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terça-feira, 10 de março de 2020

CONTO: MARCUS ROBÔ - MARIA HELOÍSA PENTEADO - COM GABARITO

Conto: Marcus Robô
         
 Maria Heloísa Penteado

   Depois de enxuta e vestida, Maruca levou Marcus outra vez para o quarto e ficou a olhar os botões dele, sem saber qual apertar para fazê-lo arrumar a cama. Tentou decifrar o que estava escrito debaixo dos botõezinhos, mas era difícil porque ela ainda não conhecia bem as letras. Isso porque era uma grande preguiçosa. Seus coleguinhas de classe já estavam quase lendo e Maruca era uma das mais atrasadas. E de que outra forma podia ser, se ela não prestava atenção ao que a professora ensinava, e brincava e tagarelava o tempo todo?
        Maruca foi buscar a cartilha e ficou um tempão se esforçando para lembrar tudo o que aprendera na escola. Observou as letras, comparou-as com as letras na barriga do robô, e afinal descobriu que debaixo do botão 21, sem sombra de dúvida, estava escrita, entre outras palavras, a palavra “cama”.
        Até que enfim eu pesquei a palavra que eu queria! pensou satisfeita, apertando o botão 21.
        E foi outro susto. Marcus tornou a agarrar Maruca, tirou toda a roupa dela de novo. Será que ele vai me dar outro banho? pensou a menina, tentando se livrar dos braços metálicos e desligar o robô.
        O que ele fez foi vestir-lhe o pijama.
        -- Me larga, seu burro! Agora não é hora de vestir pijama!
        Mas o robô não obedecia e ela não conseguia desligá-lo de jeito nenhum. Agora estava sendo carregada novamente para o banheiro.
        Chi... Ele vai me dar outro banho frio, e agora vai ser de pijama... Esse robô é louco!
        -- Marcus, me solte, por favor! – Maruca pediu a chorar.
        Ele parecia surdo. Levou-a para a pia, abriu o armarinho, tirou de lá a escova de dentes e meteu-a com jeito na mão de Maruca que se sentiu bem aliviada. Não era banho de pijama, graças a Deus! O que o robô queria é que ela escovasse os dentes.
        -- Eu só escovo os dentes depois do café – informou a menina.
        Porém Marcus não quis saber de conversa. Escovou ele mesmo os dentes dela, e muito bem escovados. Quanto a isso Maruca não podia se queixar.
        Depois tornou a carrega-la para o quarto.
        -- O que você vai fazer comigo? – perguntou Maruca.
        Logo ficou sabendo. Ele meteu-a na cama, cobriu-a até o nariz e ficou ao lado dela trepidando, piscando os olhos vermelhos e cantarolando uma canção de ninar com uma voz muito rouca.
        -- Você acha que eu vou dormir, é? Não vê que é outro dia e que acordei agorinha mesmo? – Maruca pulou da cama, mas o robô agarrou-a ligeiro e tornou a metê-la embaixo dos lençóis.
        -- Agora não é hora de dormir, Marcus! Sai de perto de mim! – Maruca levantou-se de novo, mas de novo foi agarrada, colocada na cama e coberta com o lençol.
        Tentou mais uma vez, e de novo foi aquilo.
        Então, que remédio, ficou deitada, quietinha. Mas estava danada. Tenho que desligar esse sujeito de lata, pensou. Mas como? Virou-se devagarinho na cama. Sempre cantarolando, o robô vigilante inclinou-se e cobriu-a melhor.
        É uma perfeita babá. Mas quem está precisando de babá é o meu irmãozinho, não eu! Maruca fechou os olhos e fingiu que estava dormindo, mas espiava o robô entre as pestanas.
        Ele inclinou-se, ajeitou melhor o travesseiro dela e parou de cantar.
        Parou de cantar porque está acreditando que eu dormi, pensou amenina. Então viu o botãozinho verde bem perto do seu nariz e não perdeu tempo. Cric! apertou-o.
        Uf! Afinal conseguiu desligar aquela espécie de babá eletrônica. Marcus ficou parado, de braços caídos, muito quietinho. Só as luzinhas vermelhas continuavam piscando.
        -- Puxa! Você é uma bomba, hein Marcus! Sabe de uma coisa? Nõ estou gostando muito de você! – Maruca empurrou-o para um canto, vestiu-se e foi tomar café.
         Marcus Robô. São Paulo, Pioneira, 1978. p. 10-11.
                  Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p. 206-8.
Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Decifrar: entender com esforço; descobrir o sentido.
·        Tagarelar: falar muito.
·        Metálico: feito de metal.
·        Trepidar: vibrar, tremer.
·        Danada: muito nervosa, furiosa.

02 – Observe o seguinte trecho do texto: “Então, que remédio, ficou deitada, quietinha”. Passe-o para a primeira pessoa do singular. Explique em seguida a diferença que o uso da primeira pessoa provoca no texto.
      Então, que remédio, fiquei deitada, quietinha. Com a primeira pessoa o trecho parece ser um pensamento da própria Maruca.

03 – Leia esta oração: “Até que enfim eu pesquei a palavra que eu queria!” O que você entende por pescar a palavra?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: a expressão indica a ideia de entender, captar o sentido de uma palavra.

04 – Por que Maruca tem dificuldades em operar o robô?
      Porque ela não sabe ler e as ordens estão escritas debaixo dos botõezinhos, na barriga do robô.

05 – Qual foi o erro de Maruca?
      Ela apertou o botão errado.

06 – Quais as consequências do erro de Maruca?
      Ela não conseguiu mais controlar o robô.

07 – Como Maruca resolveu seu problema?
      Ela desligou o robô para evitar maiores confusões.

08 – Faça a caracterização da personagem Maruca.
      Maruca é uma menina preguiçosa, não presta atenção às aulas e é muito tagarela.

09 – Maruca diz que Marcus é “burro”, que ele é uma “bomba”, porque não faz as coisas direito. Você concorda com ela? Justifique sua resposta.
      Não. Ela é que não sabe programa-lo. Ele executa com exatidão as ordens que recebe.

10 – O narrador diz que Marcus não obedecia à Maruca, que parecia surdo. Ele está certo?
      Não. Ele não atende a uma ordem verbal e sim à programação de seus botões.

11 – O robô é perfeito, mas Maruca não consegue se entender com ele. O que a autora do texto quis sugerir com isso?
      Não adianta haver grandes avanços tecnológicos se o ser humano não sabe como utilizar essa tecnologia ou se a utiliza de forma inadequada.