quarta-feira, 9 de abril de 2025

MINICONTO: O POMBO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Miniconto: O pombo

                 Rubem Braga

        Vinícius de Moraes contava ter ouvido de uma sua tia-avó, senhora idosa muito boazinha, que um dia ela estava na sala de jantar, em sua casa do interior, quando um lindo pombo pousou na janela. A senhora foi se aproximando devagar e conseguiu pegar a ave. Viu então que em uma das patas havia um anel metálico onde estavam escritas umas coisas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQ-y1Ff8jF0pfM6wj4IfzmushOziH2gOEbHPU3EFwwHBWJnrG_wyLWH2CTykX5o7QPybt0OYRJ5sU0rXb7XmiobIRcjMrexOYfdtrtIfVPv1J31MWXzTmZqBshcTox8HKkkVcN95cB9lEhOkm9i78dYCAl_gg6EyqQC6W0kvrZaU6bczX4x8yGql4_qE/s320/istockphoto-1405625971-612x612.jpg


        — Era um pombo-correio, titia.

        — Pois é. Era muito bonitinho e mansinho mesmo. Eu gosto muito de pombo.

        — E o que foi que a senhora fez?

        A senhora olhou Vinícius com ar de surpresa, como se a pergunta lhe parecesse pueril:

        — Comi, uai.

 BRAGA, Rubem. O Recado de Primavera. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1985. p. 76.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 21.

Entendendo o miniconto:

01 – Quem é o narrador da história dentro do miniconto?

      O narrador é Rubem Braga, que relata uma história contada por Vinícius de Moraes sobre uma tia-avó dele.

02 – Qual a principal característica da tia-avó de Vinícius de Moraes descrita no início do miniconto?

      Ela é descrita como uma senhora idosa muito boazinha.

03 – Que detalhe chamou a atenção da tia-avó no pombo que pousou em sua janela?

      Ela notou que o pombo possuía um anel metálico em uma de suas patas, com algumas coisas escritas nele.

04 – Qual a explicação de Vinícius de Moraes para o anel na pata do pombo?

      Vinícius explicou à tia que se tratava de um pombo-correio.

05 – Qual a reação inesperada da tia-avó ao ser questionada sobre o que fez com o pombo?

      Ela olhou para Vinícius com surpresa, como se a pergunta fosse infantil, e respondeu simplesmente que o comeu.

 

 

POEMA: SE UM POETA FALAR GATO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Se um poeta falar num gato

             Mário Quintana

Se o poeta falar num gato, numa flor,
Num vento que anda por descampados e desvios
E nunca chegou à cidade...
Se falar numa esquina mal e mal iluminada...
Numa antiga sacada... num jogo de dominó...
Se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo
[que morriam de verdade...
Se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol...
Se não falar em nada
E disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuXMZ1bON9UQyI13q8x3dn7H3RlWYuDsHluJ2ciPr-eqgSEqRjQixX2Lb54Eh4cJcaikGJ-VkI-KR7WxPOU1AdOPym5DiySnQTHOYLJYaOvA0ky2XR4dKz_tfLBCpHZWMlZxxlbvFKjI79jENVMc7UV23F4fce9zvFisx9AHJtFhkuhB6CFfxcpxkOciU/s320/gato-para-colorir1.jpg


Antologia poética. Porto Alegre: Globo, 1972. p. 105.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 65.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a universalidade do amor na poesia. Mário Quintana sugere que, independentemente do assunto abordado, todos os poemas, em sua essência, são manifestações de amor.

02 – Que tipo de imagens o poeta evoca no poema?

      O poeta evoca imagens simples e cotidianas, como um gato, uma flor, o vento, uma esquina mal iluminada, uma sacada antiga, um jogo de dominó, soldadinhos de chumbo e uma escada de caracol. Essas imagens criam uma atmosfera nostálgica e melancólica.

03 – Qual o significado da expressão "tralalá" no poema?

      A expressão "tralalá" representa a liberdade poética. Mário Quintana sugere que, mesmo que o poeta não expresse nada concreto, a essência do poema ainda será o amor.

04 – O que o poema sugere sobre a relação entre a poesia e a vida cotidiana?

      O poema sugere que a poesia pode encontrar beleza e significado nas coisas mais simples da vida cotidiana. As imagens evocadas no poema são todas retiradas do dia a dia, mostrando que a poesia está presente em todos os lugares.

05 – Qual a mensagem principal que Mário Quintana transmite com esse poema?

      A mensagem principal é que o amor é a força motriz por trás de toda a criação poética. Mesmo quando os versos parecem tratar de assuntos diversos, o sentimento que os permeia é sempre o amor.

 

 

 

POEMA: INGREDIENTES - SÉRGIO TROSS - COM GABARITO

 Poema: INGREDIENTES 

           Sérgio Tross

Uma porta que se abre.

Um homem que ergue o braço, o dedo.

Um dedo que se move.

Uma luz que se acende.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgotddmmd_LWEH0aosZxI-W_w5xZLVZ23UISm_7QJKvgSHsIgrNvjTe2V0IzrxfcHtUV3ij6CWe2d1kgIbYkS_bfM4SBKJ1GXqtXUPuWYp9EjR4ZsxKAUQz2RSO0RRwo8MRKOFluMEyVTE_uk9K-cKOjkQKho62jOquH4sGkWFEuK_sJlbec4rWXvvTr9w/s1600/LUZ%20ACESA.jpg

Um passo que é dado.

Um silêncio que estala.

Um gemido que se ouve.

Uma voz que resmunga.

 

Um rosto de mulher que se oculta na cama.

Um rosto de homem que se revela no hálito.

Uma interrogação que incomoda, feminina.

Uma resposta que não satisfaz, masculina.

Uma interrogação que se repete, feminina.

Uma resposta que agride, masculina.

Um palavrão que desabafa, feminino.

Um tapa que estala, masculino.

Um grito de dor, feminino.

Um bocejo, masculino.

 

Eis a receita. E o conto.

Sérgio Tross. Garfo e água fresca.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 67.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a complexidade das relações humanas, especialmente as tensões e conflitos presentes em um relacionamento. Através de uma sequência de imagens e ações, Sérgio Tross constrói uma narrativa que culmina em violência, sugerindo um ciclo de agressão e dor.

02 – Como o poema utiliza a linguagem para criar tensão?

      O poema utiliza uma linguagem concisa e direta, com frases curtas e objetivas que descrevem ações e reações. Essa simplicidade, paradoxalmente, intensifica a tensão, pois cada palavra carrega um peso significativo. A ausência de detalhes e explicações deixa o leitor com uma sensação de suspense e apreensão, culminando no clímax violento.

03 – Qual o significado da expressão "Eis a receita. E o conto"?

      A expressão final do poema, "Eis a receita. E o conto", sugere que as ações descritas anteriormente são ingredientes para uma narrativa, um "conto" de violência e dor. A palavra "receita" implica que há um padrão, uma fórmula para esses conflitos, enquanto "conto" os transforma em uma história com começo, meio e fim, mesmo que este fim seja trágico.

04 – Como a alternância entre vozes femininas e masculinas contribui para o significado do poema?

      A alternância entre vozes femininas e masculinas destaca o desequilíbrio de poder na relação. As interrogações femininas, que buscam compreensão, são recebidas com respostas masculinas que agridem, culminando no tapa e no grito de dor. Essa dinâmica reforça a ideia de um ciclo de violência, onde a mulher é subjugada e o homem exerce o poder de forma agressiva.

05 – Qual a crítica social presente no poema?

      O poema apresenta uma crítica social à violência doméstica e à desigualdade de gênero. Ao descrever um padrão de agressão e dor, Sérgio Tross expõe a fragilidade das relações humanas e a urgência de combater a violência contra a mulher. A conclusão do poema, "Eis a receita. E o conto", sugere que essa violência não é um evento isolado, mas sim um problema sistêmico que se repete.

POESIA: AMOR - PABLO NERUDA - COM GABARITO

 Poesia: Amor

           Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não querer-te chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHBQ6xAKMouVieum6xSCOLTafgoudrSFRwfCK1I9O525oeUsLoGwbBhz-nsY7EEPzxuyABnUD79SeeSVWTlXccW79DEUioc3jEVAYZ9TtzGnlm_b7v2P8e9jRTCQZzbrXW7axYOfCY2I_sV2Dp4dHtapovcZMS7628uR6FLTJi8KRj2kP03yTa4J0SlNc/s320/pngtree-cartoon-love-red-love-heart-shaped-dialog-png-image_368186.jpg



Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,

Nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor, a sangue e fogo.

Pablo Neruda. Tradução de Thiago de Mello. In: Presente de um poeta. 3. ed. São Paulo: Ver, 2003. p. 47.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 74.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a natureza paradoxal do amor. Neruda explora a intensidade contraditória do sentimento, onde amor e ódio, presença e ausência, esperança e desespero se entrelaçam. O poema captura a essência de um amor que é ao mesmo tempo arrebatador e doloroso.

02 – Como o poema utiliza a linguagem para expressar a intensidade do amor?

      Neruda utiliza uma linguagem carregada de paradoxos e antíteses para expressar a intensidade do amor. Frases como "odeio-te sem fim e odiando te rogo" e "não te ver e amar-te como um cego" ilustram a contradição do sentimento. Além disso, o uso de imagens fortes, como "a sangue e fogo", intensifica a paixão avassaladora descrita no poema.

03 – Qual o significado da expressão "Nesta história só eu me morro"?

      A expressão "Nesta história só eu me morro" revela a natureza unilateral do amor descrito no poema. O eu lírico sente que está se consumindo nesse amor, que o está destruindo. Essa frase também pode sugerir um sentimento de solidão e desespero, onde o amor se torna uma experiência solitária e dolorosa.

04 – Como a imagem da "luz de Janeiro", contribui para o significado do poema?

      A imagem da "luz de Janeiro", simboliza a intensidade e o calor do amor, mas também sua capacidade de ferir. O "raio cruel" dessa luz sugere que o amor, apesar de belo e desejado, pode ser doloroso e destrutivo, consumindo o coração do eu lírico.

05 – Qual a mensagem principal que Pablo Neruda transmite com esse poema?

      A mensagem principal do poema é que o amor é uma força complexa e contraditória, capaz de gerar tanto prazer quanto dor. Neruda explora a intensidade desse sentimento, mostrando que o amor pode ser ao mesmo tempo apaixonado e destrutivo, e que muitas vezes leva a um sentimento de solidão.

 

POESIA: EU VEJO UMA GRAVURA - RENALDO JARDIM - COM GABARITO

 Poesia: Eu vejo uma gravura

             Reynaldo Jardim

Eu vejo uma gravura
grande e rasa.
No primeiro plano
uma casa.
À direita da casa
outra casa.
Lá no fundo da casa
outra casa.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD6RkOo6yQHPLQkERcfED0mlqPxZZQpbrcsRvaiveIlmcUQ9TVsV0359I8vhaHJ0XNAEcfJOHC9WwAyOWkcGd3KY4WGoDqrhO-7cHM5gv6lTbwb_4aV6CHFTddROw01dQVRJ3tAKwDV0-thh0QW_rdxhiHkpbdDYHHXjqgrqNIpoK48BBQNETctaHKn0/s1600/CASA.png


Em frente da casa
uma vala:
onde escorre a lama
doutra casa.
E no chão da casa
outra vala:
onde escorre o esgoto
doutra casa.

Esta casa que eu vejo
não se casa
com o que chamamos
uma casa.
Pois as paredes são
Esburacadas
onde passam aranhas
e baratas.
E os telhados são
folhas de zinco.
E podem cair
a qualquer vento.
E matar uma mulher
que mora dentro.
E matar a criança
que está dentro
da mulher que mora
nessa casa.
Ou da mulher que mora
noutra casa.

É preciso pintar
outra gravura
com casas de argamassa
na paisagem.

Crianças cantando
a segurança
da vida construída
à sua imagem.

Joana em flor. Rio de Janeiro: José Álvaro Editor, 1965. p. 63.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 123.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a crítica à precariedade da habitação e das condições de vida em áreas marginalizadas. Reynaldo Jardim utiliza a imagem da "gravura" para representar a realidade crua e desoladora dessas comunidades.

02 – Como a repetição da palavra "casa" contribui para o significado do poema?

      A repetição da palavra "casa" enfatiza a monotonia e a uniformidade das moradias precárias. Essa repetição cria um efeito de estranhamento, pois as "casas" descritas no poema não correspondem ao conceito tradicional de lar, mas sim a estruturas frágeis e insalubres.

03 – Qual o significado das "valas" mencionadas no poema?

      As "valas" representam a falta de saneamento básico e a precariedade da infraestrutura nas áreas marginalizadas. A lama e o esgoto que escorrem pelas valas simbolizam a insalubridade e o risco à saúde que os moradores dessas comunidades enfrentam.

04 – Como a imagem dos "telhados de zinco" contribui para a construção da crítica social?

      Os "telhados de zinco" simbolizam a fragilidade e a precariedade das moradias. A menção à possibilidade de os telhados caírem com o vento e matarem os moradores intensifica a sensação de insegurança e vulnerabilidade.

05 – Qual o significado do verso "Esta casa que eu vejo não se casa com o que chamamos uma casa"?

      Esse verso destaca o contraste entre a realidade das moradias precárias e o conceito idealizado de lar. As "casas" descritas no poema não oferecem segurança, conforto ou dignidade, e por isso não podem ser consideradas como verdadeiros lares.

06 – Como a proposta de "pintar outra gravura" se relaciona com a crítica social presente no poema?

      A proposta de "pintar outra gravura com casas de argamassa na paisagem" representa o desejo de transformar a realidade precária em um cenário de dignidade e segurança. Essa proposta expressa a esperança de construir um futuro melhor para as comunidades marginalizadas.

07 – Qual a mensagem principal que Reynaldo Jardim transmite com esse poema?

      Reynaldo Jardim transmite uma mensagem de denúncia e esperança. O poema expõe a dura realidade das moradias precárias, mas também expressa o desejo de construir um futuro mais justo e digno para todos.

 

CONTO: MENINO - (FRAGMENTO) - LYGIA FAGUNDES TELLES - COM GABARITO

 Conto: Menino – Fragmento

             Lygia Fagundes Telles

        [...]

        Ela apertou-lhe o braço. Esse gesto ele conhecia bem e significava apenas: não insista!

        – Mas, mãe…

        Inclinando-se até ele, ela falou-lhe baixinho, naquele tom perigoso, meio entre os dentes e que era usado quando estava no auge, um tom tão macio que quem a ouvisse julgaria que ela lhe fazia um elogio. Mas só ele sabia o que havia debaixo daquela maciez.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Vg-Rg5fy2tNj4E7DnyzxtrcsjwP4q1cqoU8IBYFht-paIIBjZSgXz5yZwkAFBZtieJTRwAfTJ2LWNJ-srCpFPhk922FrMQIJBP-F_LwHNfkOQXS0m9xo4JN3Qa-X8_qbM3_qoLHUinzF9WYS8spLXM1c9JdXDAjvSwACrV85G3mfrK-6F0wdpPJFrz4/s320/MENINO.jpg


        – Não quero que mude de lugar, está me escutando? Não quero. E não insista mais.

        Contendo-se para não dar um forte pontapé na poltrona da frente, ele enrolou o pulôver como uma bola e sentou-se em cima. Gemeu. Mas por que aquilo tudo? Por que a mãe lhe falava daquele jeito, por quê? Não fizera nada de mal, só queria mudar de lugar, só isso… Não, desta vez ela não estava sendo nem um pouquinho camarada. Voltou-se então para lembrar-lhe que estava chegando muita gente, se não mudasse de lugar imediatamente, depois não poderia mais porque aquele era o último lugar vago que restava; Olha aí, mamãe, acho que aquele homem vem pra cá! Veio. Veio e sentou-se na poltrona vazia ao lado dela.

        [...]

Venha ver o pôr-do-sol e outros contos. São Paulo: Ática, 1988. p. 74.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 84.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o tema central do fragmento do conto?

      O tema central do fragmento é a dinâmica complexa e tensa entre mãe e filho. Lygia Fagundes Telles explora as sutilezas do poder e da comunicação, revelando como as palavras e os gestos podem esconder sentimentos e intenções conflitantes.

02 – Como a autora utiliza a linguagem para construir a tensão entre os personagens?

      A autora utiliza uma linguagem precisa e carregada de subentendidos. A descrição do tom de voz da mãe, "macio" mas "perigoso", e a referência ao gesto do braço, que "significava apenas: não insista!", criam uma atmosfera de tensão e apreensão. A aparente calma esconde uma ameaça velada, que o menino reconhece e teme.

03 – Qual o significado da insistência do menino em mudar de lugar?

      A insistência do menino em mudar de lugar pode ser interpretada como uma tentativa de afirmar sua individualidade e autonomia. Ele busca desafiar a autoridade da mãe, mesmo que de forma sutil, e expressar seu descontentamento com a situação.

04 – Como a chegada do homem ao lado da mãe afeta a dinâmica da cena?

      A chegada do homem ao lado da mãe intensifica a frustração do menino. Ele se sente impotente diante da situação, pois sua tentativa de alertar a mãe sobre a falta de lugares vagos é ignorada. A presença do homem também pode sugerir um ciúme velado por parte do menino, que se sente excluído da atenção da mãe.

05 – Qual a mensagem principal que Lygia Fagundes Telles transmite com esse fragmento?

      Lygia Fagundes Telles transmite uma mensagem sobre a complexidade das relações familiares, especialmente a relação entre mãe e filho. O fragmento revela como o amor e o poder podem se entrelaçar, gerando conflitos e frustrações. A autora também explora a fragilidade da comunicação, mostrando como as palavras podem esconder sentimentos e intenções ocultas.

 

 

POEMA: FICO CHEIO DE TREMELIQUES - SÉRGIO CAPPARELLI - COM GABARITO

 Poema: Fico cheio de tremeliques

             Sérgio Capparelli

Se você demora suas mãos nas minhas,

fico cheio de tremeliques;

Se o telefone toca durante a noite,

fico cheio de tremeliques;

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTMvMMRjKpwtOxoJ1y34-SI33bGy31VLIPEh6eHFVdZoIpIp5_DNN7diCAvznjtUYxHuN7bh9-iNOBsghNYV3A-JhcnPedyb5tVa3xQ2lTSL4Ij-jv99ZbkjnGLmNHk-1vdAzudv6bPaLwZjQpaUiJn9sEvBtVG5b7DTUudz8sx9NmTGhpWmhtOdKok7E/s320/images.png


Se o telefone não toca durante a noite,

fico cheio de tremeliques;

Se você esquece o seu olhar nos meus olhos,

fico cheio de tremeliques;

Se sua risada explode clara,

fico cheio de tremeliques;

Se fica escuro na sua tristeza,

fico cheio de tremeliques;

Se você se afasta de mim,

fico cheio de tremeliques;

Se eu me afasto de você,

fico cheio de tremeliques;

E quando você me abraça,

fico cheio de tremeliques.

 

Estou morrendo de tremeliques.

111 poemas para crianças. Porto Alegre: L&PM, 2003. p. 72.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 88.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a vulnerabilidade emocional do eu lírico diante da presença ou ausência da pessoa amada. O poema explora a intensidade dos sentimentos, onde cada interação, seja ela positiva ou negativa, desencadeia uma reação física e emocional intensa, os "tremeliques".

02 – Como a repetição da frase "fico cheio de tremeliques" contribui para o significado do poema?

      A repetição da frase "fico cheio de tremeliques" enfatiza a intensidade e a constância da reação emocional do eu lírico. Essa repetição cria um ritmo que imita a própria natureza dos tremeliques, sugerindo uma sensação de nervosismo e ansiedade que permeia todas as interações com a pessoa amada.

03 – Qual o significado da expressão "Estou morrendo de tremeliques"?

      A expressão "Estou morrendo de tremeliques" intensifica a sensação de vulnerabilidade e fragilidade do eu lírico. Essa hipérbole sugere que a intensidade dos sentimentos está consumindo o eu lírico, levando-o a um estado de exaustão emocional.

04 – Como o poema explora a dualidade das emoções?

      O poema explora a dualidade das emoções ao mostrar que tanto a presença quanto a ausência da pessoa amada desencadeiam a mesma reação física e emocional. Isso sugere que o eu lírico está em um estado de constante tensão, onde cada interação, seja ela positiva ou negativa, é capaz de gerar um turbilhão de sentimentos.

05 – Qual a importância do uso de situações cotidianas no poema?

      O uso de situações cotidianas, como "o telefone toca durante a noite" ou "você esquece o seu olhar nos meus olhos", torna o poema mais acessível e identificável. Essas situações simples e corriqueiras servem para demonstrar que até os momentos mais banais podem ser carregados de emoção quando se trata de um relacionamento intenso.

06 – Que sentimento o poema busca transmitir?

      O poema busca transmitir um sentimento de ansiedade e vulnerabilidade diante da presença e da ausência da pessoa amada. O eu lírico demonstra a fragilidade de suas emoções através dos "tremeliques", que representam um misto de nervosismo, medo, e excitação.

07 – O que podemos entender da pessoa a quem o eu lírico se refere?

      A pessoa a quem o eu lírico se refere, é uma pessoa que causa um forte efeito nele. Pelas reações descritas no poema, ela é alguém que causa muita ansiedade, e que a sua presença ou ausência, é capaz de abalar o estado emocional do eu lírico.

 

POEMA: A GAIOLA - MARIA DO CARMO BARRETO CAMPELLO - COM GABARITO

 Poema: A GAIOLA

             Maria do Carmo Barreto Campello

E era a gaiola e era a vida era a gaiola

e era o muro a cerca e o preconceito

e era o filho a família e a aliança

e era a grade a fila e era o conceito

e era o relógio o horário o apontamento

e era o estatuto a lei e o mandamento

e a tabuleta dizendo é proibido.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicSusYx0fmRrehjThvj4bGgZIzZiAe81UU3mM0db4sDv5vlSjCuJ5sGPjR-XQbRVGCo3ekBv5-hp2ZSw_YxkA9MAQXVI6R16PIU1z9jJrzb59Cg0lihAIMBf50XKR8wNrmfQdd_YbVfJ19E7biRmXn_DYi_KqlbqdwYsLb6uxawezZ-EmnvTFaXIoNMNc/s320/584-gaiola-para-papagaio-tropical.jpg

E era a vida era o mundo e era a gaiola

e era a casa o nome a vestimenta

e era o imposto o aluguel a ferramenta

e era o orgulho e o coração fechado

e o sentimento trancado a cadeado.

 

E era o amor e o desamor e o medo de magoar

e eram os laços e o sinal de não passar.

E era a vida era a vida o mundo e a gaiola

e era a vida e a vida era a gaiola.

Apud Alda Beraldo. Trabalhando com poesia. São Paulo: Ática, 1990. v. 2. p. 17.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 105.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a sensação de aprisionamento e restrição que permeia a vida. Maria do Carmo Barreto Campello utiliza a metáfora da "gaiola" para representar as diversas formas de opressão social, emocional e pessoal que limitam a liberdade individual.

02 – Como a repetição da expressão "e era a gaiola" contribui para o significado do poema?

      A repetição da expressão "e era a gaiola" enfatiza a onipresença da sensação de aprisionamento. Essa repetição cria um ritmo que imita a monotonia e a circularidade da vida sob restrição, reforçando a ideia de que a "gaiola" é uma realidade constante e inescapável.

03 – Quais são os diferentes tipos de "gaiolas" mencionados no poema?

      O poema menciona diversos tipos de "gaiolas", incluindo:

      Gaiolas sociais: representadas por "o muro a cerca e o preconceito", "o estatuto a lei e o mandamento" e "a tabuleta dizendo é proibido".

      Gaiolas familiares: representadas por "o filho a família e a aliança".

      Gaiolas emocionais: representadas por "o orgulho e o coração fechado" e "o sentimento trancado a cadeado".

      Gaiolas da vida cotidiana: representadas por "o relógio o horário o apontamento", "o imposto o aluguel a ferramenta" e "a casa o nome a vestimenta".

04 – Como o poema explora a relação entre "vida" e "gaiola"?

      O poema estabelece uma relação de equivalência entre "vida" e "gaiola". A repetição da frase "e era a vida e a vida era a gaiola" sugere que a vida em si é uma forma de aprisionamento, onde as restrições sociais e emocionais se tornam parte integrante da experiência humana.

05 – Qual a mensagem principal que Maria do Carmo Barreto Campello transmite com esse poema?

      A mensagem principal do poema é uma crítica à natureza restritiva da sociedade e da vida em geral. Maria do Carmo Barreto Campello convida o leitor a refletir sobre as diversas formas de aprisionamento que limitam a liberdade individual e a buscar formas de transcender essas limitações.

PIADA: IDIOMA - DONALDO BUCHWEITZ - COM GABARITO

 Piada: Idioma

           Donaldo Buchweitz

        -- O idioma francês é o mais interessante e útil – dizia uma.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhakzD4SJ7ReA_miEBUf6fThzoDG2VGHbvKHJ-ZsF3yyCi3h3_8mwPMw9kgA65gJ5KWnF5SDCpNnivCZy0f025D9SXj-6bkql1V_8M011YJ47purl7BLv2b47rhXhnLa2PPI5SPwTKXcf9LW62EYrJQeAHml_vceeATDAb65hfonmUGOXtZJXyxnVW1P6k/s320/Como-aprender-france%CC%82s.jpg


        A outra:

        -- Qual nada! Acho que é o idioma inglês.

        Uma outra:

        -- Mas o que vem a ser idioma?

        -- Idioma quer dizer língua.

        -- É?! Então fiquem sabendo que eu gosto muito é de idioma de vaca com cebolas e batatas.

Donaldo Buchweitz, org. Piadas para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001. p. 180.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 109.

Entendendo a piada:

01 – Qual é o principal elemento cômico da piada?

      O principal elemento cômico da piada é o mal-entendido da terceira mulher sobre o significado da palavra "idioma". Enquanto as outras duas discutem sobre a beleza e utilidade de diferentes línguas, ela interpreta "idioma" como "língua" no sentido literal, referindo-se à língua de vaca como alimento.

02 – Como a piada explora a ambiguidade da palavra "língua"?

      A piada explora a ambiguidade da palavra "língua", que pode se referir tanto a um sistema de comunicação quanto a um órgão muscular presente na boca de animais. A terceira mulher, ao interpretar "idioma" como "língua", revela essa ambiguidade e cria um efeito cômico ao desviar o foco da discussão para um contexto culinário.

03 – Qual é o papel das duas primeiras mulheres na construção da piada?

      As duas primeiras mulheres desempenham o papel de estabelecer o contexto da discussão sobre idiomas. Suas opiniões sobre o francês e o inglês como línguas "interessantes e úteis" preparam o terreno para o mal-entendido da terceira mulher, que quebra a expectativa do leitor com sua interpretação literal da palavra "idioma".

04 – Como a piada utiliza o humor para criticar a falta de conhecimento?

      A piada utiliza o humor para satirizar a falta de conhecimento da terceira mulher sobre o significado da palavra "idioma". Sua resposta inesperada revela sua ignorância e gera um efeito cômico ao contrastar com a seriedade da discussão inicial.

05 – Qual a mensagem principal que Donaldo Buchweitz transmite com essa piada?

      A piada de Donaldo Buchweitz não tem uma mensagem profunda ou moral, mas sim busca entreter o leitor com um humor leve e inesperado. A piada explora o humor situacional, onde o mal-entendido de uma palavra gera um efeito cômico.

 

CONTO: ME RESPONDA, SARGENTO - DALTON TREVISAN - COM GABARITO

 Conto: Me responda, sargento 

            Dalton Trevisan

        Dez anos, sargento, apartada do João. Uma tarde, sem se despedir, montou no cavalinho pampa, em dez anos de espera nunca deu notícia. Com a morte do meu velho, que me deixou o sítio, quinze dias atrás lá estava eu, bem quieta, cuidando da casa e da criação, ajudada pelo meu afilhado José, esse anjo de oito aninhos. Quem vai entrando sem bater palma nem pedir licença? Chegou maltrapilho, chapéu na mão me rogou para fazer vida comigo. Mais de espanto que de saudade aceitei, bom ou mau, eu disse, é o meu João. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1MGTFza2Tp4zynINPMNu-L5R-QUh274-oLdSYZs3dhlyBJ9-3LbpAY08T2VwXtQJ9t01Cj3DqyRlw1EtxMmfZtB4S31RGasB8rDx7X5bw4NYiyGBhDZNSsKE09EQO9gdd73MnDlJ0XBA6E8PKdPwUu_PK5YA6cBA3CcHJTklTJwsM1Ly9n2nj93mt_sw/s320/SARGENTO.jpeg


        Nos primeiros dias foi bonzinho, quem não gosta de uma cabeça de homem no travesseiro? Logo começou a beber, não me valia em nada no sítio. Eu saía bem cedo com o menino a lidar na roça, o bichão ficava dormindo. Bocejando de chinelo e desfrutando as regalias, não quer castigar o corpinho, não joga um punhado de milho para as galinhas. Só então, sargento, burra de mim, descobri o mistério: ele voltou por amor da herança. Na primeira semana vendeu o leitão mais gordo do chiqueiro, não me deu satisfação, o sargento viu algum dinheiro? Nem eu. 

        Ontem chegou bêbado e de óculos escuro, espantou o menino para o terreiro e, fechados no quarto, bradou que eu tinha um amante, o meu afilhado bem que era filho e, antes de contar até três, eu dissesse o nome do pai. Por mais que, de joelho e mão posta, negasse que havia outro homem, por mim o testemunho dos vizinhos, ele me cobriu de palavrão, murro, pontapé. Pegou da espingarda, me bateu com a coronha na cabeça. Obrigou a rezar na hora da morte e pedir louvado. Que eu abrisse a boca, encostou o cano, fez que apertava o gatilho. Não satisfeito, sacou da garrucha, apagou o lampião a bala. Disparou dois tiros na minha direção, só não acertou porque me desviei. Uma bala se enterrou na porta, a outra furou a cortina, em três pedaços a cabeça do São Jorge. 

        Cansado de reinar, deitou-se vestido e de sapato, que a escrava servisse a janta na cama. Provou uma garfada e atirou o prato, manchando de feijão toda a parede: “Quero outra, esta não prestou”. Deus me acudiu, ao voltar com a bandeja ele roncava espumando pelo dente de ouro. Agarrei meu filho, chorando e rezando corri a noite inteira, ficasse lá no sítio era dona morta. E agora, sargento, que vai ser da minha vida, que é que eu faço? 

Dalton Trevisan. Vozes do retrato. São Paulo: Ática, 1991. p. 47.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 118.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o tema central do conto?

      O conto aborda a violência doméstica e a exploração, retratando a história de uma mulher que sofre nas mãos do marido. Dalton Trevisan explora as profundezas da crueldade humana e a fragilidade das relações interpessoais.

02 – Como a linguagem utilizada por Dalton Trevisan contribui para a atmosfera do conto?

      Trevisan utiliza uma linguagem crua e direta, com frases curtas e objetivas, que intensificam a sensação de urgência e desespero da narradora. A ausência de floreios e a precisão das descrições criam uma atmosfera sufocante e opressiva.

03 – Qual o significado da figura do sargento na narrativa?

      O sargento representa a figura da autoridade, a quem a narradora recorre em busca de ajuda e proteção. Ele é o ouvinte silencioso da história, e sua presença implícita intensifica a sensação de impotência da narradora diante da violência que sofre.

04 – Como a personagem feminina é retratada no conto?

      A personagem feminina é retratada como uma vítima da violência doméstica, mas também como uma mulher forte e resiliente. Apesar do sofrimento, ela busca ajuda e tenta proteger seu afilhado. A personagem é complexa e multifacetada, e sua voz ressoa com a dor e a esperança de muitas mulheres que sofrem com a violência.

05 – Qual a importância do cenário rural na narrativa?

      O cenário rural, com o sítio e a vida simples, contrasta com a violência e a brutalidade das ações do marido. Essa dicotomia intensifica a sensação de isolamento e vulnerabilidade da narradora, que se encontra à mercê do marido em um ambiente remoto e isolado.

06 – Como o título do conto se relaciona com a narrativa?

      O título "Me responda, sargento" expressa o apelo desesperado da narradora por ajuda e orientação. A pergunta implícita no título reflete a sua incerteza quanto ao futuro e a sua busca por respostas em meio ao caos e à violência.

07 – Qual a mensagem principal que Dalton Trevisan transmite com esse conto?

      Dalton Trevisan transmite uma mensagem de alerta sobre a violência doméstica e a necessidade de combater esse problema social. O conto expõe a crueldade e a brutalidade da violência, mas também celebra a força e a resiliência das vítimas.

 

 

POEMA: OS DEGRAUS - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: OS DEGRAUS

             Mário Quintana

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBeKW_sbzqqn5JWqBqCC7l0TgGp6J6IM5Y3aaSGa_qV9uyDHacZu4Xz53qB2v_P0DSKp7t7RIEU0EOO7y4VvUGLTqEGNuiJjZ-CglZJPi-ztVZgGIZME261-qjU9wXn3qpSCo7CMphWjaHscpiKZrf8oRSVj9mTiK-Cdi3joqn-T4XFxEJlhd6PkWXSOE/s320/degraus1.jpg

Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mário Quintana. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2003. p. 94.

Fonte: Livro – Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 130.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a exploração do mistério da vida e a importância de permanecer no presente. Mário Quintana sugere que a busca por respostas em outros lugares (sonhos ou planos superiores) pode ser perigosa e que o verdadeiro mistério reside na experiência cotidiana.

02 – Qual o significado da metáfora dos "degraus do sonho"?

      A metáfora dos "degraus do sonho" representa a busca por conhecimento ou experiências que estão além da realidade imediata. O poeta adverte para não se aventurar nesse território, pois pode despertar "monstros", ou seja, enfrentar medos e angústias desconhecidas.

03 – Como a imagem dos "sótãos" contribui para o significado do poema?

      A imagem dos "sótãos" simboliza os lugares onde os "deuses" ocultam seus enigmas, representando os planos superiores da existência, onde se busca respostas para os mistérios da vida. O poeta adverte que esses lugares podem ser perigosos, pois os "deuses" usam máscaras, escondendo a verdade.

04 – Qual a mensagem principal do verso "O mistério está é na tua vida"?

      Esse verso é a chave para a interpretação do poema. Mário Quintana sugere que a busca por respostas para os mistérios da vida em outros lugares é inútil, pois o verdadeiro mistério reside na própria experiência cotidiana. O poeta convida o leitor a apreciar a vida em sua totalidade, com seus mistérios e incertezas.

05 – Qual o significado da expressão "E é um sonho louco este nosso mundo"?

      Essa expressão final do poema reforça a ideia de que a vida é um mistério insondável. O poeta reconhece a natureza caótica e imprevisível do mundo, mas convida o leitor a abraçar essa loucura e a encontrar beleza e significado na experiência cotidiana.