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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

POEMA: O GUARDADOR DE REBANHOS - FRAGMENTO II E IX - ALBERTO CAEIRO - COM GABARITO

 Poema: O guardador de rebanhos – Fragmento II e IX

             Alberto Caeiro

II – O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6567uAhJ30lNQWwqxMKzcxayIvThpJ8wSD8XhKpxE61m_kFwJtHvJ-_vtTyUz5BkH7VCwxrYnAaUywxM7L21ztdMVzd8Y17MGePTQT-8txqNNAbFbCYRk1ipLW3gtSvDLDCw8S9CH2Q4S90_FLobRKpmIXbKcTJJoSzfILO-GQrkuKNRbraf_Z8yrQW0/s1600/Olhar-Girassol.jpg

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender ...

 

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...

 

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar...

 

IX – Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos.

O rebanho é os meus pensamentos

E os meus pensamentos são todos sensações.

Penso com os olhos e com os ouvidos

E com as mãos e os pés

E com o nariz e a boca.

 

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la

E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

 

Por isso quando num dia de calor

Me sinto triste de gozá-lo tanto.

E me deito ao comprido na erva,

E fecho os olhos quentes,

 

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,

Sei a verdade e sou feliz.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 327.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica do olhar do eu lírico?

      O olhar do eu lírico é nítido, inocente e presente no momento. Ele se compara a um girassol, sempre voltado para a luz, e tem a capacidade de ver o mundo com a mesma maravilha de uma criança.

02 – Qual a relação entre o olhar e o pensar para o eu lírico?

      Para o eu lírico, pensar é uma atividade que distancia o indivíduo da experiência direta do mundo. Ele prefere olhar e sentir, pois acredita que o pensamento pode nublar a percepção da realidade.

03 – Qual a importância da natureza para o eu lírico?

      A natureza é a fonte de toda a sua sabedoria e alegria. Ele se conecta com ela através dos sentidos, encontrando na simplicidade das coisas a maior complexidade.

04 – O que significa "amar é a eterna inocência" para o eu lírico?

      Amar, para o eu lírico, é uma experiência pura e livre de julgamentos. É aceitar o mundo como ele é, sem questionamentos, com a mesma inocência de uma criança.

05 – Qual a metáfora central deste fragmento?

      A metáfora central é a comparação entre os pensamentos do eu lírico e um rebanho. Seus pensamentos são como ovelhas que ele guia, e cada sensação é uma ovelha individual.

06 – Como o eu lírico pensa?

      O eu lírico pensa com todos os seus sentidos. Para ele, pensar é uma experiência sensorial e não uma atividade puramente intelectual.

07 – Qual a relação entre o corpo e a mente no pensamento do eu lírico?

      Corpo e mente são inseparáveis para o eu lírico. Ele pensa com o corpo inteiro, e suas sensações são a base de seu conhecimento.

08 – Qual o estado de felicidade alcançado pelo eu lírico?

      A felicidade do eu lírico surge da conexão profunda com a realidade. Ao se deitar na grama e sentir seu corpo, ele experimenta uma sensação de plenitude e verdade.

09 – Qual a crítica implícita à forma tradicional de pensar?

      O eu lírico critica o pensamento racional e abstrato, que o afasta da experiência concreta do mundo. Ele defende uma forma de conhecimento mais intuitiva e sensorial.

10 – Qual a principal característica do eu lírico presente em ambos os fragmentos?

      A principal característica é a sua capacidade de maravilhamento diante do mundo. Ele vê a vida com olhos de criança, apreciando a simplicidade e a beleza das coisas.

 

domingo, 1 de maio de 2022

POEMA: DIZES-ME: TU É MAIS ALGUMA COUSA - ALBERTO CAIEIRO - COM GABARITO

 Poema: Dizes-me: tu és mais alguma cousa

            Alberto Caieiro


Dizes-me: tu és mais alguma cousa

Que uma pedra ou uma planta.

Dizes-me: sentes, pensas e sabes

Que pensas e sentes.

Então as pedras escrevem versos?

Então as plantas têm ideias sobre o mundo?

 

Sim: há diferença.

Mas não é a diferença que encontras;

Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas:

Só me obriga a ser consciente.

 

Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.

Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

 

Ter consciência é mais que ter cor?

Pode ser e pode não ser.

Sei que é diferente apenas.

Ninguém pode provar que é mais que só diferente.

 

Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.

Sei isto porque elas existem.

Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.

Sei que sou real também.

Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,

Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.

Não sei mais nada.

 

Sim, escrevo versos, e a pedra não escreve versos.

Sim, faço ideias sobre o mundo, e a planta nenhumas.

Mas é que as pedras não são poetas, são pedras;

E as plantas são plantas só, e não pensadores.

Tanto posso dizer que sou superior a elas por isto,

Como que sou inferior.

Mas não digo isso: digo da pedra, «é uma pedra»,

Digo da planta, «é uma planta»,

Digo de mim «sou eu».

E não digo mais nada. Que mais há a dizer?

CAIEIRO, Alberto. In: PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Cia José Aguilar Editora, 1969, p. 234.

Fonte: Livro – Língua Portuguesa – Heloísa Harue Takazaki – ensino médio – Coleção Vitória-Régia – Volume único – IBEP. 2004, p. 22-3.

Entendendo o poema:

01 – Fernando Pessoa é o poeta português que foi citado na canção “Língua” de Caetano Veloso – “Gosto do Pessoa na pessoa”. Releia os primeiros versos do poema. Observe que o poeta parece dirigir-se a alguém. Depois da leitura de todo o poema, é possível inferir: quem pode ser esse interlocutor?

      O próprio poeta.

02 – Que dúvidas ele revela nessa primeira estrofe?

      Sobre as diferenças que existem (ou não) entre as pedras, plantas e o homem.

03 – Na segunda, terceira e quarta estrofes, o poeta desenvolve as ideias apresentadas na primeira estrofe, respondendo às questões sobre as pedras e plantas, comparadas a ele, poeta. De acordo com esses versos, que diferenças são reconhecidas?

      A diferença consiste na consciência que o homem possui. Porém essa diferença, segundo o poeta, nada mais é que apenas uma diferença. Isso não daria, ao homem superioridade, por exemplo.

04 – Observe, na quinta e sexta estrofes, a repetição dos verbos sei e existir e da expressão meus sentidos. O que o poeta sabe? O que leva o poeta ao conhecimento das coisas e dele mesmo?

      Sabe da existência de si, das pedras e plantas. A diferença que separa homens de pedras e plantas é o que lhe dá conhecimento das coisas e dele mesmo.

05 – Cada um possui uma identidade, uma essência que os distingue dos demais. Mas nenhuma dessas particularidades leva à ideia de superioridade ou inferioridade. Que verso exemplificaria tal ideia?

      “Ter consciência é mais que ter cor?”.

06 – O que você sabe sobre Literatura?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Para você quais são as diferenças existente entre textos literários e não-literários?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Qual a importância da Literatura para você?

      Resposta pessoal do aluno.

     

 

segunda-feira, 13 de maio de 2019

POEMA: O GUARDADOR DE REBANHOS - ALBERTO CAEIRO - COM GABARITO

Poema: O GUARDADOR DE REBANHOS
             
           Alberto Caeiro

"Olá, guardador de rebanhos.
Aí à beira da estrada.
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa.
E que já passou antes.
E que passará depois.


E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira.
E a mentira está em ti."

Entendendo o poema:    
    
01 – Alberto Caeiro era um dos heterônimos criado por Fernando Pessoa. De acordo com seu criador, Caeiro é o poeta da natureza e o mestre dos demais heterônimos. Qual elemento relacionado a natureza faz parte do poema?
      O vento.

02 – O poema tem a estrutura de um diálogo. Quem são os interlocutores desse diálogo?
      O Guardador de Rebanhos e alguém com quem ele se cruza no caminho.

03 – Que estrofes correspondem à fala de cada interlocutor?
      A primeira e a terceira estrofes correspondem a pessoa que encontra com o guardador de rebanhos e a segunda e a quarta estrofe correspondem ao Guardador de Rebanhos.

04 – De acordo com a leitura do poema, qual dos dois interlocutores se relaciona com o mundo concreto e não vê nada além do que aquilo que realmente se mostra?
      O Guardador de Rebanhos.

05 – Caeiro é o poeta das coisas reais, que são o que são e como são. Que verso do poema comprova essa afirmação?
     “O vento só fala do vento”.

06. De acordo com o conteúdo do poema, assinale V para verdadeiro e F para falso.
a. (V) Para o Guardador de Rebanhos a relação com a realidade (simbolizada pelo vento) passa por sentir apenas a realidade.
b. (F) Os pontos de vistas dos dois interlocutores são semelhantes.
c. (V) Para o interlocutor do Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é muito mais do que aquilo que se sente.
d. (F) Para o Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é porta aberta para a memória e a saudade.
e. (V) Para o Guardador de Rebanhos só existe a verdade do momento.



segunda-feira, 20 de agosto de 2018

POEMA: O GUARDADOR DE REBANHOS - ALBERTO CAEIRO - COM GABARITO

Poema: O GUARDADOR DE REBANHOS
                    
                                     Alberto Caeiro

"Olá, guardador de rebanhos.
Aí à beira da estrada.
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa.
E que já passou antes.
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.

De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira.
E a mentira está em ti."

Entendendo o poema:        
01 – Alberto Caeiro era um dos heterônimos criado por Fernando Pessoa. De acordo com seu criador, Caeiro é o poeta da natureza e o mestre dos demais heterônimos. Qual elemento relacionado a natureza faz parte do poema?
      O vento.

02 – O poema tem a estrutura de um diálogo. Quem são os interlocutores desse diálogo?
      O Guardador de Rebanhos e alguém com quem ele se cruza no caminho.

03 – Que estrofes correspondem à fala de cada interlocutor?
      A primeira e a terceira estrofes correspondem a pessoa que encontra com o guardador de rebanhos e a segunda e a quarta estrofe correspondem ao Guardador de Rebanhos.

04 – De acordo com a leitura do poema, qual dos dois interlocutores se relaciona com o mundo concreto e não vê nada além do que aquilo que realmente se mostra?
      O Guardador de Rebanhos.

05 – Caeiro é o poeta das coisas reais, que são o que são e como são. Que verso do poema comprova essa afirmação?
     “O vento só fala do vento”.

06. De acordo com o conteúdo do poema, assinale V para verdadeiro e F para falso.
a. (V) Para o Guardador de Rebanhos a relação com a realidade (simbolizada pelo vento) passa por sentir apenas a realidade.
b. (F) Os pontos de vistas dos dois interlocutores são semelhantes.
c. (V) Para o interlocutor do Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é muito mais do que aquilo que se sente.
d. (F) Para o Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é porta aberta para a memória e a saudade.
e. (V) Para o Guardador de Rebanhos só existe a verdade do momento.

"Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras" São Francisco de Assis