Notícia: A grande onda de Kanagawa
MONTANARO, João. Folha de S. Paulo, 12 mar. 2011.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/opinião/inde12032011.htm. Acesso em:
26 jan. 2016.
A grande onda de Kanagawa, de Katsushika Hokusai,
1829-1833.
Agora, leia algumas das cartas escritas
pelos leitores da Folha de S. Paulo sobre a charge de João Montanaro
e publicadas na seção “Painel do leitor” do jornal, em datas subsequentes.
Carta
1
Impressionante, infeliz, impiedosa e
sem nenhuma sensibilidade a charge editada por este jornal na pág. A2 de ontem.
Como pode um jornal como a Folha permitir esta divulgação em um
momento tão infeliz? O autor nem ao menos se identifica no desenho, uma
vergonha. O momento pelo qual passam nossos irmãos japoneses não permite
tamanha insensibilidade.
RUBENS MANOEL
PARANHOS BELLO (Jandira, SP). Folha de S. Paulo, 13 mar. 2011. Caderno
Opinião/Painel do Leitor, p. A3.
Carta
2
Fico impressionada com os comentários
maldosos contra o cartunista João Montanaro. Ao ver a charge, não a li
como uma sátira. Meus olhos apenas a receberam como uma realidade. Quem
imaginaria que a xilogravura do artista Hokusai serviria de base para reforçar
uma tragédia que ocorreu no Japão? Que me conste, estamos no ano 2011 e a
liberdade de expressão é direito de qualquer ser humano. João Montanaro apenas
retratou o que acontece hoje no mundo em que vivemos, e nós, habitantes deste
planeta, somos os responsáveis pelas tragédias que ocorrem e ocorrerão.
MARIA RITA
MARINHO, gerente da Secretaria Geral da Fundação Bienal (São Paulo, SP). Idem.
18 mar. 2011.
Carta
3
Como colega e admirador, quero dizer
algo sobre o João Montanaro e sua charge na Folha de sábado (12/3).
Talvez tenha havido pressa no julgamento que alguns leitores fizeram,
condenando o trabalho por um suposto desrespeito à dor humana num momento de
tragédia.
No entanto, João revelou audácia, e não
insensibilidade. Usando um ícone da cultura japonesa, ele nos remete a uma
reflexão sobre contrastes: o milenar, permanente, sólido; e o instantâneo,
devastador. A natureza e sua força imanente (presente na gravura de Hokusai), e
a mesma natureza enquanto força agressiva. A beleza presente nos tufões e a
beleza terrível do caos. Quem não experimentou esses sentimentos contraditórios
vendo as imagens de carros e barcos boiando e se chocando como peças de Lego?
Esses sentimentos estão reconhecíveis
na charge. E o autor se preocupou em não colocar nenhuma figura humana no
desenho, sinal de que percebeu a gravidade do tema e a necessidade de localizar
o comentário na esfera da relação entre a cultura humana com o meio ambiente.
Note-se ainda a presença de uma usina nuclear entre as edificações atingidas.
Isso é um alerta, e não um sinal de zombaria.
LAERTE COUTINHO,
cartunista (São Paulo, SP). Idem. 15 mar. 2011.
Carta
4
Oportuna a manifestação do leitor
Rubens M. Paranhos Bello (13/3) sobre a infeliz charge acerca da tragédia no
Japão (12/3).
Acredito que a publicação se deu pela
imaturidade do chargista, de 14/15 anos. Não sei se a falta de sensibilidade
dos jovens de hoje é característica dessa faixa etária, mas, coincidência ou
não, após a divulgação do trágico acontecimento, tive a oportunidade de ouvir
de um grupo de jovens da mesma idade manifestações desrespeitosas e piadas de
mau gosto sobre o evento e os japoneses.
Felizmente, no dia 13, a Folha,
num ato de “remissão”, nos brindou com uma tocante charge do genial Jean.
CLAUDIO N.
SHIMABUKURO (São Paulo, SP). Idem. 15 mar. 2011.
Fonte: Livro Língua Portuguesa –
Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 328-330.
Entendendo a notícia:
01 – Você costuma ler cartas
de leitor em jornais, revistas, sites etc.?
Resposta pessoal
do aluno.
02 – Em sua opinião, qual é
a importância dessas cartas?
Resposta pessoal
do aluno.
03 – Os meios de comunicação
são influenciados por essas manifestações dos leitores?
Resposta pessoal
do aluno.
04 – Que assuntos predominam
nesse tipo de mensagem?
A notícia de algum fato ocorrido.
05 – Com quais dessas
opiniões você concorda? Com quais delas discorda? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: O importante é que o posicionamento dos alunos seja
sustentado por argumentação e defendido com respeito aos colegas.
06 – Em sua opinião, por que
alguns leitores consideraram a charge de Montanaro agressiva e ofensiva ao povo
japonês?
Resposta pessoal
do aluno.
07 – Releia a carta 1.
a) Qual é o principal objetivo dessa carta?
Criticar o jornal por publicar a charge de João Montanaro.
b) Que recursos linguísticos o autor empregou para expressar seu ponto de vista?
O autor utiliza várias palavras e expressões de sentido negativo:
“impressionante, infeliz, impiedosa e sem nenhuma sensibilidade”, “uma
vergonha”, “tamanha insensibilidade”.
08 – Releia a carta 2.
a) Qual é o principal objetivo dessa carta?
Defender a publicação da charge e discordar dos leitores que a
criticaram.
b) Que argumentos o autor utilizou para defender seu posicionamento nessa carta?
O autor qualificou como “maldosos” os comentários dirigidos ao
cartunista; defendeu que a charge apenas retratou a realidade; dirigiu-se aos
leitores que criticaram a charge para questioná-los; negou que a charge tivesse
sido usada como “sátira” a uma “tragédia”; defendeu a liberdade de expressão e
considerou os “habitantes do planeta” como responsáveis pela tragédia.
09 – Explique o ponto de
vista da autora da carta 3 e os
argumentos usados por ela para sustentar esse posicionamento.
Na introdução, Laerte, a autora da carta,
identifica-se como cartunista e admiradora de João Montanaro, revelando seu
posicionamento favorável à charge. Segundo ela, o autor da charge, por meio de
uma obra secular, mostra a força agressiva da natureza. O fato de ter
representado a usina em vez do Monte Fuji e de não ter incluído figuras humanas
na charge pode revelar sua preocupação com a realidade. Laerte considera a
charge audaciosa, não insensível, e a imagem da usina nuclear um alerta, não
uma zombaria.
10 – Releia a carta 4.
a) Nessa carta, o autor faz referência a outras duas publicações do mesmo jornal. Indique quais são elas.
A carta do leitor Rubens M. Paranhos Bello e a charge do cartunista
Jean, publicadas dois dias antes.
b) A partir dessas referências, o que é possível inferir sobre o autor da carta?
Que é um leitor que acompanha diariamente as publicações do jornal.
c) Essa caracterização implícita ajuda a sustentar o posicionamento do autor da carta?
Sim. O fato de acompanhar o jornal diariamente faz com que o autor
tenha autoridade para criticar a publicação da charge, já que conhece o
conteúdo que é normalmente veiculado pela Folha de S. Paulo.
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