Mostrando postagens com marcador POESIA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador POESIA. Mostrar todas as postagens

domingo, 1 de junho de 2025

POESIA: RECEITA DE MULHER - FRAGMENTO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Receita de mulher – Fragmento

             Vinicius de Moraes

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcN82X7r35NL_dh4SWN23VgS9dypNbBFGxx_b67mStJxsA-K33yBoOTRzLrTKDq3xlVRi6AKiWzDTAav1qyXvffzmf_8sLs6PBRi9xE8ehH0gxmdy7iZZ07xDsvxBb-gZ2l_y4Upicpu4uPvItobxa3hccUxk_g5WxnC4xLkjxsqMYgLoBrhxMryLNn9o/s320/maxresdefault.jpg

Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como o âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos.

[...]

Vinícius de Moraes. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984. p. 192.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 290.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a ideia central que Vinicius de Moraes defende sobre a mulher neste poema?

      A ideia central que Vinicius defende é que a beleza é fundamental na mulher. Ele não se refere apenas à beleza física óbvia, mas a uma beleza que engloba graça, elegância, mistério e uma certa leveza que se assemelha a uma flor ou a uma garça.

02 – Que tipo de metáforas e comparações o poeta utiliza para descrever a beleza que ele busca?

      O poeta utiliza metáforas e comparações como "qualquer coisa de flor", "qualquer coisa de dança", "haute couture" (alta costura), a "impressão de ver uma garça apenas pousada", um rosto que adquire a "cor só encontrável no terceiro minuto da aurora", pálpebras cerradas que "Lembrem um verso de Éluard" e braços tocados "como o âmbar de uma tarde".

03 – Para Vinicius, a beleza feminina deve ser apenas visível ou deve ter uma dimensão mais profunda? Explique.

      Para Vinicius, a beleza feminina não deve ser apenas visível; ela deve ter uma dimensão mais profunda e quase etérea. Ele afirma: "É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche / No olhar dos homens." Isso sugere que a beleza deve ser uma essência, uma aura, que se manifesta e é percebida, mas que não se restringe apenas à carne ou a algo puramente material.

04 – O que o verso "As muito feias que me perdoem / Mas beleza é fundamental" revela sobre a perspectiva do poeta?

      Este verso revela a sinceridade e a frontalidade da perspectiva do poeta sobre a importância da beleza. Embora pareça controverso à primeira vista, ele estabelece de imediato o pré-requisito da beleza como ponto de partida para sua "receita de mulher", destacando seu valor primordial em sua concepção idealizada.

05 – Como o poema aborda a interação entre a beleza da mulher e a percepção masculina?

      O poema aborda a interação entre a beleza da mulher e a percepção masculina ao afirmar que a beleza deve "refletir-se e desabrochar / No olhar dos homens". Isso indica que, para o poeta, a beleza feminina não é um conceito isolado, mas algo que ganha vida e validação na forma como é vista e apreciada pelo olhar masculino, gerando admiração e fascínio.

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

POESIA: AMOR - PABLO NERUDA - COM GABARITO

 Poesia: Amor

           Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não querer-te chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHBQ6xAKMouVieum6xSCOLTafgoudrSFRwfCK1I9O525oeUsLoGwbBhz-nsY7EEPzxuyABnUD79SeeSVWTlXccW79DEUioc3jEVAYZ9TtzGnlm_b7v2P8e9jRTCQZzbrXW7axYOfCY2I_sV2Dp4dHtapovcZMS7628uR6FLTJi8KRj2kP03yTa4J0SlNc/s320/pngtree-cartoon-love-red-love-heart-shaped-dialog-png-image_368186.jpg



Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda. Tradução de Thiago de Mello. In: Presente de um poeta. 3. ed. São Paulo: Ver, 2003. p. 47.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 74.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a natureza paradoxal do amor. Neruda explora a intensidade contraditória do sentimento, onde amor e ódio, presença e ausência, esperança e desespero se entrelaçam. O poema captura a essência de um amor que é ao mesmo tempo arrebatador e doloroso.

02 – Como o poema utiliza a linguagem para expressar a intensidade do amor?

      Neruda utiliza uma linguagem carregada de paradoxos e antíteses para expressar a intensidade do amor. Frases como "odeio-te sem fim e odiando te rogo" e "não te ver e amar-te como um cego" ilustram a contradição do sentimento. Além disso, o uso de imagens fortes, como "a sangue e fogo", intensifica a paixão avassaladora descrita no poema.

03 – Qual o significado da expressão "Nesta história só eu me morro"?

      A expressão "Nesta história só eu me morro" revela a natureza unilateral do amor descrito no poema. O eu lírico sente que está se consumindo nesse amor, que o está destruindo. Essa frase também pode sugerir um sentimento de solidão e desespero, onde o amor se torna uma experiência solitária e dolorosa.

04 – Como a imagem da "luz de Janeiro", contribui para o significado do poema?

      A imagem da "luz de Janeiro", simboliza a intensidade e o calor do amor, mas também sua capacidade de ferir. O "raio cruel" dessa luz sugere que o amor, apesar de belo e desejado, pode ser doloroso e destrutivo, consumindo o coração do eu lírico.

05 – Qual a mensagem principal que Pablo Neruda transmite com esse poema?

      A mensagem principal do poema é que o amor é uma força complexa e contraditória, capaz de gerar tanto prazer quanto dor. Neruda explora a intensidade desse sentimento, mostrando que o amor pode ser ao mesmo tempo apaixonado e destrutivo, e que muitas vezes leva a um sentimento de solidão.

 

POESIA: EU VEJO UMA GRAVURA - RENALDO JARDIM - COM GABARITO

 Poesia: Eu vejo uma gravura

             Reynaldo Jardim

Eu vejo uma gravura
grande e rasa.
No primeiro plano
uma casa.
À direita da casa
outra casa.
Lá no fundo da casa
outra casa.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD6RkOo6yQHPLQkERcfED0mlqPxZZQpbrcsRvaiveIlmcUQ9TVsV0359I8vhaHJ0XNAEcfJOHC9WwAyOWkcGd3KY4WGoDqrhO-7cHM5gv6lTbwb_4aV6CHFTddROw01dQVRJ3tAKwDV0-thh0QW_rdxhiHkpbdDYHHXjqgrqNIpoK48BBQNETctaHKn0/s1600/CASA.png


Em frente da casa
uma vala:
onde escorre a lama
doutra casa.
E no chão da casa
outra vala:
onde escorre o esgoto
doutra casa.

Esta casa que eu vejo
não se casa
com o que chamamos
uma casa.
Pois as paredes são
Esburacadas
onde passam aranhas
e baratas.
E os telhados são
folhas de zinco.
E podem cair
a qualquer vento.
E matar uma mulher
que mora dentro.
E matar a criança
que está dentro
da mulher que mora
nessa casa.
Ou da mulher que mora
noutra casa.

É preciso pintar
outra gravura
com casas de argamassa
na paisagem.

Crianças cantando
a segurança
da vida construída
à sua imagem.

Joana em flor. Rio de Janeiro: José Álvaro Editor, 1965. p. 63.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 123.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a crítica à precariedade da habitação e das condições de vida em áreas marginalizadas. Reynaldo Jardim utiliza a imagem da "gravura" para representar a realidade crua e desoladora dessas comunidades.

02 – Como a repetição da palavra "casa" contribui para o significado do poema?

      A repetição da palavra "casa" enfatiza a monotonia e a uniformidade das moradias precárias. Essa repetição cria um efeito de estranhamento, pois as "casas" descritas no poema não correspondem ao conceito tradicional de lar, mas sim a estruturas frágeis e insalubres.

03 – Qual o significado das "valas" mencionadas no poema?

      As "valas" representam a falta de saneamento básico e a precariedade da infraestrutura nas áreas marginalizadas. A lama e o esgoto que escorrem pelas valas simbolizam a insalubridade e o risco à saúde que os moradores dessas comunidades enfrentam.

04 – Como a imagem dos "telhados de zinco" contribui para a construção da crítica social?

      Os "telhados de zinco" simbolizam a fragilidade e a precariedade das moradias. A menção à possibilidade de os telhados caírem com o vento e matarem os moradores intensifica a sensação de insegurança e vulnerabilidade.

05 – Qual o significado do verso "Esta casa que eu vejo não se casa com o que chamamos uma casa"?

      Esse verso destaca o contraste entre a realidade das moradias precárias e o conceito idealizado de lar. As "casas" descritas no poema não oferecem segurança, conforto ou dignidade, e por isso não podem ser consideradas como verdadeiros lares.

06 – Como a proposta de "pintar outra gravura" se relaciona com a crítica social presente no poema?

      A proposta de "pintar outra gravura com casas de argamassa na paisagem" representa o desejo de transformar a realidade precária em um cenário de dignidade e segurança. Essa proposta expressa a esperança de construir um futuro melhor para as comunidades marginalizadas.

07 – Qual a mensagem principal que Reynaldo Jardim transmite com esse poema?

      Reynaldo Jardim transmite uma mensagem de denúncia e esperança. O poema expõe a dura realidade das moradias precárias, mas também expressa o desejo de construir um futuro mais justo e digno para todos.

 

POESIA: SONETO DO AMOR COMO UM RÍO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Soneto do amor como um rio

             Vinícius de Moraes

Este infinito amor de um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo
Eu já não cria que existisse mais.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQvD9sscnhxzrlBwr93X2VjwpoX_LyxzIe9yO7Ugmv7OJuDR_OzvZt6HRlPq3WD1oBK7lDvtvqrVDzh0qflF6WqW2-Fir91Q0G9iQ77XbJctOXR7rzgNDratD5OE0TmiKXwfkyFnrC70e2336CHJ1_2QEh2CbKOFixvMKYS0iFw0a1FEq4TIVM8tHOqIU/s1600/06_sunset_river_sea.jpg



Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.

Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

Para viver um grande amor. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973. p. 164.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 144.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal metáfora utilizada no poema para descrever o amor?

      A principal metáfora é a do rio. O eu lírico compara seu amor a um rio noturno, interminável e tardio, que o leva para um mar sem termo. Essa metáfora sugere a ideia de um amor fluído, constante e profundo, que o transporta para um estado de paixão e entrega.

02 – Como o eu lírico descreve a natureza do amor que sente?

      O eu lírico descreve o amor como algo surpreendente e inesperado, que surgiu em meio ao drama e trouxe paz. Ele o considera maior que o tempo e todas as coisas, algo real, embora já não acreditasse que pudesse existir. Ele também o define como um túmulo onde seu corpo está eternamente sepultado.

03 – Que sentimentos o poema evoca em relação ao amor?

      O poema evoca sentimentos de paixão intensa, entrega total, transcendência e a sensação de ser levado por uma força maior. O amor é apresentado como algo que transforma e absorve o ser, conduzindo-o a um estado de plenitude e imensidão.

04 – Qual é o significado da expressão "túmulo onde jaz meu corpo para sempre sepultado"?

      Essa expressão sugere que o amor representa uma espécie de morte simbólica para o eu lírico, onde ele se entrega completamente e se perde em seus sentimentos. É uma metáfora para a intensidade e a profundidade do amor, que o absorve por completo.

05 – Como o poema utiliza a imagem do rio para expressar a ideia de eternidade e imensidão do amor?

      A imagem do rio noturno, interminável e tardio, que desliza suavemente pelo ermo e leva o eu lírico para um mar sem termo, sugere a ideia de um amor que transcende o tempo e o espaço. O rio representa a continuidade e a fluidez do amor, enquanto o mar simboliza a sua imensidão e eternidade.



 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

POESIA: PLENA NUDEZ - RAIMUNDO CORREIA - COM GABARITO

 Poesia: Plena nudez

             Raimundo Correia

Eu amo os gregos tipos de escultura:
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjinLTTNofp1tSO1rvfzgLvW5CJfRgqXh0SfWqDk9-EmzPH91Ka_HQR2KhlDU0R3jU1Ahp-LX2eo-LL8mHZssTaJN9nb2R7aTba3ChR6Q9bboNlRgcF-MvS_m07axzaPFXdXkhcrw2vqxYD5JKg4DXJKPEyyhBetF9zKpMPxrgmauJfHliKpHPk9JqfPTY/s320/png-transparent-statue-figurine-classical-sculpture-ancient-greek-sculpture-woman-people-stone-stone-carving-thumbnail.png



Quero um pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres: de carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas...

Não quero, a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
De transparente túnica através:

Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!

CORREIA, Raimundo. Plena nudez. In: Poesia. 4. ed. Rio de Janeiro, Agir, 1976. p. 24. (Col. Nossos clássicos).

 Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 276.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal característica da nudez que o eu lírico exalta no poema?

      O eu lírico exalta a nudez plena, sem artifícios ou disfarces, inspirada nas esculturas gregas clássicas. Ele valoriza a beleza natural do corpo humano, com suas linhas e formas exuberantes.

02 – Qual a crítica presente nos primeiros versos do poema?

      O eu lírico critica as produções artísticas da época, que ele considera "tortas e enfezadas", influenciadas pelas "modas" e pela "estufa escura" (possivelmente referindo-se aos padrões estéticos artificiais).

03 – Qual o ideal de beleza feminina que o eu lírico busca no poema?

      O eu lírico busca um ideal de beleza feminina que se manifeste em "pleno esplendor, viço e frescura", com "carne exuberante e pura" e "todas as saliências destacadas". Ele deseja contemplar a nudez feminina em sua totalidade, sem pudores ou restrições.

04 – Como a referência à Vênus contribui para a construção do poema?

      A referência à Vênus, deusa da beleza e do amor, reforça o ideal de perfeição e exuberância que o eu lírico busca. Ele não deseja ver a deusa através de uma "transparente túnica", mas em sua plena nudez, sem véus ou artifícios.

05 – Qual a importância da forma poética (o soneto) para a expressão do tema no poema?

      A forma do soneto, com seus versos decassílabos e rimas precisas, confere um tom solene e clássico ao poema, aproximando-o da estética greco-romana que o eu lírico exalta. A estrutura fixa do soneto também contribui para a intensidade da expressão do desejo do eu lírico pela contemplação da nudez plena.

 

 

POESIA: O ACENDEDOR DE LAMPIÕES - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poesia: O ACENDEDOR DE LAMPIOES

             Jorge de Lima

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!

Este mesmo que vem infatigavelmente,

Parodiar o sol e associar-se à lua

Quando a sombra da noite enegrece o poente!

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMCt6FccCsDuh0gL-i1rVumYczqS8S-nd6sKj3xHIXg8Ku0F3qZdfhU76Zqchy8RZhyphenhyphenVjRqv4l-x-TD40SUR-khCjqze55FwUZF0FYdA3pcE9aofLbTHBK7OgUpddMsTS8vY1eZeVjaGlnWk2dmly4gA0xOvADW4LTNgWWBPsE1U-DfuSmGY9vfmxOjJE/s320/hqdefault.jpg


 

Um, dois, três lampiões, acende e continua

Outros mais a acender imperturbavelmente,

À medida que a noite aos poucos se acentua

E a palidez da lua apenas se presente.

 

Triste ironia atroz o senso humano irrita:-

Ele que doira a noite ilumina a cidade,

Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

 

Tanta gente também nos outros insinua

Crenças, religiões, amor, felicidade,

Como este acendedor de lampiões da rua!

LIMA, Jorge de. Acendedor de lampiões. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v. 1. p. 62.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 358.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal ironia presente no poema?

      A principal ironia é a de que o acendedor de lampiões, que ilumina a cidade, possivelmente vive na escuridão de sua própria casa. Essa ironia serve para criticar a hipocrisia e a desigualdade social.

02 – Como o trabalho do acendedor de lampiões é descrito no poema?

      O trabalho do acendedor é descrito como algo constante e infatigável. Ele acende os lampiões à medida que a noite cai, parodiando o sol e associando-se à lua, em um ciclo repetitivo.

03 – Qual a comparação feita no último verso do poema?

      O eu lírico compara o acendedor de lampiões àqueles que "insinuam crenças, religiões, amor, felicidade" aos outros, sugerindo que muitas vezes oferecemos aos outros o que nós mesmos não possuímos.

04 – Que tom o poema utiliza para descrever a realidade do acendedor de lampiões?

      O poema utiliza um tom de melancolia e ironia para descrever a realidade do acendedor. Há uma tristeza implícita na constatação da desigualdade e da hipocrisia presentes na sociedade.

05 – Qual a relevância do acendedor de lampiões como figura poética?

      O acendedor de lampiões simboliza a figura do trabalhador anônimo, que cumpre sua função sem reconhecimento, e ao mesmo tempo representa a contradição entre a aparência e a realidade, entre o que se oferece e o que se possui.

 

POESIA: A CAMÕES - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 

Poesia: A Camões

            Manuel Bandeira

Quando n’alma pesar de tua raça
A névoa da apagada e vil tristeza,
Busque ela sempre a glória que não passa,
Em teu poema de heroísmo e de beleza.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkaOU3GkUZhk2TX6xkvzjAQdWu3HpEZEm6ZfFh4mSOuyJh196kpSbALahibjWWjec1F8gG20HMFNXE82blp5yD8tE-UnAtSckFJH3w7mEu4dq0wqL2lqZWBh7_-v1_M1tNkTbOih6lxz-Z5ACz4KhSnXDkBsumzrw9YBkUAEvfRJkTTzYH8RqBHJRoDOA/s320/maxresdefault.jpg

Gênio purificado na desgraça,
Tu resumiste em ti toda a grandeza:
Poeta e soldado… Em ti brilhou sem jaça
O amor da grande pátria portuguesa.

E enquanto o fero canto ecoar na mente
Da estirpe que em perigos sublimados
Plantou a cruz em cada continente,

Não morrerá, sem poetas nem soldados,
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados.

BANDEIRA, Manuel. “A Camões”. In: Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro, José Olympio, 1970. p. 7.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 16 (Apresentação).

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema "A Camões" de Manuel Bandeira?

      O poema é uma homenagem a Luís de Camões, o grande poeta português, e exalta sua figura como símbolo da grandeza da língua portuguesa e do espírito heroico de Portugal.

02 – Como Manuel Bandeira descreve Camões no poema?

      Bandeira descreve Camões como um "gênio purificado na desgraça", um poeta e soldado que personificou a grandeza e o amor à pátria portuguesa. Ele destaca a força e a beleza da poesia de Camões, capaz de inspirar a alma portuguesa mesmo em momentos de tristeza.

03 – Qual é a importância da língua portuguesa no poema?

      A língua portuguesa é celebrada como um elo entre o passado heroico de Portugal e o presente. Bandeira afirma que, enquanto a poesia de Camões ecoar na mente dos portugueses, a língua permanecerá viva e forte.

04 – O que o poema sugere sobre o legado de Camões para a cultura portuguesa?

      O poema sugere que o legado de Camões transcende o tempo, servindo como fonte de inspiração e orgulho para as futuras gerações de portugueses. Sua poesia é vista como um símbolo da identidade nacional e da capacidade de superação diante das adversidades.

05 – Qual é o significado da expressão "as armas e os barões assinalados" no poema?

      Essa expressão é uma referência direta à obra-prima de Camões, "Os Lusíadas", que narra os feitos heroicos dos navegadores portugueses. No poema de Bandeira, ela simboliza a grandiosidade da epopeia portuguesa e a importância da obra de Camões como um marco da literatura em língua portuguesa.

 

 


POESIA: SONETO DO MAIOR AMOR - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: Soneto do maior amor

             Vinicius de Moraes

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7nRHijxSJcuFb2j2OWTUVANJgOdeTBSZX1kTUCAt9T0t4TtMoDW9qaCT2uGtWaILi7aftiVglNtlp08q_PA0R_iW49tDB0RHNgwRFP8FslJydu80874mKi6PTJuuk7uueuC95EYovb05D381VqEcKwCpi89ofEPUzeMZhjqrSZvaQZDAH1gbn520kjeM/s320/hqdefault.jpg



E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.

Louco amor meu que quando toca, fere
E quando fere, vibra, mas prefere
Ferir a fenecer — e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.

MORAES, Vinícius de. Soneto do maior amor. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985. p. 202.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 362.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal característica do amor descrito no poema?

      O amor descrito no poema é paradoxal e contraditório. O eu lírico expressa um amor que se manifesta de forma incomum, onde a alegria do amado causa tristeza e a tristeza, alegria.

02 – Como o eu lírico descreve a relação entre o amor e a dor?

      O eu lírico descreve uma relação intensa entre amor e dor. Ele afirma que seu amor fere quando toca, mas que essa ferida gera uma vibração, e que prefere ferir a definhar.

03 – Qual a importância da contradição na expressão do amor no poema?

      A contradição é essencial para expressar a complexidade do amor descrito. Ela revela um amor que não se encaixa em padrões convencionais, um amor que desafia a lógica e se manifesta de forma intensa e paradoxal.

04 – Como o eu lírico se sente em relação à "eterna aventura" do amor?

      O eu lírico se agrada mais da "eterna aventura" do amor, mesmo com suas dores e contradições, do que de uma vida sem essa paixão. Ele valoriza a intensidade do amor, mesmo que essa intensidade traga sofrimento.

05 – Qual a imagem final que o poema constrói do amor?

      A imagem final é de um amor "desassombrado, doido, delirante", que vive "numa paixão de tudo e de si mesmo". Essa imagem reforça a ideia de um amor intenso, avassalador e que se basta em sua própria complexidade.

POESIA: LI HOJE QUASE DUAS PÁGINAS - XXVIII - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poesia: Li hoje quase duas páginas – XXVIII

             Fernando Pessoa 

Li hoje quase duas páginas

Do livro dum poeta místico,

E ri como quem tem chorado muito.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjs-3aqZa2yr-CLlWZwai6-_cqMoviDg41K2VXLVt_PgcclRx3cfIRdcNc2Fd7baGOUxkt7JhXyy9s8-zMDdgnr_JeksPU_aIVgeRlAyKbnAbN92erKQKxS5O6Vzj8Qz51_7UyOyKaAlXp2RzSTZ-ngurY15JsKqSfV_d6m5YaJ-CV93IjdY1OGxFT8NsU/s320/maomc3a9-e-o-anjo-gabriel.jpg

Os poetas místicos são filósofos doentes,

E os filósofos são homens doidos.

 

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem

E dizem que as pedras têm alma

E que os rios têm êxtases ao luar.

 

Mas as flores, se sentissem, não eram flores,

Eram gente;

E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;

E se os rios tivessem êxtases ao luar,

Os rios seriam homens doentes.

 

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios

Para falar dos sentimentos deles.

Falar da alma das pedras, das flores, dos rios,

É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos.

Graças a Deus que as pedras são só pedras,

E que os rios não são senão rios,

E que as flores são apenas flores.

 

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos

E fico contente,

Porque sei que compreendo a Natureza por fora;

E não a compreendo por dentro

Porque a Natureza não tem dentro;

Senão não era a Natureza.

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986. p. 153.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. João Domingues Maia – Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 422.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a crítica central do poema em relação aos poetas místicos?

      A crítica central é que os poetas místicos antropomorfizam a natureza, atribuindo sentimentos e características humanas a elementos como flores, pedras e rios. Para Caeiro, essa visão é uma "doença filosófica" que distorce a realidade.

02 – Como o eu lírico define a sua relação com a natureza?

      O eu lírico afirma que compreende a natureza "por fora", ou seja, de forma objetiva e factual. Ele rejeita a ideia de uma natureza com "dentro", com sentimentos ou alma, defendendo uma visão concreta e imediata do mundo.

03 – Qual o significado da frase "Graças a Deus que as pedras são só pedras"?

      Essa frase expressa a satisfação do eu lírico com a realidade objetiva das coisas. Ele celebra a simplicidade e a concretude da natureza, livre de interpretações místicas ou sentimentais.

04 – Como a linguagem do poema contribui para a expressão da visão do eu lírico?

      A linguagem do poema é direta, clara e concisa, refletindo a objetividade e a racionalidade do eu lírico. Ele utiliza frases curtas e afirmativas, evitando metáforas complexas ou ambiguidades.

05 – Qual a importância deste poema dentro da obra de Fernando Pessoa?

      Este poema é fundamental para compreender a visão de mundo de Alberto Caeiro, um dos heterônimos mais importantes de Fernando Pessoa. Caeiro representa uma filosofia da objetividade e da simplicidade, em contraste com a complexidade e a introspecção de outros heterônimos como Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

 

 

POESIA: A VERDADE - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Poesia: A Verdade

             Luís Fernando Veríssimo

        O homem é o único animal que ri dos outros. O homem é o único animal que passa por outro e finge que não vê. É o único que fala mais do que papagaio. É o único que gosta de escargots (fora, claro, o escargot). É o único que acha que Deus é parecido com ele. E é o único 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9EnauXGTjMj7FkiH24JexYmuS8I4opXJnEKakGpqE4bBGHy6AAgtkHKCNgSZXReD0pYlamELr36mwkh-pHlJ5y92kY9TKMTpsHZRyPWJs9jhwREt08evfq-L6s-r-1cq8dS83hH_IS0R2I1a6AhJX0kxWdSouN8RUdCp7ToUo2LpNk3HBUyjfIvxxF1c/s1600/images.jpg


...que se veste

...que veste os outros

...que despe os outros

...que faz o que gosta escondido

...que muda de cor quando se envergonha

...que se senta e cruza as pernas

...que sabe que vai morrer

...que pensa que é eterno

...que não tem uma linguagem comum a toda espécie

...que se tosa voluntariamente

...que lucra com os ovos dos outros

...que pensa que é anfíbio e morre afogado

...que tem bichos

...que joga no bicho

...que aposta nos outros

...que compra antenas

...que se compara com os outros

        O homem não é o único animal que alimenta e cuida das suas crias, mas é o único que depois usa isso para fazer chantagem emocional.

Não é o único que mata, mas é o único que vende a pele.

Não é o único que mata, mas é o único que manda matar.

E não é o único...

...que voa, mas é o único que paga para isso

...que constrói casa, mas é o único que precisa de fechadura

...que foge dos outros, mas é o único que chama isso de retirada estratégia.

...que trai, polui e aterroriza, mas é o único que se justifica

...que engole sapo, mas é o único que não faz isso pelo valor nutritivo

...que faz sexo, mas é o único que faz um boneco inflamável da fêmea

...que faz sexo, mas é o único que precisa de manual de instrução.

Poesia numa hora dessas? Porto Alegre: L&PM. p. 19.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 46.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal característica do ser humano destacada no início do poema?

      O poema destaca que o ser humano é o único animal que ri dos outros, evidenciando uma faceta crítica e satírica sobre a natureza humana.

02 – Quais as ações humanas listadas no poema que evidenciam comportamentos únicos da espécie?

      O poema lista diversas ações como vestir-se e vestir outros, fazer o que gosta escondido, mudar de cor ao sentir vergonha, cruzar as pernas ao sentar, ter consciência da própria mortalidade e acreditar na eternidade, entre outras.

03 – Qual a crítica presente nos versos que abordam a relação do ser humano com outros animais?

      O poema critica a exploração animal, destacando que o ser humano é o único que vende a pele de animais que mata e que usa a relação com suas crias para chantagem emocional.

04 – Como o poema aborda a relação do ser humano com a natureza?

      O poema critica a arrogância humana ao destacar que o ser humano se considera anfíbio e morre afogado, além de ser o único que polui e aterroriza o meio ambiente, justificando suas ações.

05 – Qual a visão do poema sobre o comportamento humano em relação ao sexo?

      O poema satiriza a complexidade humana ao mencionar que o ser humano precisa de manual de instruções para o sexo e cria bonecos infláveis como representação da fêmea.

06 – Qual o tom predominante do poema?

      O tom predominante do poema é satírico e crítico, utilizando o humor para evidenciar as contradições e absurdos do comportamento humano.

07 – Qual a mensagem central do poema?

      A mensagem central do poema é uma reflexão crítica sobre a natureza humana, destacando a complexidade, as contradições e os comportamentos únicos da espécie, muitas vezes de forma satírica e irônica.

 

sexta-feira, 28 de março de 2025

POESIA: PARA MASCAR COM CHICLETS - (FRAGMENTO) - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

 Poesia: Para Mascar Com Chiclets – Fragmento

            João Cabral de Melo Neto

Quem subiu, no novelo do chiclets,

ao fim do fio, ou do desgastamento,

sem poder não sacudir fora, antes,

a borracha infensa e imune ao tempo;

imune ao tempo ou o tempo em coisa,

em pessoa, encarnado nessa borracha,

de tal maneira, e conforme ao tempo,

o chiclets ora se contrai, ora se dilata,

e consubstante ao tempo, se rompe,

interrompe, embora logo se remende,

e fique a romper-se, a remendar-se,

sem usura nem fim, do fio de sempre.

No entanto quem, e saberente que ele

não encarna o tempo em sua borracha,

quem já ficou num primeiro chiclets,

sem reincidir nessa coisa (ou nada).

[...]

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2M6bpVG4Q1fDyO_Z2_S2O8_NBf5rZkmRNhlpKV8dNqMB7X2Yo9uYGYkWcHgTixr5UKz_gIaSWYUk4sckvUNd6kLnxZB5JpTe7C1QXJxrO1FR8lydEkf3nbnxuBIvSmSU4rbIz2hfWFsvbH3cju7SBzcOY5mgE4XNAQ_VmLambljl6HLW27jzz3Tf8wKA/s320/CHICLETS.jpeg


Melo neto, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1994.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 403.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a metáfora central do poema?

      A metáfora central do poema é a do chiclete como representação do tempo e da experiência humana. O chiclete, com sua capacidade de se esticar, romper e remendar, simboliza a natureza efêmera e contínua do tempo.

02 – Como o tempo é personificado no poema?

      O tempo é personificado na borracha do chiclete, que se contrai, dilata, rompe e remenda, refletindo a natureza mutável e cíclica do tempo.

03 – Qual a reflexão sobre a experiência humana presente no poema?

      O poema reflete sobre a tendência humana de repetir experiências, mesmo sabendo que elas não encarnam a essência do tempo. A pergunta "quem já ficou num primeiro chiclets, sem reincidir nessa coisa (ou nada)" sugere a dificuldade de romper com padrões repetitivos.

04 – Qual a visão do poeta sobre a natureza do tempo?

      O poeta apresenta uma visão do tempo como algo que está em constante movimento, transformação e renovação. O tempo é visto como uma força que molda a experiência humana, mas que não pode ser completamente compreendida ou controlada.

05 – Qual a importância da repetição no poema?

      A repetição de palavras e frases, como "imune ao tempo", "romper-se, a remendar-se" e "fio de sempre", enfatiza a natureza cíclica do tempo e a persistência da experiência humana. A repetição também cria um ritmo que imita o movimento contínuo do chiclete e do tempo.