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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

POEMA: SONETO DA LOUCURA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Soneto da loucura

             Carlos Drummond de Andrade

A minha casa pobre é rica de quimera

e se vou sem destino a trovejar espantos,

meu nome há de romper as mais nevoentas eras

tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHmoRQvlHrRad5WRvCF7soC4vyHJ-RvYJmTEfG0gE6IqfNONT4o6tVBs5Gu7B8_SoaS7Znkzis0uwbVfNF-PffEAXj9x7FiqKzrt4LicZo5voGRMtM6bwMuiIs9rAFHh1Hvu8VwjAPe8d9_7YMOSEi9ezEjQE0I3iTNb5s1f6bMjAuY-S5O2lceI8xK8/s1600/CARLOS.jpg

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas

jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.

Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,

o que nele recolho é o olor da glória eterna.

 

Donzelas a salvar, há milhares na Terra

e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,

torto endireitando, herói de seda e ferro,

 

E não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,

na férvida obsessão de que enfim a bendita

Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.

Carlos Drummond de Andrade. In: As impurezas do branco. www.carlosdrummond.com.br/ Rio de Janeiro: Record.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 85.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica da casa do eu lírico?

      A casa do eu lírico, apesar de ser "pobre", é rica em "quimera", ou seja, em sonhos, fantasias e idealizações. Essa riqueza interior contrasta com a pobreza material, mostrando a força da imaginação e do espírito aventureiro do poeta.

02 – Qual a ambição do eu lírico em relação ao seu nome?

      O eu lírico almeja que seu nome transcende o tempo, "rompendo as mais nevoentas eras". Ele se compara a Pentapolim, um rei lendário, buscando deixar uma marca duradoura na história, mesmo que através de suas loucuras e aventuras.

03 – Que tipo de batalhas o eu lírico travava em sua mente?

      As batalhas travadas na mente do eu lírico são épicas e grandiosas, "jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno". Elas representam os conflitos internos, os sonhos e as aspirações que o atormentam e motivam.

04 – Qual o significado do cheiro de alho na cozinha e como ele é interpretado pelo eu lírico?

      O cheiro de alho, um aroma simples e cotidiano, é transformado pelo eu lírico em um símbolo da "glória eterna". Essa transmutação revela sua capacidade de encontrar significado e beleza em coisas comuns, elevando-as a um plano superior.

05 – Qual a obsessão que domina o eu lírico e qual o seu objetivo final?

      O eu lírico é dominado pela obsessão de encontrar a "Idade de Ouro", um período mítico de perfeição e felicidade. Ele busca incessantemente por esse ideal, alimentando-se de sonhos e aventuras, mesmo que isso o leve a uma existência solitária e insone.

 

 

 

 

CANTIGA: ONDAS DO MAR DE VIGO - MARTIM CODAX - COM GABARITO

 Cantiga: Ondas do Mar de Vigo 

             Martim Codax.

Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo!

E ai, Deus!, se verrá cedo!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzBS5Q7qfWXIxrGsWH1TkhAT1_afoL9RmAmNzYffcRz6Gh8Gn6kTs4ELGDrtUAPnN_jrup9AuZ8ABxtn0TfNvhkNK9bxZ_Rg5JlpOsr-gttMKTbtaUF3o-jp85Xytqlg3wm0hFGD1Cl9O7c73-jDVMaM0njdmvdngKUPS03LquclO3Etid6WsCACesyfU/s320/MAR.jpg


 

Ondas do mar levado,

se vistes meu amado!

E ai Deus!, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amigo,

o por que eu sospiro!

E ai Deus!, se verrá cedo!

 

Se vistes meu amado,

por que hei gran cuidado!

E ai Deus!, se verrá cedo!

Martim Codax. In: José Joaquim Nunes. Cantigas. Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1973, vol. 2, p. 441.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 106.

Entendendo a cantiga:

01 – Qual o tema central da cantiga?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" gira em torno do tema da saudade e espera amorosa. A voz poética, uma mulher, expressa seu profundo desejo de reencontrar o amado ausente, utilizando as ondas do mar como interlocutoras e pedindo a Deus que ele volte logo.

02 – Qual o papel do mar na cantiga?

      O mar, na cantiga, representa um meio de comunicação entre a amada e o amado. As ondas são como mensageiras que a mulher invoca para saber notícias do seu amado, que possivelmente viajou por mar. O mar também simboliza a distância e a imensidão do sentimento de saudade.

03 – Qual a importância da repetição da frase "E ai Deus!, se verrá cedo!"?

      A repetição da frase "E ai Deus!, se verrá cedo!" intensifica a impaciência e a angústia da mulher diante da ausência do amado. É um apelo desesperado a Deus e uma expressão do desejo ardente de que o reencontro aconteça o mais rápido possível.

04 – Qual o contexto histórico da cantiga?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" foi escrita no século XIII, durante o período medieval. Nesse contexto, as cantigas de amigo eram muito populares e expressavam os sentimentos amorosos e a saudade de mulheres que aguardavam o retorno de seus amados, muitas vezes envolvidos em longas viagens.

05 – Qual a importância da cantiga na literatura portuguesa?

      A cantiga "Ondas do Mar de Vigo" é considerada um dos mais belos exemplos de cantiga de amigo da lírica medieval portuguesa. A obra de Martim Codax, em geral, é valorizada por sua simplicidade e expressividade, contribuindo para a formação da identidade cultural portuguesa e para o estudo da lírica medieval.

 

 

POEMA: A ESCRITA - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - COM GABARITO

 Poema: A escrita

             Sophia de Mello Breyner Andresen

No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho

Lord Byron usava as grandes salas

Para ver a solidão espelho por espelho

E a beleza das portas quando ninguém passava.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2pw_FB5nPPZBk8hPenHWoJedT8nXZX-D0dfFJz164VSCvZpcWhSEpFB4UT_qSsDtJnTmhDIVPfoVwYz6Zoj6WHVvMydyFxPMV5LrqEU38qhNL6jaDGpsMu8EKf1GF4v15zZNyrKFcC6e6NwQazGNeE5P2QStXuq_HrQezSZRfhoEFtZaVwgQFQI1Bg3I/s1600/MOCENIGO.jpg


 

Escutava os rumores marinhos do silêncio

E o eco perdido de passos num corredor longínquo

Amava o liso brilhar do chão polido

E os tectos altos onde se enrolam as sombras

E embora se sentasse numa só cadeira

Gostava de olhar vazias as cadeiras.

 

Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital

Mas a escrita exige solidões e desertos

E coisas que se veem como quem vê outra coisa.

 

Pudemos imaginá-lo sentado à sua mesa

Imaginar o alto pescoço espesso

A camisa aberta e branca

O branco do papel as aranhas da escrita

E a luz da vela – como em certos quadros –

Tornando tudo atento.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Poemas escolhidos. (Organização Vilma Arêas) São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 261.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 91.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem que o poema evoca e como ela se relaciona com a escrita?

      A principal imagem evocada é a de Lord Byron em seu palácio, cercado por um grande espaço vazio. Essa imagem simboliza a solidão e o isolamento necessários para a criação artística. A escrita, assim como Byron em seu palácio, precisa de um espaço próprio, livre de distrações, para que a imaginação possa fluir livremente.

02 – Quais os sentidos que o poeta utiliza para descrever o ambiente em que Byron escrevia?

      O poeta utiliza principalmente os sentidos da visão e da audição. A visão é explorada através da descrição do palácio, das salas, das portas, do chão e dos tetos. A audição é evocada pelos "rumores marinhos do silêncio" e pelo "eco perdido de passos". Essa combinação de sentidos cria uma atmosfera rica e detalhada, transportando o leitor para o ambiente em que Byron escrevia.

03 – Qual a importância da solidão para o processo criativo, de acordo com o poema?

      A solidão é fundamental para o processo criativo, segundo o poema. Os "desertos" e as "coisas que se veem como quem vê outra coisa" são elementos essenciais para a escrita. A solidão permite que o escritor se conecte com seu mundo interior e explore as profundidades de sua imaginação.

04 – Como a imagem da vela e do papel branco contribui para a compreensão do ato de escrever?

      A imagem da vela e do papel branco representa a fragilidade e a intensidade do ato de escrever. A vela, com sua luz tênue, simboliza a inspiração e a ideia que se acende na mente do escritor. O papel branco, por sua vez, é uma tela em branco, pronta para receber as palavras que darão vida à criação. A combinação dessas duas imagens cria uma atmosfera intimista e concentrada, própria do momento da escrita.

05 – Qual o papel da memória e da imaginação na construção do poema?

      A memória e a imaginação desempenham um papel fundamental na construção do poema. O poeta se baseia em relatos sobre a vida de Lord Byron para criar uma imagem vívida do poeta em seu ambiente de trabalho. Ao mesmo tempo, ele utiliza a imaginação para preencher as lacunas e criar uma atmosfera poética e sugestiva. A combinação de memória e imaginação permite que o poeta construa um retrato rico e multifacetado do ato de escrever.

 

 

POEMA: ESTAVA A FORMOSA SEU FIO TORCENDO - CLEONICE BERARDINELLI - COM GABARITO

 Poema: Estava a formosa seu fio torcendo

             Cleonice Berardinelli

Estava a formosa seu fio torcendo,
Sua voz harmoniosa, suave dizendo
Cantigas de amigo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxY5EMj8EEMjyxOWjZkfZXftC-mwdVpDaByDY2wVRZaLHbkCM3NEuebGb8MsHpSUuuKobfNRjLVpJehyphenhyphenUS9sJZtab9m1My76dlY1IkTPuPRiOMUdbFS37inZyVYgfwvmiJfI2-zbbiNpkz2_xc93IOZqiiMm0tPLhMDitMEw0MVuEHgtHiWfJjxEi1Mjs/s320/CANTIGA.jpg



Estava a formosa sentada, bordando,
Sua voz harmoniosa, suave cantando,
Cantigas de amigo.

Por Jesus, senhora, vejo que sofreis
De amor infeliz, pois tão bem o dizeis
Cantigas de amigo.

Por Jesus, senhora, vejo que andais com penas
de amor, pois tão bem cantais
Cantigas de amigo.

— Abutre comeste, pois que adivinhais.”


Cleonice Berardinelli. In: BERARDINELLI, Cleonice. Cantigas de trovadores medievais em português moderno. Rio de Janeiro: Organizações Simões, 1953, p. 58-59.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 72.

Entendendo o poema:

01 – Qual o tema central do poema?

      O tema central do poema gira em torno do sofrimento amoroso de uma mulher. Através de suas atividades (torcer o fio, bordar) e de suas cantigas, ela expressa a dor de um amor não correspondido ou de alguma perda amorosa.

02 – Que figura de linguagem é predominante no poema?

      A figura de linguagem predominante é o paralelismo. O poeta repete a estrutura sintática e a ideia central em versos sucessivos, enfatizando a intensidade do sofrimento da mulher e a repetição de suas cantigas como um refrão de dor.

03 – Qual o significado do verso "Abutre comeste, pois que adivinhais"?

      Esse verso, pronunciado por um interlocutor, sugere que a mulher está tão consumida pela tristeza que até um abutre (símbolo de morte e mau agouro) poderia perceber seu sofrimento. É uma forma poética de dizer que sua dor é evidente e profunda.

04 – Qual o papel das cantigas de amigo no poema?

      As cantigas de amigo são o meio pelo qual a mulher expressa seus sentimentos. Elas funcionam como um diário poético, revelando a profundidade de seu sofrimento amoroso. As cantigas são um elemento central do poema, unindo as estrofes e reforçando o tema principal.

05 – Como o poema retrata a figura feminina?

      A mulher é retratada como um ser delicado e sofredor. Ela é apresentada em atividades domésticas (torcer o fio, bordar), mas sua beleza interior se destaca através de sua voz harmoniosa e de suas cantigas. O poema valoriza a expressão dos sentimentos femininos, mesmo quando estes são de dor e sofrimento.

 

POEMA: FUNDO DO MAR - SOPHIA DE MELLO - COM GABARITO

 Poema: Fundo do mar

             Sophia de Mello

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSxEojaH7jeY-m-zTXDlT6PhbJXqKdsZuTriLgMy2K1QGyBp5diH-hH3JMJFjkw8MuSXyFveJu0vLgH0ohOg3RDif7t4CAyjSbimwnKhZuChwDucDVNZzzp4hLC-eaA44cHxHDzV6FbIIQPZCgzNCqm1o4Y_609mSuC0FhobCehlTlishUE6_Wxx8T2a0/s1600/MAR.jpg


Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen. Obra poética I. Lisboa: Caminho, 1998, p. 50.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 93.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica do mundo subaquático apresentado no poema?

      A principal característica é a inversão dos papéis entre seres vivos e a ausência de som. As plantas se comportam como animais, os animais como flores, e o ambiente é silencioso, contrastando com a agitação da superfície. Essa inversão cria um mundo onírico e misterioso.

02 – Que sentimentos são evocados pela descrição do fundo do mar?

      O poema evoca uma gama de sentimentos, como a tranquilidade e a beleza do mundo subaquático, representadas pela imagem das conchas se abrindo e do cavalo-marinho balançando. Ao mesmo tempo, a presença dos "monstros" em cada coisa gera um certo suspense e inquietude, convidando à reflexão sobre a dualidade da natureza.

03 – Qual o significado da imagem do "monstro em si suspenso"?

      A imagem do "monstro em si suspenso" sugere que, por mais belas e perfeitas que as coisas pareçam, todas carregam em si um lado obscuro ou ameaçador. Essa dualidade é uma constante na natureza e na vida humana, e o poema nos convida a refletir sobre essa complexidade.

04 – Qual a importância do tempo no poema?

      O tempo é representado como algo leve e suave, que pousa sobre a areia como um lenço. Essa imagem contrasta com a ideia de um tempo infinito e imutável do fundo do mar. O tempo, portanto, é um elemento que marca a passagem e a transformação, mesmo em um ambiente aparentemente estático.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é a necessidade de olharmos além das aparências e reconhecermos a complexidade e a dualidade da natureza e da vida. O fundo do mar, com sua beleza e seus perigos, é uma metáfora para o mundo em que vivemos, onde a harmonia e a dissonância coexistem.

 

 

POEMA: TRANSFORMA-SE O AMADOR NA COUSA AMADA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poema: Transforma-se o amador na cousa amada

               Camões

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.


Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas está linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfmQY31FooYI9vPtEprXcw86r2RL-kYjR1JNVW3kXPPX83vwuujqQBeMNs0vzq-8bhRyPvteIAL5cx8vNPxYKd-JegnNXzLvRni608Q9IUvCPCe8vrdK_M60eIyJNTb_tSijaKkNnEIWTLBhzbVdd3gUONbDRBqS7rPAKluvsXnbedgCxLp4F841SDh6Q/s1600/ALMA.jpg

Izeti F. Torralvo e Carlos C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 78.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 129.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal ideia transmitida pelo poema?

      O poema transmite a ideia de que o amor idealizado tem o poder de transformar o amante na própria coisa amada. Através da força da imaginação, o eu lírico internaliza as qualidades da amada a ponto de não desejar mais nada, pois já possui em si a parte desejada.

02 – O que significa a expressão "por virtude do muito imaginar"?

      Essa expressão indica que a transformação do amante se dá por meio da intensa atividade mental de imaginar a pessoa amada. É através desse exercício mental que o amor se torna tão poderoso a ponto de unir o amante e o amado em um só.

03 – Qual a relação entre a alma e o corpo no poema?

      O poema estabelece uma dicotomia entre alma e corpo. A alma do amante se transforma e se une à alma da amada, enquanto o corpo busca satisfazer um desejo que já foi superado pela alma. Essa dualidade revela a complexidade do amor, que envolve tanto aspectos espirituais quanto físicos.

04 – O que representa a "semideia" mencionada no poema?

      A "semideia" representa a imagem idealizada da amada, uma construção mental que se assemelha a uma ideia platônica. Essa imagem é tão viva e intensa que se torna parte integrante da alma do amante, moldando seus pensamentos e sentimentos.

05 – Qual o papel do amor na transformação do amante?

      O amor é a força motriz da transformação. É ele que impulsiona o amante a imaginar, a idealizar e a se unir à pessoa amada em um nível espiritual. O amor, nesse contexto, é uma força unificadora e transcendente.

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

CANTIGA: PARTINDO-SE - JOÃO ROIZ DE CASTELO-BRANCO - COM GABARITO

 Cantiga: Partindo-se

 

Senhora, partem tam tristes

meus olhos por vós, meu bem,

que nunca tam tristes vistes 

outros nenhuns por ninguém.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlXPmarth5rQY44uaXwji3zkKaZ8DLvpKn9XuYHcYZpUanL3WAV3OjWRLwmTtgPXnE3NRnw3Uomq3lXCYeqFc7pD910NvgXig4P4qqbcJR5bQvv3UuVcDQiukHAU-XYnLYxKxKr8iMWxnVCNeukYruP3hrZS6MCqjNRaXd-qnoAZs_ZE07i7tXewutFew/s320/PARTIR.jpg

Tam tristes, tam saudosos,

tam doentes da partida,

tam cansados, tam chorosos,

da morte mais desejosos

cem mil vezes que da vida.

Partem tam tristes os tristes,

tam fora d’esperar bem,

que nunca tam tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.

 João Roiz de Castelo-Branco.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 328.

Entendendo a cantiga:

01 – Qual a principal emoção transmitida pela cantiga?

      A principal emoção transmitida pela cantiga é a saudade profunda e a dor da separação. O eu lírico expressa um sofrimento intenso ao se despedir da senhora amada, enfatizando a tristeza e o desejo de morte em comparação com a vida.

02 – Como o eu lírico descreve seus olhos?

      O eu lírico descreve seus olhos como tristes, saudosos, doentes, cansados e chorosos. Essa descrição vívida e repetitiva reforça a intensidade do sofrimento causado pela partida da amada. Os olhos se tornam o espelho da alma, refletindo a dor profunda que o amante sente.

03 – Qual o significado da repetição da frase "nunca tam tristes vistes outros nenhuns por ninguém"?

      A repetição dessa frase enfatiza a singularidade e a intensidade da dor sentida pelo eu lírico. Ele afirma que nunca se viu alguém tão triste quanto ele por causa de uma partida. Essa repetição cria um efeito de insistência, reforçando a ideia de que o sofrimento é incomensurável.

04 – Qual a relação entre a vida e a morte na cantiga?

      A relação entre a vida e a morte na cantiga é marcada pela desvalorização da vida em comparação com a morte. O eu lírico demonstra um desejo de morte tão intenso que o faz desejar a morte "cem mil vezes que da vida". Essa atitude extrema revela a profundidade do sofrimento causado pela separação e a incapacidade de encontrar consolo na vida sem a amada.

05 – Qual o papel da repetição na construção da cantiga?

      A repetição é um recurso fundamental na construção da cantiga. Ela cria um ritmo e uma sonoridade que intensificam a expressão dos sentimentos. A repetição de palavras e expressões como "tristes", "saudosos" e "nunca tam tristes" reforça a ideia de sofrimento e cria uma atmosfera de melancolia. Além disso, a repetição contribui para a memorização da cantiga, facilitando sua transmissão oral.

 

 

CANTIGA: ACHO QUE DEUS ME DEU TUDO - FRANCISCO DE SOUSA - COM GABARITO

 Cantiga: Acho que Deus me deu tudo

              Francisco de Sousa

Acho que Deus me deu tudo
Para meu padecer
Os olhos – para vos ver,
Coração – para sofrer,
E língua – para ser mudo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiagl58ymqS8RhnZDxYRX1eF-Hj4WUPB483XJct94X_rIp_8nVt-OSTzx7xyOVtwcAAxoKJkUXtOUytA5e_uNjRtYolCKBjy3HifxsW30uGmq7zJxXrSVWdnYReNqWOK_cGbOhpxX4Q1gqgzZeF6k1UQfGZkM32ZyFYU9tzOVUzLqa-Y1aIdFY8ntXU0Z8/s1600/DEUS.jpg



Olhos com que vos olhasse,
Coração que consentisse
Língua que me condenasse:
Mas não já que me salvasse
De quantos males sentisse.

Assim que me Deus tudo
Para meu padecer:
Os olhos – para Vos ver,
Coração – para sofrer,
E língua – para ser mudo.

Francisco de Souza.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 328.

Entendendo a cantiga:

01 – Qual a principal emoção transmitida pela cantiga?

      A principal emoção transmitida pela cantiga é a angústia amorosa. O eu lírico expressa um sofrimento profundo e intenso, causado pelo amor não correspondido ou por uma paixão impossível. A repetição da ideia de "padecer" reforça a intensidade desse sofrimento.

02 – Como os sentidos são utilizados para expressar o sofrimento amoroso?

      Os sentidos são utilizados de forma poética para expressar o sofrimento amoroso. Os olhos são utilizados para ver a amada, o coração para sentir a dor e a língua para a incapacidade de expressar plenamente o que se sente. Essa personificação dos sentidos intensifica a experiência emocional do eu lírico.

03 – Qual a relação entre o divino e o humano na cantiga?

      A relação entre o divino e o humano é ambivalente. Por um lado, Deus é visto como aquele que concede os sentidos, ou seja, a capacidade de amar e sofrer. Por outro lado, essa mesma capacidade de amar se torna uma fonte de sofrimento, levando o eu lírico a questionar o porquê de Deus ter lhe dado tais dons se eles apenas lhe trazem dor.

04 – Qual o significado da última estrofe?

      A última estrofe repete a primeira, criando um efeito de circularidade e intensificando a ideia de sofrimento eterno. A repetição enfatiza a incapacidade do eu lírico de escapar da dor amorosa, sugerindo que ele está preso a um ciclo de sofrimento.

05 – Qual o papel da linguagem poética na construção do sentido da cantiga?

      A linguagem poética desempenha um papel fundamental na construção do sentido da cantiga. A utilização de metáforas, como a personificação dos sentidos, e a repetição de palavras e estruturas criam um ritmo e uma sonoridade que intensificam a expressão dos sentimentos. A simplicidade da linguagem, aliada à profundidade dos sentimentos expressos, torna a cantiga uma obra marcante e atemporal.

 

POEMA: O CORVO - (FRAGMENTO) - EDGARD ALLAN POE - COM GABARITO

 Poema: O CORVO – Fragmento

             Edgar Allan Poe

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais.”

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipGcUt4JT05ur9UMKW1TEUQZ7VmdULJB4so5flWFWm087eArDd4IAUpinvchEzJkd47fAG0JRN1HrsBRXWiF0rbhv2bNotcymTI7R7Y_eWufkqhYftd3jTb8RSN__mN2Qp7X6DS9CwDWnQrMl20CTcxEIewRzh-tALKGLhu5W9FY-JgE1ZmhhGDhtpjsE/s320/Corvus-brachyrhynchos-001.jpg 


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Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais –
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

[...]

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
“Maldito”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”
Disse o Corvo, “nunca mais”.

[...]

“Profeta”, disse eu, “profeta – ou demônio ou ave preta! –
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida, se no Éden de outra vida,
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”
Disse o Corvo, “Nunca mais”.

“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo”, eu disse. “Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”
Disse o Corvo, “Nunca mais”.

E o Corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda,
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais.
E a minh’alma dessa sombra que no chão há de mais e mais,
Libertar-se-á… nunca mais!

POE, Edgar Allan. Três poemas e uma gênese com traduções de Fernando Pessoa. Lisboa: & etc. Você encontra o texto original, em inglês, e a tradução completa de Fernando Pessoa no endereço http://www.lsi.usp.br/art/pessoa/coligidas/trad/theraven.html No endereço http://thorns.com.br/HTM_Noticias/EdgarAllanPoeHistoria.htm você encontra a tradução de Fernando Pessoa e a de Machado de Assis.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 298-299.

Entendendo o poema:

01 – Qual a atmosfera predominante no início do poema? Como o poeta a constrói?

      A atmosfera predominante no início do poema é de melancolia, solidão e mistério. Poe a constrói através da descrição de uma noite escura e tempestuosa, da leitura de livros antigos e obscuros, e da evocação da figura da amada falecida. A escolha de palavras como "agreste", "triste", "ancestrais", "morrendo negro" e "umbrais" contribui para criar esse clima sombrio e introspectivo.

02 – Qual o papel do corvo na história? O que representa para o narrador?

      O corvo representa um símbolo da morte, da perda e da melancolia para o narrador. Sua aparição na escuridão da noite e sua insistente repetição da frase "nunca mais" intensificam a angústia do protagonista, que busca em vão um alívio para sua dor. O corvo pode ser interpretado como uma personificação da própria morte, que atormenta o narrador com a lembrança da amada perdida.

03 – Qual a importância da repetição da frase "nunca mais" no poema?

      A repetição da frase "nunca mais" tem um efeito hipnótico e obsessivo, reforçando a ideia de que o narrador está preso a um ciclo de dor e sofrimento do qual não consegue escapar. Essa repetição também enfatiza a irreversibilidade da morte e a impossibilidade de reencontrar a amada.

04 – Como a figura da amada falecida é representada no poema? Qual o seu papel na história?

      A amada falecida é representada como uma figura idealizada e inalcançável. Seu nome não é revelado, o que a torna ainda mais misteriosa e desejada. A presença da amada na memória do narrador intensifica sua solidão e sofrimento, e a impossibilidade de reencontrá-la o leva a uma profunda depressão.

05 – Quais as emoções predominantes no narrador? Como elas se manifestam no poema?

      As emoções predominantes no narrador são a tristeza, a angústia, a solidão e a desesperança. Essas emoções se manifestam através de suas reflexões sobre a morte da amada, da busca por um alívio para sua dor e da interação com o corvo. A linguagem poética, marcada por imagens sombrias e vívidas, contribui para transmitir a intensidade dessas emoções.

06 – Qual o papel da atmosfera gótica na construção do poema?

      A atmosfera gótica, caracterizada por elementos como o mistério, o terror, a morte e o sobrenatural, desempenha um papel fundamental na construção do poema. Ela cria um clima de suspense e angústia, intensificando as emoções do narrador e do leitor. A presença do corvo, da noite escura e da figura da amada falecida são elementos típicos do gótico que contribuem para a construção dessa atmosfera.

07 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema pode ser interpretada como uma reflexão sobre a natureza da dor, da perda e da morte. Poe explora a intensidade do sofrimento humano diante da finitude e da impossibilidade de controlar o destino. A história do narrador serve como um alerta sobre os perigos da obsessão e da melancolia, e a importância de buscar um significado para a vida mesmo diante da dor.

 

POEMA: JUÍZO ANATÔMICO DA BAHIA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Juízo anatômico da Bahia

        Juízo anatómico dos achaques que padece o corpo da República, em todos os seus membros, e inteira definição do que em todos os tempos é a Bahia.

Que falta nesta cidade?............... Verdade.
Que mais por sua desonra?......... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?....... Vergonha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaf9HLpKuoFev17Fkr1gtobnbDHBQRXLwd07NBlsaGCo6cGg2Bf16hyaGJu8MzrBLOa7OrBUXi7r-bgxKIHxdb-QyZO3tIo9Pn6_y_7DrTOx2WR1uiNRC23UVLUrKlnbqR_VWHKGdT_rvS-TzLwhyphenhyphenas3uGY9NSps4qWe0_lF52xm6lcnBpYLrvGyPECDw/s320/pelourinho.jpg


O Demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra e vergonha.

Quem a pôs neste necrócio?.......... Negócio.
Quem causa tal perdição?.............. Ambição
E no meio desta loucura?............... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio, e sandeu,
Que não sabe, o que perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são seus doces objectos?.......... Pretos.
Tem outros bens mais maciços?.......... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos?....... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao Demo o povo asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?........... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas?................ Guardas.
Quem as tem nos aposentos?............... Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimando,
Porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda?.................... Bastarda.
É grátis distribuída?............................... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?............. Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa.
O que El-Rei nos dá de graça,

Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Gregório de Matos http://www.bib.virt.futuro.usp.br/

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 363-364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal crítica feita por Gregório de Matos à Bahia em seu poema?

      Gregório de Matos faz uma crítica ferrenha à sociedade baiana de sua época, denunciando a corrupção, a falta de valores morais e a desigualdade social. O poeta utiliza uma linguagem irônica e contundente para expor os vícios e mazelas daquela sociedade.

02 – Quais os principais vícios e mazelas da sociedade baiana denunciados no poema?

      O poema denuncia uma série de vícios e mazelas, como a falta de verdade, honra e vergonha, a corrupção, a ambição, a usura, a exploração da mão de obra escrava, a injustiça e a desigualdade social. Gregório de Matos pinta um quadro sombrio da sociedade baiana, marcada pela decadência moral e pela busca desenfreada por poder e riqueza.

03 – Qual a função das repetições e enumerações no poema?

      As repetições e enumerações servem para reforçar a ideia de que os vícios e mazelas denunciados são generalizados e arraigados na sociedade baiana. Ao enumerar os diversos problemas, o poeta cria um efeito de acumulação que intensifica a crítica e torna a denúncia mais contundente.

04 – Qual o papel da ironia na construção do poema?

      A ironia é um recurso fundamental na construção do poema. Ao utilizar um tom irônico, Gregório de Matos subverte as expectativas do leitor, revelando a hipocrisia e a falsidade da sociedade que critica. A ironia torna a crítica mais incisiva e eficaz, permitindo que o poeta expresse sua indignação sem ser explícito.

05 – Qual a relação entre o título do poema e seu conteúdo?

      O título "Juízo anatômico da Bahia" já antecipa a intenção do poeta de fazer uma análise profunda e crítica da sociedade baiana. A palavra "anatômico" sugere uma dissecação dos males que acometem a cidade, revelando seus órgãos doentes e suas funções corrompidas.

06 – Como o poeta retrata a figura do povo baiano?

      O poeta retrata o povo baiano de forma ambivalente. Por um lado, ele denuncia a ignorância e a passividade do povo, que se deixa explorar e corromper. Por outro lado, ele expressa compaixão pelos sofrimentos causados pela injustiça e pela desigualdade social.

07 – Qual a importância histórica do poema "Juízo anatômico da Bahia"?

      O poema "Juízo anatômico da Bahia" é considerado um dos mais importantes da poesia brasileira, pois representa uma denúncia contundente dos problemas sociais e políticos da época. A obra de Gregório de Matos serve como um testemunho histórico da realidade colonial brasileira e continua a ser relevante para a compreensão da sociedade brasileira contemporânea.

 

 

POEMA: ARDOR EM FIRME CORAÇÃO NASCIDO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Ardor em firme coração nascido

             Gregório de Matos

Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Ylyv58bJYC4haraxhbGnz7glNZP_rF-iwKZ_wuLzAKr4cyWKs_wDCZD7dDMadIYy81nKChoiBzThMqctGnYImR1u2pt7VZgPfSQ-6BUpeRnILddZtQWQGbN9rigbkmhk5UV_my_CHrmAEuBeXlW0FR5pURsf48qUokLg6oPnj6cHx8J6H2qw5N5fYMo/s1600/GREGORIO.jpg


Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,
Se és neve, como queimas com porfia”?
Mas aí, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (Seleção de José Miguel Wisnik). São Paulo: Cultrix, 1976.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 364.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema de Gregório de Matos trata do amor como uma força contraditória e complexa, que causa tanto prazer quanto sofrimento. O eu lírico busca compreender a natureza paradoxal do amor, que se manifesta como fogo e gelo ao mesmo tempo.

02 – Quais as principais metáforas utilizadas para representar o amor?

      O amor é representado por diversas metáforas, como "fogo", "neve", "incêndio" e "rio". O fogo simboliza a paixão e o ardor, enquanto a neve representa a frieza e a dor. Essas metáforas contraditórias expressam a dualidade do sentimento amoroso, que é capaz de causar tanto calor quanto frio.

03 – Como o eu lírico se sente diante da complexidade do amor?

      O eu lírico se sente confuso e perplexo diante da complexidade do amor. Ele questiona como o fogo pode ser brando e a neve, ardente. Essa perplexidade revela a dificuldade de compreender e domar um sentimento tão intenso e contraditório.

04 – Qual o papel do amor na vida do eu lírico?

      O amor é a força motriz do poema. Ele domina os pensamentos e sentimentos do eu lírico, causando tanto prazer quanto sofrimento. O amor é apresentado como uma força poderosa e imprevisível, capaz de transformar a vida do indivíduo.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é que o amor é uma força ambivalente e paradoxal. Ele pode ser tanto fonte de alegria quanto de sofrimento. O eu lírico nos convida a refletir sobre a complexidade do sentimento amoroso e a aceitar suas contradições. O poema também sugere que o amor é uma força que escapa ao controle humano, e que, por isso, deve ser admirado e respeitado em sua totalidade.