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domingo, 27 de dezembro de 2020

TEXTO: UMA BELA LIÇÃO - IÇAMI TIBA - COM GABARITO

 Texto: Uma bela lição

         Içami Tiba

        Ainda pequeno, um dia acompanhei meus irmãos, que iam treinar judô. Fiquei impressionadíssimo com o professor, um baixinho muito forte a quem todos os alunos respeitavam. Também quis aprender judô. Lá fui eu, querendo derrubar o professor Inada de qualquer jeito. A cada investida minha, ele me desequilibrava com pequenos movimentos e lá ia eu para o chão. Foi quando Inada-sensei (professor Inada) me deu a primeira lição de judô: “Primeiro você precisa aprender a cair porque, caindo, você aprende a derrubar”. Ele dava risada e me dizia que minha afobação em querer derrubar me deixando mais fraco. Eu tinha que perceber o ponto fraco do adversário e, quando atacasse, fazê-lo de um só golpe naquele ponto. Naquela época, o que eu queria era ganhar as lutas, ser forte como ele, que derrubava todo mundo com a maior facilidade.

        Cheguei a São Paulo para fazer o quarto ano primário junto com o curso de admissão ao ginásio porque em Tapiraí o Grupo Escolar “Coronel João Rosa” só tinha o primário. Larguei o judô. Só o retomei quando estava na sétima série do Colégio Estadual e Escola Normal “Fernão Dias Pais”, em Pinheiros.

        Quando estava no curso científico comecei a dar aulas de judô. Não havia jovem que recusasse um dinheiro extra. Foi aí que percebi quanto os ensinamentos do Inada-sensei estavam dentro de mim porque eu fazia exatamente com os meus aluninhos o que ele fez comigo: muito carinho e cuidado para não ferir as crianças, estimular a descobrir os próprios pontos fortes para treiná-los, perceber no adversário seus pontos mais vulneráveis e principalmente saber cair sem se machucar.

        Comecei a receber alunos com indicação médica por ser crianças hipercinéticas (hiperativas), e para eles a noção dos limites é importantíssima. Eles vinham mais afoitos do que eu ia contra o Inada-sansei, e lhes era terapêutico aprender o respeito aos limites e ao próximo. Foi assim que acrescentei uma etapa ao que aprendi: só consegue derrubar o adversário quem souber cair e levantar. Portanto, para levantar bem é preciso saber cair sem se machucar. O verdadeiro campeão é aquele que sabe valorizar quem lhe consagrou a vitória: seu oponente vencido. Saber perder é a arte de manter a dignidade sem se subestimar nem se destruir, fazendo tudo o que sabia e podia. Quem não sabe perder também não sabe ganhar. Devo ao Inada-sensei meu título de campeão brasileiro universitário de judô, lutando pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Meu professor inesquecível. São Paulo, Editora Gente, 1997. Org. Fanny Abramovich.

       Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 153-4.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Investida: ataque, assalto.

·        Terapêutico: de efeito curativo.

·        Vulneráveis: frágeis, fracos.

·        Oponente: adversário.

·        Hiperativa: que tem excessiva atividade motora.

·        Subestimar: avaliar por baixo.

·        Afoito: precipitado, descuidado.

02 – Em que pessoa o texto foi narrado? Justifique.

      Foi narrado em primeira pessoa, por alguém que, já adulto, se recorda de um professor inesquecível.

03 – Como é o professor que aparece neste texto? Que lição ele ensinou ao narrador?

      É um professor de judô que lhe transmitiu uma importante lição de vida: que é preciso aprender a cair para aprender a derrubar.

04 – Como você entendeu essa lição?

       Resposta pessoal do aluno. Sugestão: só consegue derrubar o adversário quem souber cair e levantar, que, se não soubermos “cair sem nos machucar”, não conseguiremos continuar a lutar: estaremos derrotados antes do final da “luta”.

05 – Pense em uma situação real de vida em que a lição do professor Inada poderia ajudá-lo a superar alguma dificuldade.

      Resposta pessoal do aluno.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: POR QUE OS ADOLESCENTES SE DROGAM? IÇAMI TIBA - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Por que os adolescentes se drogam?
                                Içami Tiba


        Hoje todo mundo sabe, pelos professores e pelas campanhas antidrogas, que as drogas fazem mal. Daí a dificuldade de se entender porque os adolescentes se drogam. Nem eles mesmos devem saber o motivo.
        Talvez, por se sentir mais independente - já está fisicamente crescido - e por sentir-se psicologicamente mais preparado para a vida, o adolescente queira provar que já cresceu, que tem sua própria opinião. Querendo então provar sua segurança pode experimentar drogas, sem perceber que está fazendo exatamente o contrário de tudo o que ouviu sobre drogas.
        Além disso, a curiosidade pode também levar um jovem a se drogar, pois a adolescência é a época das descobertas, e o adolescente quer conhecer tudo. É preciso entretanto, saber diferenciar a boa curiosidade da curiosidade nociva, e querer conhecer o mundo das drogas, é, de fato uma curiosidade ruim, já que sabemos efetivamente que as drogas fazem mal à saúde, alteram o pensamento e mudam o comportamento das pessoas.
        Outro fator que pode induzir um jovem a se drogar é a incapacidade de enfrentar problemas. Principalmente aqueles que sempre tiveram tudo e nunca passaram por frustrações e tristeza mais sérias. Muitos desses adolescentes, quando surgem os problemas, acabam recorrendo às drogas, achando que assim os afastarão ou terminarão com eles. Na verdade, só se afastam, porque nenhuma drogas resolve nada. Ao contrário, quando passa o seu efeito, o conflito ainda existe e acrescido de mais um: o próprio envolvimento com a droga.
        A onipotência juvenil (mania de Deus do adolescente) também pode motivar um jovem a se drogar. Acreditando que nada de ruim vai lhe acontecer, ele abusa de tudo: velocidade, sexo, drogas, etc. Mas é justamente esse excesso de confiança em si mesmo que acarreta acidentes automobilísticos, gravidez indesejada, o vício nas drogas.
        É comum ainda o jovem usar drogas para ser aceito pelo grupo que as usa. Outros querendo mudar suas maneiras de ser, recorrem às drogas, pois eles mesmos não se aceitam e acreditam ser esse o caminho para mudarem. Enganam-se. Assim como se enganam aqueles que acham que as drogas acabarão com a solidão, ou que preencherão o tempo quando não houver nada que fazer.

        A PESSOA SE SENTE LIVRE QUANDO USA DROGAS?

        Quem experimenta drogas sabendo que faz mal à saúde é porque não se sente livre. Quem é livre não precisa experimentar drogas. A liberdade que se consegue através das drogas é um estado químico, e não uma alegria natural.
        Fazer o que quer ou fazer o que nunca fez sob os efeitos das drogas está muito longe de ser um comportamento pessoal, pois elas alteram os níveis de consciência e distorcem a crítica da adequação. Quando voltam ao estado psíquico natural, são comuns a vergonha e o arrependimento sobre o que fizeram enquanto drogados.
        Gargalhar sob o estímulo de drogas pode significar em choro da própria alma e o sofrimento de todas as pessoas que o amam. A droga isola o usuário, não permitindo a aproximação de outras pessoas, dando-lhe uma vivência isolada que não pode ser compartilhada por ninguém. Portanto, a gargalhada esconde a angustiante solidão.
        A verdadeira liberdade é entregar-se para crescer, é frustrar-se sem se perder, é divertir-se sendo o que é, fazendo o que realmente quiser, quando e como bem lhe aprouver. A droga submete a pessoa à obrigatoriedade (e não à liberdade) de usá-la. A liberdade permite aprender, com as experiências alheias, a não fazer do seu corpo um laboratório de química das drogas, nem repetir o que já está comprovado que não faz bem.

        POR QUE OS DROGADOS SÃO DISCRIMINADOS PELA SOCIEDADE?

        As pessoas não gostam de conviver com drogados, pois, como eles não se encontram em seu estado normal, não acompanham um diálogo, comportam-se inadequada e inconvenientemente e, às vezes, até de modo perigoso. Se é uma ou outra vez que se drogam, podemos até aguentar, mas se é a toda hora, não há “santo” que aguente. Além disso, o critério de valores de um drogado passa a ser bem diferente do nosso. Caso não tenha dinheiro para comprar a droga, ele não se incomodará em roubar, seja da própria família, seja de amigos. As mulheres podem se prostituir quando pressionadas por essas situações.
        As conversas, as atitudes, os interesses dos drogados também não interessam àqueles que querem viver saudavelmente. Além disso, como são pouco motivados a trabalhar (ou estudar) porque já não têm mais a mesma capacidade, num ambiente de trabalho (ou estudo) só atrapalham. Os drogados têm, ainda, dificuldade de enfrentar as frustações decorrentes das atividades do dia-a-dia, reagindo a elas de modo agressivo ou impulsivo, o que os torna inadequados ao ambiente familiar, profissional ou social.
        As pessoas que trabalham com drogas (traficantes) são obviamente discriminadas por serem marginais, já que o tráfico de drogas é, pela lei brasileira, um crime hediondo e inafiançável (Lei Antitóxico n° 6368 de 21/10/76). E, como os drogados são obrigados a adquirir drogas nesse mundo da ilegalidade, onde estão os traficantes, mais um motivo para as pessoas se afastarem deles.
                                                  Içami Tiba. 123 respostas sobre as drogas.
                                                                         2ª ed. São Paulo: Scipione, 1995.
Entendendo o texto:
01 – Encontre no primeiro parágrafo palavras que sejam sinônimos destas expressões:
·        Contra as drogas: antidrogas.
·        Jovens entre doze e vinte anos: adolescentes.
·        Razão: motivo.

02 – Rescreva a frase abaixo trocando as palavras:
“Outro fator que pode induzir um jovem a se drogar é a incapacidade de enfrentar problemas.”
      Outro motivo que pode levar um adolescente a usar drogas provém de sua falta de vontade de encarar situações difíceis.

03 – Nesse texto sobre drogas predomina:
(X) A linguagem denotativa, isto é, aquela em que as palavras são usadas num sentido literal, usual, comum.
(   ) A linguagem conotativa, em que as palavras tem um sentido figurado.

04 – Explique o sentido do termo discriminar ou discriminação por meio de um exemplo.
      Pode ser discriminação racial, de idade, de sexo, etc.

05 – Escreva o antônimo, empregando o prefixo in, i ou ir.
·        Capacidade: incapacidade.
·        Adequado: inadequado.
·        Real: irreal.
·        Legal: ilegal.

06 – Cite 06 motivos pelos quais os jovens se drogam.
·        Para provar que eles têm opinião própria e que são independentes.
·        Por curiosidade.
·        Por se sentirem incapazes de enfrentar os problemas da vida.
·        Por se sentirem poderosos e por julgarem que nada de ruim vai lhes acontecer.
·        Para serem aceitos pelo grupo que usa drogas.
·        Para combater a solidão e mudar o seu jeito de ser.

07 – Por que as drogas fazem mal às pessoas?
      Porque aceleram a química natural do organismo, bem como o pensamento e o comportamento normal das pessoas.

08 – O que acontece na vida de um jovem que se droga toda vez que encontra um problema sério?
      Passado o efeito da droga, o problema continua existindo, acrescido de mais um: o envolvimento com a droga.

09 – Qual a origem do excesso de confiança que muitos jovens têm em si mesmos?
      Por se julgarem muito poderosos e com a certeza de que nada de ruim vai lhes acontecer, cometem toda sorte de excessos: abusam de bebidas, velocidade, sexo, drogas, etc.

10 – No seu entender, as drogas conseguem tirar alguém da solidão?
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Será que as drogas realmente libertam as pessoas?
      As pessoas que se drogam têm a sensação de estarem livres dos problemas que as afligem; porém, essa sensação de liberdade não é senão um estado químico provocado pelas drogas, e não uma liberdade e uma alegria naturais.

12 – O que acontece com as pessoas quando passa o efeito das drogas?
      Muitas delas sentem vergonha do que fizeram enquanto estavam drogadas. Geralmente os problemas voltam a lhes perturbar, e a vontade de se drogar continua.

13 – Comente:
a)   “A verdadeira liberdade é entregar-se para crescer, é frustrar-se sem se perder.”
Quanto mais uma pessoa se desenvolve humana, espiritual e economicamente, mais livre ela é; continua sendo livre, mesmo derrotada, porém sem perder de vista os objetivos que tinha inicialmente.

b)   “A droga submete a pessoa à obrigatoriedade de usá-la.”
A droga escraviza a pessoa que a usa.

14 – Por que as pessoas não gostam de conviver com drogados?
      Por vários motivos: pessoas drogadas não se encontram em seu estado normal, não acompanham direito um diálogo, às vezes se comportam de modo inconveniente e perigoso.

15 – O que são capazes de fazer os viciados para conseguir as drogas?
      São capazes de roubar, assaltar e vender tudo o que têm para conseguir as drogas.

16 – Como fica a capacidade de trabalho e de estudo dos jovens que se drogam?
      Eles perdem o interesse tanto pelo estudo como pelo trabalho.

17 – Como são enquadrados pelas leis brasileiras os traficantes de drogas?
      O tráfico de drogas, pelas leis brasileiras, é um crime hediondo e inafiançável.