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domingo, 1 de junho de 2025

POESIA: RECEITA DE MULHER - FRAGMENTO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Receita de mulher – Fragmento

             Vinicius de Moraes

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcN82X7r35NL_dh4SWN23VgS9dypNbBFGxx_b67mStJxsA-K33yBoOTRzLrTKDq3xlVRi6AKiWzDTAav1qyXvffzmf_8sLs6PBRi9xE8ehH0gxmdy7iZZ07xDsvxBb-gZ2l_y4Upicpu4uPvItobxa3hccUxk_g5WxnC4xLkjxsqMYgLoBrhxMryLNn9o/s320/maxresdefault.jpg

Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos.

[...]

Vinícius de Moraes. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. p. 192.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 290.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a ideia central que Vinicius de Moraes defende sobre a mulher neste poema?

      A ideia central que Vinicius defende é que a beleza é fundamental na mulher. Ele não se refere apenas à beleza física óbvia, mas a uma beleza que engloba graça, elegância, mistério e uma certa leveza que se assemelha a uma flor ou a uma garça.

02 – Que tipo de metáforas e comparações o poeta utiliza para descrever a beleza que ele busca?

      O poeta utiliza metáforas e comparações como "qualquer coisa de flor", "qualquer coisa de dança", "haute couture" (alta costura), a "impressão de ver uma garça apenas pousada", um rosto que adquire a "cor só encontrável no terceiro minuto da aurora", pálpebras cerradas que "Lembrem um verso de Éluard" e braços tocados "como o âmbar de uma tarde".

03 – Para Vinicius, a beleza feminina deve ser apenas visível ou deve ter uma dimensão mais profunda? Explique.

      Para Vinicius, a beleza feminina não deve ser apenas visível; ela deve ter uma dimensão mais profunda e quase etérea. Ele afirma: "É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche / No olhar dos homens." Isso sugere que a beleza deve ser uma essência, uma aura, que se manifesta e é percebida, mas que não se restringe apenas à carne ou a algo puramente material.

04 – O que o verso "As muito feias que me perdoem / Mas beleza é fundamental" revela sobre a perspectiva do poeta?

      Este verso revela a sinceridade e a frontalidade da perspectiva do poeta sobre a importância da beleza. Embora pareça controverso à primeira vista, ele estabelece de imediato o pré-requisito da beleza como ponto de partida para sua "receita de mulher", destacando seu valor primordial em sua concepção idealizada.

05 – Como o poema aborda a interação entre a beleza da mulher e a percepção masculina?

      O poema aborda a interação entre a beleza da mulher e a percepção masculina ao afirmar que a beleza deve "refletir-se e desabrochar / No olhar dos homens". Isso indica que, para o poeta, a beleza feminina não é um conceito isolado, mas algo que ganha vida e validação na forma como é vista e apreciada pelo olhar masculino, gerando admiração e fascínio.

 

 

POEMA: O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO - FRAGMENTO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poema: O operário em construção – Fragmento

              Vinicius de Moraes

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEsvUWqkPE00zUsVh1wnJkO2PxZGmwsmudb7gn2KKx-sctjWvE10PNZuqg9yz1pNIXpA3IusijzKZjfmquc1bArDyfhjymNXKoE0LfMq_D9Z3aQZSKx09UJFbcKXKfXLN77ApYytnYbUsmT1AkUu08ueOAvzVLZsGe72WcCYAHNfUNYAnlFueSYenawmo/s320/maxresdefault.jpg

Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

[...]

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão —
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!

[...].

Poesia completa e prosa, cit. p. 293-294.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 274.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal atividade do operário descrita no início do poema e qual a comparação inusitada utilizada para ilustrar sua ascensão nas construções?

      A principal atividade do operário é erguer casas onde antes só havia chão. A comparação inusitada utilizada para ilustrar sua ascensão é a de "um pássaro sem asas", que, paradoxalmente, sobe com as casas que lhe "brotavam da mão", enfatizando a força de seu trabalho manual.

02 – Segundo o poema, que aspectos importantes da sua própria obra o operário desconhecia inicialmente?

      Inicialmente, o operário desconhecia a "grande missão" do seu trabalho. Especificamente, não sabia que a casa de um homem é um "templo sem religião" e que a casa que ele construía, embora representasse a liberdade para outros, era para ele uma forma de "escravidão", aprisionando-o em um ciclo de trabalho.

03 – Que "fato extraordinário" o operário passa a compreender em um determinado momento, e qual a situação cotidiana que desencadeia essa revelação?

      O "fato extraordinário" que o operário passa a compreender é que "o operário faz a coisa / E a coisa faz o operário", revelando uma relação de interdependência e transformação mútua entre o trabalhador e o produto do seu trabalho. Essa revelação ocorre em uma situação cotidiana, à mesa, ao cortar o pão.

04 – Após a súbita emoção, o que o operário constata de forma "assombrada" ao olhar ao seu redor?

      Ao olhar ao seu redor, o operário constata de forma "assombrada" que praticamente tudo o que está à sua volta – desde os objetos simples da mesa ("garrafa, prato, facão") até estruturas maiores como "gamela, banco, enxerga, caldeirão", e até mesmo conceitos abstratos como "casa, cidade, nação" – era ele quem fazia, ele, um humilde operário em construção.

05 – Qual a mudança na autopercepção do operário que o poema destaca ao final do fragmento?

      A mudança na autopercepção do operário é que ele passa de ser um mero executor de tarefas ("um humilde operário / Um operário em construção") para um indivíduo consciente do seu papel fundamental na criação do mundo material ("Ele, um humilde operário / Um operário que sabia / Exercer a profissão"). Há um reconhecimento do seu valor e da sua habilidade.

06 – A quem o eu lírico se dirige na penúltima estrofe e qual a sua afirmação sobre o conhecimento do operário naquele momento?

      O eu lírico se dirige aos "homens de pensamento" e afirma que eles nunca saberão o quanto aquele humilde operário soube naquele momento. Isso sugere que a compreensão do operário, embora não intelectualizada, possui uma profundidade e um significado que escapam àqueles que apenas teorizam sobre o trabalho.

07 – Qual a principal reflexão sobre o trabalho e a consciência do trabalhador que emerge deste fragmento do poema?

      A principal reflexão que emerge é sobre a complexa relação entre o trabalhador e o seu trabalho, a alienação inicial da sua importância e o potencial despertar para a consciência do seu papel fundamental na construção da realidade. O poema destaca a dignidade do trabalho manual e a profunda compreensão que pode surgir da experiência prática, contrastando com a mera abstração intelectual.

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

POESIA: SONETO DO AMOR COMO UM RÍO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Soneto do amor como um rio

             Vinícius de Moraes

Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQvD9sscnhxzrlBwr93X2VjwpoX_LyxzIe9yO7Ugmv7OJuDR_OzvZt6HRlPq3WD1oBK7lDvtvqrVDzh0qflF6WqW2-Fir91Q0G9iQ77XbJctOXR7rzgNDratD5OE0TmiKXwfkyFnrC70e2336CHJ1_2QEh2CbKOFixvMKYS0iFw0a1FEq4TIVM8tHOqIU/s1600/06_sunset_river_sea.jpg



Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 164.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 144.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal metáfora utilizada no poema para descrever o amor?

      A principal metáfora é a do rio. O eu lírico compara seu amor a um rio noturno, interminável e tardio, que o leva para um mar sem termo. Essa metáfora sugere a ideia de um amor fluído, constante e profundo, que o transporta para um estado de paixão e entrega.

02 – Como o eu lírico descreve a natureza do amor que sente?

      O eu lírico descreve o amor como algo surpreendente e inesperado, que surgiu em meio ao drama e trouxe paz. Ele o considera maior que o tempo e todas as coisas, algo real, embora já não acreditasse que pudesse existir. Ele também o define como um túmulo onde seu corpo está eternamente sepultado.

03 – Que sentimentos o poema evoca em relação ao amor?

      O poema evoca sentimentos de paixão intensa, entrega total, transcendência e a sensação de ser levado por uma força maior. O amor é apresentado como algo que transforma e absorve o ser, conduzindo-o a um estado de plenitude e imensidão.

04 – Qual é o significado da expressão "túmulo onde jaz meu corpo para sempre sepultado"?

      Essa expressão sugere que o amor representa uma espécie de morte simbólica para o eu lírico, onde ele se entrega completamente e se perde em seus sentimentos. É uma metáfora para a intensidade e a profundidade do amor, que o absorve por completo.

05 – Como o poema utiliza a imagem do rio para expressar a ideia de eternidade e imensidão do amor?

      A imagem do rio noturno, interminável e tardio, que desliza suavemente pelo ermo e leva o eu lírico para um mar sem termo, sugere a ideia de um amor que transcende o tempo e o espaço. O rio representa a continuidade e a fluidez do amor, enquanto o mar simboliza a sua imensidão e eternidade.



 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

POESIA: SONETO DO MAIOR AMOR - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Soneto do maior amor

             Vinicius de Moraes

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7nRHijxSJcuFb2j2OWTUVANJgOdeTBSZX1kTUCAt9T0t4TtMoDW9qaCT2uGtWaILi7aftiVglNtlp08q_PA0R_iW49tDB0RHNgwRFP8FslJydu80874mKi6PTJuuk7uueuC95EYovb05D381VqEcKwCpi89ofEPUzeMZhjqrSZvaQZDAH1gbn520kjeM/s320/hqdefault.jpg



E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer — e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

MORAES, Vinícius de. Soneto do maior amor. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985. p. 202.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 362.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal característica do amor descrito no poema?

      O amor descrito no poema é paradoxal e contraditório. O eu lírico expressa um amor que se manifesta de forma incomum, onde a alegria do amado causa tristeza e a tristeza, alegria.

02 – Como o eu lírico descreve a relação entre o amor e a dor?

      O eu lírico descreve uma relação intensa entre amor e dor. Ele afirma que seu amor fere quando toca, mas que essa ferida gera uma vibração, e que prefere ferir a definhar.

03 – Qual a importância da contradição na expressão do amor no poema?

      A contradição é essencial para expressar a complexidade do amor descrito. Ela revela um amor que não se encaixa em padrões convencionais, um amor que desafia a lógica e se manifesta de forma intensa e paradoxal.

04 – Como o eu lírico se sente em relação à "eterna aventura" do amor?

      O eu lírico se agrada mais da "eterna aventura" do amor, mesmo com suas dores e contradições, do que de uma vida sem essa paixão. Ele valoriza a intensidade do amor, mesmo que essa intensidade traga sofrimento.

05 – Qual a imagem final que o poema constrói do amor?

      A imagem final é de um amor "desassombrado, doido, delirante", que vive "numa paixão de tudo e de si mesmo". Essa imagem reforça a ideia de um amor intenso, avassalador e que se basta em sua própria complexidade.

sexta-feira, 28 de março de 2025

SONETO: NÃO COMEREI DA ALFACE A VERDE PÉTALA - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Soneto: NÃO COMEREI DA ALFACE A VERDE PÉTALA

             Vinícius de Moraes

Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiQbphipvucUkPVpiXwpRi21e9zWgrIa0sB_8756l-woIijn_zF0AbQbK60_Zr9vRFK_x0I09t-Uv7YlakKy04ZzYWp5_1aVcVfRZbKKAI6x9egDY34IIYGxb30XaNdjdxx5Ya_-T6r9dKexqEkxUFIceqtxl2l91mU89BE7afYvHszVkfMVGMjc1CFM8/s1600/F121E3CFF2DA1F00CCD0114B587FD5873A7F_cajumanga.jpg



Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

MORAES, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1987. p. 282-283.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 385.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a posição do eu lírico em relação à dieta vegetariana?

      O eu lírico expressa repúdio à dieta vegetariana, rejeitando legumes e verduras como alface e cenoura, e ironizando aqueles que a seguem.

02 – Quais as frutas preferidas do eu lírico?

      O eu lírico demonstra preferência por frutas tropicais como caju e manga, reconhecendo que estas podem não ser consideradas elegantes para um poeta.

03 – Como o eu lírico se define em relação aos animais?

      O eu lírico se define como onívoro, diferente dos bois (ruminantes) e dos coelhos (roedores), expressando sua preferência por uma alimentação variada.

04 – Quais os alimentos que o eu lírico deseja consumir?

      O eu lírico deseja consumir alimentos como feijão com arroz, bife, queijo forte e parati (cachaça), representando uma culinária brasileira tradicional e saborosa.

05 – Qual a visão do eu lírico sobre a morte?

      O eu lírico expressa que morrerá feliz do coração, por ter vivido intensamente e desfrutado dos prazeres da vida, incluindo a boa comida.

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

CRÔNICA: MENINO DE ILHA - FRAGMENTO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Crônica: MENINO DE ILHA – Fragmento

              Vinícius de Moraes

        Às vezes, no calor mais forte, eu pulava de noite a janela com pés de gato e ia deitar-me junto ao mar. Acomodava-me na areia como numa cama fofa e abria as pernas aos alíseos e ao luar; e em breve as frescas mãos da maré cheia vinham coçar meus pés com seus dedos de água.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimLly9qLLgbDyP1Jr3ZBpWgXRSh54Yi0afcFMs5f_Rs9SkNSvuJ-7SKw_UjvDbo2jXxJW-S_W-F8Y3xkdS9YUnWQ4nuR7X_0aPuQPTHun4ryfWJzOvOojd6SvbnoEkQaebk1if79v6XxSlnrD60c4kRxFM63fSbUHJvbHFxrUrcgFjdK0XCw-BqiZWBUs/s1600/ILHA.jpg

        Era indizivelmente bom. Com um simples olhar podia vigiar a casa, cuja janela deixava apenas encostada; mas por mero escrúpulo. Ninguém nos viria nunca fazer mal. Éramos gente querida na ilha, e a afeição daquela comunidade pobre manifestava-se constantemente em peixe fresco, cestas de caju, sacos de manga-espada. E em breve perdia-me naquela doce confusão de ruídos... [...].

MORAES, Vinícius de. In: BUENO, Alexei (org.). Vinícius de Moraes: poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 914. Fragmento.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 397-398.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a sensação principal transmitida pelo fragmento?

      O fragmento transmite uma sensação de liberdade, de conexão com a natureza e de paz interior. A descrição da noite, do mar e da areia evoca uma atmosfera tranquila e prazerosa, representando uma experiência única e intensa da infância.

02 – Que relação o menino estabelece com o mar?

      O menino estabelece uma relação íntima e quase simbiótica com o mar. Ele o vê como um companheiro, um elemento da natureza que o acolhe e o acalma. A descrição da maré tocando seus pés e a sensação de se perder nos ruídos do mar evidenciam essa conexão profunda.

03 – Qual a importância da comunidade para o menino?

      A comunidade da ilha é descrita como acolhedora e generosa. A afeição dos moradores, manifestada através de presentes e cuidados, cria um ambiente seguro e familiar para o menino. Essa sensação de pertencimento à comunidade contribui para a sua felicidade e bem-estar.

04 – Que elementos da natureza são destacados no fragmento?

      O fragmento destaca elementos como o mar, a areia, o luar e o vento. Esses elementos naturais são descritos de forma poética e sensível, criando uma atmosfera mágica e evocando os sentidos do leitor.

05 – Qual o significado da frase "Era indizivelmente bom"?

      A frase "Era indizivelmente bom" expressa a dificuldade de descrever em palavras a intensidade da experiência vivida pelo menino. É um momento de puro prazer e felicidade, uma sensação tão intensa que transcende as palavras.

 

 

sábado, 7 de dezembro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): O RELÓGIO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Música(Atividades): O Relógio

            Vinícius de Moraes

Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirQPoB3Hzq_vdE3uhJ-unvzuF6K9mtzLLRtCZwXYlJ4c3u_rf7PyrnUf_CT09QrYmhtc8trLoCQUVYKIq7pNX4ahUKejGIEBjYVrc3Znk_z-Me2TXRrMeaXepXUlvfFr3QMA-h-bc4H15gJlMDz1sg6iQjQIaJPv90ae01P2QoIpRycHo5qlh3mqnvjMk/s320/RELOGIO.jpg


Passa tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora

Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria

De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora

Passa tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora

Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria

De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora

Passa tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora

Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria

De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Composição: Paulo Soledade / Vinícius de Moraes. O relógio. CD: A arca de Noé. São Paulo: Universal.

Fonte: Descobrir o mundo, Ápis – Maria E. Simielli / Rogério G. Nigro / Anna Maria Charlier. Ensino fundamental – Anos iniciais – 2º ano – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2015, p. 162.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal emoção transmitida pela música?

      A principal emoção transmitida pela música é a fadiga e o desejo de que o tempo passe mais rápido. O relógio, que simboliza a passagem do tempo, é personificado e implora para que o tempo passe, revelando o cansaço e a monotonia do sujeito lírico.

02 – Qual o significado da repetição insistente de "tic-tac"?

      A repetição insistente de "tic-tac" cria um ritmo hipnótico e enfatiza a passagem implacável do tempo. O som do relógio torna-se quase uma obsessão para o sujeito lírico, que deseja que ele se cale.

03 – O que a frase "Já perdi toda a alegria de fazer meu tic-tac" revela sobre o sujeito lírico?

      Essa frase revela que o sujeito lírico, que antes encontrava prazer em suas atividades, agora se sente desanimado e sem alegria. O relógio, que antes marcava momentos importantes e alegres, agora se tornou um fardo.

04 – Qual a relação entre o relógio e a vida do sujeito lírico?

      O relógio representa a vida do sujeito lírico, que se sente presa a uma rotina monótona e cansativa. O tic-tac constante simboliza a passagem implacável do tempo, que não pode ser parada.

05 – Qual a mensagem que a música transmite?

      A música transmite uma sensação de desespero e impaciência em relação à passagem do tempo. Ela nos convida a refletir sobre o valor do tempo e a importância de viver cada momento de forma plena. Ao mesmo tempo, a canção também pode ser vista como uma crítica à rotina e à falta de sentido que muitas vezes sentimos em nossas vidas.

 

 

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): SERENATA DO ADEUS - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Música(Atividades): Serenata do Adeus

             Vinícius de Moraes

Ai, a lua que no céu surgiu
Não é a mesma que te viu
Nascer dos braços meus
Cai a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra: Adeus

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRYfjUIvoUkMNiaY3W9LaTd1vwbWFWw63sVj_aA2mueST-G3s6NnnMDnubETmL8UKmDqAZf19yVCD6qVjze03ZM6SArF7YJ1yLN6Qhyphenhyphen0A1EnyQJWRDAo0ePD7de9QbosSHz1q9yEd2Sv4oxhpzA8O662oiAyOpjMPmSZpfgTFBDi7UJjuHr1ZXTvMye7A/s320/SERENATA.jpg


Ah, vontade de ficar
Mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve
De uma estrela pura, cuja luz morreu.

Ó mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir
Rasga o meu coração
Crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo amor
Toda a desilusão.

Ah, vontade de ficar
Mas tendo que ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima

O momento breve de uma estrela pura
Cuja luz morreu
Numa noite escura
Triste como eu
...

Composição: Vinícius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 220.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal emoção transmitida pela música?

      A principal emoção transmitida pela música é a melancolia profunda. A letra expressa a dor da separação, a saudade do amor perdido e a inevitabilidade do fim de um relacionamento.

02 – Quais os elementos da natureza são utilizados para simbolizar o fim do amor?

      A lua e a noite são os principais elementos da natureza utilizados para simbolizar o fim do amor. A lua que "não é a mesma que te viu nascer dos braços meus" representa a passagem do tempo e a transformação do sentimento, enquanto a noite simboliza a escuridão e a tristeza que se seguem à perda.

03 – Qual o significado da frase "Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora"?

      Essa frase expressa a ideia de que amar é um processo doloroso e gradual de perda. A cada dia que passa, o amor se desgasta e se aproxima da morte, como uma estrela que se apaga lentamente.

04 – Como a figura da estrela é utilizada na música?

      A estrela é utilizada como uma metáfora para o amor. Ela representa a beleza, a intensidade e a efemeridade do sentimento. A imagem da estrela que se apaga simboliza a morte do amor e a dor da perda.

05 – Qual o papel da repetição na música?

      A repetição de versos e frases enfatiza a intensidade do sofrimento e a dificuldade de superar a perda. A repetição de "Ai, vontade de ficar, mas tendo que ir embora" reforça a contradição entre o desejo de permanecer junto e a necessidade de se despedir.

06 – Qual a relação entre a música e o título "Serenata do Adeus"?

      O título "Serenata do Adeus" já antecipa o tema principal da música: a despedida. A serenata, tradicionalmente associada ao amor e à paixão, é aqui transformada em um lamento pela perda e pela saudade.

07 – Qual a mensagem principal da música?

      A mensagem principal da música é a inevitabilidade da perda e a dor que acompanha o fim de um relacionamento. A "Serenata do Adeus" é um hino à melancolia, um lamento universal que ecoa nos corações de todos aqueles que já amaram e perderam.

 

 

SONETO: SONETO DE DEVOÇÃO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Soneto: Soneto de devoção

             Vinícius de Moraes

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica em meus braços, e nos seios

Me arrebata e me beija e balbucia

Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia

Que se ri dos meus pálidos receios

A única entre todas a quem dei

Os carinhos que nunca a outra daria.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nahHlmXFKTNlRMwlxv4ijolCK4vODYLxFY8NlVjNBii9bOkt9Tcvqsrc63YX0lEkIGPtpmE5gayo-ca_jKjBqQ9aHuGNwixxpDF2LycsjKRQbO4SfFkrsw44kAEMaoPc2rkBm9UkzX6qQBSGheuU6Zw0bk1LIaSFuJZFdz5130gMEj2iUXrU5b_nGGA/s1600/MULHER.jpg

Essa mulher que a cada amor proclama

A miséria e a grandeza de quem ama

E guarda a marca dos meus dentes nela.


Essa mulher é um mundo! – uma cadela

Talvez... – mas na moldura de uma cama

Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 223.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal característica da mulher descrita no soneto?

      A mulher descrita é apresentada como complexa e contraditória. Ela é ao mesmo tempo "fria" e "lúbrica", "flor de melancolia" e capaz de proclamar a "miséria e a grandeza" do amor. Essa dualidade a torna um enigma e um objeto de desejo intenso para o poeta.

02 – Qual o significado da expressão "Versos, votos de amor e nomes feios"?

      Essa expressão revela a intensidade e a complexidade da relação entre o poeta e a mulher. Os "versos" e os "votos de amor" indicam um envolvimento profundo, enquanto os "nomes feios" sugerem uma intimidade intensa e apaixonada.

03 – Por que o poeta afirma que a mulher é "a única entre todas a quem dei / Os carinhos que nunca a outra daria"?

      Essa afirmação destaca a exclusividade da relação entre o poeta e a mulher. Os carinhos que ele oferece são únicos e destinados apenas a ela, o que intensifica o sentimento de posse e de desejo.

04 – Qual a importância da comparação entre a mulher e uma "cadela"?

      A comparação da mulher com uma "cadela" é provocativa e intencional. Ela subverte a imagem tradicional da mulher como um ser puro e angelical, revelando a face mais carnal e instintiva da paixão. Ao mesmo tempo, a expressão "mas na moldura de uma cama" relativiza essa comparação, sugerindo que a beleza da mulher transcende qualquer julgamento moral.

05 – Qual a mensagem principal do soneto?

      O soneto celebra a paixão em sua forma mais intensa e visceral. A mulher descrita é um símbolo da paixão, do desejo e da entrega total. Ao mesmo tempo, o poema reflete sobre a complexidade e a ambiguidade do amor, que pode ser tanto fonte de alegria quanto de sofrimento.

 

 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): APELO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Música(Atividades): Apelo

             Vinícius de Moraes

Ah, meu amor não vás embora
Vê a vida como chora, vê que triste esta canção
Não, eu te peço, não te ausentes
Pois a dor que agora sentes, só se esquece no perdão
Ah, minha amada me perdoa
Pois embora ainda te doa a tristeza que causei
Eu te suplico não destruas tantas coisas que são tuas
Por um mal que eu já paguei

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitgyhhcNEYhdlCdmZ5SAf8yyWoHaZUb0VaDS7dufniHu7BBCOoejC2k7fqksHD9nHNAKE1ZI7LYQXsihAumn9lBUEIfm4ngvILomw5tFY1d7RqaiQXshlI6D51ao2wpRBtpDHcpftQmzWzuEA8m4pWvw63M3ZQW5Tns-adJW0HKbb2ZnacNpEHLJyRm10/s320/MUSICA.jpg


Ah, minha amada, se soubesses
Da tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento todo arrependimento
Como tudo entristeceu
Se tu soubesses como é triste
Perceber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus

Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus

(falado por Vinícius de Moraes)

De repente do riso fez-se o pranto,
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento,
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o pressentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo, o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente não mais que de repente.

(novamente no ritmo da música)

Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus.

Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus.

Composição: Baden Powell / Vinícius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 1 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 32.

Entendendo a música:

01 – Qual a emoção predominante expressa na música?

      A emoção predominante é a súplica, o pedido desesperado por perdão e pelo retorno do amor perdido. A letra transmite um profundo sofrimento e arrependimento.

02 – Em qual contexto da vida de Vinícius de Moraes essa música pode ter sido escrita?

      É difícil determinar o contexto exato de cada canção de Vinícius, pois sua obra é marcada por uma grande variedade de experiências amorosas. No entanto, a temática do arrependimento e do pedido de perdão é recorrente em suas letras, sugerindo que essa música pode ter sido inspirada por algum relacionamento turbulento que ele vivenciou.

03 – Quais as principais metáforas utilizadas na música?

      A música utiliza metáforas como "a vida como chora" e "a dor que agora sentes, só se esquece no perdão" para expressar a intensidade do sofrimento e a esperança de reconciliação. A imagem da "espuma" e da "última chama" também contribui para criar um clima de melancolia e perda.

04 – Como a repetição do verso "Ah, meu amor tu voltarias" reforça o sentimento expresso na música?

      A repetição desse verso cria um refrão insistente, enfatizando a súplica do eu lírico. Ela transmite a ideia de que o desejo de reconciliação é constante e obsessivo.

05 – Qual a importância do trecho falado por Vinícius de Moraes para a música?

      O trecho falado cria um contraste com a parte cantada, intensificando o drama da situação. As imagens poéticas e a mudança de ritmo contribuem para uma experiência auditiva mais rica e emotiva.

06 – Como a música se conecta com o estilo de Vinícius de Moraes?

      A música "Apelo" se encaixa perfeitamente no estilo de Vinícius de Moraes, que se caracterizava por letras poéticas e melodias melancólicas. A temática do amor, da perda e do arrependimento é recorrente em sua obra, e a música "Apelo" é um exemplo clássico dessa abordagem.

07 – Qual a sua interpretação pessoal sobre a mensagem principal da música?

      A mensagem principal da música, na minha interpretação, é a importância do perdão e da reconciliação em um relacionamento. O eu lírico demonstra um profundo arrependimento e a esperança de que o amor possa superar qualquer obstáculo. A música nos convida a refletir sobre a fragilidade dos relacionamentos e a necessidade de valorizarmos aqueles que amamos.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

POESIA: A BOMBA ATÔMICA i - (FRAGMENTO) - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: A bomba atômica I – Fragmento

             Vinícius de Moraes

Dos céus descendo
Meu Deus eu vejo
De paraquedas?
Uma coisa branca
Como uma forma
De estatuária
Talvez a forma
Do homem primitivo
A costela branca!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE0ZGmVVXTZEfdtFIoJihCJ6ffKcZas3_dwaAlL8SvroZtSC5wDCYJtXUMVYMBBRucPrgyrkIHfzoInljAUhn4iNkT-I3jZhLea8yQPoXILJ43JyIvN2ahUOd1hKZqICRhpEXyou_QmqCrD44ELgiX6KQEYDnlCF6qN5CGTluDWXptActFNfWkvxGxlaM/s320/BOMBA.png 
  

Talvez um seio
Despregado à lua
Talvez o anjo
Tutelar cadente
Talvez a Vênus
Nua, de clâmide
Talvez a inversa
Branca pirâmide
Do pensamento
Talvez o troço
De uma coluna
Da eternidade
Apaixonado
Não sei indago
Dizem-me todos
É A BOMBA ATÔMICA.

Vinícius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 23.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal sensação evocada pelos versos iniciais do poema?

      Os versos iniciais ("Dos céus descendo / Meu Deus eu vejo / De paraquedas?") evocam uma sensação de espanto e mistério, como se o eu lírico estivesse diante de uma aparição celestial ou de um objeto desconhecido e grandioso. A imagem do "paraquedas" contrasta com a gravidade da situação que se revelará posteriormente, criando um efeito de suspense.

02 – Como o poeta descreve a forma da bomba atômica?

      O poeta utiliza diversas comparações para descrever a forma da bomba, como "uma coisa branca", "uma forma de estatuária", "a costela branca", "um seio despregado à lua", entre outras. Essas comparações revelam a dificuldade do eu lírico em compreender e descrever a forma estranha e aterrorizante do objeto. A variedade de imagens também sugere a complexidade e a imprevisibilidade da bomba atômica.

03 – Qual o significado da "inversa branca pirâmide do pensamento"?

      A "inversa branca pirâmide do pensamento" é uma metáfora complexa e abstrata. Ela pode ser interpretada como uma representação da destruição da racionalidade e do conhecimento diante da força bruta da bomba atômica. A pirâmide, símbolo de ordem e construção, aparece invertida, sugerindo a subversão de valores e a fragilidade da civilização.

04 – Qual a importância da repetição da palavra "talvez" no poema?

      A repetição da palavra "talvez" expressa a incerteza e a perplexidade do eu lírico diante do objeto observado. O poeta não tem certeza do que está vendo e busca em diversas comparações uma explicação para o que parece ser inexplicável. Essa incerteza reflete a própria natureza da bomba atômica, que representa uma força desconhecida e aterrorizante para a humanidade.

05 – Qual a principal temática do poema?

      O poema "A bomba atômica I" aborda a temática da destruição e da violência, representadas pela bomba atômica. Vinícius de Moraes utiliza uma linguagem poética e repleta de metáforas para expressar o horror e a perplexidade diante desse poder destrutivo. A obra também pode ser interpretada como uma reflexão sobre a condição humana e a fragilidade da civilização.