Soneto: O Pior dos Males
Alberto de Oliveira
Baixando à Terra, o cofre em que guardados
Vinham os Males, indiscreta abria
Pandora. E eis deles desencadeados
À luz, o negro bando aparecia.
O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
Todos os Vícios, todos os Pecados
Dali voaram. E desde aquele dia
Os homens se fizeram desgraçados.
Mas a Esperança, do maldito cofre
Deixara-se ficar presa no fundo,
Que é última a ficar na angústia humana…
Por que não voou também? Para quem sofre
Ela é o pior dos males que há no mundo,
Pois dentre os males é o que mais engana.
Alberto de Oliveira.
In: Roteiro da poesia brasileira: “Parnasianismo” (seleção e prefácio de Sânzio
de Azevedo). São Paulo: Global, 2006. p. 23.
Fonte: Língua
portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição –
Curitiba – 2010. p. 238.
Entendendo o soneto:
01 – É possível afirmar que
o soneto apresenta grande rigor formal? Justifique sua resposta.
Sim. Todos os
versos são decassílabos (possuem dez sílabas poéticas) e o esquema de rimas é
ABAB; BABA; CDE; CDE.
02 – Explique o uso de
letras maiúsculas para grafar alguns dos substantivos comuns presentes no
soneto.
As letras maiúsculas são usadas para
grafar os seguintes substantivos comuns: Males, Ódio, Inveja,
Vingança, Hipocrisia, Vícios, Pecados e Esperança. Elas são usadas para
universalizar os sentidos dos termos, sugerindo que eles são comuns a toda
a humanidade.
03 – Segundo o poema, qual
seria o “pior dos males"? Essa perspectiva expressa pelo poema parnasiano
converge com a expressa pelo mito grego?
Segundo o texto, o
“pior dos males" seria a Esperança, porque é o que mais engana os homens.
Essa perspectiva diverge do mito tradicional, que aponta a esperança
como um consolo para a humanidade, sujeita a tantos males.