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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

SONETO: TANTO DE MEU ESTADO ME ACHO INCERTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Tanto de meu estado me acho incerto

             Luís de Camões

Tanto de meu estado me acho incerto,
que em vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio,
o mundo todo abarco e nada aperto.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMlKfoGbA8ZjxZWRs3vYTTel7ENqG_Y-FwsjI5Kvx1uTD6Pel7JWfR1lia9JUzMZWMSRVRsSSpee5EsQjRn2UFK_plNT1veaj6LU9F86Ev-RyomRW_eAM2xXEg1TLzbRJ72vQheCy6_UJ-wuOKzKkafBaFdOm8AUVGrWulaippuXp1hhcOteED1rL6_uU/s1600/CAMOES.png 



É tudo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando,
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar um' hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 42.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 132.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo eu lírico nesse soneto?

      A principal emoção transmitida pelo eu lírico é a incerteza e a confusão decorrentes de um amor intenso e apaixonado. Ele se sente dividido entre extremos, como calor e frio, choro e riso, esperança e desconfiança. Essa instabilidade emocional é característica da paixão amorosa, que perturba a alma do poeta e o faz questionar seus próprios sentimentos.

02 – Que figuras de linguagem são mais evidentes no soneto e qual o efeito que causam?

      O soneto é rico em figuras de linguagem, como antíteses (opostos), paradoxos (ideias contraditórias) e hipérboles (exagero). Essas figuras intensificam a expressão dos sentimentos contraditórios do eu lírico, como em "em vivo ardor tremendo estou de frio" e "o mundo todo abarco e nada aperto". O efeito é criar uma imagem vívida e intensa do turbilhão emocional do poeta.

03 – Qual a importância da mulher amada para o eu lírico?

      A mulher amada é a causa de todo o sofrimento e confusão do eu lírico. Ela é a fonte de sua inspiração e paixão, mas também o motivo de sua angústia e incerteza. A presença dela é tão intensa que o poeta se sente transportado para outros planos, como o céu, e experimenta uma distorção do tempo. A mulher amada é, portanto, o centro de todo o seu universo emocional.

04 – Como o soneto expressa a natureza contraditória do amor?

      O soneto expressa a natureza contraditória do amor através da oposição de sentimentos e sensações. O amor é representado como uma força que ao mesmo tempo une e separa, que traz alegria e tristeza, esperança e desespero. Essa dualidade é característica da experiência amorosa e é explorada por Camões de forma intensa e poética.

05 – Qual a relação entre o título e o conteúdo do soneto?

      O título "Tanto de meu estado me acho incerto" resume perfeitamente o conteúdo do soneto. A incerteza é o estado de espírito dominante do eu lírico, que se encontra perdido em um labirinto de emoções contraditórias. A palavra "estado" enfatiza a condição emocional do poeta, enquanto "incerto" destaca a instabilidade e a dúvida que o caracterizam.

 

 

POESIA: OS LUSÍADAS - CONTO I - FRAGMENTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: OS LUSÍADAS – Canto I – Fragmento

             Luís de Camões

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpxNKFun5gbIeaD4Vx2oFkxZxZAjUnTs7Hx4ZI3JTqoqvHVdgyXGwkxkUN5PaEvmo2I1_GvyxByZWveJ44SmSb3eOLovBpf0Vu4YYNDchi51LiVPdFXrxm0xt2w568mKPMZ9_8das96CfSxd7A5AEF2KmyymHyJyuI8hp7Fb_qjzMfIZ68pX4Jww9aAZA/s320/PRAIA.jpg

E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando,

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

 

Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandro e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

A quem Neptuno e Marte obedeceram.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, Tágides minhas, pois criado.

[...]

Rosemeire da Silva e Carlos Cortez (introdução e comentário). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 22.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 119.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Taprobana: atual Sri Lanka.

·        Esforçados: equivalente a barões dedicados, empenhados, lutadores.

·        Edificaram: fundaram.

·        Sublimaram: elevaram.

·        Terras viciosas: terras não cristãs.

·        Engenho: inspiração, talento.

·        Arte: ter capacidade de escrever de acordo com as regras da poesia épica.

02 – Qual é o tema central do fragmento e qual a sua importância para a obra como um todo?

      O tema central do fragmento é a exaltação dos feitos dos portugueses, em especial suas grandes navegações e conquistas. Essa introdução estabelece o tom épico de toda a obra, posicionando Portugal como uma nação heroica e destinada à grandeza.

03 – A quem o poeta se dirige no início do poema e qual a intenção dessa invocação?

      O poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo, solicitando sua inspiração para a composição do poema. Essa invocação é uma tradição da poesia épica, servindo para conectar o poeta à musa inspiradora e conferir maior autoridade à sua narrativa.

04 – Quais são os feitos dos portugueses que o poeta destaca no fragmento?

      O poeta destaca as grandes navegações portuguesas, que ultrapassaram os limites conhecidos até então, e as conquistas em terras distantes como a África e a Ásia. Além disso, celebra a expansão da fé cristã e a criação de um novo reino.

05 – Qual a relação entre o passado glorioso de Portugal e o presente do poeta?

      O poeta busca conectar o passado glorioso de Portugal, marcado pelas grandes navegações e conquistas, com o presente, celebrando a identidade nacional e buscando inspiração nos feitos de seus antepassados para compor sua obra.

06 – Como o poeta se posiciona em relação aos feitos de outros heróis da antiguidade?

      O poeta coloca os feitos dos portugueses em um patamar superior aos feitos de heróis da antiguidade como Alexandre, o Grande, e os troianos, afirmando que a história de Portugal merece ser cantada de forma mais grandiosa e sublime.

 

 

SONETO: MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

              Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuYhT9T4nzj5eqh4vPrPpWLu6NCTR9a0y0OwkShX9ewBEOeDUaV3yP5LgNUeUtGpd0HKXENmCNNJIZm3yfIwSvBWYcF82N1WLDbWZfIhzv43k3z5ALL86RF9H-DrCAFt0PUYD0Sv8pecPEgH3wzXEGmFdcQXFr1lY1cXpwPMEYSbtz5j9dQ1uALAqsjvs/s320/CAMOES.jpg


Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 127.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 131.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é a principal temática abordada no soneto?

      A principal temática do soneto é a efemeridade e a constante mudança da vida. Camões explora a ideia de que tudo está sujeito a transformações, desde as estações do ano até os sentimentos e as relações humanas.

02 – O que o poeta sugere com a frase "Todo o mundo é composto de mudança"?

      Com essa frase, Camões expressa a universalidade da mudança. Ele afirma que todas as coisas e seres estão em constante transformação, sem exceção. A mudança é vista como uma característica intrínseca do mundo e da vida.

03 – Qual o significado dos versos "Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem, se algum houve, as saudades"?

      Esses versos revelam a dualidade da experiência humana. As mágoas e as dores tendem a permanecer na memória, enquanto as boas lembranças se transformam em saudade. Isso demonstra a capacidade da memória de selecionar e enfatizar diferentes aspectos da experiência.

04 – Qual a metáfora presente nos versos "O tempo cobre o chão de verde manto, / Que já coberto foi de neve fria"?

      A metáfora presente nesses versos compara o tempo ao ciclo das estações. O "verde manto" representa a primavera e o verão, enquanto a "neve fria" simboliza o inverno. Essa imagem sugere a passagem do tempo e a renovação constante da natureza.

05 – Qual a principal reflexão que o soneto nos convida a fazer?

      O soneto nos convida a refletir sobre a natureza passageira da vida e a importância de apreciar cada momento. Ao enfatizar a constante mudança, Camões nos lembra que nada é permanente e que devemos buscar encontrar significado e beleza mesmo diante das adversidades. A obra nos convida a uma profunda reflexão sobre a nossa própria existência e sobre o lugar que ocupamos no mundo.

 

 

 

POEMA: TRANSFORMA-SE O AMADOR NA COUSA AMADA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Transforma-se o amador na cousa amada

               Camões

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.


Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas está linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfmQY31FooYI9vPtEprXcw86r2RL-kYjR1JNVW3kXPPX83vwuujqQBeMNs0vzq-8bhRyPvteIAL5cx8vNPxYKd-JegnNXzLvRni608Q9IUvCPCe8vrdK_M60eIyJNTb_tSijaKkNnEIWTLBhzbVdd3gUONbDRBqS7rPAKluvsXnbedgCxLp4F841SDh6Q/s1600/ALMA.jpg

Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 78.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 129.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal ideia transmitida pelo poema?

      O poema transmite a ideia de que o amor idealizado tem o poder de transformar o amante na própria coisa amada. Através da força da imaginação, o eu lírico internaliza as qualidades da amada a ponto de não desejar mais nada, pois já possui em si a parte desejada.

02 – O que significa a expressão "por virtude do muito imaginar"?

      Essa expressão indica que a transformação do amante se dá por meio da intensa atividade mental de imaginar a pessoa amada. É através desse exercício mental que o amor se torna tão poderoso a ponto de unir o amante e o amado em um só.

03 – Qual a relação entre a alma e o corpo no poema?

      O poema estabelece uma dicotomia entre alma e corpo. A alma do amante se transforma e se une à alma da amada, enquanto o corpo busca satisfazer um desejo que já foi superado pela alma. Essa dualidade revela a complexidade do amor, que envolve tanto aspectos espirituais quanto físicos.

04 – O que representa a "semideia" mencionada no poema?

      A "semideia" representa a imagem idealizada da amada, uma construção mental que se assemelha a uma ideia platônica. Essa imagem é tão viva e intensa que se torna parte integrante da alma do amante, moldando seus pensamentos e sentimentos.

05 – Qual o papel do amor na transformação do amante?

      O amor é a força motriz da transformação. É ele que impulsiona o amante a imaginar, a idealizar e a se unir à pessoa amada em um nível espiritual. O amor, nesse contexto, é uma força unificadora e transcendente.

 

domingo, 17 de novembro de 2024

POESIA: TU SÓ, TU, PURO AMOR, COM FORÇA CRUA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: Tu só, tu, puro amor, com força crua

             Camões

Tu só, tu, puro amor, com força crua

Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgECRRVNC1AJuFHRDx44zxz6e5zvJ47a9mtUMvVnHmba-GOx_RVpqOW0-k9CXDTzd2ZrxWgvUeczOyS3nJsyRPWiP8b1NG_VmuN7YW0yUWObkwr042aeIy3cX6A0_a7kPQU2chh2QAjRXSYT7jI9wXGi79YC3HNMFwjmIxNuyR5_CEEHabdsVo1J-O2jn4/s320/CORA%C3%87%C3%83O.png


Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano.


Estavas, linda Inês, posta em sossego

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas,

O nome que no peito escrito tinhas.

Rosemeire da Silva e Carlos C. Minchillo (introdução e comentários). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 34.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 159.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Molesta: lastimosa; funesta.

·        Pérfida: desleal; traidora.

·        Fero: feroz; sanguinário; cruel.

·        Mitiga: alivia; suaviza; aplaca.

·        Aras: altar; mesa para sacrifícios religiosos.

·        Posta em sossego: repousando após a morte.

·        Iedo: feliz, contente.

·        Mondego: rio da região central de Portugal.

·        Fremosos: formoso, graciosos, belo.

02 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema gira em torno do tema do amor como força implacável e destrutiva. Camões retrata o amor como um sentimento que pode levar à morte, comparando-o a um inimigo cruel e impiedoso. A história de Inês de Castro serve como exemplo dessa força cega e apaixonada.

03 – Qual o papel da figura de Inês de Castro no poema?

      Inês de Castro é a personificação da beleza, da inocência e da felicidade. Sua morte trágica, causada pela paixão de Pedro por ela, serve como um exemplo da crueldade do amor e do poder da paixão sobre a razão.

04 – Qual o significado da expressão "força crua" no contexto do poema?

      A expressão "força crua" refere-se à intensidade e à brutalidade do amor. O amor é apresentado como uma força da natureza, indomável e capaz de causar sofrimento e destruição.

05 – O que o poeta quer dizer com a frase "Tuas aras banhar em sangue humano"?

      Essa frase significa que o amor exige sacrifícios e que, muitas vezes, esses sacrifícios são representados pela morte. O amor é comparado a um deus cruel que se alimenta do sofrimento humano.

06 – Qual a relação entre o amor e a morte no poema?

      O poema estabelece uma relação íntima entre o amor e a morte. O amor é apresentado como uma força tão poderosa que pode levar à morte. A morte de Inês de Castro é a prova de que o amor, quando não é correspondido ou quando encontra obstáculos, pode ter consequências trágicas.

 

terça-feira, 16 de abril de 2024

POEMA: OS LUSÍADAS - CANTO V - (FRAGMENTO ESTROFES 40 A 42) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto V – (Fragmento estrofes 40 a 42)

              Luís de Camões

Tão grande era de membros que bem posso

Certificar-te que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo.

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo.

Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

 

E disse: – Ó gente ousada, mais que quantas

No mundo cometeram grandes cousas,

Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,

E por trabalhos vãos nunca repousas,

Pois os vedados términos quebrantas

E navegar meus longos mares ousas,

Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,

Nunca arados de estranho ou próprio lenho;

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjekIOdrFuSD0RZWEAsmNAwEMoglMLr2RJ5AF_oZ8D2AOEGxSg0qIbtGb9vlH-rMsYUzqabWTxTGcD_3DGTDs-pZjoeRdx53K7I8j2yO8Iz4cXQ2koi-__DXitGhlTcbOsLmFZD5juy567WTc-w96L8jWzvIJJ5NyQYcpWyarj_ST5lY0r9GErHPdIO9co/s320/O_mundo_das_%C3%A1rvores.jpg 

Pois vens ver os segredos escondidos

Da natureza e do húmido elemento,

A nenhum grande humano concedidos

De nobre ou de imortal merecimento,

Ouve os danos de mi que apercebidos

Estão a teu sobejo atrevimento,

Por todo o largo mar e pela terra

Que inda hás de sojugar com dura guerra.

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JÚNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 123. Fragmento.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 66.

Entendendo o poema:

01 – Quem é descrito como "o segundo de Rodes estranhíssimo Colosso" no poema?

      O gigante Adamastor.

02 – Qual a característica marcante da voz de Adamastor, de acordo com o poema?

      A voz de Adamastor é descrita como horrenda e grossa, parecendo sair do mar profundo.

03 – Por que as carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor?

      As carnes e o cabelo se arrepiam ao ouvir e ver Adamastor devido ao tom de sua voz e à sua aparência assustadora.

04 – Que tipo de pessoas Adamastor se dirige como "gente ousada"?

      Adamastor se dirige àqueles que cometem grandes feitos no mundo, especialmente por meio de guerras e trabalhos árduos.

05 – Qual é o aviso dado por Adamastor aos navegantes intrépidos?

      Adamastor alerta sobre os perigos que aguardam aqueles que se aventuram além dos limites naturais, quebrando as barreiras do mar.

06 – Quais são os "segredos escondidos da natureza e do húmido elemento" mencionados por Adamastor?

      Os segredos são referentes às áreas desconhecidas dos mares e terras que os navegadores estão prestes a explorar.

07 – O que Adamastor prevê para aqueles que continuarão suas jornadas de conquista por mar e terra?

      Adamastor prevê que os navegantes enfrentarão duros desafios e guerras ao longo de suas jornadas de conquista por mar e terra.

 

 

POEMA: OS LUSÍADAS CANTO IV - ESTROFES 95 A 97 (FRAGMENTO) - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Os Lusíadas canto IV – estrofes 95 a 97 (Fragmento)

             Luís de Camões

        [...]

-- Ó glória de mandar, ó vã cobiça

Desta vaidade a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C’uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHiFUUyVh2xK26CL0Q_HW8Q3cNsR7sbA75DbUdUVIbtpu6UyMiwa1YBZwy03JGPL-kA4YTUeMMvVBK7uetKp0wW8w_pJYCv3QS5NlzgwGKFhZm6-AUzLU2dJ5b5vupO7wjd5z1iTNV4QX9bJ4u5VArmLiRjLAsiKu2uRuRFZv5HpPVyuVsTOsyuWAY9TM/s320/INQUIETA%C3%87%C3%83O.jpg

Dura inquietação da alma e da vida,

Fonte de desamparos e adultérios,

Sagaz consumidora conhecida

De fazendas, de reinas e de impérios:

Chamam-te ilustre, chamam-te subida,

Sendo dina de infames vitupérios;

Chamam-te Fama e Glória soberana,

Nomes com quem se o povo néscio engana!

 

A que novos desastres determinas

De levar estes Reinos e esta gente?

Que perigos, que mortes lhe destinas,

Debaixo dalgum nome preminente?

Que promessas de reinos e de minas

De ouro, que lhe farás tão facilmente?

Que famas lhe prometerás? Que histórias?

Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?

[...]

CAMÕES, Luís de. In: SALGADO JUNIOR, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. p. 112. (Fragmento).

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 62.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Aura: prestígio.

·        Peito vão: homens ambiciosos.

·        Neles: nos homens de “peito vão”.

·        Vitupérios: insultos, afrontas.

·        Néscio: ignorante.

·        Preminente: com aparência importante; proeminente.

02 – Qual o vocativo presente na primeira estrofe do fragmento?

      É a “glória de mandar”, a “vã cobiça”, o “fraudulento gosto”.

03 – A que personagens esses vocativos estão relacionados?

      Aos navegantes portugueses (nobres ou não) ambiciosos que se lançaram ao mar em busca de glórias e riquezas particulares.

04 – Do que o velho acusa esses personagens?

      De serem vaidosos, de buscarem somente fama e de serem ambiciosos (“peito vão”).

05 – Quem é o sujeito do período formado pelos dois primeiros versos da última estrofe?

      É o “tu”, ligado ao vocativo “glória de mandar”.

06 – A quem se refere o pronome lhe, presente no terceiro verso da última estrofe?

      Refere-se a “esta gente”.

07 – Qual a crítica feita pelo Velho do Restelo nas estrofes transcritas? Justifique sua resposta utilizando versos do poema.

      O Velho critica os homens ambiciosos que fingem lançarem-se nas aventuras marítimas em nome de ideais nobres, quando, na verdade, buscam apenas riquezas, triunfos e vitórias pessoais. Esses homens estariam pensando na nação, como se pode ver nos versos: “Que promessas de reinos e de minas / De ouro, que lhe farás tão facilmente?”

 

domingo, 14 de abril de 2024

POEMA: UM MOVER DE OLHOS, BRANDO E PIEDOSO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Um Mover de Olhos, Brando e Piedoso

             Luís de Camões

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOVM4RlVhICpM3Wf2zNYZX2IqS2TYGWQiGdxWjX2ZBz2SBpSiUllD913wdiPTno_o0FMzW-WCalZObt3O61HEdMUrvufimg7c4x01B0TawqJ-WQ-f5GJ-XlbxQUaYSyOMzcFahOwnxpBOZOf3SIqLlCG_T511K-OvDHgfS8-L3YMboiSNaYDnIf00S8ko/s1600/CALMA.jpg


Um despejo quieto e vergonhoso;

Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.

CAMÕES, Luís de. In: Salgado Júnior, Antônio (Org.). Luís de Camões: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 301.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 56.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo.

·        Gesto: rosto, face.

·        Despejo: ausência de pejo (vergonha); desinibição, descontração.

·        Brandura: ternura.

·        Circe: divindade da mitologia grega que atraía com seu canto os marinheiros e dava-lhes poções que os transformavam em porcos.

02 – Como é a mulher caracterizada no poema?

      No poema, a mulher tem olhar “brando e piedoso”, seu riso é “brando e honesto”, seus gestos são doces e humildes, sua postura é serena e recatada, sua alma é cheia de bondade, além de ser firme e constante – características mais interiores que exteriores.

03 – Que elemento descritivo faz referência direta à beleza da mulher citada no poema? Onde ele aparece?

      O elemento descritivo que faz referência direta à beleza da moça aparece somente no final (“fermosura”).

04 – Com base nas análises que você fez nos itens 2 e 3, o que é possível concluir: no poema predomina a caracterização interior ou exterior da mulher?

      Camões segue os ideais petrarquistas nesse poema (primazia da caracterização interior da mulher amada sobre a exterior.

05 – A poesia trovadoresca e a palaciana utilizaram com frequência os redondilhos (versos de 5 ou 7 sílabas poéticas), típicos da poesia popular. No classicismo, introduziu-se em Portugal a chamada “medida nova”, versos decassílabos de tradição italiana. Camões utilizou em sua lírica tanta a medida nova quanto a medida velha, da tradição medieval. Agora, releia o poema.

a)   Que medida o poeta português adota?

Camões utiliza versos decassílabos.

b)   Arrisque uma hipótese: que efeito tem o uso dessa métrica no poema?

Os decassílabos do poema, em comparação com a popular métrica do redondilho, evidenciam a sofisticação proposta pelo classicismo.