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domingo, 22 de outubro de 2023

POESIA: PEDIDO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 Poesia: Pedido

            Gonçalves Dias

Ontem no baile
Não me atendias!
Não me atendias,
Quando eu falava.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIi3AnEI8pNSrbW2eqeqh3FDNwPe02o4XcLgbDvBktJcTnfj4XnTGiCr2-ljl3gW5zDecniYiV5Zukl_Ub6RV0818iqsLlo-GWyYmhdg7Gbry68HkX5G3UW5pG4WHCjIAei8KLJ9i82CX3qVZKpgUZyyUFUm8j00NdQjDqNIWUTBkaQ1I6wqz_IBPVdnI/s320/BAILE.jpg



De mim bem longe
Teu pensamento!
Teu pensamento,
Bem longe errava.

Eu vi teus olhos
Sobre outros olhos!
Sobre outros olhos,
Que eu odiava.

Tu lhe sorriste
Com tal sorriso!
Com tal sorriso,
Que apunhalava.

Tu lhe falaste
Com voz tão doce!
Com voz tão doce,
Que me matava.

Oh! não lhe fales,
Não lhe sorrias,
Se então só qu'rias
Exp'rimentar-me.

Oh! não lhe fales,
Não lhe sorrias,
Não lhe sorrias,
Que era matar-me.

Publicado no livro Primeiros Cantos (1846). Poema integrante da série Poesias Diversas.

Entendendo a poesia:

01 – Quem é o autor da poesia "Pedido"?

      O autor da poesia "Pedido" é Gonçalves Dias.

02 – Qual é o tema principal da poesia "Pedido"?

      O tema principal da poesia "Pedido" é a expressão dos sentimentos de ciúmes e sofrimento devido à indiferença de alguém durante um baile.

03 – O que o eu lírico sente em relação à pessoa a quem se dirige na poesia?

      O eu lírico sente ciúmes, sofrimento e tristeza em relação à pessoa a quem se dirige, pois ela parece ignorá-lo em favor de outra pessoa.

04 – Como o eu lírico descreve os olhos da pessoa amada em relação a outra pessoa?

      O eu lírico descreve os olhos da pessoa amada como estando sobre outros olhos, o que sugere que ela está direcionando sua atenção e afeto a outra pessoa.

05 – Qual é a reação do eu lírico ao sorriso da pessoa amada para outra pessoa?

      O eu lírico sente que o sorriso da pessoa amada para outra pessoa é como uma punhalada em seu coração, sugerindo que isso o machuca profundamente.

06 – Como a voz da pessoa amada afeta o eu lírico na poesia?

      A voz da pessoa amada, descrita como "doce", tem um efeito devastador sobre o eu lírico, causando-lhe dor e sofrimento.

07 – Qual é o apelo do eu lírico na poesia "Pedido"?

      O apelo do eu lírico na poesia é para que a pessoa amada não fale, não sorria e não se relacione com outra pessoa, pois isso o faz sofrer intensamente. O eu lírico pede que a pessoa amada não o machuque dessa maneira.

 

 

 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

POEMA: OLHOS VERDES - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 POEMA: OLHOS VERDES

             Gonçalves Dias

Eles verdes são:
E têm por usança
Na cor esperança,
E nas obras não.
CAMÕES, Rimas

 

São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri;
 Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma – vida, outra – morte;
Uma – loucura, outra – amor.
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7WPQ4YAwcrOGPwUjz4vVG7VeWpr6Dpd3cOxKaosKEfC5PHg5opVoZ2mdkM7frnmHeivyZIPqePRI-XzOljJBR_wmaIiw5OHDdFDtom_lJFhUUP_c-FVazaTtPwx9NLHE3bP0d4DV4lER6nTrb_o0zLN1kdi_2zJVV7L8k12kH3RwiY3GPqG_Nmm3Y/s320/Meus%20Olhas%20Verdes.JPG

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz no coração;
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!



São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

 

Como se lê num espelho,
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Dizei vós, ó meus amigos,
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança,
De uns olhos verdes que vi!
 Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!


Dizei vós: “Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!”
Dizei-o vós, meus amigos,
 Que ai de mi!
Não pertenço mais à vida
 Depois que os vi!

(1823-1864)
Cancioneiro do amor – Os mais belos versos da poesia brasileira
Antologia organizada por Wilson Lousada
Livraria José Olympio Editora – 2ª edição, 1952.

Fonte: Livro-Conecte literatura brasileira: William Roberto Cereja/Thereza Cochar Magalhães- 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.199/200.

 

ENTENDENDO O POEMA

01. Explicar por que, sendo o Romantismo contrário à tradição clássica, o poema "Olhos verdes" apresenta como epígrafe versos de Camões.

         Os versos que servem de epígrafe ao poema são escritos na medida velha (redondilhas menores), métrica de origem medieval e muito apreciada pelos românticos.

02. Comentar a importância dos dualismos - como vida/morte, loucura/amor - na construção do texto "Olhos verdes" e confrontá-los com os dualismos barrocos.

        Os românticos apreciavam os dualismos, mas não com a perspectiva conflituosa e cheia de culpa do Barroco, que opunha o mundo material ao espiritual. Os dualismos românticos visavam demonstrar o desarranjo interior provocado pela paixão e, muitas vezes  pela falta de correspondência amorosa.

03. Explicar em que consiste o estado de morto-vivo" do eu linco, no poema Olhos verdes".

       O eu lírico sente-se como um morto-vivo, ou seja, alguém que, embora vivo, morreu interiormente, pois não é correspondido no amor.



sábado, 14 de maio de 2022

POEMA: MINHA TERRA! GONÇALVES DIAS- COM GABARITO

 Poema: Minha terra!

             Gonçalves Dias

Quanto é grato em terra estranha

Sob um céu menos querido,

Entre feições estrangeiras,

Ver um rosto conhecido;

 

Ouvir a pátria linguagem

Do berço balbuciada,

Recordar sabidos casos

Saudosos — da terra amada!

 

E em tristes serões d'inverno,

Tendo a face contra o lar,

Lembrar o sol que já vimos,

E o nosso ameno luar!

 

Certo é grato; mais sentido

Se nos bate o coração,

Que para a pátria nos voa,

P’ra onde os nossos estão!

 

Depois de girar no mundo

Como barco em crespo mar,

Amiga praia nos chama

Lá no horizonte a brilhar.

 

E vendo os vales e os montes

E a pátria que Deus nos deu,

Possamos dizer contentes:

Tudo isto que vejo é meu!

 

Meu este sol que me aclara,

Minha esta brisa, estes céus:

Estas praias, bosques, fontes,

Eu os conheço — são meus!

 

Mais os amo quando volte,

Pois do que por fora vi,

A mais querer minha terra,

E minha gente aprendi.

DIAS, Gonçalves. Poemas. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/d. Paris, 1964.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 86-88.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavra abaixo:

·        Grato: agradável, bom, doce.

·        Lar: a parte da cozinha onde se acende o fogo, lareira.

·        Pátrio: relativo ou pertencente à pátria.

02 – De acordo com o texto, em relação tanto ao conteúdo como à forma. Quantos versos têm as estrofes? E quantas sílabas poéticas têm os versos?

      Todas as estrofes têm quatro versos; os versos têm sete sílabas poéticas.

03 – O tema da composição poética é comum, mas há diferença na forma de representa-lo.

a)   Qual é esse tema, encontrado no poema?

A saudade da terra natal.

b)   O que motiva o desfiar de lembranças do eu lírico em “Minha terra!”?

O encontro do eu lírico, em terras estrangeiras, com um conterrâneo (um brasileiro).

c)   No poema, a pátria é valorizada pelo contraste com o que falta ou não é tão bom no lugar onde se encontra o eu lírico. Copie uma estrofe do poema que mostre uma diferença entre o lugar onde o eu lírico está e a pátria, de que ele tem saudade.

A terceira estrofe.

04 – Releia a primeira estrofe do poema. Nessa estrofe, por meio da caracterização da terra onde se encontra o eu lírico, antecipa-se a caracterização da pátria.

a)   Copie no caderno as expressões que se referem à terra onde se encontra o eu lírico e ao povo desse lugar.

Terra estranha, um céu menos querido, feições estrangeiras.

b)   Sabendo o que o eu lírico sente em relação à terra estrangeira, conclua, por oposição, o que ele sente em relação à terra natal.

A terra natal é, para ele, a terra conhecida e querida, o lugar onde estão as pessoas com as quais se identifica, inclusive fisicamente.

c)   A ideia de pátria pode estar relacionada a segurança, identidade ou importância da família. A que essa primeira estrofe permite pensar que a ideia de pátria está relacionada para o eu lírico?

Identidade.

05 – Faça um levantamento da referência à pátria no poema, depois responda:

a)   O que o eu lírico mais valoriza em seu país?

O eu lírico valoriza mais a natureza, as belezas naturais.

b)   Que relação pode haver entre a valorização desse aspecto específico e o fato de Gonçalves Dias ter passado muitos anos na Europa, em Portugal e na França?

A Europa tem clima mais frio e sua natureza, ainda que bela, não tem a diversidade tropical, daí o destaque dado ao sol, às praias, etc., elementos que se opõem claramente aos da paisagem europeia.

06 – Complete a frase no caderno: O poema “Minha terra!” sugere que ...........

·        O amor à pátria é algo absoluto, sentido por qualquer pessoa que valorize seu país.

·        Só pode amar a pátria quem vive longe dela.

·        A distância e a saudade levam a valorizar as pessoas e as belezas da pátria.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

POEMA: NÃO ME DEIXES! GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poema: NÃO ME DEIXES!  

Gonçalves Dias

Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
"Ai, não me deixes, não!”

"Comigo fica ou leva-me contigo
"Dos mares à amplidão;
"Límpido ou turvo, te amarei constante;
"Mas não me deixes, não!"

E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curva na fonte:
"Ai, não me deixes, não!"

E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
"Ai, não me deixes, não!"

Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão,
Buscava inda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.

A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
"Não me deixaste, não!"

DIAS, Gonçalves. Não me deixes! In: MILLIET, Sérgio (Seleção e notas). Obras-primas da poesia universal. 3. ed. São Paulo, SP: Livraria Martins Editora, 1957. p. 92-93.

Entendendo o poema:

01 – O lamento da flor representa fielmente o sentimento romântico
de:
     a) Evasão no tempo.

     b) Amor incondicional ao outro;

     c) Supervalorização da natureza;

     d) Exaltação do sonho, da fantasia;

     e) Desejo de morte pelo amor não correspondido.

02 – Observa-se a inversão, como recurso estilístico, no verso:

     a) “A flor dizia em vão”

     b) “Mas não me deixes, não.”

     c) “E a corrente passava”

     d) “Dizia sempre a flor, e sempre embalde”

     e) “Leva-a do seu torrão”.

03 – Leia os versos a seguir, início do poema “Não me deixes!”, de Gonçalves Dias:

“Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
"Ai, não me deixes, não!”

"Comigo fica ou leva-me contigo
"Dos mares à amplidão;
"Límpido ou turvo, te amarei constante;
"Mas não me deixes, não!"

Assinale a alternativa da qual consta a figura de linguagem predominante nos versos:

a)   Metonímia.

b)   Sinestesia.

c)   Metáfora.

d)   Catacrese.

e)   Prosopopeia.

04 – O título do poema motiva a leitura?

      Sim, a ideia de ser abandonado aguça a curiosidade do leitor.

05 – As repetições utilizadas favorecem a construção do poema?

      Sim, a repetição chama a atenção do leitor para a importância e significado que essa palavra tem na construção e interpretação do poema.

06 – Nesse poema a flor está personificada com sentimentos típicos de seres humanos. Como ela se sentia?

      Sentia-se bela; mira-se no espelho d’água; não quer ficar sozinha; fala; promete amor constante ao regato e implora a sua companhia; a flor praticamente morre de amor.

 

 

 


terça-feira, 21 de julho de 2020

POEMA: LEITO DE FOLHAS VERDES - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poema: LEITO DE FOLHAS VERDES 

     Gonçalves Dias

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu, sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d`alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!

Publicado no livro Últimos Cantos (1851). Poema integrante da série Poesias Americanas.

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.1

Entendendo o poema:

01 – Pode-se afirmar sobre o poema:

a)   O verso 24 faz referência ao eu lírico; o verso 20, à pessoa amada; o verso 27, ao rival de Jatir.

b)   É registrada a passagem do tempo na natureza: desde a noite até a manhã seguinte.

c)   O poema é todo escrito em versos brancos e pode ser classificado como poesia simbolista.

d)   O eu lírico é masculino e espera a sua amada, que não chega.

e)   A natureza, no poema, não desempenha nenhuma função específica.

02 – Assinale a alternativa correta com relação ao texto:

a)   Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como “luar”, “vales”, “bosque” e “perfumes”, pode-se dizer que o poema muito se aproxima da estética simbolista.

b)   O poema romântico indianista recupera as antigas cantigas de amigos medievais, para expressar o amor por meio da espera.

c)   O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda influência renascentista, recebida principalmente de Camões.

d)   Apesar da intensa presença da natureza, o poema em questão já se aproxima do parnasianismo, pela presença dos elementos mitológicos.

e)   Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema, os aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no que diz respeito ao bucolismo.

03 – Que tema é abordado neste poema?

      É uma lírica amorosa, marcada pela impossibilidade da realização amorosa.

04 – Que elementos mais caros à tradição romântica temos nesse poema?

      O sentimentalismo, a idealização amorosa, a idealização da figura feminina, a natureza expressiva, o medievalismo e o nacionalismo.

05 – Em que estrofe o eu lírico feminino anseia pela volta de seu amado e questiona o porquê de sua demora?

      Na primeira estrofe.

06 – O que acontece na última estrofe?

      Temos a desilusão do eu lírico. Com a chegada da manhã, a esperança e a expectativa dão lugar à decepção e a tristeza.

 


domingo, 29 de setembro de 2019

POEMA: COMO EU TE AMO (FRAGMENTO) - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

Poema: COMO EU TE AMO (Fragmento)        

     Gonçalves Dias

Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá na extrema do horizonte assoma;

Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite na mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vaivém a nau flutua,

Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;

Como se ama o crepúsculo da aurora,
A mansa viração que o bosque ondeia,
O sussurro da fonte que serpeia,
Uma imagem risonha e sedutora;

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-to os lábios meus, - mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. - Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.
[...]
                            DIAS, Gonçalves. “Como eu te amo”. In: Poesia completa e prosa escolhida. Rio de Janeiro. Aguilar, 1959. p. 128.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 192-3.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Assomar: Parecer, surgir.

·        Nauta: Navegante, marinheiro.

·        Viração: Vento brando, brisa marítima.

·        Serpear: Mover-se como a serpente.

02 – O eu lírico utiliza comparações para expressar o seu sentimento amoroso. Que elementos, bem ao gosto do estilo romântico, predominam nessas comparações?
      Elementos da natureza.

03 – A religiosidade – outra característica da primeira fase do Romantismo – está presente no poema. Destaque o verso que exemplifica essa afirmação.
      Os pais e a pátria e a virtude e a Deus.

04 – Em que estrofe o nacionalismo romântico está presente através de uma comparação?
      Na 5ª estrofe: “Como se ama... os pais e a pátria...”.

05 – O Saudosismo – outra característica romântica – está claramente presente em que verso?
      No 3° verso da 2ª estrofe: “As canções saudosíssimas do nauta”.



quarta-feira, 1 de maio de 2019

POEMA: CANÇÃO DO EXÍLIO - GONÇALVES DIAS - COM QUESTÕES GABARITADAS

POEMA: CANÇÃO DO EXÍLIO
               GONÇALVES DIAS
Sábado, 28 de janeiro de 2017

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
                        In Manuel Bandeira. Poesia e vida de Gonçalves Dias.
São Paulo, Ed. das Américas, 1962.
Entendendo o poema:

01 – Que visão de pátria é apresentada no poema? Confirme sua resposta transcrevendo dois versos do texto em seu caderno.
     Uma visão positiva e idealizada da pátria (Brasil). “Minha terra tem primores”; “Nossos bosques têm mais vidas/Nossa vida mais amores”.

02 – No poema, as palavras “lá” e “cá” aparecem repetidamente. O que elas representam para o eu poético?
     O lugar deixado para trás (a pátria) e o lugar em que o eu poético se encontra no momento em que sente saudades.

03 – Apesar de se referir ao próprio país, o Brasil, podemos considerar universal a maneira como o poeta vive seu sentimento em relação à pátria. Por quê?
     Porque muitas pessoas, de diferentes culturas e países, experimentam a sensação de saudades da terra de origem quando vivem em outro lugar. Assim como Gonçalves Dias, inúmeros poetas “cantaram” o exílio.

04 – Como você interpretaria a repetição da expressão “Minha terra tem...”?
     Ela dá ênfase àquilo que a pátria tem, `aquilo que ela é. Ou seja, o poema valoriza a pátria.

05 – Transcreva, em seu caderno, os versos do poema que podem ilustrar os seguintes sentimentos:
a)           Desilusão.
     “As aves, que aqui gorjeiam, / não gorjeiam como lá”.

b)           Encantamento.
         “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores”.

06 – Alguns versos do poema de Gonçalves Dias podem ser relacionados a trechos do “Hino Nacional Brasileiro”, escrito 63 anos depois, em 1909. Identifique esses versos e transcreva-os em seu caderno.
     “Nossos bosques têm mais vida”, / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

07 – O que é exílio?
      Afastamento voluntário ou forçado do lugar onde reside.

08 – Caracterize o eu lírico do poema.
      Alguém que está vivendo fora da sua terra natal e tem saudades desse lugar.

09 – No poema, o eu lírico compara a terra natal com a terra onde está exilado. Que elementos são utilizados nessa comparação?
a)   Sociais.
b)   Naturais.                        
c)   Econômicos.
d)   Políticos.

10 – A distância da terra natal provoca no eu lírico:
a)   Tristeza.
b)   Desespero.
c)   Angústia.
d)   Saudade.

11 – Ao se referir à terra natal, o eu lírico apresenta uma imagem:
a)   Realista.
b)   Racional.
c)   Idealizada.
d)   Imparcial.

12 – Quais os principais temas característicos do Romantismo apresentados nesse poema?
      O nacionalismo, a exaltação da natureza, pessimismo e o escapismo.  
   
13 – Nos versos “Em cismar, sozinho à noite/ Mais prazer encontro eu lá”, destaca-se a característica romântica:
a)   Exaltação da natureza.
b)   Valorização da cultura popular
c)   Escapismo.
d)   Crítica social.

14 – Apresenta um apelo o verso:
a)   “Minha terra tem palmeiras”.
b)   “Que tais não encontro eu cá”.
c)   “Nosso céu tem mais estrelas”.
d)   “Não permita Deus que eu morra”.

15 – Revela-se no poema um tom de:
a)   Lamento.
b)   Humor.                     
c)   Ironia.                      
d)   Rancor.

16 – A distância e a saudade provocam a distorção da imagem da terra natal, cuja natureza é minuciosamente comparada com a da terra do exílio.
a)   A oposição e a distância são marcadas por dois advérbios insistentemente repetidos ao longo do poema. Quais são eles e o que cada um representa?
Os advérbios são: “cá” (aqui), que representa a terra do exílio, e “lá”, que representa a terra natal.

b)   Entre os diversos elementos da natureza, dois se destacam e se tornam símbolos da pátria distante. Quais são eles?
O sabiá e a palmeira.

17 – Os críticos literários atribuem a extraordinária beleza da canção à simplicidade dos recursos expressivos utilizados. Analisemos alguns deles:
a)   Métrica: versos redondilhos, que dão ao poema um ritmo bem marcado e de gosto popular. Faça a escansão dos dois primeiros versos.
Mi/nha ter/ra tem/ pal/mei/ras – On/de can/ta o/ as/bi/á.

b)   Rimas: alternância de versos rimados (pares) com versos brancos (ímpares). Quais são as três palavras que se repetem em posição de rima, ao longo de quase todo o poema?
São as palavras: “Sabiá”, “cá” e “lá”.

c)   Paralelismo: um terço da canção compõe-se de versos repetidos. Dois desses versos funcionam como um refrão. Quais são eles?
“Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá.”