MANDAMENTOS PARA UMA
BOA REDAÇÃO DO ENEM
Ao
redigir, é importantíssimo que o aluno não cometa nenhum destes pecados
transcritos a seguir, sob pena de padecer, sem indulgências, o inferno de mais
um ano de espera!
01 – Esnobar. Mostrar que é “o
bom”. Complicar. Escrever difícil.
Não se preocupe em demonstrar cultura
e conhecimento excessivos. As coisas realmente boas e valiosas são simples. Os
grandes sábios são simples. As “grandes notas” vêm de redações simples.
Não queira fazer experimentalismo
linguísticos. Não tente neologismos (palavra nova formada da língua importada
de língua estrangeira).
Use apenas palavras comuns. Sem cair
no lugar comum. Só recorra a um termo menos conhecido se ele se ajustar melhor
no texto do que um termo usual.
02 – O palavrão:
Nunca!
03 – Criticar a Universidade, as
autoridades, é proibido.
04 – Ser negativista.
Em tudo há um lado bom. Procure
descobrí-lo. Se criticar, faça-o construtivamente.
05 – Evite definições. Elas são
perigosas.
Dado um tema como “A Liberdade”, a
maioria tende a sair definindo:
A Liberdade é ...
A Liberdade é ...
A Liberdade é ..., monotonamente, maçantemente,
insuportavelmente, de uma pobreza de espírito que revoltaria até São Francisco.
É sempre melhor bolar uma estória,
relatar um episódio, dentro da qual e no decorrer do qual apareça o tema.
06 – O ponto final (.). Não o
esqueça. Denota desleixo. Depõe contra você e ... é erro!
07 – O pingo no i. É preciso pôr
os pingos nos is!...
08 – Cortar o t.
09 – A cedilha ç.
10 – A inicial maiúscula de
período.
11 – As maiúsculas nos títulos.
12 – As iniciais de nomes
próprios, maiúsculas.
13 – Erro gráfico até no título,
é terrível!
14 – Estrangeirismo.
O emprego de vocábulo que não pertença
ao nosso idioma só pode ser feito quando não haja, em português, palavra de
sentido correspondente. Termo técnico, por exemplo. Se usada, a palavra deve
vir entre aspas (“ “) ou grifada.
Ex.: “Know-how” (no-hau) =
experiência.
15 – Eco.
É a rima na prosa. Só os artistas têm
direito de recorrer a ela, que pode fornecer belos efeitos.
Exemplo de eco (defeito):
Margarida levou toda a vida para
atravessar a avenida.
O Maneco entrou no boteco e bebeu uns
trecos.
16 – A gíria:
Via de regra não! A menos que se trate
de diálogo, e entre como transcrição da linguagem de nível coloquial-popular.
Fora daí, o uso da gíria será interpretado como pobreza vocabular.
É negativo.
17 – Não abrevie palavras.
Escreva-as todas por extenso, a menos que se trate de abreviações consagradas
como por exemplo o “etc.”
18 – Evite repetir palavras. Use
sinônimos. Há repetições que enfatizam. Mas fora o caso intencional da ênfase,
repetir releva pobreza vocabular ou desleixo.
Exemplo de repetição enfática:
“Vamos, não chores ...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.”
(Drummond. “A Rosa do Povo”)
19 – Não escreva demais!
No caso de não limitarem o número de
linhas, não vá além de vinte e cinco. Entendo que o ideal para uma Redação são
vinte linhas.
OBS.: As provas, na sua maioria,
determinam os limites mínimo e máximo.
20 – Não “encha linguiça”!
À falta de ideias, não fique repetindo
a mesma coisa com palavras diferentes! Isso é redundância, é prolixidade (muito
longo), é terrível defeito! É preferível poucas linhas bem redigidas a muitas
mal escritas. Faça um trabalho honesto!
21 – Não aumente o tamanho da
letra para dar impressão de que escreveu bastante. Isso indispõe o avaliador.
Letra estilo “bicho-de-pé”, só se vê a linha (de tão pequena), não pode. O
avaliador não vai colocar lente de aumento especialmente para corrigir sua
redação.
22 – Não se desculpe dizendo que
não escreveu mais porque o tempo foi pouco. Ninguém vai acreditar! ....
23 – Não cometa CACOFONIA, que é
a palavra de sentido obsceno, chulo ou ridículo, formada pela junção de sílabas
entre as palavras.
24 – Pensamento novo, período
novo.
É comum, entre os que iniciam,
misturar no mesmo período ideias que não se completam. Tome por norma: Ideia
nova, período novo. Veja, entretanto, que isso nem sempre significa parágrafo
novo!
25 – Oração subordinada sem
principal – não diz nada! Não pode!
Se há subordinada, tem que haver
principal. Ou você já viu comandado sem comandante? Veja se entende alguma
coisa:
- Quando Maria chegou porque tinha
visto um homem que ela não conhecia.
- A menina que estava chorando quando
a chamaram
- Quando chove, se estamos sem
agasalho.
- O embrulho que chutou na calçada.
Deu para entender? Por que não deu?
E agora:
- Quando Maria chegou, porque tinha
visto um homem que ela não conhecia, desandou a chorar.
- A menina que estava chorando quando
a chamaram, foi eleita rainha.
- Quando chove, es estamos sem
agasalho, resfriamo-nos.
- O embrulho que chutou na calçada
furou-lhe o pé.
Especialmente, tome cuidado com os
períodos muito longos: resultam confusos e são propícios a períodos
incompletos; os verbos nas formas nominais – gerúndio, particípio, infinito –
equivalem a subordinadas; portanto, deve haver uma principal.