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quinta-feira, 3 de julho de 2025

POEMA: A BUSCA DO SABER - MARA SÍLVIA NEGRÃO PÓVOA - COM GABARITO

 Poema: A busca do saber

             Mara Sílvia Negrão Póvoa

        Parafraseando para Sara, Raquel, Lia e todas as crianças de Carlos Drummond de Andrade, e para todos os professores alfabetizadores.

        Eu queria uma escola que cultivasse a busca do saber e alegria de ensinar em seus professores.

        Eu queria uma escola que educasse não somente a mente, mas também a alma, e possibilitasse um crescimento pessoal.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg21T8SVkD3WfXMaDN-_DGRyJiTHI1gqpmCv24eauiF60CPaawf5H7vcrlp_w8IDTppVg2K2cGWPSBnQoKDQnSkhevyB9mo8n-tiOT3J8OeBHln7QryLL4Vn5elzPAcoEmvG3hjNXy7vYWYb6J3yJykQGrYhwZaCTA83h2R78HAU285-dDCK78J6p5nL18/s320/FeedKelly22.png


        Eu queria uma escola que discutisse todos os assuntos, conteúdos e objetivos de maneira clara e honesta com seus alunos.

        Que ensinasse não apenas com o discurso e o quadro-negro, mas com a dialética, sabendo ouvir, possibilitando o pensar, o experimentar, a descoberta.

        E que com estas coisas pudesse não apenas ensinar, como também aprender.

        Eu queria uma escola onde os educadores fossem convidados a todo momento a pensar, a refletir, a procurar soluções.

        Eu queria uma escola onde todos os professores fossem amantes da nossa língua, da nossa poesia, da nossa literatura.

        E que transmitissem aos alunos este amor.

        Deus livre vocês de uma escola mesquinha.

        Deus livre vocês de uma escola sem companheiros para trocar e discutir variados assuntos.

        Deus livre vocês de “colegas” que só queiram criticar.

        Deus livre vocês de escola que só se interesse por quantidade.

        Eu também queria uma escola onde vocês pudessem, sem medo, colocar suas dúvidas.

        Eu queria uma escola onde o aprender fosse sinônimo de construção e parceria.

        Ah! E antes que eu me esqueça: Deus livre vocês de parceiros desinteressados e incompetentes.

Mara Sílvia Negrão Póvoa.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 58.

Entendendo o poema:

01 – A quem o poema é dedicado, e qual a importância dessas dedicatórias?

      O poema é dedicado a "Sara, Raquel, Lia e todas as crianças de Carlos Drummond de Andrade" e a "todos os professores alfabetizadores". Essas dedicatórias são importantes porque estabelecem o público-alvo e a temática central: a visão de uma educação ideal, tanto para os alunos quanto para os educadores.

02 – Qual a característica principal que a autora deseja que uma escola ideal cultive em seus professores?

      A autora deseja uma escola que cultive a busca do saber e a alegria de ensinar em seus professores. Isso indica a valorização de educadores que são apaixonados pelo aprendizado e por sua profissão.

03 – Além da mente, que outra dimensão a autora deseja que a escola ideal eduque?

      A autora quer uma escola que eduque não somente a mente, mas também a alma, possibilitando um crescimento pessoal. Isso sugere uma abordagem holística da educação, que vai além do conteúdo cognitivo.

04 – De que forma a autora idealiza que o ensino deva acontecer, para além do discurso e do quadro-negro?

      Ela deseja que o ensino aconteça com a dialética, onde a escola saiba ouvir, possibilitando o pensar, o experimentar e a descoberta. Isso enfatiza a importância de um aprendizado interativo e ativo, e não apenas passivo.

05 – Quais são os tipos de "escolas" ou "colegas" que a autora deseja que Deus livre os leitores?

      A autora pede que Deus livre de escolas mesquinhas, de escolas sem companheiros para trocar e discutir assuntos, de "colegas" que só queiram criticar e de escolas que só se interessem por quantidade (e não por qualidade).

06 – Qual o principal objetivo da escola em relação às dúvidas dos alunos, segundo a autora?

      A autora queria uma escola onde os alunos pudessem, sem medo, colocar suas dúvidas. Isso ressalta a importância de um ambiente seguro e acolhedor para o aprendizado e a construção do conhecimento.

07 – Qual a relação que a autora estabelece entre aprender e a "construção"?

      Para a autora, aprender deveria ser sinônimo de construção e parceria. Isso sugere que o conhecimento não é algo pronto a ser transmitido, mas sim um processo colaborativo e ativo, onde alunos e professores constroem juntos o saber.

 

 

       

POEMA: HAI-KAIS - MILLÔR FERNANDES - COM GABARITO

 Poema: Hai-Kais

            Millôr Fernandes

Pensa o outro lado:

Só quem tem fama

E difamado.

 

Com pó e mistério

A mulher ao espelho

Retoca o adultério.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXOFukY1Vl_Q72q8Ml7vNOBV_zy3LZaKWEG8djyODEFrUWKftKvkUpFPEyca777yuq6BSA9Azpzrcvobx5W0nLU8N2AaCDBurH6Knb6iaouhyphenhyphenwQCtxtR3vyEp-WCTEQBBnZjT4JR4e-lPS_yNCm4n2ZRbVR5qcQ0JQFnS2lgbZcZ1qmki_ZdRLpApbBvA/s320/garota-na-frente-do-espelho.jpg

0 pato. menina,

E um animal

Com buzina.

 

Hesito, Maria

Me mato, ou rasgo

Tua fotografia?

 

A aranha é que é bacana

Com sua geometria

Euclidiana.

 

Pra ser feliz de verdade

E preciso encarar

A realidade.

 

Democracia é um espeto!

Pra mim, é preto no branco

Pra ele, é branco no preto.

Millôr Fernandes.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 202.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a ironia presente no primeiro hai-kai, que fala sobre fama e difamação?

      A ironia é que, para se ter fama, muitas vezes é inevitável também ser difamado. Uma condição parece acompanhar a outra, sugerindo que a notoriedade traz consigo tanto admiração quanto críticas e boatos negativos.

02 – O que o segundo hai-kai sugere sobre o ato de "retocar o adultério" com "pó e mistério"?

      O hai-kai sugere que a mulher, ao se maquiar diante do espelho ("com pó e mistério"), está na verdade tentando disfarçar ou encobrir as marcas ou consequências de um adultério, utilizando a maquiagem como uma forma de camuflagem.

03 – No hai-kai sobre o pato, qual característica inusitada é atribuída a ele?

      A característica inusitada atribuída ao pato é ter "buzina", o que é uma comparação humorística e inesperada com o som que o animal faz, mas também pode ser uma brincadeira com o som de "quack" (onomatopeia para o som do pato em inglês) que soa como uma buzina.

04 – Que dilema o eu lírico expressa no hai-kai sobre a fotografia?

      O eu lírico expressa um dilema intenso e doloroso: se matar ou rasgar a fotografia da pessoa amada, Maria. Isso indica um sofrimento profundo e uma tentativa desesperada de lidar com a dor de um relacionamento, onde ambas as opções são extremas.

05 – Como o último hai-kai, "Democracia é um espeto!", aborda a ideia de democracia?

      O hai-kai satiriza a ideia de democracia ao compará-la a um "espeto", que pode ter dois lados. Ele mostra que, embora a democracia devesse ser justa, na prática, o que é "preto no branco" para um, é "branco no preto" para o outro, ressaltando a subjetividade e a polarização nas interpretações e vivências do sistema democrático.

 

POEMA: A CIDADE - DONIZETE GALVÃO - COM GABARITO

 Poema: A cidade

            Donizete Galvão

Por mais que insistas em recusar,

está é, sim, a tua cidade concreta

onde tantos te ofereceram amizade

e o amigo partiu pela porta secreta.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWr6t3ee0SjQYM20lVesmyeKQLQCgyp2RUCGoWvQPmZDpcRFEqBScsVc224OM5JlInp3Fr9FQCnmP4C5IdcIPAqzgu6B2w19sZvH8AHOcXPg2k4URQWrJZdBzLJNof7msQZ9Sb9SV5QOeam6sro1LzEtTWXgvTwEkfzYmm-C2EMT-mtp8EKPzQMapczsQ/s320/buser_buser_image_990.jpeg

Andaste cabisbaixo pelas calçadas

remoendo as humilhações do trabalho.

Marcaste este chão com teus passos,

dores recolhidas como um rebotalho.

 

Aqui nasceram os filhos, a epifania

das infâncias que sumiram passageiras.

Abriste envelopes com muito medo,

receoso daquelas notícias derradeiras.

 

Tu que amas a simetria permanente

viste a barriga da cidade arregaçada.

Como nas telas de Anselm Kiefer,

tens nela tuas perplexidades retratadas.

Donizete Galvão. O homem inacabado. São Paulo: Portal, 2010. p. 59.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 372.

Entendendo o poema: 

01 – Como o poema descreve a relação do eu-lírico com a cidade?

      O poema descreve uma relação intrínseca e inegável do eu-lírico com a cidade, mesmo que ele tente recusá-la. A cidade é apresentada como um espaço de experiências profundas e contrastantes: de amizades e perdas, de humilhações e nascimentos, de medos e de epifanias. Ela é uma parte indelével da sua existência.

02 – Quais eventos da vida do eu-lírico estão explicitamente ligados à cidade?

      Diversos eventos marcantes da vida do eu-lírico estão ligados à cidade, como a oferta de amizade e a partida de um amigo, as humilhações sofridas no trabalho (que marcaram o chão com seus passos), o nascimento dos filhos e as "epifanias das infâncias", e o receio de notícias derradeiras ao abrir envelopes.

03 – O que a expressão "barriga da cidade arregaçada" sugere sobre a percepção do eu-lírico em relação ao lugar?

      A expressão "barriga da cidade arregaçada" sugere uma visão de desordem, ferida ou exposição da cidade, que contrasta diretamente com o amor do eu-lírico pela "simetria permanente". Essa imagem pode indicar a violência, a decadência ou a revelação de aspectos cruéis e caóticos do ambiente urbano, que abalam suas expectativas de ordem.

04 – De que forma as "dores recolhidas como um rebotalho" se manifestam no poema?

      As "dores recolhidas como um rebotalho" manifestam-se através do ato de andar cabisbaixo pelas calçadas, remoendo as humilhações do trabalho. O "rebotalho" sugere algo descartado, sem valor, indicando como as dores foram acumuladas e sentidas, como se fossem resíduos desprezíveis, mas que ainda assim marcam profundamente o eu-lírico e o chão da cidade.

05 – Qual a relevância da citação a Anselm Kiefer no final do poema?

      A citação a Anselm Kiefer, conhecido por suas obras que abordam temas de ruína, história, memória e destruição, sugere que as "perplexidades" do eu-lírico em relação à cidade são tão profundas e complexas quanto as representadas nas telas do artista. A cidade, assim como a arte de Kiefer, se torna um espelho das dores, da destruição e das questões existenciais do eu-lírico, com uma beleza melancólica e impactante.

POEMA: O ENCANTADOR DE SERPENTES - PAULO HENRIQUES BRITTO - COM GABARITO

 Poema: O encantador de serpentes

             Paulo Henriques Britto

Por entre as linhas incautas da leitura

Ideia insidiosa se insinua,

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyxIU7CALSk0p7A_FnkTX8KvmmNjrFCYBayM92YHq20UseBnJ4cTMeu9nylgk8gChqxIrAwmT0ZLh26oYuvKqdjY0giuS91HQhe2eDaofw9im5-SW6kHQbnURdr2oTmuI3JWgQsSgQ0O1qFo2LSPLSPxmrrVAY_gnTvoLu-JlODZnEB9cRmD0a55rdcek/s320/istockphoto-466301478-612x612.jpg

Como se sugerisse um outro texto

Mais vivo, extremo, e verdadeiro

 

De uma verdade esguia e peçonhenta

A recobrir de visgo tua página

 

Já quase impenetrável –

felizmente

 

resta o recuo derradeiro:

para. Volta atrás. Faz do palimpsesto

 

papel vulgar. Agora continua.

Retoma a doce flauta da literatura.

Paulo Henriques Britto. Trovar claro. São Paulo: Cia. das Letras, 2006. p. 13.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 372.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o "encantador de serpentes" no contexto do poema?

      O "encantador de serpentes" no poema não é uma figura literal, mas sim a ideia insidiosa que se insinua na leitura. Essa ideia age como um encantador, atraindo e dominando a atenção do leitor, assim como um encantador de serpentes domina as cobras.

02 – O que a "ideia insidiosa" representa e qual é o seu efeito na leitura?

      A "ideia insidiosa" representa uma interpretação ou um subtexto oculto que é mais "vivo, extremo, e verdadeiro" do que o texto superficial. Ela tem o efeito de "recobrir de visgo" a página, tornando-a "quase impenetrável" e distorcendo a leitura original, quase como uma tentação para desviar-se do caminho esperado.

03 – A que se refere o "palimpsesto" no poema e qual a instrução dada em relação a ele?

      O "palimpsesto" refere-se à página que foi sobreposta por essa nova e "peçonhenta" verdade. A instrução dada é para "fazer do palimpsesto papel vulgar", ou seja, ignorar essa camada insidiosa e retorná-la ao seu estado original, sem a influência da ideia tentadora.

04 – Qual é a "verdade esguia e peçonhenta" mencionada no poema?

      A "verdade esguia e peçonhenta" é a natureza dessa ideia insidiosa, que, embora sedutora, pode ser perigosa ou enganosa. Ela é descrita como "esguia" por ser sutil e de difícil apreensão, e "peçonhenta" por sua capacidade de corromper ou desvirtuar a percepção do leitor.

05 – O que o verso final "Retoma a doce flauta da literatura" sugere ao leitor?

      O verso final sugere um retorno à leitura pura e prazerosa da literatura, sem as distorções ou as "verdades" ocultas e perigosas que a "ideia insidiosa" tenta impor. A "doce flauta" simboliza a beleza, a harmonia e o propósito original da literatura, que deve ser apreciada sem as armadilhas de interpretações distorcidas.

 

 

POEMA: ROEDOR - DONIZETE GALVÃO - COM GABARITO

 Poema: ROEDOR

             Donizete Galvão

Parado no trânsito da Marginal,

Vi você roendo as unhas com fúria.

Estava encostado no poste da esquina,

Ombros arqueados numa posição frouxa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8yqr8HtpGNDmnZJ0FO9G3Dqp4kBNcbbwar3T74-S1buUsTY3HFyv_Ep670rLku-gM89gPj8LRzUurA5xI0iXnz4LptFnEdNGJT7iwnIDHM0n7ZwzIJvOsS6_CGIaHuvGbPaJ-CPxmvnj1MWuucjasavCFUq-xyGsMyYS2Pwfj1pM9J7I7LDYRENc0Zk8/s1600/download.jpg


Você cuspia os tocos das unhas.

Arrancava lascas de carne dos dedos

E, depois, sugava o sangue dos cantos.

Ah, que triste figura você fazia, amigo!

Você era pouco mais que um rato.

GALVÃO, Donizete. A carne e o tempo. São Paulo: Nankin, 1997, p. 31.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 366.

Entendendo o poema:

01 – Onde e em que situação o eu lírico observa a pessoa que está roendo as unhas?

      O eu lírico observa a pessoa parado no trânsito da Marginal, com a pessoa encostada no poste da esquina.

02 – Quais são os detalhes visuais que o poema usa para descrever a ação de roer as unhas?

      O poema descreve a pessoa roendo as unhas com fúria, cuspindo os tocos, arrancando lascas de carne dos dedos e, em seguida, sugando o sangue dos cantos.

03 – Que estado emocional ou psicológico da pessoa é sugerido pela descrição de seus ombros "arqueados numa posição frouxa"?

      A posição dos ombros sugere um estado de tensão, ansiedade, fraqueza ou desânimo, indicando que a pessoa está abatida ou sob forte estresse.

04 – Qual a comparação final que o eu lírico faz com a pessoa que observa, e qual o impacto dessa comparação?

      O eu lírico compara a pessoa a "pouco mais que um rato". Essa comparação é impactante por ser pejorativa e desumanizante, enfatizando a degradação e o desespero da figura observada.

05 – Qual a principal atmosfera ou sentimento transmitido pelo poema "Roedor"?

      O poema transmite uma atmosfera de desespero, angústia e melancolia, destacando a vulnerabilidade e a impotência da figura humana diante de uma aflição interna tão intensa que a leva a se autoinfligir e a ser reduzida a uma condição quase animal.

 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

POEMA: COMO UM RIO - THIAGO DE MELLO - COM GABARITO

 Poema: Como um rio

                     Thiago de Mello

Ser capaz, como um rio
que leva sozinho
a canoa que se cansa,
de servir de caminho
para a esperança.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguX4q4vf6YoSFtLL958z93VR4yrE4xnervl7fLHxLPt8LykFjJsChxZy-K7l4fRL_nx1mFffo0QvKpPY9KVrd-FOSfLd6ivdJ1i-jDEswXd3LSuPGBn8r60sqmZuojlT1gS6TPNhGisYh3Y3fRor2guOYDhdiqaR13BnMUZ3shwmQDMmxfibSg6TOiFho/s320/1200px-Rio_Pardo_Aguas_de_Santa_Barbara.jpg


E de levar do límpido
a mágoa da mancha,
como o rio que leva
e lava.

Crescer para entregar
na distância calada
um poder de canção,
como o rio decifra
o segredo do chão.

Se tempo é de descer,
reter o dom da força
sem deixar de seguir.
E até mesmo sumir
para, subterrâneo,
aprender a voltar
e cumprir, no seu curso,
o ofício de amar.

Como um rio, aceitar
essas súbitas ondas
feitas de águas impuras
que afloram a escondida
verdade das funduras.

Como um rio, que nasce
de outros, sabe seguir
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e construir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.
Como um rio.

Mormaço na floresta. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal comparação que o poema faz ao longo de seus versos?

      O poema compara a existência e as ações humanas com as características e o fluxo de um rio, utilizando-o como uma metáfora para a vida.

02 – De que forma o rio, segundo o poema, serve como um "caminho para a esperança"?

      O rio serve como um caminho para a esperança ao ser capaz de levar e carregar o que está cansado ou pesado, assim como leva uma canoa, sugerindo a ideia de auxílio e continuidade.

03 – No poema, como o rio lida com as "águas impuras" e as "mágoas da mancha"?

      O rio "leva e lava" as mágoas da mancha e aceita as "súbitas ondas feitas de águas impuras", que revelam a "verdade das funduras". Isso sugere a capacidade de purificação, aceitação e superação das adversidades e impurezas da vida.

04 – O que significa a ideia de o rio "sumir para, subterrâneo, aprender a voltar"?

      Essa imagem sugere a capacidade de resiliência e renovação. Mesmo diante de momentos de recuo ou desaparecimento aparente (como um rio que se torna subterrâneo), ele se prepara para retornar e continuar seu propósito, que é "cumprir, no seu curso, o ofício de amar".

05 – Qual a mensagem final do poema sobre a identidade e a mudança, refletida na metáfora do rio?

      A mensagem final é que, assim como um rio, devemos ser capazes de "mudar em movimento, mas sem deixar de ser o mesmo ser que muda". Isso enfatiza a importância de se adaptar e evoluir com a vida, sem perder a própria essência ou propósito.

 

 

POEMA: ISTO - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poema: Isto

             Fernando Pessoa           

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxRqo2J646eo5jVRAaxPTXU3QQsXxOQmz3ktNcgzRuMXsHTi7p8JOeGh0DR3XM0WBvw3LqRLBfvNiFnMDyXOfW75hOdILMDnRGv2ZXEgs6Q9Kj7gfcVNtbWIRPZo7NV6maGlLZrY76KP5P5awsJcFEn0bIL1ISqkgPSNgQ8KqZnG9s-YQhF7jJL2x-Wxg/s320/15801185-ilustracao-em-tematica-de-imaginacao-consciente-mental-ideia-e-sonho-isolada-em-fundo-cinza-liso-quadrado-desenho-animado-simples-e-colorido-com-estilo-de-arte-com-flores-arco-iris-e-decoracao-de-coracao-grat.jpg

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

 

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Extraído de: Emilia Amaral, Mauro Ferreira, Ricardo Leite e Severino Antônio. Novas palavras. Literatura, gramática, redação e leitura, vol. 3. São Paulo, FTD, 1997.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal negação feita pelo eu lírico no início do poema?

      A principal negação feita pelo eu lírico é a de que ele "finja ou minta" no que escreve. Ele afirma que sua escrita não é baseada na falsidade, mas sim em uma forma diferente de sentir.

02 – De que forma o eu lírico afirma "sentir" o que escreve?

      O eu lírico afirma sentir o que escreve "com a imaginação" e explicitamente declara "Não uso o coração". Isso sugere que sua criação poética não provém de emoções viscerais ou experiências pessoais diretas, mas de uma elaboração mental e imaginativa.

03 – Como o poema descreve a relação entre o que o eu lírico "sonha ou passa" e a "coisa linda"?

      O poema descreve o que o eu lírico "sonha ou passa" (suas experiências e divagações) como "um terraço / Sobre outra coisa ainda". Essa "outra coisa ainda" é o que ele considera "linda". Isso implica que suas vivências servem como um ponto de observação ou uma ponte para algo mais profundo e esteticamente valioso, que reside além da realidade imediata.

04 – Por que o eu lírico escreve "em meio / Do que não está ao pé"?

      O eu lírico escreve "em meio / Do que não está ao pé" porque ele se liberta do "enleio" (ligações ou amarras da realidade concreta) e aborda o que "não é" com seriedade. Isso reforça a ideia de que sua escrita transcende o mundo físico e o tangível, explorando dimensões imaginárias e conceituais.

05 – A quem o eu lírico atribui a responsabilidade de "sentir" o poema?

      No último verso, o eu lírico atribui a responsabilidade de "sentir" o poema ao leitor: "Sentir? Sinta quem lê!". Isso é uma característica marcante da heteronímia e da poética de Pessoa, onde o poeta se distancia da emoção direta, deixando para o público a tarefa de vivenciar e interpretar os sentimentos que a obra pode evocar.

 

domingo, 8 de junho de 2025

POEMA: TREMELIQUES - TATIANA BELINKY - COM GABARITO

 Poema: Tremeliques

             Tatiana Belinky

Eu ataco os preocupados

Nervosinhos, meio assustados,

Que olham em redor

Com certo temor

Volta e meia sobressaltados.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8696GznLZeMa1CEtk11KXtZ0nZFw6bCRSNwOTuyYDYA5xyTAg4DMArvqeMi8SH2mqz7fkyZXvfxPTTkSLT3t5kX1RQmsllUEiNuE93TZxh4ufxBx_qKg-WUQLAbIgaBszIUrSoJt9jY9d9HLCK5RGflCqfyhdqy7Gp7-RB7huD-inu3rOqIM0uOs0W3c/s320/generate_card.jpg

“Tremeliques” atacam à toa

Menino, menina ou coroa

Eles são a frescura

Que às vezes tem cura

Mas a vítima é qualquer pessoa.

Belinky, Tatiana. Limeriques dos tremeliques. São Paulo: Biruta, 2006. p. 12 e 16.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 6º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 98.

Entendendo o poema:

01 – Quem são as vítimas preferenciais dos "Tremeliques" no poema?

      Os "Tremeliques" atacam principalmente os preocupados, nervosinhos e meio assustados, que olham ao redor com certo temor e vivem sobressaltados.

02 – A que tipo de pessoa os "Tremeliques" podem afetar, de acordo com o poema?

      Os "Tremeliques" podem atacar a qualquer pessoa, seja menino, menina ou coroa (adulto).

03 – Como o poema descreve a natureza dos "Tremeliques"?

      O poema descreve os "Tremeliques" como uma "frescura" que, às vezes, pode ter cura.

04 – Qual o estado emocional das pessoas que sofrem de "Tremeliques"?

      As pessoas que sofrem de "Tremeliques" estão preocupadas, nervosas, assustadas e vivem com temor, sentindo-se sobressaltadas.

05 – Apesar de serem uma "frescura", os "Tremeliques" são incuráveis?

      Não, o poema sugere que os "Tremeliques", embora sejam uma "frescura", às vezes têm cura.

 

 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

POEMA: O ENGENHEIRO - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

 Poema: O engenheiro

             João Cabral de Melo Neto

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV-Q4htCeOjTFPvD-PeTVbd9tHS2P1w05pm2TThJ-W7bVdM0zt3ZzUUTUgrOwZbiXQV0qQTofp2T20fjKLqguiwTsn4prrgBNG4AdeKFeRlVm3Hd0RS9OFIYAIqjrQFH4gXjUyKboWHXFvreyNCIxy7u-n4TSwnVFNYdwEsCxz25Jax5LUBprmA0x5LAk/s320/praia-de-grumari-rio-de-janeiro-ao-ar-livre.jpg


O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

João Cabral de Melo Neto. Poesia completas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 376.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 341.

Entendendo o poema:

01 – Quais são os elementos que inspiram o "sonho" e o "pensamento" do engenheiro, de acordo com o poema?

      Os elementos que inspiram o engenheiro são a luz, o sol, o ar livre, e objetos concretos e precisos como superfícies, tênis, um copo de água, lápis, esquadro, papel, desenho, projeto e número.

02 – Como o poema descreve o tipo de "mundo" que o engenheiro aspira construir?

      O engenheiro pensa em um "mundo justo", um mundo que "nenhum véu encobre", sugerindo algo transparente, lógico e sem ilusões ou enganos.

03 – Qual a relação entre o edifício em construção e a cidade, conforme a terceira estrofe?

      O edifício é comparado a um "pulmão de cimento e vidro" que a "cidade diária, como um jornal que todos liam, ganhava", indicando que a construção trazia vitalidade e uma nova dimensão à vida urbana.

04 – De que forma o poema situa o edifício em relação à natureza?

      O edifício é situado na natureza através de elementos como a água, o vento, a claridade, o rio e as nuvens, mostrando que ele cresce a partir e em harmonia com as "suas forças simples".

05 – Qual a visão geral do poema sobre o papel do engenheiro e da engenharia?

      O poema apresenta uma visão do engenheiro como um sonhador e pensador prático, que busca construir um mundo claro e justo através de elementos concretos e da lógica. A engenharia é retratada como uma disciplina que se integra à natureza, transformando o ambiente e impulsionando o desenvolvimento urbano com precisão e transparência.

 

 

 

domingo, 1 de junho de 2025

POEMA: O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO - FRAGMENTO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poema: O operário em construção – Fragmento

              Vinicius de Moraes

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEsvUWqkPE00zUsVh1wnJkO2PxZGmwsmudb7gn2KKx-sctjWvE10PNZuqg9yz1pNIXpA3IusijzKZjfmquc1bArDyfhjymNXKoE0LfMq_D9Z3aQZSKx09UJFbcKXKfXLN77ApYytnYbUsmT1AkUu08ueOAvzVLZsGe72WcCYAHNfUNYAnlFueSYenawmo/s320/maxresdefault.jpg

Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

[...]

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
— Garrafa, prato, facão —
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!

[...].

Poesia completa e prosa, cit. p. 293-294.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 274.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal atividade do operário descrita no início do poema e qual a comparação inusitada utilizada para ilustrar sua ascensão nas construções?

      A principal atividade do operário é erguer casas onde antes só havia chão. A comparação inusitada utilizada para ilustrar sua ascensão é a de "um pássaro sem asas", que, paradoxalmente, sobe com as casas que lhe "brotavam da mão", enfatizando a força de seu trabalho manual.

02 – Segundo o poema, que aspectos importantes da sua própria obra o operário desconhecia inicialmente?

      Inicialmente, o operário desconhecia a "grande missão" do seu trabalho. Especificamente, não sabia que a casa de um homem é um "templo sem religião" e que a casa que ele construía, embora representasse a liberdade para outros, era para ele uma forma de "escravidão", aprisionando-o em um ciclo de trabalho.

03 – Que "fato extraordinário" o operário passa a compreender em um determinado momento, e qual a situação cotidiana que desencadeia essa revelação?

      O "fato extraordinário" que o operário passa a compreender é que "o operário faz a coisa / E a coisa faz o operário", revelando uma relação de interdependência e transformação mútua entre o trabalhador e o produto do seu trabalho. Essa revelação ocorre em uma situação cotidiana, à mesa, ao cortar o pão.

04 – Após a súbita emoção, o que o operário constata de forma "assombrada" ao olhar ao seu redor?

      Ao olhar ao seu redor, o operário constata de forma "assombrada" que praticamente tudo o que está à sua volta – desde os objetos simples da mesa ("garrafa, prato, facão") até estruturas maiores como "gamela, banco, enxerga, caldeirão", e até mesmo conceitos abstratos como "casa, cidade, nação" – era ele quem fazia, ele, um humilde operário em construção.

05 – Qual a mudança na autopercepção do operário que o poema destaca ao final do fragmento?

      A mudança na autopercepção do operário é que ele passa de ser um mero executor de tarefas ("um humilde operário / Um operário em construção") para um indivíduo consciente do seu papel fundamental na criação do mundo material ("Ele, um humilde operário / Um operário que sabia / Exercer a profissão"). Há um reconhecimento do seu valor e da sua habilidade.

06 – A quem o eu lírico se dirige na penúltima estrofe e qual a sua afirmação sobre o conhecimento do operário naquele momento?

      O eu lírico se dirige aos "homens de pensamento" e afirma que eles nunca saberão o quanto aquele humilde operário soube naquele momento. Isso sugere que a compreensão do operário, embora não intelectualizada, possui uma profundidade e um significado que escapam àqueles que apenas teorizam sobre o trabalho.

07 – Qual a principal reflexão sobre o trabalho e a consciência do trabalhador que emerge deste fragmento do poema?

      A principal reflexão que emerge é sobre a complexa relação entre o trabalhador e o seu trabalho, a alienação inicial da sua importância e o potencial despertar para a consciência do seu papel fundamental na construção da realidade. O poema destaca a dignidade do trabalho manual e a profunda compreensão que pode surgir da experiência prática, contrastando com a mera abstração intelectual.

 

POEMA: MÚSICA - FRAGMENTO - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Poema: Música – Fragmento

             Cecília Meireles

Noite perdida,
não te lamento:
embarco a vida
no pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,
puro e sem nada,
- rosa encarnada,
intacta, ao vento.
Noite perdida,
noite encontrada,
morta, vivida,
[...].

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1WifcYnPeyAYON5nuyBcki_c_sYmC9XNh2y89W-Wf6ZaBH6TNp2sh5R7XniNyMXNfuBIL8z6qV-wh5CFCO-KOGbLzwfysdWmDfXIqmyWncwk_RiVzlfhsoJM-k5PkHLT0yZuLOg61UpyhyYxndPXHlDRNgL0MP0jAe_8Llil_20OunBPtoG7kExd3NjM/s320/2309752-silhueta-design-de-jovem-solitario-em-noite-silenciosa-no-pico-do-penhasco-vetor.jpg


Cecília Meireles. Obra poética, cit., p. 84-85.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 269.

Entendendo o poema:

01 – Qual a atitude do eu lírico em relação à "noite perdida" mencionada no início do poema?

      A atitude do eu lírico em relação à "noite perdida" é de não lamentá-la ("não te lamento"). Essa postura sugere uma aceitação do passado ou de uma experiência talvez negativa, sem se deter na tristeza ou no arrependimento.

02 – Onde o eu lírico decide "embarcar a vida" e qual o destino dessa jornada?

      O eu lírico decide "embarcar a vida no pensamento". O destino dessa jornada é a busca pela "alvorada do sonho isento", um sonho puro e livre de influências ou pesos ("sem nada").

03 – Que imagem é utilizada para descrever a natureza desse sonho buscado pelo eu lírico?

      A natureza desse sonho buscado é descrita através da imagem de uma "- rosa encarnada, / intacta, ao vento". Essa imagem evoca beleza, pureza, intensidade (encarnada), preservação (intacta) e liberdade (ao vento).

04 – Qual a aparente contradição apresentada na última estrofe do fragmento em relação à "noite perdida"?

      A aparente contradição é que a "noite perdida" é, simultaneamente, uma "noite encontrada". Essa dualidade sugere que mesmo as experiências negativas ou os momentos perdidos podem levar a algum tipo de descoberta, aprendizado ou novo sentido.

05 – Qual a sensação geral que o fragmento do poema transmite em relação ao passado e ao futuro?

      A sensação geral transmitida é de um desapego do passado ("noite perdida, não te lamento") e uma esperançosa busca pelo futuro ("busco a alvorada do sonho isento"). Há uma aceitação do que se foi, mas um direcionamento da energia vital para a construção de um futuro idealizado e puro, ancorado no poder do pensamento.