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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

CRÔNICA: COMPLÔ - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Complô  

              Luís Fernando Veríssimo

        Mal chegou no céu, o gaúcho pediu para falar com Deus. Queria fazer uma queixa. Deus estava em reunião e o gaúcho foi encaminhado a São Pedro. São Pedro estava na sala de comando meteorológico. Era ali, cercado por sua equipe à frente de painéis sofisticadíssimos, que São Pedro dirigia o tempo do mundo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7xv4MRmnsxUtNkpM99aYZNMNeAs5fiAMcEOT9x02Kopx2z5HiOsyUwmH25yFQiWUbOkiu-n1tOvqupO7YiTCSJBqqR2lYFttORXiR6UPJIfGgK03hHTHENiO-cjSE8LUEYj8Xu84PS4Xrr9SWufDApeD7gwkMKiENjVoG5O9_O1fsQXC3bwZPZBJU7a0/s1600/PEDRO.jpg


        ― O que é? Disse São Pedro, sem olhar para o gaúcho. Prestava atenção numa tela à sua frente.

        ― Estão contra nós ― queixou-se o gaúcho.

        ― Quem?

        ― Todo mundo.

        ― Bobagem.

        ― Verdade. Veja só o que tem nos acontecido.

        E, seguindo São Pedro pela sala enquanto este ajustava controles e checava mostradores, o gaúcho contou tudo que tinha feito ao Rio Grande do Sul nos últimos tempos. Tudo. Concluiu dizendo que aquilo só podia ser uma campanha organizada. Um complô contra o Rio Grande!

        ― Paranoia ― sentenciou São Pedro.

        ― Fazem pouco de nós. Nós...

        Mas São Pedro o interrompeu com um gesto. Apontou para uma tela.

        ― Veja. Por coincidência, vamos programar o tempo no Rio Grande do Sul para as próximas horas.

        E São Pedro passou a dar ordens a seus comandados.

        ― Grandes nuvens negras!

        ― Grandes nuvens negras ― confirmou o encarregado do setor.

        ― Relâmpagos espetaculares.

        ― Relâmpagos espetaculares.

        ― Trovões retumbantes!

        ― Trovões retumbantes.

        O gaúcho entusiasmado chegou a ficar na ponta dos pés, de tão ansioso, esperando a ordem final de São Pedro. ― E atenção ― disse São Pedro.

        Todos esperavam a ordem. São Pedro fechou os olhos, como que buscando inspiração, e ficou assim por uns instantes. Depois decretou:

        ― Chuviscos.

        Houve risadas generalizadas da equipe.

        Quando saía da sala, o gaúcho viu, com o rabo dos olhos, São Pedro tapar a boca para não rir também. O complô era mais amplo do que se imaginava.

VERISSIMO, L. F. Mais comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020. p. 73 – 74.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 08 – 09.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal queixa do gaúcho ao chegar ao céu?

      A principal queixa do gaúcho é que existe um complô contra o Rio Grande do Sul, pois as condições climáticas adversas que têm atingido o estado são, em sua opinião, intencionais e não mera obra do acaso. Ele acredita que há uma força externa agindo contra o estado.

02 – Qual a reação inicial de São Pedro à queixa do gaúcho?

      Inicialmente, São Pedro demonstra descaso e até mesmo certa irritação com a queixa do gaúcho, atribuindo suas alegações à paranoia. Ele atribui as condições climáticas a eventos naturais e aleatórios, negando a existência de qualquer complô.

03 – Como São Pedro tenta convencer o gaúcho de que não há nenhum complô?

      Para demonstrar ao gaúcho que não há nenhum complô, São Pedro o convida a acompanhar o processo de programação do clima para o Rio Grande do Sul. Ele mostra como as decisões sobre as condições climáticas são tomadas de forma aparentemente aleatória e não com a intenção de prejudicar o estado.

04 – Qual a reação do gaúcho ao ver como São Pedro programa o clima?

      Inicialmente, o gaúcho fica entusiasmado com a ideia de que São Pedro poderia finalmente proporcionar um clima favorável ao Rio Grande do Sul. No entanto, ao ouvir a ordem final de São Pedro por "chuviscos", ele se decepciona e percebe que o complô parece ser ainda mais amplo do que imaginava.

05 – Qual a ironia presente na crônica?

      A ironia da crônica reside no fato de que o gaúcho, ao buscar uma explicação para as adversidades que o Rio Grande do Sul enfrenta, atribui tudo a um complô. No entanto, a verdade é ainda mais simples e banal: as condições climáticas são resultado de processos naturais e das decisões, muitas vezes arbitrárias, de São Pedro. A crônica satiriza a tendência humana de buscar explicações complexas para eventos simples e de acreditar em conspirações.

06 – Qual a mensagem principal da crônica?

      A mensagem principal da crônica é que, muitas vezes, atribuímos intenções maldosas e conspirações a eventos que são, na verdade, resultado do acaso ou de decisões arbitrárias. A crônica nos convida a questionar nossas próprias crenças e a não buscar culpados para todos os problemas que enfrentamos.

07 – Qual o papel do humor na crônica?

      O humor desempenha um papel fundamental na crônica, tornando a leitura mais leve e agradável. A situação absurda do gaúcho que acredita em um complô climático e a reação irônica de São Pedro geram um efeito cômico que ajuda a transmitir a mensagem da crônica de forma mais eficaz. O humor também serve para criticar a tendência humana de buscar explicações conspiratórias para os eventos do mundo.

 

sábado, 15 de junho de 2024

CRÔNICA: A NOVATA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: A Novata

                 Luís Fernando Veríssimo

     Sandrinha nunca esqueceu o seu primeiro dia na redação.

        Os olhares que recebeu quando se encaminhou para a mesa do editor. De curiosidade. De superioridade. Ou apenas de indiferença. Do editor não recebeu olhar algum.

        — Quem é você? — ele perguntou, sem levantar a cabeça. Sandrinha se identificou.

        — Ah, a novata — disse ele. — Você deve ser das boas.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiB5gxXNOZpZE_uIT10pzHZoVOQrhmL14g-KHtMlXM1gKrKA0Qsby2CDpdwvNfnycYe3rEe6_tbKC1TNpjwhUU_6Es_er0_CZNH1ZzBGAzf0xC83Joj6xsPNLA7QW30V3LFjzc0WPq6t3aMEnWNnypM-FHvYRnRSi0ukEzNI97B4kgcIJmlis_AcgMmsWg/s320/NOVATA.jpg


        Recém-formada e já botaram a trabalhar comigo. Você sabe o que a espera?

        — Bem, eu...

        — Esqueça tudo o que aprendeu na escola. Isto aqui é a linha de frente do jornalismo moderno. Aqui você tem que ter coragem. Garra. Instinto. Você acha que tem tudo isso?

        — Acho que sim.

        Ele a olhou pela primeira vez. Seu sorriso era cruel.

        — É o que veremos — disse. — Já vi muita gente quebrar a cara aqui. Desistir e pedir transferência para a crônica policial. É preciso ter estômago. Você tem estômago?

    — Tenho.

        Ele gritou:

    — Dalva!

    Uma mulher aproximou-se da mesa. Tinha a cara de quem já viu tudo na vida e gostou de muito pouco. O editor perguntou:

     — Você já pegou o Rudi?

     — Estou indo agora.

     — Leve ela.

    Dalva olhou para Sandra como se tivesse acabado de tirá-la do nariz. Voltou a olhar para o editor.

    — Não sei, chefe. O Rudi...

    — Quero ver do que ela é feita.

   — Está bem.

Luís Fernando Veríssimo. In: Comédias para se ler na escola, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Entendendo o texto

01. O que Sandrinha nunca esqueceu?

       a. O seu primeiro dia na escola.

      b. O seu primeiro dia na redação.

      c. O seu primeiro dia na faculdade.

      d. O seu primeiro dia de férias.

 02. Como eram os olhares que Sandrinha recebeu ao se encaminhar para a mesa do editor?

       a. De admiração.

       b. De inveja.

       c. De curiosidade, superioridade ou indiferença.

       d. De medo.

03. Qual foi a reação do editor ao conhecer Sandrinha?

      a. Ele sorriu e a cumprimentou.

      b. Ele a ignorou completamente.

      c. Ele perguntou "Quem é você?" sem levantar a cabeça.

      d. Ele a elogiou imediatamente.

04. O que o editor disse para Sandrinha esquecer?

       a. Tudo o que aprendeu na escola.

       b. Seus medos e inseguranças.

       c. Suas expectativas de sucesso.

       d. Seu trabalho anterior.

 05. Quais são as qualidades que o editor mencionou serem necessárias para trabalhar lá?

      a. Inteligência, paciência e criatividade.

      b. Coragem, garra e instinto.

      c. Organização, pontualidade e ética.

      d. Honestidade, lealdade e dedicação.

 06. O que o editor quis verificar sobre Sandrinha?

      a. Se ela tinha um bom currículo.

      b. Se ela tinha coragem e estômago.

      c. Se ela conhecia bem a redação.

      d. Se ela sabia trabalhar em equipe.

 07.  Quem é Dalva na crônica?

      a. Uma secretária.

      b. Uma jornalista veterana.

      c. Uma amiga de Sandrinha.

      d. A chefe de Sandrinha.

08.  Como Dalva reagiu ao ser chamada pelo editor?

     a. Com entusiasmo.

     b. Com indiferença.

     c. Com uma expressão de quem já viu tudo na vida e gostou de muito pouco.

    d. Com um sorriso.

  09.  O que o editor perguntou a Dalva sobre Rudi?

       a. Se ela já tinha terminado um relatório.

     b. Se ela já tinha pegado o Rudi.

     c. Se ela conhecia o Rudi.

     d. Se ela sabia onde estava o Rudi.

10. Como Dalva olhou para Sandrinha após o pedido do editor?

      a. Com carinho e compreensão.

      b. Como se tivesse acabado de tirá-la do nariz.

     c. Com admiração.

     d. Com desaprovação.

 

 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

FÁBULA: DIREITOS HUMANOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Direitos Humanos

             Luís Fernando Veríssimo

- Famous Ipanema Beach! Dentro do ônibus, os turistas exclamavam "oh!" com entusiasmo. Ipanema Beach! O motorista, Algemiro, torcedor do Vasco, morador do Vidigal, sacudia a cabeça cada vez que ouvia a pronúncia da guia. Por que "Ipanima"? Era Ipanema com "e". "Ipanimá' era frescura de gringo.

- Vieira Souto Avenue.

- Aveniu dos bacana - completou Algemiro. E, com um certo orgulho:

- Caminho da minha casa.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhx7Pv7SyTH-ThEUpKHtvOeE4kx7ZYYa39SWPevHf6Nm-fruKrkY28Z6MNrVlUcrenMOeTG4OArXca_LHgPusX6bzVJx_Uq5uXcs2SDdB8ApiyXr5v-5z6JceD4nVV1fCBeF2DbHyQNIGfYVk93_qh3gj6wElN3JH1BkJMH_yN_AJCe2xjtkgU8DTVHYF8/s320/IPANEMA.jpg 


- What? - quis saber uma velhinha americana de dentro do seu vestido gasoso.

- Rich people live here - explicou a guia. Mais "ohs" entusiasmados.

-The girls from Ipanema - disse a guia, apontando as garotas da praia.

- Oh! - gritaram os turistas.

- In front of us, Pedra da Gávea, Gávea Stone - disse a guia.

- Oh! - gritaram os turistas.

- O Budum Filho! - gritou o motorista.

- Oh! - gritaram os turistas, com a freada do ônibus.

- O que foi isso? - quis saber a guia, ajeitando o chapeuzinho.

- O Budum Filho. Um pilantrão que me deve uma nota.

- Mas você não vai parar o ônibus agora para falar com...

- Ah, se não vou! Segura as pontas que eu já volto.

- Espera! Mas o Algemiro já puxara o freio de mão e se precipitara para a rua atrás do Budum Filho, filho do Budum Pai, bicheiro e mau-caráter. Os turistas pularam dos bancos para acompanhar a perseguição. Em minutos o Algemiro voltava com o Budum Filho pela nuca.

- Por que aqui? - gritou a guia, sem saber o que dizer para as velhinhas.

- Quero ter uma conversa com este pilantra num particular.

- Mas aqui?

- Calminha. É rápido. O Budum Filho, aterrorizado, apelou para uma americana.

- Rélpi, madame. É seqüestro.

- Rélpi eu vou te mostrar, caloteiro.

- Who is he? - perguntou a americana, mais aterrorizada do que ele, apontando para o Budum Filho.

- Nothing, nothing - disse a guia.

- A boy from Ipanema.

- Oh!

- O que foi que ele fez? - perguntou a guia para o Algemiro.

- Eu ganhei no bicho e ele não pagou. Enrustiu na marra.

- Rélpi! - repetiu o Budum Filho. Com a revolta dos turistas, o Algemiro se viu constrangido a largar a nuca do mauca. Mas segurou a sua camiseta. Que tinha o nome de uma universidade americana na frente. As simpatias dos turistas estavam com o Budum Filho.

- E a minha grana, ó calota!

- Que grana?

- Vem com essa. Vem com essa!

- Ó Algemiro, tá me estranhando? Eu ia pagar.

- Ia, não. Vai.

- Vou.

- Dívida de bicho é sagrada.

- What is it?

- Jogo do bicho. Animal game. Gambling.

- Oh! Um americano, calça quadriculada, se apresentou para mediar. Aquilo estava atrasando a excursão. Ele tinha pago bom dinheiro para ver as vistas do Rio. Não uma briga. Se bem que as velhinhas, depois do susto inicial, pareciam estar apreciando o incidente entre os nativos. O que iam ter para contar na volta! Com a guia como intérprete, o americano propôs que procurassem uma autoridade para resolver o caso. A proposta foi vetada pelas partes. E, mesmo, seria difícil encontrar uma autoridade por perto.

- Autoridade neste ônibus - disse o Algemiro, sacudindo o Budum Filho com ênfase - sou eu.

- Rélpi, mister!

- Come on, let him go - disse o americano.

- Não tem camone.

- Algemiro - suplicou a guia -, vamos primeiro terminar a excursão, depois você cuida desse assunto. Algemiro estudou a questão. Depois concordou. O Budum Filho ficaria no ônibus, sob custódia dos turistas, até o fim da excursão. Depois acertariam as contas. E tocaram o ônibus. Budum Filho sentou ao lado de uma velhinha da Minnesota, que lhe ofereceu um drops de hortelã. Foi fotografado por dezessete polaróides simultaneamente. Com a ajuda da guia, contou a história da sua vida. O seu sonho era conhecer os Estados Unidos.

- Lá não entra caloteiro! - gritou o Algemiro, mas foi silenciado pelos protestos gerais. Ninguém olhava mais a paisagem. Todas as atenções estavam no Budum Filho. Ele era um artista. As madames queriam ouvir um samba da sua autoria? Claro que queriam. Budum cantou um samba do Martinho da Vila. O Algemiro tentou desmascara-lo mas foi desprezado. Quando o Budum Filho acabou de cantar, todos gritaram "oh!" e aplaudiram muito. No fim da excursão alguns deram gorjetas para o Budum Filho (e nada para o Algemiro). A guia recomendou ao Algemiro que não fizesse nenhuma loucura. A companhia podia ficar sabendo e os dois se dariam mal. O Algemiro disse que só ia ter uma conversínha com o desgraçado. E ficou sozinho no ônibus com o Budum Filho.- Canta um samba agora, garoto.

- Álgemiro, se eu fosse você eu não me tocava.

- Ah, é?

- É.

- E por quê?

- Porque eu passei um bilhete para uma das madame, escondido.

- Que bilhete?

- Para o Clinton.

- Que Clinton?

- O presidente. Se me acontecer qualquer coisa, ele vai ficar sabendo que foi você. Respeita os meus direitos humanos, senão vai ter.

- Ah, é?

- É.

- Pois quem é o presidente lá é o Bush e sabe o que o Bush gosta de fazer com vagabundo?

- Não, Algemiro. Não!

Entendendo o texto

01. Onde se passa a fábula "Direitos Humanos"?

     a) Salvador.

     b) Ipanema.

     c) Vidigal.

     e) Minesota.

02. Qual é a ocorrência do motorista Algemiro ao ouvir a pronúncia de "Ipanema" pela guia?

     a) Ele fica animado.

     b) Ele concorda com a pronúncia.

    c) Ele sacode a cabeça, discordando da pronúncia.

    d) Ele aplaude.

03. O que motivou a perseguição de Algemiro ao Budum Filho?

      a) Um desentendimento sobre a pronúncia de Ipanema.

      b) Um calote no jogo do bicho.

      c) Um roubo no ônibus.

      d) Uma briga anterior.

04. Como os turistas reagem à perseguição de Algemiro?

     a) Ficam assustados e pedem para parar.

     b) Acompanham a perseguição com paixão.

    c) Ignorar a situação.

    d) Descer do ônibus para evitar problemas.

05. Qual é a ocorrência das velhinhas americanas ao incidente?

    a) Ficam apavoradas.

    b) Parecem apreciar o incidente entre os nativos.

    c) Pedem para ir embora.

    d) Tiram fotos da paisagem.

06. Como o americano sugere resolver o problema?

    a) Procurar uma autoridade.

    b) Deixar o Budum Filho no ônibus até o fim da viagem.

    c) Deixar os turistas resolverem.

    d) Ignorar o incidente.

07. Qual é a sugestão de Algemiro para resolver o problema?

    a) Procurar uma autoridade.

    b) Resolver imediatamente.

    c) Deixar para depois da viagem.

    d) Ignorar o Budum Filho.

08. Como Budum Filho é descrito pelos turistas?

      a) Como um artista talentoso.

      b) Como um criminoso perigoso.

      c) Como um guia turístico.

     d) Como um nativo típico.

09. O que Budum Filho ameaça fazer se algo acontecer com ele?

     a) Chamar a polícia.

     b) Contar para a guia.

     c) Enviar um bilhete para o presidente Clinton.

     d) Fugir do país.

10. Qual é a resposta de Algemiro à ameaça de Budum Filho?

      a) Ele fica assustado.

      b) Ele respeita os direitos humanos.

      c) Ele ignora a ameaça.

      d) Ele ameaça chamar a polícia.

 

 

 

FÁBULA: PODE ACONTECER - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Pode Acontecer

             Luís Fernando Veríssimo

Pode acontecer o seguinte. As revelações sobre o envolvimento de figuras do governo passado em crimes e escândalos chegam a ponto crítico. Civis e militares de graduação inimaginável veem-se na iminência não de ir para a cadeia, o que contraria os hábitos brasileiros, mas de serem expostos como corruptos, torturadores, etc. O que, sei lá, seria chato. Os protestos contra "revanchismo" não adiantam. É preciso agir para deter a torrente de denúncias que ameaça destruir, na sua fúria persecutória, tudo o que o regime passado deixou de bom. Como, por exemplo, o, a... hm. Bem, é preciso agir. O golpe é decidido num telefonema no meio da noite. Falam em código.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKo8zPSDKG_LnwiDOODDRhH4js_LwE6ug5qqWglSMc2kchA2qop5B4He19BtydF1hJV-lmPlhQijlAEuDNrIIKqHdQtGEYUBQvPCHMIEuebqg8H9gLTaMi-vyp71AuvMN1PsTx2_mcgOzP-_0PNLGG2u9StU7-AnfGnSt7hd_suXuB9bTzlbfdpTHyin0/s1600/REVANCHE.jpg


- Alô, Mão em Cumbuca? Boca na Botija.

- Fala, Boca.

- Tudo certo para amanhã?

- Tudo.

- Tem certeza?

- Tenho. Houve resistência, mas o argumento de que até o Antônio Carlos está nas mãos dos comunistas foi decisivo. A maioria aderiu.

- Quer dizer que...

- Lá vamos nós outra vez.

- Será que não há mesmo outro jeito?

- Bem, se você quer ver nos jornais a história de como você roubava material do seu gabinete para vender...

- Ssssh!

- Nunca entendi. Você não se contentava com seu salário de... - Sssshh!

- Tinha que vender os clipes de papel?!

- E você? E você?

- O que que tem eu?

- E o cabaré no porão do - Ssshhh!

- Bom, agora não adianta ficar lamentando. O importante é que ninguém descubra. Como está o plano?

- Não pode falhar. Cercaremos o Congresso. Os congressistas se renderão. Usando os congressistas como reféns, exigiremos a capitulação do governo e das forças leais a Sarney.

- Uma vez no poder, censuraremos a imprensa. De novo.

- Exato.

- Boa sorte, Mão!

- Certo, Boca. No dia seguinte.

- Alô, Mão em Cumbuca?

- Não tem ninguém aqui com esse codinome.

- Já vi que não deu certo...

- É.

- O que houve?

- Atacamos o Congresso. Fomos direto ao cerne da democracia. Cercamos o prédio. Entramos para render os congressistas.

- E?

- E não encontramos ninguém!

- O quê?!

- Bom, para não dizer que não tinha ninguém, tinha uma taquígrafa. Pensamos em usá-la como refém mas acabamos desistindo.

- Assim não dá!

- É. É impossível golpear as instituições se elas não estão onde deviam estar!

- O que vamos fazer agora, Mão?

- Eu se fosse você dava o fora do país, Boca.

- E de onde você pensa que eu estou falando, Mão?

Entendendo o texto

01. Quando se passa a fábula "Pode Acontecer"?

      a) Durante uma Ditadura Militar.

      b) No século XIX.

      c) Nos dias atuais.

      d) Em um futuro distópico.

02. O que ameaça as figuras do governo passado na fábula?

      a) Uma invasão estrangeira.

      b) Uma epidemia.

      c) Revelações de envolvimento em crimes e escândalos.

      d) Um golpe militar.

03. Qual é a ocorrência dos protestos contra o “revanchismo”?

      a) São bem-sucedidos.

      b) Não adianta.

      c) São ignorantes.

      d) Resultam em mais denúncias.

04. Como foi decidido o golpe na fábula?

      a) Em uma assembleia pública.

      b) Em uma reunião secreta.

      c) Por meio de um referendo.

      d) Por votação popular.

05. Qual é o código usado durante o telefonema entre Mão em Cumbuca e Boca na Botija?

      a) Código Morse.

      b) Código binário.

     c) Código de barras.

    d) Código verbal.

06. O que motivou a maioria da adesão ao golpe?

     a) A ameaça de intervenção estrangeira.

     b) O argumento de que Antônio Carlos estava nas mãos dos comunistas.

     c) A promessa de aumento salarial.

     d) A ideia de preservar a democracia.

07. O que acontece durante o ataque ao Congresso?

      a) Os congressistas serão entregues imediatamente.

      b) Encontram os congressistas e os rendem.

      c) Descobrem que o Congresso está vazio.

      d) A taquígrafa se torna refém.

08. Qual é o plano após o golpe ser bem sucedido?

      a) Estabelecer um governo democrático.

      b) Censurar a imprensa novamente.

      c) Promover eleições livres.

      d) Iniciar reformas econômicas.

09. Qual é a ocorrência de Mão ao perceber que o plano falhou?

      a) Lamenta e busca outra estratégia.

      b) Desiste da ideia de golpe.

      c) Atribuir a culpa ao Boca.

      d) Propõe um diálogo com a oposição.

10. Qual é a moral da história conforme revelada no final?

      a) A impossibilidade de golpear as instituições.

      b) A importância de manter segredos.

      c) A necessidade de resistir a regimes autoritários.

      d) A fragilidade dos planos conspiratórios.

 

FÁBULA: HÁBITO NACIONAL - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Fábula: Hábito Nacional

             Luís Fernando Veríssimo

Por uma destas coincidências fatais, várias personalidades brasileiras, entre civis e militares, estão no avião que começa a cair. Não há possibilidade de se salvarem. O avião se espatifará - e, levando-se em consideração o caráter dos seus passageiros, "espatifar" é o termo apropriado - no chão. Nos poucos instantes que lhes restam de vida, todos rezam, confessam seus pecados, em versões resumidas, e entregam sua alma à providência divina. O avião se espatifa no chão. São Pedro os recebe de cara amarrada. O porta-voz do grupo se adianta e, já esperando o pior, começa a explicar quem são e de onde vêm. São Pedro interrompe com um gesto irritado.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO1psUaJN5P22jyQDF5sKMz8ZbGD_9vWJmYWYrGIH_MtYSJtKezSeNScBjsLFJ5Eb9asn2WU3YsH9OsyEelsauCd8GLXPl8SIM4Eq2bmm82sDsQjL7noMZFSLlQfRGCGhyW-dQaD_VBDLUXY0qGqwDWI6EfedCZIhJNQwzefevT4JoD1zmRkL-WeIcC94/s320/voando-2.jpg


- Eu sei, eu sei. Aponta para uns formulários em cima de sua mesa e diz:- Recebemos suas confissões e seus pedidos de clemência e entrada no céu. O porta-voz engole em seco e pergunta:

- E... então? São Pedro não responde. Olha em torno, examinando a cara dos suplicantes. Aponta para cada um e pede que se identifiquem pelo crime.

- Torturador.

- Minha financeira estourou.

- Enganei milhares.

- Corrupto. Menti para o povo.

- Sabe a bomba, aquela? Fui o responsável.

- Roubei.

- Me locupletei.

- Matei. Etcétera. São Pedro sacode a cabeça. Diz:

- Seus requerimentos passaram pela Comissão de Perdão rejeitados por unanimidade. Passaram pelo Painel de Admissões, mera formalidade, e foram rejeitados por unanimidade. Mas como nós, mais que ninguém, temos que ser justos, para dar o exemplo, examinamos os requerimentos também na Câmara Alta, da qual eu faço parte. Uma maioria esmagadora votou contra. Houve só um voto a favor. Infelizmente, era o voto mais importante.

- Você quer dizer...

- É. Ele. Neste caso, anulam-se todos os pareceres em contrário e prevalece a vontade soberana d'Ele. Isto aqui ainda é o Reino dos Céus.

- E nós podemos entrar? São Pedro suspira.

- Podem. Se dependesse de mim, iam direto para o Inferno. Mas... Todos entram pelo Portão do Paraíso, dando risadas e se congratulando. Um querubim que assistia à cena vem pedir explicações a São Pedro.

- Mas como é que o Todo-Poderoso não castiga essa gente? E São Pedro, desanimado:

- Sabe como é, Brasileiro...

Entendendo o texto

01.Quando se passa a fábula "Hábito Nacional"?

     a) Durante a Segunda Guerra Mundial.

     b) No século XIX.

     c) Em tempos contemporâneos.

     d) Sem futuro distante.

02. Quem são os passageiros do avião que estão prestes a cair na fábula?

      a) Estrangeiros.

      b) Personalidades brasileiras.

      c) Crianças.

      d) Políticos.

03. Qual é o termo usado para descrever o destino do avião ao cair?

     a) Afundar.

     b) Explodir.

     c) Espatífar.

     d) Desmoronar.

04. Quem recebe os passageiros após o acidente?

      a) Ó Diabo.

      b) São Pedro.

      c) Deus.

      e) Anjos.

05. O que os passageiros fazem nos instantes finais antes da queda do avião?

     a) Cantam.

     b) Dançam.

     c) Rezam e confessam os pecados.

     d) Dormem.

06. Como São Pedro reage ao receber os pedidos dos passageiros?

     a) Aceitamos todos os pedidos.

     b) Ignorar os pedidos.

     c) Rejeita os pedidos por unanimidade.

     d) Pede mais informações.

07. Por que a entrada no céu é negada pela Comissão de Perdão e pelo Painel de Admissões?

     a) Falta de espaço no céu.

     b) Por unanimidade, os pedidos são rejeitados.

     c) Porque os passageiros não confessaram os seus pecados.

     d) Porque São Pedro não concorda.

08. Quem vota a favor dos pedidos na Câmara Alta?

      a) Todos os membros.

      b) Uma maioria esmagadora.

      c) Ninguém.

      e) São Pedro.

09. O que acontece quando o voto mais importante é a favor dos passageiros?

     a) Os passageiros partem diretamente para o Inferno.

     b) Os pareceres contrários são anulados, e prevalecem a vontade divina.

     c) São Pedro revoga a decisão.

     d) Os passageiros são enviados de volta à Terra.

10. Qual é a explicação dada por São Pedro quando questionado sobre a decisão divina?

     a) "Não sei, sou apenas um guardião do portão."

     b) “São escolhas divinas, inquestionáveis.”

     c) "Sabe como é, brasileiro..."

     d) “A justiça divina é imprevisível.”