DITADOS POPULARES
Ainda no âmbito dos gêneros literários, é interessante notar que tanto o
romance quanto o conto são gêneros que contam, ou narram, acontecimentos. Mas,
mesmo tendo a narração como objetivo principal, podemos notar que sequências
descritivas têm características e importâncias diferentes em cada um.
Resumidamente, podemos dizer que o plano composicional desses gêneros faz
combinações diferentes dessas sequências tipológicas.
Devemos também considerar as preferências de cada autor, seja por temas, seja
por escolhas linguísticas para expressar suas ideias. Ao conjunto dessas
preferências – que servem para identifica-lo – chamamos estilo. Mesmo dentro de
uma mesma escola literária, encontramos particularidades nos diversos autores.
Ou seja, reconhecemos neles seus estilos...
Nós mesmos, no dia-a-dia desenvolvemos hábitos linguísticos que nos
caracterizam. Nem só na literatura aparecem os estilos: também a linguagem do
dia-a-dia pode ser marcada por estilos diferentes... As gírias, os
regionalismos, os estilos de linguagens ligados a certas profissões são
exemplos disso.
Vamos “sair” um pouco da literatura e observar como a escolha de diferentes
sequências tipológicas para organizar gêneros também acontece na comunicação
cotidiana.
Já vimos que ditados populares podem servir de aconselhamento, de advertência
ou de argumento para direcionar um determinado comportamento. Sabendo que esses
objetivos são critérios definidores dos tipos prescritivo e argumentativo –
como já vimos na unidade anterior –, seriamos levados a pensar que
encontraremos esses tipos realizando o gênero provérbio ou ditado. Mas nem
sempre isso é verdade. Muitos ditados se realizam por tipos textuais diferentes.
Essa “flexibilidade” mostra como os tipos textuais funcionam na articulação com
os gêneros, mas não mantêm com eles uma relação fixa, previsível.
Vamos analisar alguns ditados e provérbios quanto ao tipo textual predominante.
TP3 –
Gêneros e Tipos Textuais – Parte I.
Entendendo
o texto:
01 – As
palavras são anões; os exemplos são gigantes.
a) Mas algo como os exemplos, as
atitudes, são mais importantes que as palavras.
b) Descritivo, porque predominam os
verbos de estado e qualificativos.
02 – A
curiosidade matou o gato.
a) Correspondendo a ideia de que, se
você for muito curioso, poderia ser punido.
b) Tipo narrativo.
03 –
Falar é prata; calar é ouro.
a) Com a ideia de que silenciar
pode ser melhor do que falar.
b) Tipo descritivo.
04 – Deus
ajuda quem cedo madruga.
a) Com a ideia de que não basta
apenas esperar a ajuda de Deus; de que é necessário também cada um procurar
fazer e que é necessário.
b) Tipo expositivo.
05 – Não
faça aos outros o que não queres que te façam.
a) Algo como cada um deve tratar
os outros como gostaria que os outros o tratassem.
b) Tipo prescritivo ou injuntivo.
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