Poema: Coleirinho (fragmento)
Luís Gama
Canta, canta Coleirinho,
Canta, canta, o mal quebranta;
Canta, afoga mágoa tanta
Nessa voz de dor partida;
Chora, escravo, na gaiola
Terna esposa, o teu filhinho,
Que, sem pai, no agreste ninho
Lá ficou sem ti, sem vida.
[...]
GMA, Luís. In: FARIA,
Antônio A. M. de; PINTO, Rosalvo G. (Org.). Poemas brasileiros sobre
trabalhadores. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2011. p. 59.
Fonte: Linguagens e
suas tecnologias – Volume I – 1° ano – SEDUC – Thelma de Carvalho Guimarães –
p. 33-4.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Coleirinho: espécie de pássaro que habita grande parte do território
brasileiro.
·
Quebranta: vence, domina.
02 – O poema é construído
com base em uma comparação entre duas imagens. Como se dá essa comparação?
O poema compara a
situação dos escravos no Brasil à de um pássaro preso na gaiola.
03 – Dentro da comparação
que você descreveu, o que o “agreste ninho” a que o poema se refere poderia
representar?
A África, onde o escravo foi capturado.
04 – Qual vogal se repete do
primeiro ao terceiro versos? E qual se repete do quarto verso em diante?
Do primeiro ao
terceiro versos se repete a vogal a.
Do quarto verso em diante, repete-se a vogal i. Como, porém, essas vogais são muito comuns no português,
podemos considerar que a única repetição estilisticamente marcada é a da vogal i.
05 – Podemos relacionar
essas diferentes assonâncias (repetições de sons vocálicos) à mudança na
temática dos dois grupos de versos e nas emoções que se pretende expressar em
cada um deles. Explique essa afirmação.
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: Do primeiro ao terceiro versos, o eu lírico fala do canto
do pássaro / homem e da capacidade que o canto tem de amenizar suas mágoas. Do
quarto verso em diante, o eu lírico passa a falar das perdas que esse homem
sofreu e das dores que isso lhe causou. Portanto, podemos dizer que, nos
primeiros versos, a vogal a ressalta a amplidão e a pureza do canto, ao passo
que, do quarto verso em diante, o i marca a agonia e a solidão do cativo.