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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

TEXTO LITERÁRIO: SEBO -(FRAGMENTO) - TELMA G.C. ANDRADE - COM GABARITO

Texto Literário: Sebo(Fragmento)
                               Telma Andrade

   — Moça, eu nunca pisei aqui. Preciso comprar um livro...
    -- Qual? – ela perguntou. – Mistério, suspense, romance, ficção, livro didático, paradidático, ocultismo, religioso, de psicanálise, psicologia, médico, língua estrangeira, tradução, periódico, revista, tese, enciclopédia...
        Ela estava querendo me gozar. Pra falar a verdade, tinha um livro certo pra comprar sim... Mas não sei por que, me ouvi falando:
        — Quero olhar, escolher, ver o que gosto mais... Mas começar por onde? Lado direito, esquerdo, subo a escada em caracol? Preciso de “instruções” de trânsito aqui dentro. Tem muito livro aqui...
        — Esperava o quê? Múmias?
Perdi a paciência.
        — Moça, eu quero saber onde posso achar um livro-lindo-maravilhoso-espetacular romântico para eu dar de presente...
        — Ah, para a namoradinha que só lê Revista Desejo... Já sei o tipo: frases doces, propostas delicadas, abraços, beijos, mais abraços, mais beijos, final feliz. Andar de cima, prateleira 15-A.
        Os preços que ficam na ponta da prateleira são indicados por letras, que ficam na contracapa do livro. Edições filetadas a ouro têm um outro preço...
        Ia dizer pra ela que... Mas achei melhor não falar nada. Dei-lhe as costas e subi a escada.

ANDRADE, Telma G.C. Mistério no sebo de livros.
São Paulo: Atual, 1995.p. 2.
                                                Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.58-9.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo;
·        Sebo: Livraria onde se vendem livros usados.

·        Ficção: Romance, novela ou conto.

·        Periódico: Publicação que aparece com intervalos regulares.

·        Filetar: Estampar (capas ou lombadas de livros) com o filete de dourar.

02 – O que levou o personagem a ir a um espaço onde se vendem livros usados?
A) O fato de nunca ter estado num sebo.
B) O intuito de comprar um presente.
C) A curiosidade em visitar um espaço novo.
D) A intenção de levar algo para a amada.


03 – No trecho “... Moça, eu nunca pisei aqui. Preciso comprar um livro...”, a pontuação que finaliza o período sugere que o cliente sentiu-se:
A) empolgado.
B) explorado.
C) intimidado.
D) maravilhado.

04 – Por que se pode afirmar que a moça não dominava as chamadas “técnicas de vendas”?
      Pelo tratamento antipático dado ao cliente.

05 – Os livros costumam ser arrumados nas estantes por assunto. Em que andar da livraria estavam arrumados os livros de ficção?
      No segundo andar.

06 – Em sua primeira fala, a moça mistura tipos de textos com tipos de publicações. Exemplifique.
      Mistério, suspense, romance (tipos de textos) e periódico, revista (tipos de publicações).

07 – Indique três tipos de livros citados pela moça que podem ser relacionados entre os do gênero didático.
      Livros de psicanálise, de psicologia, de medicina, de língua estrangeira.

sábado, 21 de julho de 2018

LENDA: SACI-PURURUCA - TELMA GUIMARÃES CASTRO ANDRADE - COM GABARITO

Lenda: Saci – Pururuca


        Pururuca tem um pouco mais de 7 anos. Pra falar a verdade, tem 7 anos, 5 meses e 18 dias. Ele mora num sítio, e a escola dica bem longe. Assim que levanta, galo cocorocando até ficar rouco, Pururuca se troca, toma café e põe a botina no pé. Tem dia em que vai no lombo da égua, tem dia em que vai a pé pelas picadas da mata.
        O pai, seu Francisco, vivia falando pro filho:
        -- Dê conversa fiada pra saci, não, filho. Quando na hora de atravessar a mata encontrar rapazinho de um pé só, carapuça vermelha e cachimbo na boca, vá logo passando reto.
        A mãe, dona Jussara, fazia a mesminha coisa:
        -- Se ele pedir fumo e ensinar o caminho errado, cê não dá trela, não dá confiança. Sabe que uma vez o saci entrou aqui e revirou tudinho? Cê ainda era bem pequeno!
        Pururuca dava risada dessas histórias que só vendo. E ouvindo. Mas seus amigos, os que moravam na cidade, nem davam bola.
        Ah, mas ele acreditava em tudo. E queria porque queria muito encontrar esse saci, cara a cara, olho no olho.
        Foi aí que, numa bela tarde, teve uma ideia! Na quinta-feira, ia pedir a égua emprestada pro pai. Coisa que mais gostava era de ir à escola montado na Gerdelinda. As meninas ficavam tudo gostando! Ia levar carvão, gorro, calção vermelho, cachimbo e fumo do pai.
        “Esse saci vai ter de aparecer!”, riu da brincadeira que ia aprontar com o tal do saci.
        Pois foi na quinta, quando voltava da escola, que Pururuca tomou o caminho da mata. Procurou uma clareira, tirou a roupa, passou o carvão pelo corpo, vestiu o calção, enfiou o gorro vermelho na cabeça, encheu o cachimbo de fumo, colocou a roupa e os cadernos na sacola e a sacola no lombo da Gerdelinda, que não estava entendendo nada mesmo.
        Pururuca amarrou a égua numa árvore e sentou numa pedra, fazendo cara de quem estava um tempão ali pensando na vida... Pensando em aprontar, isso sim!
        Não demorou muito e foi logo ouvindo um barulho. Barulho de quem pula... num pé só!
        “É ele!”, pensou.
        E era.
        -- Moleque tá perdido? – perguntou o perna-só.
        Pururuca quase caiu da pedra. Era ele: gorro vermelho, cachimbo, tóim, tóim, a pular, dando risada.
        -- Moleque tá perdido? – O saci repetiu, dando uma risadinha.
        -- E saci lá se perde, primo?
        -- Primo, que primo? – o saci verdadeiro estranhou.
        -- Sou seu primo, o Saci-Pururuca! – o danado mentiu com a maior cara lavada, enxaguada e torcida.
        -- Saci-Pururuca! ... – Saci-Pererê fez uma pausa. – Nem nunca ouvi falar. Conheço todos os meus primos sacis. Nenhum deles usa calção e tem duas pernas... – apontou para Pururuca.
        -- De vez em quando dou um pulo até a cidade... Lá não se pode andar sem roupa. – Pururuca começou a inventação. – A outra perna eu ganhei num programa de televisão. Ficou bem mais fácil entrar nas casas de noite, bagunçar pra caramba, encontrar gente perdida na rua e ensinar caminho errado – finalizou.
        -- E a égua? Pra que precisa dela? – Pererê estranhou. – Saci é mais ligeiro que onça apressada!
        -- É uma mula, isso sim. E encantada! – Pururuca inventou. – É prima da mula-sem-cabeça. Ela ajuda na bagunça das casas, não sabe?
        -- Essa é boa, Pururê!
        -- Pururuca – corrigiu o saci que não era saci.
        -- Já que a coisa tá em família, te faço um convite. Eu tô indo pruma reunião de sacis. Quer conhecer a parentada? – Pererê convidou com jeito maroto.
        -- Vam’bora! – Pururuca se animou, apesar de nem saber que existiam muitos sacis mata adentro.
        (...)
                                        Telma Guimarães Castro Andrade. Saci-Pururuca.
                                                                                         São Paulo. Atual, 1998.
Entendendo a lenda:
01 – Quem são os personagens dessa história?
      Os personagens são Pururuca, Francisco, Jussara e Saci-Pererê. Podendo ser considerado os alunos e Gerdelinda.

02 – Qual deles é o principal? O que você observou para identifica-lo?
      O personagem principal da história é Pururuca, pois os acontecimentos giram em torno dele.

03 – De qual dos personagens você mais gostou? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Os acontecimentos de uma história podem ocorrer em um ou mais de um lugar. Onde se passaram os acontecimentos dessa história?
      No sítio (casa de Pururuca) e na mata.

05 – A que horas provavelmente Pururuca acorda? Explique o que você observou para responder.
        Provavelmente, Pururuca acorda bem cedo, pois o galo está cantando. Além disso precisa se arrumar para ir à escola e percorrer o longo caminho de sua casa até a escola.

06 – Vamos reler um trecho do texto: “Pururuca quase caiu da pedra. Era ele: gorro vermelho, cachimbo, tóim, tóim, a pular, dando risada.”
Que barulho a expressão tóim, tóim está representando?
      Está representando o barulho produzido pelos pulos do saci.

07 – No texto, ocorre um diálogo, isto é, uma conversa entre os personagens. Como é possível saber disso?
      É possível saber por meio do sinal de travessão e também pelo contexto.

08 – Qual foi o principal acontecimento da história? Copie em seu caderno a opção correta.
·        A ida de Pururuca à escola, montado na égua Gerdelinda.
·        O encontro de Pururuca com Saci-Pererê.

09 – Leia o trecho abaixo:
        “Pururuca começou a inventação.”
Agora, procure no dicionário a palavra inventação. Você conseguiu encontrá-la? Por que você acha que isso ocorreu?
      O aluno não encontrará a palavra indicada no dicionário, pois a autora do texto criou, inventou, a palavra inventação.

10 – Por que você imagina que Pururuca queria conhecer o saci pessoalmente?
      Resposta pessoal do aluno. Possivelmente, por curiosidade, pois seus pais falavam bastante sobre esse ser folclórico. Além disso, pelo fato de seus amigos da cidade não acreditarem na existência do Saci-Pererê.

11 – De que maneira você acha que aconteceu o encontro de Pururuca com o Saci-Pererê?
      Resposta pessoal do aluno. Ao voltar da escola, Pururuca tomou o caminho da mata, disfarçou-se de saci, sentou-se numa pedra e ficou aguardando o Saci-Pererê.

12 – Pererê, com jeito maroto, convidou Pururuca para visitar os outros sacis. Pra você, o que será que ele estava tramando?
      Resposta pessoal do aluno.