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sábado, 6 de julho de 2024

BIOGRAFIA: O MENINO-DÍNAMO - MARLEINE COHEN - COM GABARITO

 Biografia: O menino-dínamo

                Marleine Cohen

        Mas que menino mais estabanado era o Beco!

        Terror dos feirantes, não podia acompanhar a mãe, dona Neyde, nas compras, por conta de um acidente imperdoável na barraca de laranjas: certa vez, o rapazinho tropeçou numa das caixas de madeira empilhadas e, para desespero do vendedor, todas as frutas foram ladeira abaixo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBAwZ5UWrj7ueVnAoPRLt8VyJ9G_uYCrMM5Pe2RESoNFKrbaIUES4zyx_WTd5Tq1wSaieQ9lFPyP3ytli_Lfud-iBebESLcZFjvHrUWxRbQn9TPOSp9ZtDOFEo284pBRf5e3ZTo4QXXTxTRy0m2AJAoLJ4fyD9hdwFTSUuEP_MftyT4EDzNYHJ6MbcffA/s320/senninha_capa-1_widemd.jpg


        Comprar botas para corrigir o pé chato também era um drama. Para escolher o modelo, ele calçava os sapatos, saía em disparada em corridas imaginárias pela loja e, depois, dava uma freada brusca: se derrapasse, o calçado não servia e ele tinha de experimentar outro par!

        Assim era Ayrton Senna – hilário, atrapalhado, um dínamo.

        Um dia, sob forte chuva, vestiu, todo orgulhoso, um terno branco impecável para ir a um aniversário, mas embarcou com tanto impulso pelo lado do motorista no Simca da família, estacionado numa rua de terra, que acabou dando uma cambalhota no banco dianteiro e saindo pela outra porta, de cara na lama. Naquele dia, a festa teve que esperar!

        Apesar de agitado, o moleque travesso, que vivia com as canelas roxas e a testa cheia de galos e dividia com o irmão Leonardo um quarto na Serra da Cantareira, em São Paulo, onde nasceu, em 21 de março de 1960, tinha norte. Tinha audácia.

        Tanta que, lá pelos 10 anos de idade, durante uma temporada na praia, pegou escondido a Veraneio do pai, esticou-se todo ao volante, os olhos levemente acima do painel, e arrancou, levantando poeira na estrada, mudando as marchas apenas com a ponta dos pés nos pedais, atento ao ronco do motor.

        Quem olhava podia jurar que a perua estava desgovernada:

        -- Como era pequeno e mirradinho, a gente não o via no banco do motorista. Parecia que o carro estava andando sozinho! – recorda Viviane, a irmã mais velha, explicando que, naquele dia, o desespero do Sr. Milton foi tamanho que ele deixou o rapaz de castigo para que nunca mais repetisse a cena.

        Mas, por mais que temesse as estripulias do filho, a verdade é que Milton dividia com ele a paixão pelos automóveis – quando o menino tinha só 4 anos, Milton já havia projetado e montado um kart motorizado, que deu de presente a Ayrton.

        A partir de então, o pequeno se enamorou da velocidade ao volante do seu carrinho, que apelidou de “007”. Ele experimentou as primeiras emoções de correr no pátio da fábrica do pai, um empresário do setor metalúrgico. E descobriu outra aptidão: desvendar os segredos do motor de 1 HP do seu automóvel. Assim, quando não estava pilotando o kart, estava sujo de graxa – entretido com as roldanas, bielas e correias das engrenagens da sua máquina.

        O fascínio pelos karts era tanto que, aos 8 anos, o motorista da família já levava o garoto para treinar numa pista do Parque do Anhembi, em São Paulo, depois da escola. Com o tempo, porém, o mesmo Ayrton foi responsável pelo afastamento do chofer: “Por que vou continuar motorista se o menino é quem dirige?”, alegou o funcionário, demitindo-se do emprego.

        Antes de completar 13 anos, idade mínima exigida para participar de competições de kart, Senna já corria na base da brincadeira. Ali mesmo, ele viu sua estrela começar a brilhar no grid da largada, definido por sorteio para não ferir a vaidade de nenhum concorrente. A pole position – primeira de sua vida – coube ao piloto estreante.

        Mais jovem e muito mais leve que os rivais, ele não teve trabalha para ultrapassá-los e manter a dianteira até três voltas antes do final da corrida. Mas um piloto não menos afoito que ele atingiu a traseira de seu kart. Ayrton Senna capotou: era a primeira vez e estava batizado.

Fonte: COHEN, Marleine. Ayrton Senna. São Paulo: Globo, 2006. p. 25-26. (Biblioteca Época).

Entendendo a biografia:

01 – Quem era Beco e por que era considerado estabanado?

      Beco era o apelido de Ayrton Senna na infância. Ele era considerado estabanado porque causava acidentes frequentes, como derrubar caixas de laranjas na feira.

02 – Por que Ayrton Senna não podia acompanhar sua mãe nas compras?

      Senna não podia acompanhar sua mãe, dona Neyde, nas compras devido a um acidente onde ele derrubou todas as laranjas de uma barraca, causando grande confusão.

03 – Como Ayrton Senna escolhia suas botas para corrigir o pé chato?

      Para escolher suas botas, Senna as calçava e corria pela loja. Se derrapasse ao frear bruscamente, ele considerava que o calçado não servia.

04 – O que aconteceu quando Ayrton vestiu um terno branco para um aniversário?

      Vestindo um terno branco impecável, Senna entrou no carro da família com tanto impulso que acabou caindo na lama, sujando todo o traje e atrasando sua chegada à festa.

05 – Qual foi a reação do Sr. Milton quando Ayrton dirigiu a Veraneio do pai pela primeira vez?

      O Sr. Milton ficou desesperado ao ver o filho pequeno dirigindo a Veraneio e deixou Ayrton de castigo para que ele não repetisse a façanha.

06 – Qual foi o primeiro veículo motorizado de Ayrton Senna e quem o projetou?

      O primeiro veículo motorizado de Senna foi um kart que seu pai, Milton, projetou e montou para ele quando Ayrton tinha apenas 4 anos.

07 – Como Ayrton Senna se envolveu com os karts desde cedo?

      Senna começou a pilotar seu kart, apelidado de "007", no pátio da fábrica do pai e treinava numa pista do Parque do Anhembi, levado pelo motorista da família.

08 – Por que o motorista da família decidiu se demitir?

      O motorista da família se demitiu porque Ayrton dirigia tão bem que o funcionário não via mais necessidade de continuar no emprego.

09 – Quando Ayrton Senna começou a participar de competições de kart?

      Antes de completar 13 anos, idade mínima exigida para competir, Senna já corria em brincadeiras e, na sua primeira corrida oficial, começou na pole position.

10 – Qual foi a experiência de Ayrton Senna em sua primeira corrida oficial de kart?

      Na sua primeira corrida oficial, Senna manteve a liderança até ser atingido por outro piloto, resultando em um capotamento que o "batizou" no mundo das corridas.

 

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

BIOGRAFIA: OLAVO BILAC - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Biografia: Olavo Bilac – Fragmento

        Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-UlBpiTTTZxn0Sz2Wmdqbiugp8QzTW36w7_H-bRfIDlY7lrvU72kVTMzBidf8qJnUt_U1vkv4ZZ5C2B2v67eFuuEoQHF85RW9hpEw3ykHhBLCnjq1WygEt3x4qrcDdVvmdsTu9XaDMDnW9nbcK6e5XbXa-lHIwNuU8yDfngiJXfX5khqLjFSWkVePfgU/s320/Olavo_Bilac_2.jpg

        [...] Dedicou-se desde cedo ao jornalismo e à literatura. Teve intensa participação na política e em campanhas cívicas, das quais a mais famosa foi em favor do serviço militar obrigatório. [...] É o autor da letra do Hino à Bandeira.

        [...]

        Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a sua fase mais fecunda. [...]

        [...] Olavo Bilac deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto. Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários comuns na época. Nas Poesias encontram-se os famosos sonetos de Via Láctea e a “Profissão de Fé”, [...]

        [...] Bilac foi, no seu tempo, um dos poetas brasileiros mais populares e mais lidos do país, tendo sido eleito o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, no concurso que a revista Fon-Fon lançou em 1º. de março de 1913. Alguns anos mais tarde, os poetas parnasianos seriam o principal alvo do Modernismo. Apesar da reação modernista contra a sua poesia, Olavo Bilac tem lugar de destaque na literatura brasileira, como dos mais típicos e perfeitos dentro do Parnasianismo brasileiro. [...]

OLAAVO BILAC: Biografia. In: Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro: ABL, [20--]. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia. Acesso em: 23 mar. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 89.

Entendendo a biografia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Parnasianismo: movimento literário que defendia as formas clássicas (fixa) de poesia que existiram na Antiguidade Greco-Romana e, depois, na Renascença.

·        Lirismo: musicalidade em sentido pessoal (origem do termo lira, instrumento musical semelhante à harpa).

·        Soneto: poema de estrutura fixa dois quartetos, dois tercetos, com versos decassílabos (de dez sílabas).

·        Chave de ouro: último verso de um poema, escrito com finalidade de impactar o leitor.

·        Saraus: festas literárias com declamação de poemas, canto e piano.

02 – Quando e onde nasceu Olavo Bilac?

      Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865.

03 – Quais foram algumas das ocupações de Olavo Bilac ao longo de sua vida?

      Olavo Bilac foi jornalista, poeta e inspetor de ensino.

04 – Qual cadeira Olavo Bilac criou na Academia Brasileira de Letras e quem é o patrono dessa cadeira?

      Olavo Bilac criou a cadeira nº 15 na Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono Gonçalves Dias.

05 – Qual foi uma das campanhas cívicas mais famosas em que Olavo Bilac participou?

      Olavo Bilac participou intensamente na campanha a favor do serviço militar obrigatório.

06 – A que movimento literário pertence a obra poética de Olavo Bilac e qual era a forma preferida de sua poesia?

      A obra poética de Olavo Bilac pertence ao Parnasianismo, e ele deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto.

07 – Quais são alguns dos sonetos famosos de Olavo Bilac mencionados no texto?

      Alguns dos sonetos famosos de Olavo Bilac mencionados no texto são os sonetos de "Via Láctea" e a "Profissão de Fé".

08 – Qual título foi concedido a Olavo Bilac em um concurso da revista Fon-Fon em 1913?

      Olavo Bilac foi eleito o "Príncipe dos Poetas Brasileiros" no concurso que a revista Fon-Fon lançou em 1º de março de 1913.

 

 

 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

BIOGRAFIA ROMANCEADA: O JOVEM LUIZ GONZAGA - RONIWALTER JATOBÁ - COM GABARITO

 Biografia Romanceada: O jovem Luiz Gonzaga

Manhã de sábado, 18 de junho de 1988. Uma camioneta Chevrolet Veraneio 1984, de cor bege, cruza a ponte Presidente Dutra – a divisa das cidades de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Sopra um vento frio vindo das margens do rio São Francisco, de época de inverno, mas o calor que chega de outra direção, das terras áridas da caatinga, ao norte, logo vai aquecer o asfalto da estrada de rodagem.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-lKC0gZB64t7wCC3YkhQ_HJQ4jsA9ccVG7Plfb-hblrKXMwsXKG1mBzJVDZyuEZFw9wcANIEmUgZo16B-i4pyGjuL5upwtqM-YyYv9UiYdbK2Ii6BogMwcOx_-H-OfHpIhGf9sa9nPIDhkSbbPJUl5yrPpi-hWGF-bqcZtZGxydH_ffEhIyTiph8X7I/s320/luiz.jpg


Os cinco passageiros que lotam o veículo são músicos. Entre eles está Luiz Gonzaga, o mais famoso sanfoneiro do país, que vai se apresentar à noite na abertura das festas juninas de Senhor do Bonfim, a cerca de 120 quilômetros de distância. A Veraneio segue devagar. Desde que sofrera dois acidentes de carro, muitos anos atrás, Gonzaga sempre reclama quando o motorista pisa forte no acelerador.


Depois da ponte Presidente Dutra, já em terras da Bahia, a Veraneio entra na BR-407. O carro roda deixando para trás a cidade de Juazeiro. Sentindo um ligeiro mal-estar, Gonzaga aprecia a paisagem à beira da estrada, ali de extrema penœria.

– Aqui é pior do que Exu – comenta.

Um dos músicos gargalha. – Pensa que é brincadeira?

A estrada corta o meio da caatinga, de vegetação árida, de solo seco e pedregoso. De vez em quando, se vê um bode ou uma cabra que pasta perto do acostamento ou um raro pássaro em busca de água e comida.

– Se Exu fosse assim eu não teria sobrevivido – diz Gonzaga.

O carro passa por um entroncamento, à esquerda, que segue para as minas de cobre da Caraíba Metais.

Por ali dá para se chegar a Euclides da Cunha. E também em Canudos, terra do Conselheiro – ensina Gonzaga, que conhecia meio mundo. – Sem asfalto, estrada de terra.

Bem mais adiante, os passageiros cruzam com a pequena cidade de Jaguarari, próxima a Senhor do Bonfim.

Dali em diante, a natureza muda de água para vinho. Em lugar de chão pedregoso e vegetação catingueira, surgem terras férteis, morros verdejantes, nessa hora cobertos de nuvens de chuva.

Exu é assim – diz Gonzaga, depois gargalha e aponta o dedo para o agrupamento de morros e grotas da serra do Gado Bravo, extensão da Chapada Diamantina, na cordilheira do Espinhaço, e segue em direção a Minas Gerais.

Pé de serra.

A Veraneio passa pela rodoviária de Senhor do Bonfim.

– O movimento aqui já está grande – diz um dos músicos. – À noite o show vai lotar – completa Gonzaga.

JATOBÁ, Roniwalter. O jovem Luiz Gonzaga. São Paulo: Nova Alexandria, 2009.

Entendendo o texto

01. Após a leitura do trecho da biografia romanceada O jovem Luiz Gonzaga, responda: qual é o tipo de narrador que o texto apresenta?

          O texto apresenta narrador-observador.

02. Localize, no texto, informações que indicam:

- o tempo em que os fatos narrados acontecem.


         Os fatos narrados acontecem no dia 18 de junho de 1988, em uma manhã de sábado.

          - o espaço em que os fatos narrados acontecem.

            Os fatos acontecem em uma camioneta Chevrolet Veraneio 1984, a caminho da cidade de Senhor do Bonfim, a 120 quilômetros da ponte Presidente Dutra, divisa das cidades de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, primeira referência de lugar mencionada no texto.

03. Considerando as informações apresentadas no texto, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

         ( F ) O sanfoneiro Luiz Gonzaga narra a própria história.

         ( F ) A linguagem do texto é objetiva.

         ( V ) A linguagem do texto apresenta subjetividade.

         ( V ) O narrador relata os fatos como se estivesse presente.

04. Explique o sentido da expressão destacada no trecho “Dali em diante, a natureza muda de água para vinho”, justificando sua resposta com base nas informações apresentadas no texto.

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos expliquem a expressão “mudar de água para vinho” como uma mudança radical.

No texto, a expressão é utilizada para se referir à mudança que ocorre na paisagem, antes seca e cheia de pedras, para terras férteis e morros verdejantes.

05. O biografado, Luiz Gonzaga, nasceu na fazenda Caiçara, no município de Exu, interior de Pernambuco, em dezembro de 1912. A respeito das informações apresentadas no texto, é possível concluir que essa cidade se caracteriza por apresentar:

         (   ) solo seco e pedregoso.

         (   ) terras férteis e morros verdejantes.

         ( X ) morros e vales.

   06. A biografia romanceada:

       a. narra acontecimentos da vida de alguém.

       b. conta histórias fictícias ou inspiradas na vida real.

       c. reúne fatos e a liberdade imaginativa do autor.

       d. reúne ficção e a objetividade do autor.

 07. Uma das diferenças entre o público-alvo de uma biografia e de uma biografia romanceada é que:

       a. o público de uma biografia não se interessa por informações técnicas.

       b. o público de uma biografia espera uma narrativa mais promissora.

      c. o público de uma biografia romanceada não se identifica com informações fantasiadas pelo autor.

  d. o público de uma biografia romanceada espera fatos, diálogos, pensamentos e descrições.

 


terça-feira, 20 de junho de 2023

BIOGRAFIA: JOANA D'ARC E SUAS BATALHAS - ROBINS, PHIL - COM GABARITO

 Texto: Joana d’Arc e suas batalhas

           Bebê Joana

      Ninguém sabe exatamente a data, mas Joana provavelmente nasceu em uma noite fria de janeiro de 1412, em uma pequena aldeia chamada Domrémy, no leste da França. Domrémy fica no centro da bela região conhecida como Lorena, de onde vem a famosa quiche.

      Os orgulhosos pais de Joana eram um casal trabalhador e se chamavam Jacques e Isabel Darc.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtDuvn4a1mF2KmgXoHFE9_oWtsQnE9Qx3hpLsGgBk8fiYYer3xJ2uPOtzXLwyXCLAfimLvu7irxi1gryOX5lA3wtUv0VqGrAEmoYknnJrYm_44eYde1k3WavUfj1-BxAF2SJr-zhdwMBIxEHpZuPupIKzu1OWoDVPOcMl3tB_VuH4EQXrBtax_zFoCfMs/s320/Joana.jpg


 Fatos de capa e espada

           O nome de Joana

 Joana (ou Jeanne, em francês) ficou conhecida como Joana “d’Arc” por engano. O seu sobrenome era Darc, o que algumas pessoas erroneamente pensaram ser “d’Arc”, abreviação de “de Arc”, que significa “originária de Arc”. Então, a pessoa que nós conhecemos como “Joana d’Arc” era, na verdade, Jeanne Darc de Domrémy!

Jacques Darc possuía uma fazenda de médio porte em Domrémy, e Isabel o ajudava cuidando da casa e das crianças, assim como fiando e costurando para ganhar um dinheirinho extra. Jacques Darc era um homem muito importante em Domrémy: depois do prefeito e do xerife, era quem estava no comando. (Lembre-se, estamos falando de uma aldeia muito pequena.)

Por causa da importante posição do seu pai, Joana cresceu em uma das cabanas mais aconchegantes de Domrémy, com paredes feitas de tijolo (e não de lama, como era mais comum). Joana tinha até seu próprio quarto. Porém, de toda maneira, se pensarmos nos padrões de hoje, a cabana era bastante simples.1

A vida no lar dos Darc devia ser muito agitada. Joana tinha três irmãos e uma irmã e, claro, montes de animais para cuidar.

1. Essa cabana está de pé até hoje e é parte de um grande museu dedicado a Joana, visitado por pessoas do mundo todo.

 Tempos difíceis

         Domrémy era uma bonita aldeiazinha, e poderia ter sido um bom lugar para se crescer caso os tempos tivessem sido melhores.

Mas, para famílias como os Darc, havia sempre uma grande nuvem negra no horizonte. Por muitos anos, a França esteve envolvida em uma guerra terrível, e grandes partes do país, incluindo a Lorena, foram ocupadas por soldados inimigos.

Felizmente, Lorena não era uma região particularmente importante, e não havia tantas lutas se comparada com outras áreas. No geral, aldeões de lugares como Domrémy eram deixados em paz.

Mesmo assim, soldados vira e mexe passavam por lá a caminho de batalhas em outro lugar e, embora em geral não causassem problemas, nem sempre eram bem-comportados – em alguns episódios, ficaram longe disso. Diversas aldeias francesas como Domrémy foram atacadas por soldados de passagem; às vezes, até queimadas por completo.

 A vida na fazenda

          Assim como ter que se preocupar com a guerra, sobreviver da terra significava trabalho pesado para os aldeões de Domrémy. A vida não era fácil naquela época e, como o resto da família, a pequena Joana tinha que suar na fazenda.

          Por ser uma garota, Joana também tinha que ajudar a mãe a fiar e costurar, e, durante suas aventuras posteriores, ela lembraria carinhosamente das muitas horas que as duas passaram sentadas conversando enquanto trabalhavam. (Mesmo depois de ter se tornado famosa e de estar associada à realeza, Joana gostava de contar às pessoas como era uma especialista com agulhas e linhas.) Foi durante essa época que a mãe a ensinou a rezar e a advertiu seguidamente para manter-se afastada dos soldados.

 Nada de escola

          Com tanto a fazer, Joana não teria tempo para frequentar a escola, mesmo se houvesse uma em Domrémy. Mas, naqueles dias, apenas os nobres ricos tinham a chance de ser educados. Os pobres aldeões tinham que se virar. Por isso, Joana nunca aprendeu a ler ou escrever.

Sem escola, Joana aprenderia tudo o que precisava saber com sua família e amigos da aldeia.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 9-13. (Mortos de fama.)

 

 Uma garota com os pés no chão

           Joana d’Arc costuma ser descrita como dona de uma beleza pálida, elegante – parecida com uma princesa de conto de fadas –, mas, quase certamente, ela não era nada parecida

com isso. Era pequena, provavelmente de aparência comum, com um rosto avermelhado e as mãos ásperas por trabalhar ao ar livre em todas as estações. O que se mostrou bastante útil – ela não estaria à altura de liderar exércitos se fosse do tipo que se preocupa com unhas quebradas e cabelos com pontas duplas.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 32. (Mortos de fama.)

 

Até que, um belo dia, aconteceu algo que iria mudar a vida de Joana para sempre.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXKeIsbxiFz0-BrL1VJBhgy8W20kOE1Pc9necSpkpc1nVI7iwctJVVjp6uMHMpYxPXga0zOY5Ywh4RNftx6jPpidWkIATCvH9d6FEMWC4vdyQh5Q2uHPgGHj8FUirQCiiLvIEePJBnImhThgG7-kC1Xr5xrBDMV_5okgRiJqLtxiz6Y2s_v9CTwbvGdkc/s320/joana-d-arc-escapulario-escapulario-joana-darc.jpg


 Diário secreto da Joana (13/½ anos)

Domrémy, agosto de 1425

Hoje algo incrível aconteceu. Eu acho que Deus realmente falou comigo.

Eu estava correndo no campo com as outras crianças. Não comera o dia inteiro, e estava quente pra caramba, e depois da corrida eu pensei que ia desmaiar, então me sentei na grama para respirar um pouco e fechei meus olhos.

Então ouvi uma voz – pensei que era um dos garotos – dizendo que minha mãe precisava de mim. Corri para casa. Mas, quando eu cheguei lá, Mamãe disse que não tinha me chamado.

Daí eu corri pelo jardim do Papai até o pasto. Era por volta de meio-dia, e no meu caminho em direção à igreja havia uma mancha de luz brilhosa. Eu parei, esfreguei meus olhos e comecei a ficar muito assustada. E então ouvi uma voz, a voz de um homem, vinda da mancha de luz.

Foi a voz mais bonita que eu já escutei, e eu nunca vou esquecê-la enquanto viver. Ela disse: “Joana, seja boazinha: vá sempre à igreja”.

Eu estava surpresa demais para dizer qualquer coisa, e em pouco tempo a luz sumiu me deixando sozinha de novo. Mais tarde eu pensei sobre a coisa toda e decidi que aquela deve ter sido a voz de Deus.

Será que Deus realmente falou com Joana através de um anjo? Ou ela apenas imaginou aquilo tudo? Será que aconteceu porque ela não havia comido durante o dia e estava muito quente e ela ficou tonta depois de correr? Teria sido o que hoje chamamos de “alucinação”, algo que ela pensou ter visto e ouvido, mas que realmente não existe a não ser na sua própria cabeça?

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 42-43. (Mortos de fama.)

 O grande segredo de Joana

 Não demorou para que Joana ouvisse a voz de novo. E o que a voz disse para ela desta vez foi realmente incrível. Ele disse que ela deveria ajudar o rei da França a lutar contra os seus inimigos.

Joana teria mais muitos, muitos dias como esse. A voz continuava voltando para lhe dizer a mesma coisa. E, toda vez, Joana argumentava que esta era uma tarefa impossível para uma garota de treze anos realizar. Mas ela ouvia a voz com mais e mais frequência, ao menos três vezes por semana e, às vezes, diversas vezes em um dia. Ela a escutava no jardim do seu pai ao meio-dia, na floresta pela tarde e muitas vezes nos campos ao anoitecer, quando os sinos da igreja badalavam a distância.

ROBINS, Phil. Joana d’Arc e suas batalhas. Ilustrações de Philip Reeve. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 44. (Mortos de fama.)

 

Você gostaria de saber o que aconteceu com Joana depois disso? Então, vamos lá.

 Joana, motivada pelas vozes, vai em busca do delfim (era assim que se chamavam as pessoas que pretendiam se tornar reis). Depois de muitas peripécias e superando muitas dificuldades, a garota consegue se aproximar dele, que se dispôs a ouvi-la e confiar-lhe um exército. Joana cortou os cabelos, vestiu-se de homem e juntou-se ao exército que lhe fora confiado, conseguindo muitas vitórias contra o inimigo, os ingleses.

Porém, em 1430, foi ferida e capturada pelos borgonheses (franceses que viviam na região de Borgonha), que a venderam para a Inglaterra, onde foi acusada de bruxaria, principalmente por causa de suas visões. Depois de muitos julgamentos forjados, foi condenada a morrer na fogueira em 1431.

 Contexto histórico

1337 a 1453: Guerra dos Cem Anos, um conjunto de conflitos entre França e Inglaterra para conseguir domínio do território francês.

• A coroa da França era disputada entre o delfim Carlos (filho do rei francês Carlos VI) e o rei Henrique VI, da Inglaterra.

• Nasce Joana d’Arc em 1412.

• O delfim Carlos tornou-se rei em 17 de julho de 1429.

• Antes que o delfim assumisse o poder, os ingleses já ocupavam muitas regiões da França, e a nobreza se dividia entre os que apoiavam a França e os que apoiavam a Inglaterra.

• Em 1453, termina a Guerra dos Cem Anos com a assinatura de um tratado de paz entre os dois países.

 Explorando o texto

 

01. Pelo título, por que é possível saber que é parte de uma biografia e não de um texto de memórias ou autobiografia? Justifique sua resposta.

Espera-se que os alunos respondam que o título indica uma biografia, pois tanto a autobiografia como as memórias literárias são escritas na 1ª pessoa, e o título com o verbo na 3ª pessoa se refere à pessoa cuja vida será contada.

02. Releia estes fragmentos.

·        [...] Joana provavelmente nasceu em uma noite fria de janeiro de 1492, em uma pequena aldeia chamada Domrémy, no leste da França.

·        [...] naqueles dias, apenas os nobres ricos tinham a chance de ser educados.

·        Assim como ter que se preocupar com a guerra, sobreviver da terra significava trabalho pesado para os aldeões de Domrémy. A vida não era fácil naquela época [...].

·        Joana d'Arc costuma ser descrita como dona de uma beleza pálida, elegante [...].

Por que informações como essas são importantes em uma biografia? Anote no caderno as afirmações mais adequadas para responder.

a) Porque permitem conhecer mais sobre o biografado, satisfazendo a curiosidade do leitor.

b) Porque permitem conhecer e compreender a época em que nasceu o biografado e o modo de vida que se levava nesses tempos.

c) Porque ajudam o autor da biografia a selecionar os pontos a serem trabalhados no texto.

03. Em um texto biográfico, além de informações básicas – como nome, local de nascimento e morte – o autor conta fatos que marcaram a vida do biografado.

a) Quais são os principais fatos da vida da biografada apresentados no trecho?

Ela ajudava os pais na fazenda, nunca aprendeu a ler nem escrever e ouvia vozes.

b) O biógrafo poderia ter selecionado outras informações em vez de algumas que você mencionou na atividade anterior. Em sua opinião, qual é a intenção dele ao selecionar esse tipo de informação para compor o texto?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que ele selecionou acontecimentos fundamentais na vida da biografada para que o leitor tivesse uma visão ampla da vida dela.

04. Além de recontar os eventos que compõem a vida do biografado, a biografia procura levar o leitor a recriar uma imagem da pessoa ou personagem.

a) O narrador nos conta que Joana não podia frequentar a escola, mas realizava muitas tarefas. Cite duas delas que realizava na companhia da mãe.

Fiava e costurava.

b) Depois de ler a biografia de Joana d’Arc, com que imagem você ficou dela?

Resposta pessoal. Sugestão: Uma pessoa trabalhadora, corajosa, que fez tudo para atingir as metas a que se propôs.

5. Vamos observar mais de perto como o autor dessa biografia apresenta os fatos que selecionou.

a) Você acha que as páginas de diário reproduzidas no livro foram realmente escritas por Joana d’Arc? O que o levou a essa conclusão?

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que se trata apenas de um recurso utilizado pelo autor para narrar de uma maneira mais próxima do leitor adolescente dos dias de hoje.

b) O autor procurou recorrer a efeitos de humor ao produzir a biografia. Que elementos do texto justificam essa afirmação?

O autor da biografia produz um texto bem-humorado, o que se evidencia em muitos momentos: quando cria páginas de um diário de uma garota analfabeta, quando descreve sua aparência física, nos títulos e subtítulos.

c) Como você entende o título “Fatos de capa e espada”, que aparece em uma das informações paralelas da história?

Resposta pessoal.

sábado, 10 de setembro de 2022

BIOGRAFIA: ALEIJADINHO - ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA - COM GABARITO

 Biografia: Aleijadinho – Antônio Francisco Lisboa

Vila Rica / MG, 1730 ou 1738 – 1814 

Retrato atribuído a Aleijadinho, de Euclasio Penna Ventura, c. início século XIX (óleo sobre pergaminho, 27,6 cm x 22,1 cm – Museu de Congonhas, Congonhas, MG.

       Escultor, entalhador e arquiteto. Filho de Manuel Francisco da Costa Lisboa com sua escrava Isabel, foi libertado da escravidão por seu pai no batismo. Sua formação artística se deu, em grande parte, com o pai, mas é provável que ele também tenha sido discípulo de outros artistas de Vila Rica, como João Gomes Batista, Francisco Xavier de Brito e José Coelho de Noronha, nunca tendo saído da região mineradora para estudar. Como as irmandades religiosas e ordens terceiras constituíam a principal clientela dos artistas, quase toda a produção conhecida de Aleijadinho é de natureza religiosa. Seus trabalhos mais relevantes foram produzidos a partir de 1760, quando iniciou a talha de altares. Começou a esculpir em pedra-sabão no ano seguinte e realizou seu primeiro trabalho arquitetônico provavelmente em 1763. A partir de 1777, passou a sofrer de uma moléstia de natureza indefinida, que lhe prejudicou os movimentos e lhe causou deformações. Sua produção é composta por um vasto conjunto de obras de arquitetura, ornamentação sacra e imagens para retábulos e capelas, destacam-se as esculturas das capelas dos Passos e dos doze profetas bíblicos, na cidade de Congonhas do Campo. Para Myriam Ribeiro de Oliveira, ele bebeu de fontes e temas portugueses, mas fez um agenciamento original desse conjunto, desenvolvendo uma verdadeira escola regional por meio da adaptação dos modelos estrangeiros, apreendidos a partir de gravuras. Segundo a autora, muitas esculturas do Aleijadinho exibem uma "transcendência do rococó em prol de estilos anteriores, como o barroco e o gótico, mais adequados à expressão de sentimentos místicos". Mário de Andrade atribuiu ao artista um caráter mestiço, reunindo influências diversas. Para o crítico, sua arquitetura representa uma síntese afinada com a religiosidade colonial, dotada de uma "graça mais sensual e encantadora" que os modelos europeus. Quanto à escultura, Mário de Andrade também ressaltou a plasticidade das obras em pedra e um certo expressionismo das obras em madeira.

        ALEIJADINHO – Antônio Francisco Lisboa. Índice biográfico. Museu Afro Brasil. Disponível em: http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/lista-de-biografias/biografia/2017/06/26/aleijadinho---ant%C3%B4nio-francisco-lisboa. Acesso em: 4 jul. 2020.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p. 27.

Entendendo a biografia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado da palavra talha?

      Elemento esculpido por meio do entalhe em madeira, marfim e pedra, destinado a decorar altares, portais, tetos e janelas.

02 – Você já tinha ouvido falar de Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) ou de alguma das obras mencionadas no texto? Que impressão a biografia do artista causou em você?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Segundo o texto, Aleijadinho passou por várias situações desfavoráveis, entre as quais se destacam o nascimento na escravidão e a doença que deformou suas mãos. Como deve ter sido produzir em meio a essas adversidades?

      Além dos adversos, ao contexto do trabalho escravo e da intensa descriminação, a deformação das mãos decerto obrigou o artista a desenvolver técnicas que permitissem o uso das ferramentas sem o uso pleno das mãos e dos dedos.

04 – Pode-se dividir o verbete do índice biográfico em três partes distintas. Identifique-as e explique o que se aborda e cada uma delas.

      A primeira parte é o levantamento de informações biográficas, que trazem a trajetória do artista; a segunda é fazer um panorama de sua produção artística, apresentando técnicas, linguagens e datas em que foram produzidas; por fim, o verbete contrapõe argumentos de críticos (Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Mário de Andrade) para sugerir uma interpretação global de sua obra.