s320/TV.jpg

        Depois de azular as janelas das grandes e das pequenas cidades, os televisores ganharam as ruas. Hoje não se encontra um boteco, padaria ou consultório dentário que não tenha um. Há até taxistas que trabalham com um olho no trânsito e outro na novela. E, nas esquinas escuras onde se come o suspeitíssimo cachorro-quente, pode-se assistir ao "Jornal Nacional" e ser assaltado em tempo real.

        Mas, quando os "especialistas" criticam a TV, estão olhando para o próprio umbigo. Feita à nossa imagem e semelhança, ela é resultado do que somos enquanto rebanho globalizado. Macaqueia e realimenta nossos conceitos e preconceitos quando ensina, diariamente, o bê-á-bá a milhões de crianças.

        Reclamamos que, na programação, só vemos sexo, violência e consumismo. Ora, isso é o que vemos também ao sair à rua. E, se fitarmos o espelho do banheiro com um pouco mais de atenção, levaremos um susto com a reprise em cartaz. Talvez por isso a TV nos choques, por nos mostrar, sem rodeios, a quantas anda o inconsciente coletivo. E não adianta dourar a pílula; já tentaram, mas não deu ibope.

        Aqui e ali, alguns vão argumentar que cultivam pensamentos mais nobres e que não se sentem representados no vídeo. Mas a fração que lhes cabe está lá, escondidinha como é próprio às minorias. Está nos bons documentários, nas belas imagens dos eventos esportivos, na dramaturgia sensível, no humorismo que surpreende, nos desenhos e nas séries inteligentes, no entrevistador que sabe ouvir o entrevistado, nas campanhas altruístas.

        Reclama-se muito que, nas novelas, os negros fazem, quase sempre, papéis de subalternos. Mas é essa condição que a sociedade reserva à maioria deles, e também à maior parte dos nordestinos, na vida real. O que a televisão fornece é um retrato da desigualdade no país.

        E, quando explora a mulher, estigmatiza gays, restringe o mercado para o ator idoso ou vende cerveja, maledicência e atrocidade na programação vespertina, ela reflete o mundo dominado pelo macho-adulto-branco-capitalizado.

        A televisão mostra muita violência o dia inteiro, gritam os pacifistas na sala de estar. Como se não houvesse milhões de Stallones, Gibsons, Bronsons, Van Dammes e Schwarzeneggers armados até os dentes no Afeganistão, Golfo Pérsico, Colômbia, Mianmar, favelas brasileiras ou trincheiras angolanas.

        É natural que uma parte de nós se revolte, o que parece tão compreensível quanto inócuo. Campanhas contra a baixaria televisiva lembram a piada do marido traído que encontra a mulher com o amante no sofá da sala e, no dia seguinte, vende o móvel para solucionar o problema. Garrotear a TV é tapar o sol com a peneira.

        Enquanto a discussão ganha adeptos, continuamos devorando nosso tubo de imagem de estimação. Depois, de barriga cheia, saímos à rua para ratificar, legitimar com pensamentos, palavras e atitudes, que as coisas são mesmo assim e que, pelo jeito, a reprise continuará.

        Aquele repórter sensacionalista que repete à exaustão a cena de linchamento, o apresentador que tripudia sobre o drama do desvalido, a loura que vê na criança um consumidor a mais, o jovem que tem num "reality show" desumano a alternativa para sua falta de horizonte, a menina precocemente erotizada, no fundo, somos todos nós.

Folha de São Paulo, 19/10/2003.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 238-239.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a crítica inicial do autor em relação à atitude comum sobre a televisão no Brasil?

      O autor critica a "moda" de falar mal da TV e repudiar sua suposta "baixaria", apontando que, em um país com poucos lares sem televisão, há muitos "especialistas" em criticá-la.

02 – Qual a metáfora central utilizada pelo autor para descrever a relação entre a televisão e a sociedade?

      A metáfora central é a do "espelho". O autor argumenta que a televisão reflete a sociedade, sendo "feita à nossa imagem e semelhança" e reproduzindo nossos conceitos e preconceitos.

03 – Segundo o autor, por que a programação da televisão frequentemente exibe sexo, violência e consumismo?

      Ele afirma que esses temas são prevalentes na programação porque também são elementos presentes na vida cotidiana e no "inconsciente coletivo" da sociedade. A televisão, ao mostrá-los, apenas reflete a realidade.

04 – O autor nega que haja conteúdo de qualidade na televisão? Justifique sua resposta.

      Não, o autor não nega. Ele argumenta que, embora muitas críticas se concentrem nos aspectos negativos, existem conteúdos de qualidade direcionados a minorias, como bons documentários, eventos esportivos bem filmados, dramaturgia sensível, humor inteligente, entrevistas relevantes e campanhas altruístas.

05 – Como o autor interpreta a representação de minorias, como negros e nordestinos, nas telenovelas?

      Ele entende que a representação de negros em papéis subalternos e a marginalização de nordestinos nas novelas refletem a desigualdade existente na sociedade brasileira na vida real. A televisão, nesse aspecto, funciona como um retrato da injustiça social.

06 – Qual a crítica do autor em relação aos que se indignam com a violência mostrada na televisão?

      O autor ironiza os "pacifistas na sala de estar" que se chocam com a violência televisiva, como se essa violência não fosse uma realidade presente em diversos conflitos e situações ao redor do mundo e dentro do próprio país.

07 – Qual a conclusão do autor sobre a eficácia das campanhas contra a "baixaria" televisiva e o comportamento da sociedade em relação à TV?

      O autor considera as campanhas contra a "baixaria" inócuas, comparando-as à atitude de vender o sofá onde ocorreu uma traição em vez de lidar com o problema real. Ele conclui que a sociedade continua consumindo a televisão e, ao sair às ruas, ratifica e legitima o tipo de conteúdo que é exibido, perpetuando o ciclo.

 

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: OS ANOS 60 E A JUVENTUDE BRASILEIRA - JOSÉ GERALDO COUTO - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: Os anos 60 e a juventude brasileira

           José Geraldo Couto

        No início da década de 60, a modernização do Brasil e o desenvolvimento das telecomunicações tinham causado o crescimento das cidades e desenvolvimento de uma cultura urbana, sintonizada com os acontecimentos políticos, sociais e culturais de outros países.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRKgdxVL1Chnlv6KTtQ0I124CcA-68shCYwAb3vgMHH389fdl1Bz2epn98PcykTf9T8GOP8gEKRBpcHZcxyIxrIS_Q92pS3ewImSNdeEqpbcSMu4ndE4CnS6few2yV5qq7kk7dN41hb4LnppQBCX2sSTIFMcAgletX7zbw-5sRPGAr2ETurTkgyjhLB7Y/s320/this-is-elvis-824x1024.jpg


        O rock’n’roll e a música pop internacional conquistaram amplas parcelas da nossa juventude desde o final dos anos 50, influenciando posteriormente cantores e compositores da jovem guarda e do tropicalismo. Junto com a música dos Beatles e dos Rolling Stones chegavam ao País novos costumes e uma nova moda: cabelos compridos e calças justas para os homens, minissaias para as mulheres, o uso de drogas alucinógenas e o questionamento de valores tradicionais, como a virgindade e o casamento. A segunda metade da década de 60 foi a época do lema “Paz e Amor”, bandeira do movimento hippie.

      Nos filmes do cinema novo e nas peças do Teatro de Arena e do Tetro Oficina, jovens artistas brasileiros procuravam uma nova estética que expressasse as transformações que o País vinha sofrendo, ao mesmo tempo que a televisão se tornava uma presença cada vez mais influente nos lares brasileiros.

        Foi também uma década de ativa participação política da juventude. Em 1967, o guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara foi morto na Bolívia ao tentar implantar uma guerra de guerrilhas semelhante à que tinha sido vitoriosa em Cuba em 1959. Depois de morto, Guevara tornou-se um ídolo para os jovens brasileiros que lutavam contra o regime militar. Em 1968, os movimentos de protesto realizados por jovens (principalmente estudantes) explodiram em todo o mundo. Nos Estados Unidos, protestava-se contra a guerra do Vietnã. Na França, os estudantes ocupavam as universidades e tentavam aliar-se aos trabalhadores para derrubar o governo. No Brasil, passeatas contestavam o poder dos militares.

        A década se encerrou, no Brasil e no mundo, com um sabor de derrota para a juventude: as rebeliões foram sufocadas, a guerra do Vietnã continuou por mais alguns anos, os governos conservadores ficaram mais fortes. Será que “o sonho acabou”, como declarou o ex-beatle John Lennon em 1970, depois da dissolução do conjunto?

José Geraldo Couto. Brasil – Anos 60. 3. ed. São Paulo: Ática, 1991, p. 224-25.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 38.

Entendendo o texto:

01 – Como a modernização do Brasil influenciou a juventude nos anos 60?

      A modernização, junto com o desenvolvimento das telecomunicações, levou ao crescimento das cidades e ao desenvolvimento de uma cultura urbana conectada com tendências globais.

02 – Quais influências culturais internacionais marcaram a juventude brasileira nos anos 60?

      O rock'n'roll, a música pop internacional, os Beatles, os Rolling Stones, novos costumes, moda (cabelos compridos, minissaias), o uso de drogas alucinógenas e o questionamento de valores tradicionais.

03 – De que forma a juventude brasileira expressou suas transformações culturais e sociais na arte?

      Através do Cinema Novo e do teatro, com o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, buscando uma nova estética que refletisse as mudanças no país.

04 – Qual foi o papel da juventude na política durante os anos 60?

      A juventude teve uma participação política ativa, com protestos contra o regime militar no Brasil e manifestações contra a Guerra do Vietnã e por mudanças sociais em todo o mundo.

05 – Quem foi Che Guevara e qual sua importância para os jovens brasileiros nos anos 60?

      Ernesto "Che" Guevara foi um guerrilheiro que se tornou um ídolo para os jovens brasileiros que lutavam contra o regime militar, especialmente após sua morte em 1967.

06 – Como terminaram os movimentos de juventude nos anos 60?

      Os movimentos de juventude foram suprimidos, a Guerra do Vietnã continuou e governos conservadores se fortaleceram, levando a um sentimento de derrota para muitos jovens.

07 – Qual foi a influência da televisão na cultura brasileira durante os anos 60?

      A televisão se tornou uma presença cada vez mais influente nos lares brasileiros, desempenhando um papel significativo na disseminação de novas ideias e tendências culturais.