Mostrando postagens com marcador POESIA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador POESIA. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

POESIA: OS LUSÍADAS - CONTO I - FRAGMENTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: OS LUSÍADAS – Canto I – Fragmento

             Luís de Camões

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpxNKFun5gbIeaD4Vx2oFkxZxZAjUnTs7Hx4ZI3JTqoqvHVdgyXGwkxkUN5PaEvmo2I1_GvyxByZWveJ44SmSb3eOLovBpf0Vu4YYNDchi51LiVPdFXrxm0xt2w568mKPMZ9_8das96CfSxd7A5AEF2KmyymHyJyuI8hp7Fb_qjzMfIZ68pX4Jww9aAZA/s320/PRAIA.jpg

E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando,

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

 

Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandro e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

A quem Neptuno e Marte obedeceram.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, Tágides minhas, pois criado.

[...]

Rosemeire da Silva e Carlos Cortez (introdução e comentário). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 22.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 119.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Taprobana: atual Sri Lanka.

·        Esforçados: equivalente a barões dedicados, empenhados, lutadores.

·        Edificaram: fundaram.

·        Sublimaram: elevaram.

·        Terras viciosas: terras não cristãs.

·        Engenho: inspiração, talento.

·        Arte: ter capacidade de escrever de acordo com as regras da poesia épica.

02 – Qual é o tema central do fragmento e qual a sua importância para a obra como um todo?

      O tema central do fragmento é a exaltação dos feitos dos portugueses, em especial suas grandes navegações e conquistas. Essa introdução estabelece o tom épico de toda a obra, posicionando Portugal como uma nação heroica e destinada à grandeza.

03 – A quem o poeta se dirige no início do poema e qual a intenção dessa invocação?

      O poeta se dirige às Tágides, ninfas do rio Tejo, solicitando sua inspiração para a composição do poema. Essa invocação é uma tradição da poesia épica, servindo para conectar o poeta à musa inspiradora e conferir maior autoridade à sua narrativa.

04 – Quais são os feitos dos portugueses que o poeta destaca no fragmento?

      O poeta destaca as grandes navegações portuguesas, que ultrapassaram os limites conhecidos até então, e as conquistas em terras distantes como a África e a Ásia. Além disso, celebra a expansão da fé cristã e a criação de um novo reino.

05 – Qual a relação entre o passado glorioso de Portugal e o presente do poeta?

      O poeta busca conectar o passado glorioso de Portugal, marcado pelas grandes navegações e conquistas, com o presente, celebrando a identidade nacional e buscando inspiração nos feitos de seus antepassados para compor sua obra.

06 – Como o poeta se posiciona em relação aos feitos de outros heróis da antiguidade?

      O poeta coloca os feitos dos portugueses em um patamar superior aos feitos de heróis da antiguidade como Alexandre, o Grande, e os troianos, afirmando que a história de Portugal merece ser cantada de forma mais grandiosa e sublime.

 

 

domingo, 17 de novembro de 2024

POESIA: TU SÓ, TU, PURO AMOR, COM FORÇA CRUA - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Poesia: Tu só, tu, puro amor, com força crua

             Camões

Tu só, tu, puro amor, com força crua

Que os corações humanos tanto obriga,

Deste causa à molesta morte sua,

Como se fora pérfida inimiga.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgECRRVNC1AJuFHRDx44zxz6e5zvJ47a9mtUMvVnHmba-GOx_RVpqOW0-k9CXDTzd2ZrxWgvUeczOyS3nJsyRPWiP8b1NG_VmuN7YW0yUWObkwr042aeIy3cX6A0_a7kPQU2chh2QAjRXSYT7jI9wXGi79YC3HNMFwjmIxNuyR5_CEEHabdsVo1J-O2jn4/s320/CORA%C3%87%C3%83O.png


Se dizem, fero Amor, que a sede tua

Nem com lágrimas tristes se mitiga,

É porque queres, áspero e tirano,

Tuas aras banhar em sangue humano.


Estavas, linda Inês, posta em sossego

De teus anos colhendo doce fruito,

Naquele engano da alma ledo e cego,

Que a fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas,

O nome que no peito escrito tinhas.

Rosemeire da Silva e Carlos C. Minchillo (introdução e comentários). A poesia épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 34.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 159.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Molesta: lastimosa; funesta.

·        Pérfida: desleal; traidora.

·        Fero: feroz; sanguinário; cruel.

·        Mitiga: alivia; suaviza; aplaca.

·        Aras: altar; mesa para sacrifícios religiosos.

·        Posta em sossego: repousando após a morte.

·        Iedo: feliz, contente.

·        Mondego: rio da região central de Portugal.

·        Fremosos: formoso, graciosos, belo.

02 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema gira em torno do tema do amor como força implacável e destrutiva. Camões retrata o amor como um sentimento que pode levar à morte, comparando-o a um inimigo cruel e impiedoso. A história de Inês de Castro serve como exemplo dessa força cega e apaixonada.

03 – Qual o papel da figura de Inês de Castro no poema?

      Inês de Castro é a personificação da beleza, da inocência e da felicidade. Sua morte trágica, causada pela paixão de Pedro por ela, serve como um exemplo da crueldade do amor e do poder da paixão sobre a razão.

04 – Qual o significado da expressão "força crua" no contexto do poema?

      A expressão "força crua" refere-se à intensidade e à brutalidade do amor. O amor é apresentado como uma força da natureza, indomável e capaz de causar sofrimento e destruição.

05 – O que o poeta quer dizer com a frase "Tuas aras banhar em sangue humano"?

      Essa frase significa que o amor exige sacrifícios e que, muitas vezes, esses sacrifícios são representados pela morte. O amor é comparado a um deus cruel que se alimenta do sofrimento humano.

06 – Qual a relação entre o amor e a morte no poema?

      O poema estabelece uma relação íntima entre o amor e a morte. O amor é apresentado como uma força tão poderosa que pode levar à morte. A morte de Inês de Castro é a prova de que o amor, quando não é correspondido ou quando encontra obstáculos, pode ter consequências trágicas.

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POESIA: VALSA - CARLINHOS VERGUEIRO - COM GABARITO

 Poesia: Valsa

            Carlinhos Vergueiro

Eu não vim de longe
Eu não sou um monge
Eu não faço ioga
Eu não sei de tudo
Não estou em voga
Eu não fico mudo
Não sufoco o riso
Eu não apregoo
Não aperfeiçoo
Eu nunca medito
Eu estou na rua
Eu não sou maldito
E quem bebe
Bebe a dor
E quem joga
Joga a dor
Quem se agita
Agita a dor
Quem trabalha
Engana a dor.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Lg5gKuOuUMkvu_z9nc8pSkd7F4sbu5Te6kJVAXABWRKHMozxLbkT1DMTtrKWJ6wPyoj71-Hx6xJRT3oM8EVeSMp6FfIYvVkTbrWxh73MmU9gWp6tA8X0IhnXVzYL-mUEb5ecplpJO_mGlxirM9wUou4QqHeb_IhoYbbHor2ksThPQh5vOYkKJ3wNOY4/s320/VALSA.jpg


Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 305.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal mensagem transmitida pelo poema?

      A principal mensagem do poema é uma crítica à postura intelectualizada e distante da vida, representada por figuras como o monge, o iogue e o intelectual que "sabe de tudo". O poeta contrapõe essa figura a uma postura mais simples, autêntica e engajada com a realidade, representada pelo "eu" lírico que "está na rua" e "não é maldito". A valsa, como ritmo musical, serve como metáfora para a vida, que é marcada por altos e baixos, alegrias e tristezas.

02 – Como o poeta constrói a oposição entre a figura do intelectual e a figura do "eu" lírico?

      O poeta constrói essa oposição através da negação de características típicas do intelectual, como o estudo aprofundado, a busca pela perfeição e a meditação. Em contrapartida, ele afirma sua presença no mundo real, sua autenticidade e sua capacidade de sentir e expressar suas emoções. A repetição da negação ("Eu não...") enfatiza essa oposição e cria um ritmo poético que contrasta com a seriedade do discurso intelectual.

03 – Qual o papel da dor na visão de mundo do poeta?

      A dor é um elemento central na visão de mundo do poeta. Ela é universal e inevitável, presente em todas as esferas da vida: quem bebe, joga, se agita ou trabalha, de alguma forma, "engana a dor". A dor não é vista como algo negativo, mas como uma parte integrante da experiência humana, que nos torna mais fortes e autênticos.

04 – Qual a relação entre o título "Valsa" e o conteúdo do poema?

      O título "Valsa" sugere uma dança leve e elegante, que contrasta com a temática da dor e do sofrimento presente no poema. Essa contradição pode ser interpretada como uma metáfora para a vida, que é marcada por momentos de alegria e tristeza, de leveza e de peso. A valsa, como ritmo musical, representa a complexidade da experiência humana, que não se resume a momentos de felicidade ou de sofrimento, mas a uma constante oscilação entre ambos.

05 – Qual o papel da linguagem poética na construção do sentido do poema?

      A linguagem poética desempenha um papel fundamental na construção do sentido do poema. A repetição de estruturas sintáticas e a utilização de versos curtos e rimados conferem ao texto um ritmo musical que evoca a dança da valsa. A simplicidade da linguagem e a ausência de adjetivos rebuscados contribuem para criar uma atmosfera de informalidade e autenticidade, aproximando o leitor do "eu" lírico.

 

 

POESIA: ROMANCE II OU DO OURO INCANSÁVEL - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Poesia: Romance II ou Do Ouro Incansável

             Cecília Meireles

Mil BATEIAS vão rodando
sobre córregos escuros;
a terra vai sendo aberta
por intermináveis sulcos;
infinitas galerias
penetram morros profundos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzArYc3xGdTp-fqBCI9GdV51N18ibAdZDqCNF6QOVV8yGbQiSzkpq5nben-RC1dhL7RIRk3xkhJmKD_pslBJg6aybjVjIC2H_S_JNGvvsfoZgN2T7ZSZGBz6-LmYqETHeoKk34M4DexGP5GhGl-Kuuz9wHWNPNQgrL4eVkDHTsATPTdtPXqFX6awKRLG4/s1600/FLOR.jpg


De seu calmo esconderijo,
o ouro vem, dócil e ingênuo;
torna-se pó, folha, barra,
prestígio, poder, engenho . . .
É tão claro! — e turva tudo:
honra, amor e pensamento.

Borda flores nos vestidos,
sobe a opulentos altares,
traça palácios e pontes,
eleva os homens audazes,
e acende paixões que alastram
sinistras rivalidades.

Pelos córregos, definham
negros a rodar bateias.
Morre-se de febre e fome
sobre a riqueza da terra:
uns querem metais luzentes,
outros, as redradas pedras.

Ladrões e contrabandistas
estão cercando os caminhos;
cada família disputa
privilégios mais antigos;
os impostos vão crescendo
e as cadeias vão subindo.

Por ódio, cobiça, inveja,
vai sendo o inferno traçado.
Os reis querem seus tributos,
— mas não se encontram vassalos.
Mil bateias vão rodando,
mil bateias sem cansaço.

Mil galerias desabam;
mil homens ficam sepultos;
mil intrigas, mil enredos
prendem culpados e justos;
já ninguém dorme tranquilo,
que a noite é um mundo de sustos.

Descem fantasmas dos morros,
vêm almas dos cemitérios:
todos pedem ouro e prata,
e estendem punhos severos,
mas vão sendo fabricadas
muitas algemas de ferro.

Cecilia Meireles. Poesias completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 288.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal atividade descrita no poema e quais são suas consequências?

      A atividade principal descrita é a mineração do ouro. Suas consequências são diversas e abrangentes, indo desde a transformação da paisagem (com a abertura de minas e galerias) até a transformação da sociedade, com o surgimento de desigualdades sociais, crimes e conflitos. O ouro, inicialmente visto como algo valioso e desejável, acaba por corromper e destruir.

02 – Como o ouro é retratado no poema? Quais são seus poderes e suas perversões?

      O ouro é retratado como uma força ambígua. De um lado, é visto como um metal precioso, capaz de trazer riqueza, poder e prestígio. De outro, é apresentado como a raiz de todos os males, corruptendo aqueles que o buscam e causando sofrimento e morte. O ouro é capaz de transformar a natureza, a sociedade e até mesmo a alma humana.

03 – Quais são os diferentes grupos sociais retratados no poema e como eles são afetados pela busca pelo ouro?

      O poema retrata diversos grupos sociais, como os mineradores, os proprietários de terras, os contrabandistas, os reis e o povo em geral. Todos são afetados pela busca pelo ouro, cada um à sua maneira. Os mineradores sofrem com as condições de trabalho, as doenças e a morte. Os proprietários de terras se enriquecem, mas vivem em constante disputa por mais poder. Os contrabandistas exploram a situação caótica para obter lucros. Os reis exigem cada vez mais tributos, enquanto o povo sofre com a miséria, a opressão e a violência.

04 – Qual a relação entre o ouro e a natureza no poema?

      A relação entre o ouro e a natureza é marcada pela destruição. A busca pelo ouro leva à exploração desenfreada dos recursos naturais, causando danos irreversíveis ao meio ambiente. As minas e as galerias destroem a paisagem, enquanto a contaminação dos rios e do solo afeta a vida de todos os seres vivos.

05 – Que sentimentos e emoções são transmitidos pelo poema?

      O poema transmite uma ampla gama de sentimentos e emoções, como a ambição, a cobiça, a inveja, o ódio, a tristeza, a angústia e a desesperança. A busca pelo ouro é retratada como uma força destrutiva que corrompe os corações dos homens e leva à ruína da sociedade.

06 – Qual a crítica social presente no poema?

      A crítica social presente no poema é direcionada à sociedade colonial, marcada pelas desigualdades sociais, pela exploração, pela violência e pela corrupção. A busca pelo ouro é utilizada como metáfora para denunciar os excessos e os vícios daquela época.

07 – Qual o papel da linguagem poética na construção do sentido do poema?

      A linguagem poética desempenha um papel fundamental na construção do sentido do poema. As metáforas, as comparações, a musicalidade dos versos e a escolha cuidadosa das palavras contribuem para criar uma atmosfera densa e carregada de significado. A linguagem poética permite que o leitor visualize as cenas descritas, sinta as emoções dos personagens e compreenda a complexidade da temática abordada.

 

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

POESIA: LAVOISIER - CARLOS DE OLIVEIRA - COM GABARITO

 Poesia: Lavoisier

Na poesia,
natureza variável
das palavras,
nada se perde
ou cria,
tudo se transforma:
cada poema,
no seu perfil
incerto
e caligráfico,
já sonha
outra forma.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeulL0JrtOWruDCBv1arPs85AFZVB3Remdex6WTMr3q3z-UljP774_Iz-sK4_4x3xVc2R9fo2fud9ZB0cIZ4uioamXQyRtTKROU9ftZlLOaHeOQ24ruQRq4RFCXD-2gFdMOdyFLiaKDx-IIvIdpaLwuHdkMDrq7w0_j0V_huXwZm58ZxYYlk4ZZW-4pEA/s320/LEI.jpg

 

Carlos de Oliveira in Sobre o lado esquerdo, Iniciativas Editoriais, 1968.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 205.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a relação entre a lei de Lavoisier e o processo de criação poética, segundo o poema?

      O poema estabelece um paralelo entre a lei da conservação da massa de Lavoisier, que afirma que nada se cria e nada se perde, tudo se transforma, e o processo de criação poética. Assim como na natureza, as palavras, na poesia, não são destruídas ou criadas do nada, mas transformadas em novas combinações, dando origem a novos significados e sentidos.

02 – O que significa a expressão "natureza variável das palavras"?

      A expressão "natureza variável das palavras" indica que as palavras não possuem um significado fixo e imutável. Pelo contrário, seu significado pode variar de acordo com o contexto em que são utilizadas e com a interpretação do leitor. As palavras são como átomos que se combinam de diferentes formas, criando infinitas possibilidades de sentido.

03 – Qual a importância do "perfil incerto e caligráfico" do poema?

      O "perfil incerto e caligráfico" do poema se refere à sua natureza imprecisa e subjetiva. Cada leitor pode encontrar diferentes significados e interpretações em um mesmo poema, assim como cada poema pode gerar novas interpretações ao longo do tempo. Essa incerteza é parte essencial da experiência poética.

04 – O que significa a afirmação de que "cada poema já sonha outra forma"?

      Essa afirmação sugere que o poema está em constante transformação, mesmo após sua criação. Cada leitura é uma nova interpretação, que pode gerar novas possibilidades de significado. Além disso, o poema pode inspirar outros poemas, dando origem a novas formas e expressões.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é que a linguagem poética é um processo dinâmico e criativo. As palavras são ferramentas que podem ser moldadas e transformadas para criar novos mundos e novas realidades. A poesia é uma forma de conhecimento que nos permite explorar a complexidade da linguagem e da experiência humana.

 

POESIA: CANÇÃO DO AMOR-PERFEITO - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Poesia: Canção do Amor-Perfeito

            Cecília Meireles

O tempo seca a beleza.
Seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
Desunido para sempre
Como as areias nas águas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDW71SUacoB5tkR8ux7asNCsfyDRr4OUAUepQzviDqH11PKXIyggaMT5zlPONbFxhbNYJBumpr_qx0MNVO4o5R8Fx3P0jX9VuI2LyX_0Ih5nClIt7D0L1lmaVZBIeQ7OOdr3YNPd5J6yE4-TVsCpCwjcm68IKwV9h9oCvN5w-NsgmeS6f3uPFwmur4JYY/s320/palavras.jpg


O tempo seca a saudade,
Seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
Vagando seco e vazio
Como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
E suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
Vestígio do musgo humano,
Na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
Com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
Não na terra, Amor-Perfeito,
Num tempo depois das almas.


MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 186.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal temática abordada no poema?

      A principal temática do poema é a efemeridade da vida e a ação irreversível do tempo. Meireles explora a ideia de que o tempo desgasta os sentimentos, as relações e as lembranças, deixando para trás apenas vestígios e memórias esquecidas.

02 – Qual a função da metáfora do tempo "secando" tudo?

      A metáfora do tempo "secando" tudo representa a passagem do tempo como um processo de desidratação, de perda da vitalidade e da intensidade. A água, símbolo da vida e da emoção, é gradativamente evaporada pelo tempo, deixando para trás apenas a aridez e a solidão.

03 – Que sentimentos o poema evoca no leitor?

      O poema evoca uma sensação de melancolia e saudade. A imagem da beleza e do amor sendo desgastados pelo tempo desperta um sentimento de perda e de nostalgia. Ao mesmo tempo, a espera paciente pelo tempo "depois das almas" sugere uma esperança de que algo possa perdurar além da morte.

04 – Qual a relação entre o título "Canção do Amor-Perfeito" e o conteúdo do poema?

      O título "Canção do Amor-Perfeito" cria uma ironia com o conteúdo do poema. O amor-perfeito é uma flor delicada e bela, que representa a perfeição e a eternidade. No entanto, o poema demonstra que mesmo o amor mais perfeito está sujeito à ação do tempo e à inevitabilidade da mudança.

05 – Como a natureza é utilizada como metáfora no poema?

      A natureza é utilizada como metáfora para representar os ciclos da vida e a ação do tempo. As "areias nas águas", as "conchas das praias" e a "turfa mortuária" são imagens que evocam a passagem do tempo e a transformação constante da natureza. A espera pelo tempo "depois das almas" sugere uma transcendência da experiência terrena, semelhante à transformação de um ser vivo em parte da natureza.

 

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

POESIA: A BOMBA ATÔMICA i - (FRAGMENTO) - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Poesia: A bomba atômica I – Fragmento

             Vinícius de Moraes

Dos céus descendo
Meu Deus eu vejo
De paraquedas?
Uma coisa branca
Como uma forma
De estatuária
Talvez a forma
Do homem primitivo
A costela branca!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE0ZGmVVXTZEfdtFIoJihCJ6ffKcZas3_dwaAlL8SvroZtSC5wDCYJtXUMVYMBBRucPrgyrkIHfzoInljAUhn4iNkT-I3jZhLea8yQPoXILJ43JyIvN2ahUOd1hKZqICRhpEXyou_QmqCrD44ELgiX6KQEYDnlCF6qN5CGTluDWXptActFNfWkvxGxlaM/s320/BOMBA.png 
  

Talvez um seio
Despregado à lua
Talvez o anjo
Tutelar cadente
Talvez a Vênus
Nua, de clâmide
Talvez a inversa
Branca pirâmide
Do pensamento
Talvez o troço
De uma coluna
Da eternidade
Apaixonado
Não sei indago
Dizem-me todos
É A BOMBA ATÔMICA.

Vinícius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 23.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal sensação evocada pelos versos iniciais do poema?

      Os versos iniciais ("Dos céus descendo / Meu Deus eu vejo / De paraquedas?") evocam uma sensação de espanto e mistério, como se o eu lírico estivesse diante de uma aparição celestial ou de um objeto desconhecido e grandioso. A imagem do "paraquedas" contrasta com a gravidade da situação que se revelará posteriormente, criando um efeito de suspense.

02 – Como o poeta descreve a forma da bomba atômica?

      O poeta utiliza diversas comparações para descrever a forma da bomba, como "uma coisa branca", "uma forma de estatuária", "a costela branca", "um seio despregado à lua", entre outras. Essas comparações revelam a dificuldade do eu lírico em compreender e descrever a forma estranha e aterrorizante do objeto. A variedade de imagens também sugere a complexidade e a imprevisibilidade da bomba atômica.

03 – Qual o significado da "inversa branca pirâmide do pensamento"?

      A "inversa branca pirâmide do pensamento" é uma metáfora complexa e abstrata. Ela pode ser interpretada como uma representação da destruição da racionalidade e do conhecimento diante da força bruta da bomba atômica. A pirâmide, símbolo de ordem e construção, aparece invertida, sugerindo a subversão de valores e a fragilidade da civilização.

04 – Qual a importância da repetição da palavra "talvez" no poema?

      A repetição da palavra "talvez" expressa a incerteza e a perplexidade do eu lírico diante do objeto observado. O poeta não tem certeza do que está vendo e busca em diversas comparações uma explicação para o que parece ser inexplicável. Essa incerteza reflete a própria natureza da bomba atômica, que representa uma força desconhecida e aterrorizante para a humanidade.

05 – Qual a principal temática do poema?

      O poema "A bomba atômica I" aborda a temática da destruição e da violência, representadas pela bomba atômica. Vinícius de Moraes utiliza uma linguagem poética e repleta de metáforas para expressar o horror e a perplexidade diante desse poder destrutivo. A obra também pode ser interpretada como uma reflexão sobre a condição humana e a fragilidade da civilização.

 

 

POESIA: CANTIGA DE AMOR (TROVADORISMO) - BERNARDO DE BONAVAL

 Poesia: Cantiga de amor (Trovadorismo)

             Bernardo de Bonaval

A dona que eu sirvo e que muito adoro
Mostrai-ma, ai Deus! Pois vos imploro,
Senão, dai-me a morte.


Essa que é luz destes olhos meus
Por quem sempre choram, mostrai-ma, ai Deus!
Senão, dai-me a morte.

Essa que entre todas fizeste formosa,
Mostrai-ma, ai Deus! Onde vê-la eu possa,
Senão, dai-me a morte.

A que me fizestes mais que tudo amar,
Mostrai-ma onde possa com ela falar,
Senão, dai-me a morte.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLzdmJRicekuLoHrIhdLAIDF3InI2c8f5d9oFDGde5yF25642-N3JIXC5_dgk7lFhDJXIfAULiZbG9nxgT-WWPyxc0IOd-HrLPckVUJCxEG4MOMuJhBn2-4SpY8D5F6SrE6jXEuCmDR839FlwgD-SaOSEtscHRnOWIqwVxvYmU97LGxGH9pu6rTCykq5I/w196-h217/CANTIGA.jpeg

Bernardo de Bonaval.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 1 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 158.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico na cantiga?

      A principal emoção expressa é o amor intenso e sofrido pelo eu lírico em relação à dama. Ele demonstra uma profunda saudade e desejo de vê-la, a ponto de implorar a Deus por esse encontro ou, caso contrário, pela morte.

02 – Que papel desempenha a figura divina na cantiga?

      A figura divina desempenha um papel central na cantiga, sendo invocada pelo eu lírico para interceder em seu favor. Deus é visto como um mediador entre o amante e a amada, com o poder de realizar seus desejos e aliviar seu sofrimento amoroso.

03 – Quais são as principais características da dama idealizada na poesia trovadoresca?

      A dama idealizada na poesia trovadoresca é geralmente descrita como superior ao eu lírico, inacessível e bela. Ela é um objeto de culto e adoração, e o amor por ela é visto como uma força que eleva o trovador. Na cantiga de Bernardo de Bonaval, a dama é descrita como "luz destes olhos meus" e "entre todas fizeste formosa".

04 – Que tipo de sofrimento o eu lírico experimenta por causa do amor não correspondido?

      O sofrimento do eu lírico é intenso e constante. Ele chora pela amada, sente-se incompleto sem ela e deseja ardentemente a reciprocidade de seus sentimentos. A ausência da dama causa-lhe uma dor profunda, que só pode ser aliviada com seu encontro ou com a morte.

05 – Qual a importância da repetição na construção do sentido da cantiga?

      A repetição é um recurso expressivo fundamental na cantiga de amor, contribuindo para a criação de um ritmo e uma sonoridade que intensificam a emoção expressa. A repetição do pedido a Deus para ver a amada ou, caso contrário, a morte, reforça a intensidade do desejo do eu lírico e a impossibilidade de encontrar alívio para seu sofrimento.

 

 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

POESIA: SEM BARRA - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 Poesia: Sem Barra

            José Paulo Paes

 Enquanto a formiga

Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro. 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcWszlYM7pjw6DOMV89YJqIJFM1tuAexyd82c8X9uSLlqhVyMHU0J3rD1qRDB_U6FyO6WMLSSFYOG-S5gTdUZGHUBSYLumg-nZNcPmvQ8NuJQpr-mDHo3IlT5vlL8izkrwhPJTGPGqf3H6ewFHzA4JkwcypDv6MOiOwQPAYwqKXxz1cDcptEiz5gOKBnw/s1600/cigarra.jpg


A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga. 

Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga.

José Paulo Paes. In: Henriqueta Lisboa et alii. Varal de poesia. São Paulo: Ática, 2003. p. 50.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 23.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o contraste estabelecido entre a formiga e a cigarra no poema?

      No poema, a formiga é associada ao trabalho constante, enquanto a cigarra é ligada ao canto e à diversão. A formiga representa o esforço e a produção, enquanto a cigarra simboliza o lazer e o entretenimento.

02 – Qual é a função da cigarra no poema?

      A cigarra, com seu canto, desempenha o papel de aliviar a fadiga do trabalho da formiga. Sem o canto da cigarra, o trabalho da formiga seria muito mais pesado e difícil de suportar.

03 – O que o poema sugere sobre o equilíbrio entre trabalho e lazer?

      O poema sugere que tanto o trabalho (representado pela formiga) quanto o lazer (representado pela cigarra) são importantes e se complementam. O canto da cigarra ajuda a tornar o trabalho da formiga mais suportável, sugerindo que o lazer é necessário para equilibrar a vida.

04 – Qual é a crítica implícita ao modo de vida baseado apenas no trabalho?

      A crítica implícita no poema é que uma vida apenas de trabalho, sem momentos de descanso ou lazer, seria exaustiva e difícil. O poema valoriza o papel da cigarra, mostrando que a diversão e o descanso são essenciais para aliviar a pressão do trabalho.

05 – Como o título "Sem Barra" se relaciona com a mensagem do poema?

      A expressão "sem barra" pode ser interpretada como "sem dificuldades excessivas". O poema mostra que, sem o canto da cigarra (lazer), o trabalho da formiga seria uma "barra" (ou seja, algo muito difícil). Portanto, o título sugere que o equilíbrio entre trabalho e lazer é necessário para evitar que a vida se torne insuportável.

 

 

domingo, 23 de junho de 2024

POESIA: O SOLDADO E A TROBETA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poesia: O Soldado e a Trombeta

             Olavo Bilac

Um velho soldado
Um dia por terra
A espada atirou;
Da guerra cansado,
Com nojo da guerra.
As armas quebrou.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEP-ZslidZ23SDplGRpFcJO7VZa2V6t7MxLWYpPEngkY2HPNt9Jv3x7S5Y_YhDdnCRcSxGHV9frmOgfu98LpmWSDS7EyKIf47jUHMK7WVSdVxGEO4A_v1UQC66YzxUWXwHrS-8qlRzJZ6pXTPGkBcRUadlfFvrWAOQ1pyY3wLXSs7HkF3vOu65YzQ7q7U/s320/TROMBETA.png



Entre elas estava
Trombeta esquecida:
Era ela que no ar
Os toques soltava,
E à luta renhida
Tocava a avançar.

E disse: “Meu dono,
É justo que a espada
Tu quebres assim!
Mas que, no abandono,
Fique eu sossegada!
Não quebres a mim!

Cantei tão somente...
Não sejas ingrato
Comigo também!
Eu sou inocente:
Não piso, não mato,
Não firo a ninguém...
Nas horas da luta
Alegre ficavas,
Ouvindo o meu som.
Atende-me! escuta!
Se então me estimavas,
Agora sê bom!”

E o velho guerreiro
Lhe disse: “Maldita!
Prepara-te! sus!

Teu som zombeteiro
As gentes excita,
À guerra conduz!”
Terrível, irado,
Jogou-a por terra,
Sem dó a quebrou...
E o velho soldado,
Cansado da guerra
Por fim repousou.

BILAC, Olavo. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1929. Disponível em: https://literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/poesias_infantis_de_olavo_bilac-1htm#Osoldadoeatrombeta. Acesso em: 2 jun. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 50-51.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Renhida: disputa cruel, sangrenta.

·        Sê: o mesmo que seja (seja bom).

·        Sus: interjeição com sentido de “coragem”, “ânimo!”.

·        Zombeteiro: que zomba dos outros.

02 – Quem são os personagens da poesia de Olavo Bilac?

      Os personagens são um velho soldado e uma trombeta.

03 – As características “cansado” e “com nojo da guerra” descrevem o que na poesia?

      Descrevem o velho soldado.

04 – Localize no título a que gênero pertence a história contada nessa poesia.

      No título da poesia se encontra o termo “fábula”, que define o gênero da história contada na poesia.