Mostrando postagens com marcador ZÉ RAMALHO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ZÉ RAMALHO. Mostrar todas as postagens

sábado, 14 de maio de 2022

MÚSICA(ATIVIDADES): MARTELO RAP ECOLÓGICO - ZÉ RAMALHO - COM GABARITO

 Música(Atividades): Martelo Rap Ecológico

              Zé Ramalho

Vou falar através desse martelo
O que penso da tal ecologia
Um assunto que rola todo dia
Como sendo o vetor de um flagelo
Não importa se é feio ou se é belo
Já que causa tamanha reação
Impossível é parar a progressão
Das indústrias que vão aparecendo
Cada dia que passa vão crescendo
Mais motores e mais devastação

Vejo os carros nas ruas do Leblon
Reluzindo as luzes quando passam
E a menina dos olhos que embaçam
Procurando saber o que é bom
Meu ouvido inventa um novo tom
Muito mais do que aquilo que aprendeu
Quando sonha nos braços de Morfeu
O barulho transforma em harmonia
Eu destilo o ruído em sinfonia
E desenrolo o novelo de Teseu

A visão desse olho cristalino
Captando cometas estrelados
Nebulosas e astros anelados
Através do cabelo de um menino
Seu sorriso tem ares de divino
Porque males nenhum pode sofrer
São crianças que vão sobreviver
Ao poder que reinou embrutecido
Pelo mundo ficou só o rugido
Dos motores que o homem quis fazer.

RAMALHO, Zé. Eu sou todos nós. BMG. 1998.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 164-5.

Entendendo a canção:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Destilar: filtrar, ressumar; fazer revelar.

·        Flagelo: aflição; tortura; castigo, punição.

·        Leblon: bairro da cidade do Rio de Janeiro.

·        Morfeu: deus dos sonhos na mitologia grega, filho da Noite e do Sono.

·        Teseu: herói mitológico que matou Minotauro, um ser meio homem e meio touro. Teseu, após entrar no labirinto em que Minotauro vivia, foi desenrolando um novelo de linha para saber o caminho de volta.

·        Vetor: portador; transmissor.

02 – Releia a letra da música e verifique se as condições formais para que ela seja chamada de martelo foram atendidas.

      Sim, a letra da música foi corretamente chamada de martelo, pois conta com estrofes de dez versos decassílabos e o esquema de rima é exatamente como o definido.

03 – Nos dois primeiros versos da primeira estrofe, o eu lírico afirma que, por meio daquele martelo, vai falar o que pensa da “tal ecologia”. Que afirmações ele faz acerca desse assunto na primeira estrofe?

      Para ele, ecologia é assunto que aparece sempre como sendo o portador de um flagelo, ou seja, de uma aflição, de uma punição. Ele destaca, que será impossível parar o crescimento das indústrias e que haverá, consequentemente, mais motores e devastação.

04 – A segunda estrofe apresenta a forma como o eu lírico convive com o movimento da cidade grande.

a)   Que elementos da cidade são destacados?

A noite no bairro do Leblon, as luzes dos carros que passam, os barulhos da cidade.

b)   Esses elementos incomodam o eu lírico? Justifique sua resposta com informações do texto.

Esses elementos talvez incomodem o eu lírico, pois ele tenta distinguir na paisagem aquilo que é bom e, ao dormir, transforma os barulhos em sinfonia e os integra ao seu sonho.

05 – A última estrofe possibilita diferentes interpretações. Por exemplo, não é possível identificar com segurança quem é o menino de que o texto trata – seria o menino que vive dentro do eu lírico ou um menino real, talvez uma criança que é observada por ele? Também podemos ficar em dúvida se a visão a que se refere o eu lírico é a sua maneira de ser o mundo, mais clara (cristalina) que a de outras pessoas, ou uma imagem prevista por um visionário, um profeta. Na sua opinião, esses versos sugerem uma visão mais otimista ou menos otimista da realidade apresentada? Justifique sua resposta com elementos do texto.

      Sugere uma visão mais otimista, embora no mundo fiquem os ruídos dos motores que o homem buscou criar, as crianças “[...] vão sobreviver/ao poder que reinou embrutecido”.

06 – Por que, provavelmente, o compositor colocou a palavra rap no título da música? Levante uma hipótese.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Pode tratar-se da forma como a música é cantada, quase falada, como o ritmo do rap.

 

terça-feira, 28 de agosto de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): ADMIRÁVEL GADO NOVO - ZÉ RAMALHO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(ATIVIDADES): Admirável Gado Novo

                                                        Zé Ramalho
Ôôô, boi

Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber

E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer

Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal

E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!

Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!

Ôôô, boi

O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela

Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar

Não voam, nem se pode flutuar
Não voam, nem se pode flutuar

Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado, ê!
Povo feliz!

Ôôô, boi
                                Composição: Alçeu Valença / Zé Ramalho
Entendendo a música:
01 – Em sua opinião, a que é comparado o título da canção?
      No título existe uma referência clara ao livro “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Na troca de “mundo” por “gado” acontece não só uma redução social, mas faz o foco cair sobre nós humanos modernos através de uma metáfora Nietzschiana.

02 – Qual a ideia que se tem da palavra “Vocês”, na frase: “Vocês que fazem parte dessa massa.”
      Tem umas ideias dissecadas do título. “Vocês” é usado para distanciar o narrador da “massa”, palavra essa que toma o sentido de rebanho.

03 – Qual o sentido da frase: “Dar muito mais do que receber”?
      Ela pode ser interpretada como o famoso problema social da produtividade.

04 – Nos versos: “E ter que demonstrar sua coragem
                             À margem do que possa parecer
                             E ver que toda essa engrenagem
                             Já sente a ferrugem lhe comer.”

        O que podemos notar?
      Nos versos é possível notar uma afirmação, quase um manifesto, alertando sobre a autodestruição do sistema social-político em que vivemos.

05 – No refrão, o que nós podemos entender?
      Que essa felicidade pode ser relacionada com o conceito de felicidade moderna do povo.

06 – Na frase: “Lá fora faz um tempo confortável”, qual o sentido dela, com relação a canção?
      Tem o sentido de uma forma sarcástica mudando o foco para um mundo em que o próprio narrador não se inclui mais.

07 – Em que frases, invertem o modo de visão humanista tratando como mero propagador objetivo do que se para em um mundo mecanizado.
      “Os automóveis ouvem a notícia
       Os homens a publicam no jornal.”

08 – No texto a frase: “A única velhice que chegou”, qual o significado dela para o autor?
      Para o autor ela é o amadurecimento que chegou na vida dos jovens.

09 – Em qual versos podemos ver uma crítica à segregação? Copie do texto.
      “O povo foge da ignorância
       Apesar de viver tão perto dela”.

10 – O que quer dizer “E sonham com melhores tempos idos.”?
      Deixa claro o conformismo em que a situação está a lhe proporcionar.

11 – Nos versos abaixo o que podemos entender sobre eles:
        “Esperam nova possibilidade
         De verem esse mundo se acabar
         A arca de Noé, o dirigível
         Não voam, nem se pode flutuar.”

      É uma crítica clara à religião e a dependência causada por ela. Sem catástrofe, sem a inundação a arca não se move, além de não existir alguém capaz de dirigi-la, dependemos de Noé. Dependemos de um avatar, e isso se mostra em todas as religiões.











domingo, 13 de agosto de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): CHÃO DE GIZ- ZÉ RAMALHO - COM GABARITO

Música(Atividades) : Chão de Giz
                                                                                Zé Ramalho

 
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas
Sobre um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!


Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes

Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar, quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus

Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom

Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de boy
That's over, baby!
Freud explica

Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom

Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular

No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais!

ANALISANDO A CANÇÃO
1 – Neste verso: “Eu desço desta solidão
                               Espalho coisas
                               Sobre um chão de giz”.
O autor evidencia que estava como?
      Sofrendo pelas lembranças, pois descia no chão, olhando para as memórias de um relacionamento que se apagou rapidamente, como o giz e apagado do chão.

2 – Em: “Há meros devaneios tolos
               A me torturar”.
O que o compositor disse nesta verso?
      Que o passado causava dor e as memórias de um amor frustado são uma tortura que fazem o autor delirar.

3 – Relacione analisando os versos:
( 1 )  “Fotografias recostadas de jornais de folhas amiúdes”.
( 2 ) “Eu vou te jogar num pano de guardar confetes”.
( 3 ) “Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir”.

( 3 ) Ele tenta ficar com ela de todas as formas, mas é inútil, pois ela é casada com um homem muito rico.
( 1 ) Existia o hábito de colecionar as fotos da sua amada, que saíam no jornal, o que indica que ela era alguém de alta sociedade.
( 2 ) Os panos de guardar confetes são balaios ou sacos típicos das costureiras no Nordeste, nos quais elas jogam restos de pano, papel, etc. Aqui Zé Ramalho diz que vai jogar as fotos dela nesse tipo de saco e, assim, esquecê-la de vez.

4 – Explique as metáforas neste verso.
      “Há tantas violetas velhas sem um colibri”.
      Há tantas violetas velhas (como ela, bela, mas velha) sem um colibri (um jovem que a admire), desta forma ele tenta novamente convencê-la apelando para a sorte – mesmo sendo velha (violeta velha) ela pode, se quiser, ter um colibri (jovem).

5 – Zé Ramalho na música cita Freud, na frase “Meus vinte anos de ‘boy’ – that’s over, baby! Freud explica”, com que intenção?
      Para das veracidade para a teoria (complexo de Édipo). Ele era bem mais novo que ela, era um boy e ela uma dama da sociedade.

6 – Ele faz uma reflexão no verso: “Não vou me sujar fumando apenas um cigarro” e concluiu o quê?
      Que apesar de todos os seus esforços, suas tentativas incansáveis, tudo é em vão. Existe algo que o impede de ganhar o coração da mulher que tanto deseja. Um marido? Algum assunto sentimental? Talvez os dois, mais isso não e o mais importante. O fato é que essa tal mulher não o quer, por algum motivo. Ela o dispensa.

7 – Ele encerra-se a canção com este verso: “No mais, estou indo embora”, o que nos mostra?

      Mostra que a fuga é o melhor caminho e uma decisão madura. Ele muda de cidade e nunca mais vê. Sofreu por meses, enquanto compôs a música.