domingo, 30 de junho de 2019

POEMA: POEMINHA DA CIÊNCIA SEM PRESCIÊNCIA - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

Poema: Poeminha da ciência sem presciência
                                 Millôr Fernandes
Eu sou da geração
Que mais se boquiabriu
E esbugalhou os olhos,
Imbecil,
À florescência
Da ciência.
Me maravilhei com a sulfa,
A vitamina,
O transistor, o laser
E a penicilina.
Ante-televisão
Bestei com a teleobjetiva


A quarta dimensão
O quilouóti posto na locomotiva
O relógio digital
O computador e a computação
A lente helicoidal
E a radiografia,
Babei com a holografia!
Embora pró
Sou também pré-jatopropulsão
O que me torna preprojatopró,
Termo que não ocorreria
À minha vó
Tenho a vaga impressão
De que a ciência
Brochará sua invenção
Quando morrer o espanto
Da minha geração
                                                      Millôr Fernandes 
Entendendo o poema:

01 – Procure no dicionário o significado das palavras abaixo:

·        Presciência: Conhecimento do futuro.

·        Holografia: É uma técnica de registro de padrões de interferência de luz, que podem gerar ou apresentar imagens em três dimensões.

02 – Como a poesia caracteriza a sua própria geração?
      A que mais se boquiabriu e esbugalhou os olhos quando floresceu a ciência.

03 – A razão pela qual o poeta “bestou” com a teleobjetiva pode ser descoberta num prefixo. Aponte-o e explique seu uso.
      “Bestei com a teleobjetiva / A quarta dimensão”. O poeta fala da câmera fotográfica, e quarta dimensão refere-se ao zoom.

04 – Aponte os dois prefixos que falam da atitude do poeta diante da jatopropulsão.
      A prefixo é pré, que denota antecipação; que ocorre com antecedência.

05 – Qual é a vaga impressão de que nos fala o poeta?
      De que a ciência brochará sua invenção quando morrer o espanto da minha geração.

06 – O poeta cria um interessante neologismo no texto, abusando dos prefixos. Identifique-o e comente-o.
      O neologismo é preprojatopró. Que significa a antecipação e a anterioridade de um movimento que é lançado com grande força.

07 – Que sentido tem cada um dos prefixos grifados nas frases abaixo?
a)   Ele é o vice.
É a pessoa que ocupa um cargo imediatamente inferior a outro.

b)   É o ex da Marcinha!
Para indicar que uma pessoa deixou de ser algo: ex-amigo, ex-marido.

08 – O que você acha que querem dizer os prefixos grifados nas frases abaixo:
a)   Aquele sujeito não desiste. É um eterno re.
Prefixo re – elemento designativo de repetição.

b)   Ali não acontece nada. É um constante pós.
Prefixo pós – posterioridade (significa depois, atrás, após, posterior).

09 – Sua geração é tão fascinada com a ciência como a do poeta? Você também é pró em se tratando de avanços tecnológicos? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.


CONTO: GOLPE DE VISTA - FRAGMENTO - VILMO JOSÉ PALAORO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Golpe de vista – fragmento
          
       Vilmo José Palaoro

        "Mais de meia hora esperando o maldito Ipiranga, que não costumava demorar. Naquele dia, porém, tudo estava infernal: trânsito engarrafado, cidade cheia e mais de setecentos mil demônios incomodando, além do terrível vento noroeste que alterava para pior o [...] humor do paulistano.
        Várias pessoas se tinham proposto a ajudar-me, mas com a chegada de seus ônibus me haviam deixado. Agora só restava uma senhora a dois passos de mim. Esperei por um minuto e resolvi abordá-la com delicadeza, pedindo educadamente:
        – Por favor, seria possível a senhora me avisar quando passar o Ipiranga?
        – Claro, filho. Se o meu ônibus não passar antes, ajudo com muito gosto.
        – Obrigado.
        Lá se foram mais uns bons dez minutos e nada.
        De súbito a mulher cutucou-me e disse gentilmente:
        – O Ipiranga passou, viu?"

                                Vilmo José Palaoro. Golpe de vista. São Paulo: Atual, 2002. p. 33.

Entendendo o conto:

01 – Utilize as Palavras: dez – noroeste – cheia – o – terrível – a – o – um – o – bons – maldito – várias – a – engarrafado – seus – meu – uns – uma – dois. Para completar as lacunas no texto:  
      Sugestão: 0 – maldito – engarrafado – cheia – terrível – noroeste – Várias – a – seus – uma – dois – um – a – o – o – meu – uns – bons – dez.

02 – Depois de completar o texto, compare suas respostas com a d seus colegas e responda: Qual é a função dessas palavras para a construção do sentido do texto?
      Elas caracterizam os substantivos, qualificando-os.

03 – Identifique a que classe gramatical pertencem as palavras que você inseriu.
      Numerais: dez, dois, um; Adjetivos: noroeste, cheia, terrível, bons, maldito, engarrafado; Artigos: o, a, uns, uma; Pronomes: várias, seus, meu.

04 – Como podem ser classificados sintaticamente essas palavras?
      Como adjuntos adnominais.


HISTÓRIA EM QUADRINHOS - LOCUÇÕES VERBAIS - COM QUESTÕES GABARITADAS


HISTÓRIA EM QUADRINHOS


Dik Browne. O melhor de Hagar, o Horrível. Porto Alegre: L&PM, 2010. v. 1.

Entendendo a história:     
                                                  
01 – Que características os meninos vikings parecem ter geralmente?
      Parecem ser rudes, mal-educados.

02 – Qual a função do verbo ser nos dois primeiros quadrinhos?
      Ligar o sujeito a suas características.

03 – Observe o verbo gostar. Que palavras completam o sentido dele?
      De você.


Hagar, o Horrível, de Chris Browne.

Entendendo a história:

01 – Que informações aparecem no quadrinho que indicam a chegada dos bárbaros?
      As setas.

02 – Quais verbos ou locuções verbais fazem referência aos bárbaros?
      Estão perseguindo; estão.

03 – O verbo estar, na fala de Hagar, pode ser classificado como de ligação, transitivo ou intransitivo? Por quê?
      Na locução verbal “estão me perseguindo” ele acompanha um verbo intransitivo. Na frase “eles já estão quase aqui!!!”, é intransitivo.

04 – Crie uma frase sobre a tira em que o verbo estar exerce a função de verbo de ligação.
      Hagar está assustado.

05 – Que termo foi usado por Helga para caracterizar a casa dela?
      “Bagunça”.

06 – Como esse termo pode ser classificado sintaticamente?
      Predicativo do sujeito.


ARTIGO DE OPINIÃO: "INSEGURANÇA" - CONTARDO CALLIGARIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Insegurança”
                   
                       Contardo Calligaris

     O adolescente se olha no espelho e se acha diferente. Constata facilmente que perdeu aquela graça infantil que, em nossa cultura, parece garantir o amor incondicional dos adultos, sua proteção e solicitude imediatas. Essa insegurança perdida deveria ser compensada por um novo olhar dos mesmos adultos, que reconhece as imagens púbere como sendo a figura de outro adulto, seu par iminente. Ora, se olhar falha: o adolescente perde (ou, para crescer, renuncia) a segurança do amor que era garantido à criança, sem ganhar em troca outra forma de reconhecimento que lhe parecia nessa altura devido.
         Ao contrário, a maturação, que, para ele, e evidente, invasiva e destrutiva do que fazia sua graça de criança, é recusada, suspensa, negada. Talvez haja maturação, lhe dizem, mais ainda não e maturidade. Por consequência, ele não é mais nada, nem criança amada, nem adulto reconhecido.
        O que vemos no espelho não e bem nossa imagem. É uma imagem que sempre deve muito ao olhar dos outros. Ou seja me vejo bonito ou desejável se tenho razões de acreditar que os outros gostam de mim ou me desejam. Vejo e suma, o que eu imagino que os outros vejam. Por isso o espelho e ao mesmo tempo tão tentador e tão perigoso para o adolescente: porque gostaria muito de descobri o que os outros veem nele. Entre a criança que se foi e o adulto que não chega, o espelho do adolescente é frequentemente vazio. Podemos entender então como essa época da vida possa se campeã em fragilidade de alto-estima(...).
        Parado na frente do espelho, caçando as espinhas, medindo as novas formas de seu corpo, desejando e ojerizando seus novos pelos ou seios, o adolescente vivi a falta do olhar apaixonado que ele merecia quando criança e a falta de palavras que os admitam como par na sociedade do adultos. A insegurança se torna assim o traço próprio da adolescência.
        Grande parte das dificuldades relacionadas dos adolescentes, tanto com os adultos quanto com seus coetâneos, derive dessa insegurança. Tanto de uma timidez apagada quanto os estardalhaço maníaco manifestam as mesmas questões, constantemente a flor da pele, de quem se sente não mais adorado e ainda não reconhecido: será que sou amável, desejável, bonito, agradável, visível, invisível, oportuno inadequado?

                   CALLIGARIS, Contardo. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. p. 24-5.

Entendendo o texto:

01 – No primeiro parágrafo o autor diz que o adolescente "se acha diferente". Para justificar essa afirmação, diz que o adolescente perde algo sem ganhar nada em troca que compense essa perda. Responda de acordo com o texto:
a)   O que o adolescente verifica que perdeu ao se olhar no espelho?
Verifica que perdeu aquela graça infantil.

b)   Essa perda, em nossa Cultura, acarreta outras perdas. Quais são elas?
Garantir o amor incondicional dos adultos, sua proteção e solicitude imediatas.

c)   Talvez não houvesse tantos conflitos se essas perdas resultassem em algum ganho. Qual é o ganho que não acontece e que seria importante para o adolescente, segundo o autor?
Segundo o autor essa insegurança perdida deveria ser compensada por um novo olhar.

d)   Na frase “Ora, esse olhar falha” a quem o autor está se referindo?
Está se referindo ao adolescente.

e)   O título do texto é INSEGURANÇA. Que expressão do primeiro parágrafo equivale a essa palavra?
Equivale à segurança do amor que era garantido a criança, sem ganhar em troca outra forma de reconhecimento que lhe parecia nessa altura devido.

02 – A expressão do primeiro parágrafo que pode ser considerada equivalente à palavra que dá título ao texto "Insegurança" é:
a)   "novo olhar."
b)   "amor incondicional."
c)   "par iminente."
d)   "segurança do amor."
e)   "segurança perdida."

03 – Na frase: "Ora, esse olhar falha", o autor está se referindo ao olhar:
a)   De outro adolescente.
b)   Dos outros.
c)   Dos adultos.
d)   Do próprio adolescente.
e)   Da sua imaturidade.

04 – De acordo com o texto, o adolescente, ao se olhar no espelho, verifica que:
a)   Ele é seu inimigo.
b)   As pessoas não gostam mais dele.
c)   Perdeu a graça infantil.
d)   Ele reflete toda a sua insegurança.
e)   Ele não reflete absolutamente nada.

05 – Quando o adolescente percebe que não é mais criança, essa percepção traz algumas perdas que são:
a)   A perda da ingenuidade e da naturalidade.
b)   A perda do amor irrestrito, da proteção e da solicitude.
c)   A perda da própria imagem.
d)   A perda da autoestima.
e)   A perda da segurança diante das pessoas.

06 – Talvez não houvesse tantos conflitos se essas perdas resultassem em algum ganho. Segundo Contardo Calligaris, o ganho que não acontece e que seria importante para o adolescente é:
a)   O reconhecimento de que ele já é um outro adulto.
b)   Não acreditarem na sua responsabilidade.
c)   Não deixarem ele crescer.
d)   Não deixarem ele olhar para ele como criança.
e)   Não aceitarem suas opiniões.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): NOTÍCIAS DO BRASIL(OS PÁSSAROS TRAZEM) - MILTON NASCIMENTO E FERNANDO BRANT - COM GABARITO

Música: Notícias do Brasil (os pássaros trazem)
Milton Nascimento e Fernando Brant
Uma notícia está chegando lá do Maranhão
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Veio no vento que soprava lá no litoral
De Fortaleza, de Recife e de Natal

A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central
Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul

Aqui vive um povo que merece mais respeito
Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio
E seu destino é um dia se juntar

O canto mais belo será sempre mais sincero
Sabe, tudo quanto é belo será sempre de espantar
Aqui vive um povo que cultiva a qualidade
Ser mais sábio que quem o quer governar

A novidade é que o Brasil não é só litoral
É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil
Que vai fazer desse lugar um bom país

Uma notícia está chegando lá do interior
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
Não vai fazer desse lugar um bom país

Disponível em: http://www.vagalume.com.br/milton-nascimento/noticias-do-brasil-os-passaros-trazem.html#ixzz2ecoptmwP
Acesso em: setembro de 2013

1.   A letra da música cita o nome de alguns estados brasileiros. Identifique-os e copie-os.
Cita o estado do Maranhão e Minas Gerais.

2.    Localize o nome das cidades citadas na letra da canção. O que essas cidades têm em comum?
Fortaleza, Recife, Natal, Belém, Manaus, João Pessoa, Teresina e Aracaju.
Elas têm em comum é que são cidades litorâneas.

3.   Como a notícia chegou aos diferentes cantos do Brasil?
A notícia veio no vento que soprava lá no litoral.

4.   Fortaleza é a capital de um estado brasileiro. Qual é esse estado e em que região ele fica?
O estado é o Ceará, fica localizado na região Nordeste.

5.   Releia: “foi descendo pro Brasil Central”. Na sua opinião, a que lugar do Brasil se refere a expressão Brasil Central?
Resposta Pessoal – Sugestão: Se refere a capital de Brasil (Brasília)

6.   A que regiões do Brasil chegou a notícia referida na música? Justifique sua resposta.
As seguintes regiões: Nordeste ( MA, CE, PE, RN, PA), Norte (PB, AM), Centro Oeste(Brasil Central), Sudeste (MG) e Sul.

7.   O texto fala de notícias que circulam (ou que deveriam circular) pelo Brasil, unificando o país. Em que direção corre a notícia:
a)   nas duas primeiras estrofes?
   Nas seguintes  direções: Nordeste, Norte, Centro Oeste, Sudeste  e Sul.

b)   nas duas últimas estrofes?
Nestas estrofes o eu lírico diz que o Brasil não é só litoral, que é muito mais que qualquer zona sul e que tem gente boa espalhada por esse Brasil, que a notícia chega lá do interior, e que ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil não vai fazer desse lugar um bom país.




POEMA: O MORCEGO - AUGUSTO DOS ANJOS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: O Morcego
 
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. 
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. 

"Vou mandar levantar outra parede ..." 
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho 
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, 
Circularmente sobre a minha rede! 

Pego de um pau. Esforços faço. Chego 
A tocá-lo. Minh'alma se concentra. 
Que ventre produziu tão feio parto?! 

A Consciência Humana é este morcego! 
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra 
Imperceptivelmente em nosso quarto! 

Augusto dos Anjos. Domínio público. 
ENTENDENDO O POEMA

1)   Que visão traz a figura do morcego no poema?
Traz uma visão pessimista da vida e do ser humano.

2)   A quem ele é comparado?
É comparado à consciência humana. Assim como o morcego, a consciência aparece quando nos recolhemos em nosso quarto, à noite, e, por mais que tentemos afastá-la, ela nos mostra que nossa natureza é ruim, é feia, é monstruosa.

3)   Em que verso da primeira estrofe, o eu lírico faz um apelo a Deus com sentimento de desespero?
 ("Meu Deus! E este morcego!"). 

4)   Na segunda estrofe, que quis dizer o eu lírico neste verso:
“Vou mandar levantar outra parede...”?
Ele sinaliza uma medida para impedir a entrada do morcego em seu quarto, porque se sente vigiado por esse morcego.

5)   Na terceira estrofe, o eu lírico tenta expulsar o morcego com um pedaço de pau, mas não consegue; apenas afirma o quê?
Que chegou a tocá-lo.

6)   O poema apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a)   reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b)   representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
c)   expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
d)   abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e)   conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

 7)  A estrofe que NÃO apresenta elementos típicos da produção poética de Augusto dos Anjos é:
a) Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância, 

Sofro, desde a epigênese da infância, 
A influência má dos signos do zodíaco.

b) Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja a mão vil que te afaga, 

Escarra nessa boca que te beija!

c) Meia-noite.
Ao meu quarto me recolho. 

Meu Deus! E este morcego! 
E, agora, vede: 
Na bruta ardência orgânica da sede, 
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

d) Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo… 

Ó minha virgem dos errantes sonhos, 
Filha do céu, eu vou amar contigo!

e) Agregado infeliz de sangue e cal,
Fruto rubro de carne agonizante, 

Filho da grande força fecundante 
De minha brônzea trama neuronial.