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domingo, 24 de janeiro de 2021

DIÁLOGO: MENINAS NA LINHA WWW - GILBERTO DIMENSTEIN E HELOISA PRIETO - COM GABARITO

 Diálogo: Meninas na linha WWW

            Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto

        Chatter: Oi!

        Mano: E aí? Tá em casa em pleno sábado à noite?

        Chatter: Eu tinha uma festa mas fiquei com preguiça de sair. Tá frio pra caramba. Melhor navegar.

        Mano: Eu não tinha nada pra fazer. Entrei num site idiota.

        [...]

        Chatter: Eu adoro filme de terror.

        Mano: Mas terror mesmo é ficar com a garota que a gente gosta. Cara, dá um branco, já me aconteceu.

        Chatter: Como foi?

        Mano: Era uma garota da minha escola, ela já foi embora, mudou de cidade. Eu ficava mudo, derrubava tudo, ou então falava sem parar.

        Chatter: É engraçado. Você é tímido.

        Mano: Eu não, é que eu gostava dela. Meu irmão disse que é assim mesmo. Gostou, travou. Tipo terrir.

        Chatter: O quê?

        Mano: Filme terrir, trash, terror do mais ridículo que existe.

        Chatter: Então eu acho legal, é divertido ver terror pra rir.

        Mano: Eu também. A gente compra os vídeos aqui em casa.

        Chatter: Me dá seu endereço.

        Sílvia: Oi.

        Mano: Oi.

        Chatter: Oi.

        Sílvia: Vocês querem conversar comigo?

        Chatter: Sobre o quê?

        Sílvia: Sobre a beleza do amor juvenil, o primeiro beijo, tão inesquecível, a delícia da primeira carícia. Me contem, meus jovens, me contem como foi...

        Mano: Tô fora!

        Chatter: Tô fora também!

        Sílvia: Mas não foi por isso que vocês entraram nesse chat? Para abrir-se por inteiro? Este é um espaço para confidências femininas! O cantinho certo pra descobrir tudo que se esconde no fundo do coração!

        Mano: Dona, me desculpe, pensei que Meninas na Linha era tipo revista Playboy, sabe como é...

        Chatter: Ei, Mano, é roubada, vamos embora, mas me dá seu endereço, me conte dos filmes...

        Mano: Cara, tá certo, meu endereço é Mano@swift.br e o seu?

        Chatter: Vou escrever mandando meu endereço.

        Mano: Vou esperar.

        Sílvia: Esperem, meus jovens, a confidência faz parte do amor...

        Mano: Bye, bye, tia. Obrigado e me desculpe...

        Chatter: Mano, espere, eu vou mandar o e-mail.

        Mano: Vou lá ver.

        Chatter@...

        Mano, aquela Sílvia do chat era igual à mulher do 0800: disque-estrela e descubra seu destino. Metralhadora de palavras.

        Parece que é tudo combinado, sempre a mesma coisa.

        Eu gosto de ler história de amor, mas tem que ser emocionante.

        Aqui em casa tem livro pra caramba porque minha mãe é professora de literatura e meu pai também gosta de ler, por causa da minha avó que também adora livros. Eu sei ler em francês e inglês, mas na minha classe o pessoal só pega gibi.

        Você gosta de ler? De escrever? De ficar em casa?

        Mano@...

        Ei, Chatter, cara, foi divertido fugir daquele chat. Confidências femininas, tá louco!

        Bom, eu gosto de livro de terror e mistério.

        Sou igual você, tenho um avô que lê sem parar. Ele se chama Hermano, como eu. É por isso que tenho esse apelido. Bom, tenho preguiça de escrever na escola, mas gosto de conversa virtual. Que mais?

        Ah, eu ficava bastante em casa, ultimamente tô preferindo a rua.

        Primeiro porque fiquei amigo do Pipoquinha, filho do pipoqueiro da escola. Cara, seu João Pipoca, o pai dele, faz uns desenhos de areia dentro de garrafinhas. É muito legal. Ele está me ensinando.

        E o Pipoquinha e eu estamos fazendo um rolimã. Parece skate, a gente vai pintar depois que terminar. A gente também gosta de bolinha de gude.

        Bom, a rua está muito melhor que a minha casa porque meu irmão, o Pedro, tá meio pirado. Cara, eu trocava muita ideia com ele, mas agora não dá mais.

        Você tem irmãos? Mora em prédio? Tem alguma mania maluca?

        Mano descobre o @mor. São Paulo, Senac/Ática, 2001.

Fonte: Livro – Ler, entender, criar – Português – 6ª Série – Ed. Ática, 2007 – p.126-130.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fwww.casanadisney.com.br%2Fsites-blogs-bacanas-sobre-orlando-florid%2F&psig=AOvVaw1cz4jMxOqMgG7I8-hc-Gwk&ust=1611610296211000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjoqq3Cte4CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o diálogo:

01 – O uso da Internet ainda provoca discussão. Mesmo você não seja um usuário da rede, com certeza tem uma opinião: conversar com alguém pela Internet é tão bom quanto fazer isso ao vivo? A Internet impede o contato entre as pessoas?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A Internet constitui um eficiente e rápido meio de comunicação e, sem dúvida, é válida como forma de ampliarmos conhecimentos e travarmos relações. Não substitui, entretanto, o contato pessoal.

02 – Você sabe o que é site, chat, e-mail? Reúna-se com seus colegas, pesquisem e registrem no caderno o que descobrirem.

      Site (pronuncia-se “sáiti”) quer dizer “sítio, lugar”. Sites são áreas dentro de um servidor de Internet que podem ser visitadas por usuários de computadores conectados à Internet. Para entrar em um site, é preciso conhecer o endereço dele, que geralmente tem esta estrutura: www.(nome do site).com.br – Chat (“bate papo”, em inglês), na linguagem dos computadores, significa “correspondência por escrito entre duas ou mais pessoas”. Equivale a uma conversa telefônica, porém feita por escrito. E-mail (abreviatura de electronic mail, “correio eletrônico”) é um tipo de programa usado em computadores para o envio de bilhetes, arquivos ou mensagens pela Internet. O termo também serve para indicar “endereço eletrônico”.

03 – O texto inicia com um breve cumprimento de Chatter e em seguida ele e Mano começam a conversar pela Internet. Você acha que eles já se conheciam? Justifique sua resposta.

      Deduz-se que eles não se conheciam, pois, ao saírem do chat, pedem um ao outro os respectivos endereços eletrônicos. Além disso, as perguntas revelam que eles desconhecem os hábitos e gostos um do outro.

04 – A certa altura, uma pessoa chamada Sílvia entra na conversa dos garotos. Eles quiseram conversar com ela? Por quê?

      Não quiseram. O assunto proposto por Sílvia, confidências femininas, não era o que Mano esperava encontrar naquele chat, e Chatter também o considerou uma roubada.

05 – É comum a opinião de que nas conversas pela Internet só se falam bobagens. Você concorda com isso? Na conversa que tiveram, Chatter e Mano contaram apenas coisas sem importância? Dê sua opinião, justificando-a com exemplos tirados das mensagens de um e de outro.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Chatter e Mano iniciam sua conversa em um chat chamado “Meninas na linha”. Pesquise em um dicionário os significados da palavra linha. Em seguida, converse com um colega e tentem explicar por que o nome do chat pode ser entendido de mais de uma forma, ou seja, é ambíguo.

      Linha: fio de fibras torcidas usada para costurar ou bordar; fio metálico para transmissões telegráficas ou telefônicas; serviço regular de transportes entre dois pontos; elegância, beleza do corpo; jogadores de ataque de um time; cada um dos traços horizontais de um papel.

07 – O português é a língua falada no Brasil. Entretanto, ele apresenta muitas variações, conforme a região onde é falado, o grupo social a que pertence o falante, a idade dele e o tipo de situação de comunicação. As personagens de “Meninas na linha WWW” usam uma variante da língua própria de sua idade. Identifique no texto e copie no caderno pelo menos cinco expressões que exemplifiquem essa afirmação.

      Possibilidades: “e aí?”; “tá frio pra caramba”; “ficar com a garota”; “cara, dá um branco”; “vcs”; “tô fora”; “é roubada”; “tá louco”, etc.

08 – Você já escreveu um bilhete ou uma carta para alguém?  Quando? Você tem o hábito de escrever cartas? Comente com seus colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

09 – Os assuntos tratados por Chatter e Mano por e-mail poderiam ter sido tratados, da mesma forma, por carta ou bilhete?

      Resposta pessoal do aluno.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO: ASSASSINOS DE RODAS - GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

 Texto: Assassinos de rodas

          GILBERTO DIMENSTEIN

    É como se três vezes por semana caísse um Boeing lotado de passageiros no Brasil.

    Um dossiê montado na Presidência da República a partir de dados do Departamento Nacional de Trânsito, SUS e Polícia Rodoviária revela um massacre nas ruas e estradas.

        Foram 750 mil acidentes no ano passado. Além das 36.503 mortes, 323 mil pessoas saíram feridas – 193 mil delas com alguma lesão permanente.

        A imensa maioria das vítimas tem entre 18 e 34 anos, auge do período produtivo.

        Tabulado pelo Gerat (Grupo Executivo de Redução de Trânsito), ligado diretamente ao presidente Fernando Henrique Cardoso, é o retrato estatístico da selvageria nacional.

        Aproximadamente 90% dos acidentes são provocados, segundo o dossiê, por falha humana. Detalhe espantoso: 51% ocorrem em estrada reta, com dia claro, envolvendo apenas um carro.

        Entre as principais causas, álcool e drogas. Traduzindo: desleixo.

        "Não temos, na verdade, um problema de trânsito. Mas um problema de cidadania", afirma José Roberto Souza, coordenador do Gerat.

        Segundo ele, o elevado número de acidentes é provocado, em boa parte, porque os criminosos não são devidamente punidos – e também porque não existe um processo de educação sobre civilidade no trânsito.

        Basta comparar: em países mais ricos, com as leis cumpridas com mais rigor, a exemplo dos EUA, a proporção é de duas mortes para cada 10 mil veículos; no Brasil, é cinco vezes maior.

        Esses dados servem de combustível para uma das mais interessantes campanhas sociais lançadas no Brasil – Natal sem morte.

        No período natalino, governo e sociedade civil fariam um esforço conjunto para reduzir todos os tipos de mortes violentas.

        Mensagem: se podemos num dia reconquistar o espaço público, podemos sempre.

        "Nossa estratégia é simples. Vamos, de um lado, educar para que os motoristas sejam mais responsáveis. E, de outro, usar a nova lei, que vai dar status de assassino ao motorista que provocou mortes", garante José Roberto.

        PS – O novo código de trânsito vai ser sancionado em 7 de setembro, Dia Nacional dos Direitos Humanos. Apropriado.

 Folha de São Paulo, 27 ago. 1997.

      Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 182-3.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a situação do trânsito em nosso país?

      É péssima. Em 1996, além das 36.503 mortes, 323 mil pessoas saíram feridas – 193 mil delas com lesão permanente.

02 – Qual é a grande causa dos acidentes nas ruas e estradas brasileiras?

      É a falha humana, o desleixo, o descompromisso dos motoristas.

03 – Qual é a consequência da falta de punição para os criminosos do trânsito?

      É o aumento do número de acidentes.

04 – O texto é narrativo ou dissertativo? Por quê?

      O texto é dissertativo porque apresenta o ponto de vista do autor sobre o tema abordado.

05 – Qual é a ideia do texto, para você? Fundamente sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto mostra a consequências do descompromisso, da falta de preocupação com o outro, da falta de consciência sobre o que seja ser cidadão. Aponta o individualismo como o principal fator a comprometer o espaço público.

     

segunda-feira, 3 de junho de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: DO QUE VOCÊ TEM MEDO? GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Do que você tem medo?       
                                               Gilberto Dimenstein

        Das alternativas a seguir, quais são as cinco coisas de que você mais tem medo?
01– Fantasma.
02 – Escuro.
03 – Assalto.
04 – Reprovação na escola.
05 – Separação dos paias.
06 – Sequestro.
07 – Morte dos pais.
08 – Acidente de carro.
09 – Acidente de avião.
10 – Meninos de rua.
11 – Doenças graves.
12 – Desemprego.
13 – Reprovação no vestibular.
14 – Morte.
        Se você comparar a sua resposta com a de seus colegas, verá que o medo da violência é uma das alternativas mais recorrentes.
        Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o que mais aterrorizava as pessoas eram os monstros e outras criaturas fictícias. Hoje, muitos dos monstros dos jovens são resultados dos problemas sociais brasileiros.
        Na década de 1970, a palavra “sequestro” era geralmente ligada a motivos políticos. Por exemplo, na época da ditadura, grupos revolucionários sequestraram o embaixador dos Estados Unidos exigindo a libertação de presos políticos. Raramente esse assunto preocupava a população em geral. Atualmente, são corriqueiras as mais variadas modalidades de sequestro de cidadãos comuns, inclusive o sequestro-relâmpago, que já fez inúmeras vítimas em nosso país.
        A paisagem urbana também mudou muito dos anos 1970 para cá: eram poucas as casas com grades, alarmes, cercas eletrificadas e havia poucos condomínios resguardados por sistemas de segurança com tecnologia avançada. Carros blindados, então, eram um privilégio de autoridades importantes. Não era tão perigoso andar nas ruas e as pessoas tinham menos medo de parar nos faróis ou andar sozinhas à noite. Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo, como acontece hoje em dia.
    Mas a situação mudou. O tráfico de drogas, que até então era um problema de “vizinhos”, como a Colômbia, tomou o Brasil – literalmente – de assalto. O crime organizado agravou muito a violência urbana. Em alguns lugares, ele chega a ser um “poder paralelo”, sendo tão ou mais forte que a autoridade legal, como a polícia.
        Embora o tráfico de drogas não seja o único fator que causa a violência, a relação é direta. E, nesse ponto, novamente a falta de cidadania gera inúmeras consequências, que, juntas, viram uma bola de neve: o jovem entra no tráfico, já que sem a formação educacional não consegue arrumar um trabalho lícito que lhe garanta um padrão de vida digno. Dentro do tráfico, ele é obrigado a fazer uso da violência, para ser respeitado. É claro que as coisas não acontecem de modo tão simples, afinal, outros motivos como o desamparo familiar e o convívio social também influenciam o jovem a entrar no tráfico. Porém, essa trajetória é comum. E esse é um exemplo de como uma mazela social, a falta de educação para crianças e jovens, pode ter decorrências graves e afetar toda a sociedade, inclusive você.
        Esse cenário faz o Brasil conhecer um novo tipo de geografia urbana: pessoas de classe média alta, inconformadas e assustadas com a falta de segurança, as guerras de quadrilhas, os assaltos à mão armada, os confrontos entre polícia e criminosos nos grandes centros, isolam-se em caríssimos condomínios, onde é possível fazer quase tudo sem sair deles, pois há academias, shopping centers, escritórios, consultórios médicos. Esse é um mau sinal: sem promover o desenvolvimento das comunidades em seu entorno, o isolamento dos mais ricos só gera mais desigualdade e insegurança. Prova disso são os constantes arrastões a esses oásis de luxo.
        A boa notícia é que em alguns estados as taxas de criminalidade caíram significativamente. O estado de São Paulo, por exemplo, pelo nono ano seguido registrou queda no número de assassinatos. O índice ainda é muito alto se comparado ao dos países desenvolvidos, mas desde 1999 a queda é significativa, de 65,5%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda considera o estado como “zona endêmica de homicídios” com a taxa de 10,76 casos por cada 100 mil moradores. Mas São Paulo está bastante próximo de sair dessa zona, quando atingir a marca inferior a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. O número de sequestros registrados também caiu entre janeiro e setembro de 2008 foram 41 casos, 53% menos que no mesmo período de 2007.
        Será que esses dados apontam para um futuro menos violento?

          Gilberto Dimenstein. Violência. In:__________ O cidadão de papel: aa infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 22. ed. São Paulo: Àtica, 2009. p. 26-7.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Lícito: que é permitido e de acordo com a lei.

·        Oásis: região em um meio hostil ou após uma sequência de situações desagradáveis, é sinônimo de prazer.

·        Endêmica: peculiar à determinada população ou região.

02 – Com base nas alternativas listadas pelo autor do texto, comente quais você assinalaria.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Compare os itens que você marcou com os marcados pelos colegas e verifique se o medo da violência aparece de forma mais recorrente ou não.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Dos itens listados, quais estão relacionados à violência?
      Estão o assalto e sequestro.

05 – Qual é a relação entre o título e o conteúdo do texto?
      No título, o autor traz um questionamento sobre o medo das pessoas. Em seguida, ao longo do texto, pressupõe que a violência urbana é o medo que atinge a maioria das pessoas e, por isso, passa a discutir esse tema.

06 – Dimenstein faz uma comparação entre o que aterrorizava as pessoas antigamente com o que as assusta na atualidade. Que diferenças são apontadas?
     Antigamente, as pessoas tinham medo de situações ligadas ao imaginário, como monstros e criaturas. Atualmente, elas têm medo de situações ligadas à realidade.

07 – O autor explica qual foi a origem do sequestro. Qual é a diferença entre o que acontecia na década de 1970 e atualmente em relação a esse tipo de violência?
      O sequestro originou-se vinculado a motivos políticos, no entanto, hoje também ocorre com cidadãos comuns, visando a interesses pessoais.

08 – No texto é explicado que a violência não era algo que preocupava os cidadãos comuns. No entanto, situações como o sequestro deixaram de ser casos isolados para fazer parte do cotidiano. Em sua opinião, por que essas transformações ocorreram?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque a violência tornou-se banal e um meio de as pessoas tirarem proveito sem grande esforço ou mérito.

09 – No trecho: “Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo [...].”, fica claro quem eram os grupos de pessoas que deveriam se prevenir contra a violência? Quem era esses grupos?
      Não fica explícito, mas é possível inferir que os grupos eram os policiais de forma geral, os seguranças, entre outros.

10 – Com o passar do tempo, a violência urbana se intensificou, tornando-se um grave problema para a sociedade.
a)   De acordo com o texto, o que agravou a violência urbana?
O crime organizado do tráfico de drogas.

b)   De acordo com o texto, quais são os principais motivos que levam uma pessoa a entrar para o tráfico?
A falta de formação educacional que diminui as oportunidades de emprego; O desamparo familiar e o convívio social.

11 – Segundo o autor, a paisagem urbana sofreu várias mudanças nos últimos anos.
a)   Em que consiste essas mudanças?
Percebe-se na paisagem urbana a tentativa das pessoas se protegerem da violência. Hoje as casas são protegidas, por exemplo, com alarmes, grades e cercas elétricas. Além disso, os mais ricos se isolam em caríssimos condomínios onde é possível fazer quase tudo.

b)   Em sua opinião, quais são as causas e as consequências dessas mudanças?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A causa é a violência urbana, que leva as pessoas a buscar proteção. Uma das consequências é o progressivo isolamento e confinamento do ser humano.

domingo, 2 de junho de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: MULHERES INSUSTENTÁVEIS - GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

Artigo de Opinião: Mulheres insustentáveis
              GILBERTO DIMENSTEIN

 O culto à magreza seria colocado no mesmo patamar das campanhas contra o fumo e a bebida

  O PARLAMENTO espanhol aprovou, na semana passada, lei que proíbe publicidade, na TV, com exaltações ao "culto do corpo" –a proibição vale das 6h às 22h, destinada, supostamente, a proteger crianças e adolescentes. A decisão radical dos espanhóis coincide com o mês no Brasil em que os desfiles de moda no Rio e em São Paulo colocam ainda mais alto no pedestal seres esqueléticos, apresentados como padrão máximo de beleza.
        O argumento que sensibilizou os parlamentares espanhóis: "a publicidade que associa a imagem do sucesso com fatores como peso ou estética incita a discriminação social pela condição física". Esse tipo de argumento sensibiliza também políticos da França, onde tramita uma lei determinando que todos os anúncios com mulheres e homens retocados tenham uma advertência sobre a falsidade da fotografia. O culto à magreza seria colocado, portanto, no mesmo patamar das campanhas contra o fumo e a bebida.
Considere-se ou não papel do poder público meter-se nesse tipo de publicidade, o fato é que se espalha pelo mundo, inclusive no Brasil, uma reação contra as mulheres insustentáveis, cujos corpos só se mantêm (salvo questões genéticas) na base da faca e consumo insalubre de alimentos. 
        Sempre houve, na história da humanidade, padrões de beleza. O problema é que, agora, juntaram-se à cultura das celebridades, o culto do narcisismo, a visão cada vez mais imediatista dos jovens e as óbvias questões de saúde para alcançar determinado tipo de padrão de beleza, tudo isso embalado pela publicidade.
A cultura da celebridade é visível nos meios de comunicação, onde as entrevistas de modelos, repletas de asneiras e banalidades, ganham destaque.
        Isso se traduz, por exemplo, nos casos cada vez mais frequentes de anorexia e bulimia que chegam aos consultórios médicos. Ou nas cirurgias plásticas feitas por crianças e adolescentes, quase todas por motivos estéticos, em sua maioria lipoaspiração. Somos um dos países campeões do mundo em cirurgia plástica: proporcionalmente estamos empatados com os americanos.
        O último dado disponível: das 650 mil cirurgias realizadas no país, 15% são feitas em crianças e adolescentes. Psicólogos me informam que, muitas vezes, há estímulo paterno. 
        Uma pesquisadora de Harvard (Susan Linn) publicou recentemente estudo mostrando a relação entre excesso de publicidade e distúrbios alimentares (da obesidade à anorexia) entre crianças e adolescentes americanas -ela também mostrou a relação entre marketing e sexo precoce. 
        Sou dos que defendem que a publicidade deve ser responsável e fiscalizada pela sociedade e, em certos casos, limitada. O perigo é imaginar que limitar a publicidade ajuda muito. O exemplo do pai exagerando na bebida é muito mais poderoso para o filho do que todos os anúncios. 
        Há um consenso entre psicólogos e educadores de que a doença das mulheres insustentáveis é um problema de educação de valores.
        Todos sabem que a adolescência é uma fase de desconforto, na qual se testam, como em nenhum outro período, limites e frustrações, em meio a crises de baixa autoestima. Também todos sabem que vivemos uma época da busca imediata do prazer, tudo tem de ser em tempo real, num estímulo constante ao consumo.
        A psicóloga Rosely Sayão lembra que, nesse contexto, são reverenciadas, por causa do imediatismo, as drogas legais e ilegais. Muito mais rápido do que fazer terapia é empanturrar-se de alguma pílula contra ansiedade. A tristeza é medicalizada, como se não fizesse parte do cotidiano é como se devêssemos sempre parecer algum personagem sorridente de revista de celebridades ou parte de um anúncio, com a família feliz, de caldo de galinha.
        Entrar na faca é bem mais rápido do que mudar a alimentação ou ficar malhando. Psicólogos alertam que o problema é bem mais fundo do que a necessidade de malhar ou controlar a alimentação –e aí entra a necessidade de educação de valores, uma das preocupações das escolas mais sérias. 
        Educação de valores significa discutir o que significa beleza e aprender a relativizar a estética afinal, beleza pode ser simplesmente a pessoa se conhecer e se gostar. Em síntese, sentir-se bem, apesar das limitações e imperfeições. 
        É bem mais fácil e rápido (e menos eficiente) tirar do ar a publicidade das anoréxicas profissionais do que manter, nas escolas, na família e nos meios de comunicação, um debate sobre o que é essencial na existência.
        Mas o fato é que, para muitos, mulheres insustentáveis são feias. 
        PSAs escolas deveriam aproveitar a obrigatoriedade do ensino de filosofia (o que considero um avanço) para discutir esse tipo de assunto. Seria uma encantadora aula mostrar a evolução do corpo desde os tempos gregos. Se Marilyn Monroe fosse procurar emprego hoje, certamente alguém a mandaria se internar no SPA.
São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010 

Entendendo o texto: 

01 – Com relação ao título, responda:

a)   O título antecipa o tema do texto?
Sim, porque o texto fala de mulheres que não se sustentam de tão magras; isso fica claro no 2º e 3º parágrafos. Obs.: se a pergunta for feita antes da leitura do texto, a palavra pode ser tomada no sentido econômico, significando mulheres que ninguém consegue sustentá-las, porque gastam muito.

b)   Quais as relações de sentido entre o título e o texto?
Há relações em todo o texto: ao falar dos corpos que não se sustentam, das cirurgias de lipoaspiração, do número de cirurgias realizadas no país, da educação de valores etc.

c)   A definição de “insustentável” encontrada no dicionário coincide com a explicação dada pelo autor para as “Mulheres insustentáveis” do texto? Explique.
Mostrar que há outras acepções do termo, mas “que não se pode sustentar” é a empregada no texto.

02 – No primeiro parágrafo, o autor se refere a dois fatos:
a)   Quais são eles?
1 – O Parlamento espanhol que aprovou lei que proíbe publicidade na TV, com exaltações ao “culto ao corpo”.
2 – A lei francesa determinando que todos os anúncios com mulheres e homens retocados tenham uma advertência sobre a falsidade da fotografia.

b)   Que relações se estabelecem entre os fatos apresentados?
Observar que ambos tratam do exagero do culto ao corpo e do uso da publicidade.

c)   Por que o autor se refere aos dois fatos?
Podem surgir várias respostas, tais como: usar dois argumentos para fundamentar a tese proposta, considerar que os dois fatos falam do papel poder público (2º parágrafo).

03 – Que argumento fundamenta a Lei Espanhola?
      “A publicidade que associa a imagem do sucesso com fatores como peso ou estética incita a discriminação social pela condição física”.

04 – Como a França reagiu ao assunto?
      Criou uma lei e colocou o culto à magreza no mesmo patamar das campanhas contra o fumo e as bebidas.

05 – Podemos afirmar que o terceiro parágrafo trata: do poder da propaganda, das relações entre o poder público e a sociedade e da reação da sociedade. Que trechos do parágrafo confirmam ou não essas afirmativas?
      Sim, porque fala da interferência ou não do poder público e da reação contra as mulheres insustentáveis.

06 – “Sempre houve, na história da humanidade, padrões de beleza”. Que argumentos o autor usa para mostrar que “agora” o problema se agravou?
      Observar que praticamente todo o parágrafo é construído pelos argumentos.

07 – Cite pelo menos três consequências da “Cultura das celebridades”.
      O parágrafo é constituído de frases contendo as consequências: casos frequentes de anorexia, cirurgias plásticas em crianças e adolescentes por motivos estéticos e o fato do país ser um dos campeões em cirurgias plásticas.

08 – De que outro recurso o autor lança mão para fundamentar sua argumentação?
      O autor cita um dado sobre as pesquisas (650 mil cirurgias realizadas) e 15% em crianças e adolescentes.

09 – Que solução o autor aponta para diminuir o problema abordado no texto?
      Mostra a necessidade da educação de valores: discutir o conceito de beleza e relativizar a estética.

10 – Observe o uso das aspas nos trechos a seguir e responda se elas foram usadas com o mesmo objetivo nas duas ocorrências:
a)   O Parlamento espanhol aprovou, na semana passada, lei que proíbe publicidade na TV, com exaltações ao “culto do corpo” – a proibição vale das 6hs às 22hs, destinada, supostamente, a proteger crianças e adolescentes.
b)   “A publicidade que associa a imagem do sucesso com fatores como peso ou estética incita a discriminação social pela condição física”.
      Chamar atenção dos alunos para o uso diferente das aspas. Na letra “a”, marca o sentido conotativo da expressão empregada. Na letra “b”, refere-se ao argumento que sensibilizou os espanhóis e levou à criação da lei.

11 – O professor relê com os alunos o fragmento da questão 10, letra (a), e pede-lhes que digam qual termo foi usado para indicar que o que se diz sobre a proibição não é a opinião do autor do texto.
      Espera-se que o leitor perceba que o termo “supostamente” não consta da lei.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: O CUSTO DA IGNORÂNCIA - GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: O custo da ignorância
                                 Gilberto Dimenstein

        Imagine que você esteja perdido em Pequim, na China, onde é muito difícil encontrar alguém que fale outra língua que não o chinês. Suponha que você esteja passando mal e precise ir a um hospital. Quanto mais o tempo passa, mais a dor aumenta. E mais difícil se torna a sua comunicação com as pessoas em volta. Você olha as placas, mas não entende nada. Procura uma lista telefônica e entende menos ainda. Já pensou se tivesse de trabalhar nesse lugar? Terrível, não?
        Essa sensação de insegurança ajuda a entender uma imensa parcela da população brasileira. Um analfabeto ou semianalfabeto comporta-se, na prática, da mesma forma como você se comportaria se estivesse perdido numa rua de Pequim. Esse exemplo ajuda a entender mais sobre a mortalidade infantil e o círculo vicioso da miséria.
        Confuso? Afinal, o que o analfabetismo tem a ver com a mortalidade infantil?
        É simples. O nível de instrução da mãe é um elemento vital para que a família perceba a necessidade de higiene e de saneamento básico.
        Números do Unicef mostram que a taxa de mortalidade infantil chega ao seu ponto máximo nas famílias em que a mãe é analfabeta. E vai baixando a instrução aumenta. A morte de crianças pequenas entre filhos de mulheres que frequentam a escola por menos de um ano é cerca de três vezes maior do que em famílias nas quais a mãe estudou por mais de oito anos.

DIMENSTEIN, Gilberto. “O cidadão de papel”. São Paulo: Ática, 2002.

Entendendo o texto:
01 – Sublinhe a conjunção subordinativa que compõe esta passagem do texto:
      Quanto mais o tempo passa, mais a dor aumenta.”

02 – A conjunção subordinativa, identificada na questão anterior, exprime:
a) tempo
b) consequência
c) proporcionalidade
d) concessão.

03 – No período “Já pensou se tivesse de trabalhar nesse lugar?”, a conjunção subordinativa “se” aponta para um fato:
a) certo
b) concluído
c) hipotético
d) previsível.

04 – No trecho “Um analfabeto ou semianalfabeto comporta-se, na prática, da mesma forma como você se comportaria [...]”, a conjunção subordinativa “como” introduz a ideia de:
a) conformidade
b) causa
c) exemplificação
d) comparação.

05 – O último período do texto apresenta uma conjunção subordinativa que introduz a ideia assinalada acima. Aponte-a:
      A conjunção subordinativa “do que” introduz a ideia de comparação.

06 – No segmento “O nível de instrução da mãe é um elemento vital para que a família perceba a necessidade [...]”, conjunção subordinativa grifada é:
a) condicional
b) final
c) integrante
d) causal.

07 – A lacuna indicada no texto deve ser preenchida a conjunção subordinativa: “E vai baixando à medida que a instrução aumenta.”
a) à medida que
b) à medida em que
c) na medida que
d) na medida em que.

08 – Na frase “Estudou tão pouco que mal sabia ler...”, a conjunção subordinativa “que” estabelece uma relação de:
a) causa
b) condição
c) consequência
d) tempo.