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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

REPORTAGEM: PROJETO QUE INCENTIVA LEITURA NO ÔNIBUS É LANÇADO EM PASSO FUNDO - JORNAL ZERO HORA - COM GABARITO


REPORTAGEM: PROJETO QUE INCENTIVA LEITURA NO ÔNIBUS
                      É LANÇADO EM PASSO FUNDO

        Livros, jornais e revistas estarão à disposição dos passageiros da linha Italac – UPF via Codepas para leitura durante o trajeto do ônibus.
        A partir desta segunda-feira, uma estante com livros, jornais e revistas passa a ser companhia dos passageiros que embarcarem em uma linha de ônibus em Passo Fundo, no norte do Estado. O projeto-piloto Leitura no Caminho foi lançado pelo Instituto Roberto Zanatta para incentivar a leitura na Capital Nacional da Literatura e tem como slogam “Quem lê sabe onde quer chegar”.
        Inédita no Estado, a iniciativa de ter uma minibiblioteca nos veículos é desenvolvida em parceria com a prefeitura e a Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas), uma das empresas de transporte coletivo do município. A linha escolhida é a Italac-UPF via Codepas, que tem início no distrito industrial e vai até a Universidade de Passo Fundo (UPF), com uma hora e meia de trajeto.
        Ao embarcar, o passageiro poderá escolher, em uma estante ao lado do cobrador, entre os cerca de 20 itens disponível. Antes de descer, o usuário deve colocar o livro na prateleira verde próximo à porta de desembarque.
        Na primeira volta do ónibus com os livros, a coordenadora do instituto, Raquel Pirovano, juntamente com a coordenadora da Universidade Popular, Maria Augusta Darienzo, distribuíram folders e explicaram aos usuários como funciona o projeto. Segundo Raquel, a receptividade foi muito boa e o plano é expandir a iniciativa para outras linhas da Codepas e de outras empresas que quiserem aderir.
        --- Estamos fazendo uma experiência, testando o gosto das pessoas, o que vão querer ler, se vão aceitar bem a proposta. A expectativa é que o projeto preencha o espaço de tempo que se passa dentro do ônibus, principalmente de uma linha longa como essa, com informação, conhecimento e assunto para comentar com a pessoa do lado --- explica.
        A ideia surgiu há três anos, de uma sugestão da professora Maria Augusta, e foi inspirada em modelos adotados ao redor do mundo. Raquel acrescenta que a acessibilidade é um ponto forte do projeto, pois leva o livro até as pessoas, também evitando que o preço ou a correria diária sejam empecilhos para ler.

                      Jornal Zero Hora, segunda-feira, 25 de junho de 2012.
                     Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/
                 notícia/2012/06/projeto-que-incentiva-leitura-no-ônibus-e-
                                          lançado-em-passo-fundo-3801336.html>
                                                                    Acesso em: 15 set. 2012.

Entendendo o texto:
01 – O texto que você leu é uma notícia retirada de um jornal. Quais características do texto indicam tratar-se de uma notícia?
       Resposta possível: a linguagem, o título e a frase-resumo do que vai ser dito, a fotografia, um texto que se assemelha aos textos de jornais.

02 – Qual é a formação principal presente no texto?
       O texto informa que em determinada linha de ônibus da cidade de Passo Fundo haverá uma estante com livros, jornais e revistas, de forma que os passageiros do ônibus possam ler durante o trajeto.

03 – A cidade de Passo Fundo está localizada no estado do Rio Grande do Sul. No primeiro parágrafo, foi usada uma expressão que substitui o nome da cidade, atribuindo a ela uma característica. Releia o parágrafo, identifique e copie essa expressão.
       A expressão é “Capital Nacional da Literatura”.

04 – O projeto que incentiva a leitura ocorre em uma linha de ônibus.
     a) Qual é essa linha?
      A linha Italac-UPF via Codepas.

     b) Qual o tempo de trajeto dessa linha?
      Uma hora e meia.

     c) No quinto parágrafo, uma das coordenadoras do projeto relaciona o tempo de trajeto da linha de ônibus ao possível sucesso do projeto. Qual é essa relação?
      Como o trajeto é longo, as pessoas ficam mais tempo no ônibus, podem ter interesse nos livros, revistas e jornais e comentar os assuntos com a pessoa sentada ao lado.

05 – Ao longo da notícia, há duas palavras destacadas em itálico, escritas em inglês. Releia os parágrafos em que essas palavras aparecem.
       Educador. O Manual traz um apontamento sobre estrangeirismos; sugerimos que o consulte caso queira completar a reflexão suscitada pela questão 5b.

     a) Observe a frase ou o parágrafo em que essas palavras foram usadas e dê o significado de cada uma delas.
      Resposta possível: slogam = lema, tema, frase de efeito;
                                     Folders = panfletos, folhetos informativos.

     b) Caso substituíssemos os termos em inglês por palavras da língua portuguesa, haveria mudança no sentido do texto? Justifique.
      Educador: espera-se que os alunos percebam que sentido do texto não se alteraria, pois essas palavras tem termos correspondentes e, língua portuguesa. Porém, como slogam e folders são termos correntes em língua portuguesa, é interessante conversar com os alunos sobre a assimilação e integração de palavras de outros idiomas ao português, em especial o uso de termos da língua inglesa em áreas como: informática, equipamentos eletroeletrônicos, música, etc.

06 – Na conclusão da notícia, é apresentado um fato considerado importante para o desenvolvimento do projeto. Qual é esse fato?
       O fato de levar até a pessoa, evitando que o custo ou a correria diária impeçam a leitura.








quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

INCENTIVO A LEITURA - VISITA AO GABINETE DO VEREADOR MAURICIO GOMES NA CAMARA MUNICIPAL DE SORRISO-MT PARA DIVULGACAO DO MEU LIVRO:A INTERDISCIPLINARIDADE EM 'O SEGREDO DA AMIZADE' DE WAGNER COSTA

FALA DO VEREADOR MAURÍCIO GOMES - POSTADOS EM SUAS REDES SOCIAIS

Hoje recebi a visita da professora, escritora e blogueira Jaqueline Santos e da artista plástica Ana Claudia Queiroz vieram apresentar um belíssimo projeto que poderá ser implantado no ensino público municipal de incentivo à leitura pela nossa crianças. Feliz em saber que existem profissionais que amam o que fazem e obrarem com amor.










terça-feira, 14 de abril de 2015

PROJETO: VIAGEM PELOS LIVROS...

VIAGEM PELOS LIVROS...


"A leitura desperta o espírito criativo, que é a chave de uma cidadania ativa, é porque permite um distanciamento, uma descontextualização; mas porque também abre um espaço para o devaneio, no qual outras possibilidades são cogitadas..." Michèle Petit.


Gostar de Ler, ter prazer com a leitura, entregar-se a uma viagem pelos livros... são expressões que nos inspiram sentimentos semelhantes. Fazem pensar que a leitura é um processo que depende apenas de uma vontade inicial ou uma experiência vivida de forma livre, espontânea, que, para acontecer, precisa apenas de dois elementos: o livro e o leitor.

No Brasil, a maioria das pessoas vive uma ruptura em sua relação com a leitura ao deixar a escola. Ainda vivemos imersos  numa cultura, na qual a oralidade domina grande parte das relações sociais e muitas pessoas sobrevivem e convivem quase exclusivamente recorrendo à fala, sem desenvolver habilidades na escrita. Mas quais são os impactos dessa forma de comunicação, sobretudo num mundo cada vez mais competitivo, globalizado e muitas vezes brutalizado?

Até hoje, a ideia de leitura ainda está associada a rotinas que fazem parte do processo de escolarização. Não é difícil descobrir as razões da permanência da associação entre leitura e hábito. Nas mais recentes pesquisas de análise do comportamento leitor da população brasileira, destaca-se o paralelo entre escolarização e acesso ao livro e à leitura. Retratos da leitura no Brasil, organizada por Galeno Amorim, por exemplo, considerou leitores as pessoas que leram ao menos um livro nos últimos três meses (55% da população estudada). Desses, 50% são estudantes que leem algo porque foi indicado pela escola e 7% que afirmam ler a Bíblia. Da população total brasileira, estima-se que cerca de um terço lê com frequência e supostamente busca alternativas ou têm seu contato com livros facilitado em escolas,  bibliotecas, livrarias ou pela família. Os leitores considerados com uma relação mais frequente com os livros têm de  11 a 17 anos, justamente por receberem estímulos à leitura por parte do sistema educacional.

Ainda segundo a pesquisa, as crianças e jovens são o público que mais consome livros, mas há queda na taxa de penetração da leitura à medida que se avança em idade. Até 17 anos, os entrevistados responderam ler até três vezes mais livros que as pessoas com mais de 18 anos, tanto no que se refere a livros em geral, como aqueles indicados pela escola.

São dados que revelam  a necessidade de proporcionar à população brasileira – sobretudo às pessoas com acesso limitado ao livro – maior exposição à palavra, para que todos possam criar intimidade com a leitura e, a partir da aquisição de habilidades próprias a quem lê literatura por prazer, possam também  conquistar maior autonomia e um olhar mais crítico diante da realidade.

Fortes indícios mostram que essa mudança para melhor no comportamento leitor do brasileiro parece estar em curso. Recentemente, muitas escolas, professores, organizações não-governamentais, mediadores de leitura, bibliotecários, entre várias instituições e profissionais, estão tentando avançar nessa forma de relação com a palavra, por meio de projetos de leitura dos mais variados.

Biblioteca

Um dos aspectos positivos dessas iniciativas é a incorporação de alguns conceitos e práticas amplamente discutidos no Brasil, sobretudo a partir do processo de criação do Plano Nacional do Livro em Leitura, em 2006. Entre os princípios que têm inspirado ações bem-sucedidas na área está o desenvolvimento de estratégias para tornar os livros elementos permanentemente presentes nos processos educativos e no cotidiano das pessoas nos mais variados espaços, desde a escola até equipamentos de cultura e lazer diversos. Hoje os projetos de leitura encontram-se, em geral, inseridos em processos de aquisição e qualificação da relação com a língua, mas também incorporam objetivos relacionados ao ensino da literatura ou podem mesmo ter como foco o desenvolvimento do gosto, prazer, fruição estética e tudo que envolva a relação lúdica com os livros. No entanto, a opção por priorizar o desenvolvimento do gosto pela leitura não implica em espontaneísmo. Ao contrário, são os marcos teóricos, os instrumentos pedagógicos, o investimento na formação de educadores e a construção de indicadores de acompanhamento de projetos que dão identidade a um bom projeto de promoção da leitura. Como afirma Maria Beatriz Medina:

“A tarefa de formar leitores supõe um trabalho permanente que supera o circunstancial e implica num acompanhamento contínuo. Um trabalho que requer a definição de objetivos, o planejamento de estratégias, a avaliação permanente das ações, a revisão contínua dos objetivos iniciais, seja para reafirmá-los ou para ajustá-los à realidade e assim concretizar novas estratégias necessárias para a consecução das metas traçadas”.

Muitas das atuais iniciativas de promoção da leitura no Brasil também têm colocado em prática suas ações partindo do princípio de que não basta distribuir livros, como também não é suficiente ter o espaço físico da biblioteca nem mesmo ter um profissional que assuma a missão de formar leitores, com a competência para a prática da mediação. Nada disso funciona sem o impulso para que as pessoas se sintam parte dos projetos ou práticas de incentivo à leitura, de modo a fazer das bibliotecas espaços vivos, abertos aos interesses e perfis dos seus usuários.

E soma-se a esse conjunto de elementos o papel essencial que o leitor desempenha na leitura de um texto literário. Ao contrário da leitura de textos informativos, talvez o processo que melhor descreva a leitura literária é a diferença de intencionalidade. Ao invés de sairmos cheios de respostas para as dúvidas que temos, como fazemos ao ler sobre algo objetivo, na leitura literária quase sempre saímos com perguntas nas quais nem havíamos pensado antes. Como diz Gabriel Perissé:

“O próprio ato da leitura consiste em aprender a perguntar. Lendo, estamos automaticamente perguntando a nós mesmos, ao livro, à linguagem, à cultura, a tudo e a todos, estamos formulando perguntas que nem sempre temos ocasião de fazer, que nem sempre temos consciência de que precisamos fazer.” (Elogio da leitura)

Na leitura literária, essa interação do leitor com o livro por meio de perguntas de forma nem sempre consciente é algo ainda mais evidente. Na entrega ao deleite, ao prazer, à ludicidade, além da sensação de prazer, podem surgir outras relações entre leitor e narrativa. Nos estudos de teoria literária, algumas das perspectivas mais recentes se reúnem em torno do campo da estética da recepção. Segundo Teresa Colomer, a origem desses conceitos se deu a partir da aplicação de postulados pedagógicos centrados na participação do aluno no processo de ensino-aprendizagem ao campo dos estudos literários. Tal perspectiva, afirma ela em A formação do leitor literário, tende a destacar que “ ...o leitor literário compreende as obras segundo a complexidade da sua experiência de vida e da sua experiência literária.”

Tudo se inicia a partir de um novo olhar sobre os livros e a leitura. Alguns elementos da nossa cultura e alguns fatores socioeconômicos que ainda hoje influenciam na relação dos brasileiros com o livro e a leitura foram extremamente determinantes para que, até bem pouco tempo atrás, sobrevivessem resquícios de uma visão funcional, utilitária e mesmo superficial da leitura literária. E isso não é algo exclusivo das classes menos privilegiadas. São ainda recentes, mesmo nos espaços culturais e educacionais frequentados pela elite, as iniciativas que buscam garantir lugar de privilégio à leitura literária por meio de estratégias de apreciação estética. O modelo educacional brasileiro até bem pouco tempo mantinha a presença da literatura nos currículos e salas de aula de forma fragmentada, aliada a padrões de interpretação  vinculados à cobrança de aprendizagem de conteúdos gramaticais ou para o ensino da sintaxe.

Na leitura literária, ocorre um processo muito distinto da leitura para aprender algo ou para comprovar conhecimentos concretos. Na verdade, muitas vezes, a leitura literária coloca o que é conhecido num contexto estranho, novo, para confrontar sentidos estabelecidos, brincar com as palavras, de forma a fazer o leitor entrar num processo de criação de seus próprios sentidos. Por isso se afirma que a literatura deve provocar a sensação de estranhamento em relação à realidade. Assim, ampliamos nossa forma de ver, saindo dos padrões de organização do conhecimento útil, científico, real, mas sem nos distanciarmos inteiramente dele, apenas expandindo nossa forma de compreender.

Como diz Jorge Larrosa, a leitura literária está imbuída, de um “gesto às vezes violento de problematizar o evidente, de converter em desconhecido o demasiado conhecido, de devolver certa obscuridade ao que parece claro, de abrir uma certa ilegibilidade no que é demasiado legível.” (em Linguagem e educação depois de Babel).

E Michèle Petit  segue a mesma lógica, ao afirmar que: “... se a leitura desperta o espírito criativo, que é a chave de uma cidadania ativa, é porque permite um distanciamento, uma descontextualização; mas porque também abre um espaço para o devaneio, no qual outras possibilidades são cogitadas...”(em Os jovens e a leitura – uma nova perspectiva).

Os livros produzidos por escritores de ficção, em geral não têm como função confirmar o que é dito de maneira sistematizada pelas ciências ou por áreas do conhecimento que tenham como princípio a confirmação de verdades. Porém, são outros tipos de “verdades” que surgem na literatura, pois cada escritor faz sua leitura de mundo e a compartilha com o leitor, para que novos sentidos sejam construídos. Daí o caráter transgressor da literatura.

O papel dos mediadores que hoje atuam em diversos projetos sociais pelo Brasil tem, portanto, que ser destacado. Esses profissionais têm colaborado para que muitos leitores desenvolvam relações positivas com a leitura, a partir, sobretudo, da construção de um ambiente de troca de idéias, de maneira que todos possam ser capazes de indicar livros, de modo a mergulhar na história e encontrar seus próprios sentidos.

Muitas vezes, a mediação é refletida exclusivamente a partir do planejamento de atividades diárias que um educador elabora para “animar” um espaço de leitura. Nesses casos, a mediação engloba, sim, momentos coletivos que acontecem de formas diversas. Nesses momentos se incluem saraus, roda de histórias, manipulação coletiva de acervos, circulação de bibliotecas itinerantes, como as malas de leitura, por exemplo, entre tantas outras formas de juntar pessoas ao redor de livros. No entanto, uma biblioteca deve ser também um espaço de busca individual. Além de organizar o espaço de maneira a garantir a autonomia do leitor em fazer suas próprias descobertas, o mediador também pode contribuir no processo mais íntimo de cada leitor,  quando este quer algo para ler de maneira mais isolada, discreta, fora do olhar dos demais. Por isso, uma biblioteca deve ser também um local onde o silêncio permita esse distanciamento do mundo agitado, tornando possível o mergulho na leitura como experiência totalmente individual, pois a leitura é também uma forma de: “...escapar do tempo e do lugar em que supostamente se deveria estar; escapar desse lugar predeterminado, dessa vida estática e do controle mútuo que uns exercem sobre os outros”, como afirma Michèle Petit.

O mediador de leitura tem funções múltiplas. É um profissional que vai se constituindo como referência inicial para qualificar a relação das crianças,  adolescentes, jovens e adultos com a literatura. Sua relação próxima com o universo literário é o terreno a partir do qual ele pode vir a exercer vários papéis nas vidas dos leitores que frequentam a biblioteca. A ação de um mediador de leitura, como afirma Petit, vai muito além de atividades de leitura que tenham um teor puramente objetivo. Na grande maioria das vezes, os educadores mediadores de leitura criam vínculos duradouros com os usuários. Ouvem suas sugestões, ampliam o acervo a partir delas, criam situações que façam o leitor ter vontade de voltar a visitar o espaço, ampliando, assim, o público inicialmente planejado. Além disso, a  mediação feita  a partir de encontros individuais entre o leitor e o educador pode se transformar em momentos de cumplicidade e de troca afetiva. Ambos podem compartilhar de descobertas, nesse processo que será revelador, impulsionador de novas reflexões, de maneira a transformar a mediação no que Michèle Petit denomina “relação personalizada”.  Nesses casos, o mediador é alguém que acolhe, que recolhe as palavras do outro e com ele estabelece um vinculo afetivo, sem deslizar-se para uma mediação do tipo pedagógico.

Muitas ações de incentivo à leitura colocam em prática esses princípios que buscam construir novas formas de relação com o livro. São  projetos que hoje reeditam a aprendizagem dialógica proposta por Paulo Freire, para quem “a leitura de mundo precede a leitura da palavra”. São projetos de leitura nos quais a figura do mediador é central não para direcionar um hábito, mas para estar junto, estimular o leitor na muitas vezes árdua trajetória de criar seus próprios sentidos na relação que estabelece com os livros.

Esses projetos sociais contribuem concretamente para que a leitura seja uma prática social capaz de ampliar a democracia. São, por exemplo, bibliotecas especialmente desenhadas para receber públicos diversos e que disponibilizam um acervo diversificado para atender interesses distintos, com acessibilidade para pessoas com deficiência, integradas às iniciativas da comunidade na democratização do conhecimento. Para que isso aconteça, governos e sociedade civil vêm investindo no quadro pessoal das bibliotecas, valorizando os profissionais e estimulando-os a ter acesso à formação em mediação de leitura e em outras habilidades necessárias à ressignificação da biblioteca como organismo vivo e dinâmico.

Acolher todas essas mudanças não é um processo rápido. Mas proliferam iniciativas públicas e privadas em todo o país, que mostram enorme criatividade no desenvolvimento de práticas de leitura. São pontos de venda de livros em metrô, minibibliotecas em paradas de ônibus, troca-troca de livros em meio a bancas de feirantes, bibliotecas que ganham mobilidade por meio de todo tipo de veículo,  além de iniciativas de modernização, dinamização e extensão das atividades das bibliotecas públicas de vários municípios e estados.

O que vem se conquistando por meio da ampliação do acesso ao livro e à leitura vai muito além da melhoria de oportunidades para a aquisição do conhecimento. Projetos de leitura têm potencial muito mais profundo pois, como afirma Michèle Petit, criam a possibilidade de construção de um mundo interno, de uma subjetividade vital às  pessoas no enfrentamento das mais diversas situações e contextos que compõem o viver em sociedade.

O contexto brasileiro tem se mostrado propício à consolidação de conceitos e práticas que podem, efetivamente, contribuir para o fortalecimento de processos de promoção da leitura que incorporam os princípios e procedimentos metodológicos aqui discutidos. Esses processos estão diretamente relacionados à construção de uma sociedade leitora como pressuposto para a democracia. Já possuímos um marco legal e referências concretas para a consolidação do Plano Nacional do Livro e Leitura como política de Estado. Agora é o momento de sedimentar essas bases com a participação de indivíduos e instituições interessados na garantia da leitura e do acesso ao livro como direito de todos.

Leia também “Leitura e qualidade de ensino: um itinerário possível para formação de leitores” e "A formação do promotor de leitura", reflexões  de Maria Beatriz Medina publicadas na EMÍLIA.


Referências

Galeno Amorim (org.), Retratos da leitura no Brasil. São Paulo: Instituto Pró-Livro e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008.

Gabriel Perissé, Elogio da leitura. São Paulo: Manole, 2005

Jorge Larrosa, Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004 (pág. 16).

Maria Beatri Medina. “Las posibles rutas de la lectura”, texto apresentado no evento El Festival de La Palavra. Cidade do México, 2006.

Michèle Petit, Os jovens e a leitura – uma nova perspectiva. São Paulo: 34, 2008 (pág. 120).

Teresa Colomer, A formação do leitor literário. São Paulo: Global, 2003.

Zoara Failla, “Os jovens, leitura e inclusão”, em  Retratos da leitura no Brasil.

PROJETO INTERDISCIPLINAR: Era uma vez... Duas e três.. Lendo me encanto... Encantado me encontro!

PROJETO INTERDISCIPLINAR:  Era uma vez... Duas e três.. Lendo me encanto... Encantado me encontro!


 “As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que copiam da realidade. É fruto de um trabalho de significação e ressignificação”. RCNEI (1998 – p. 21–22, vol. 01)

 Justificativa

O início do ano passado foi marcado pela necessidade de desenvolver um projeto que trabalhasse a autonomia; a concentração; o respeito e a capacidade de escutar o outro; o saber esperar a vez; a construção da identidade; o desenvolvimento da imaginação; as formas adequadas para expressar ideias e sentimentos, compartilhando conhecimentos, trabalhando a linguagem oral, e que fosse, também, prazeroso para as crianças. Assim nasceu o projeto: Era uma vez... Duas e três... Lendo me encanto... encantado me encontro”. A prática educativa não tem receita pronta. É preciso experimentar, tendo bom  senso e ética, para encontrar a melhor forma de realizar cada atividade com as crianças.

Os contos e histórias infantis são transformadores... A humanidade chegou aonde chegou porque algumas pessoas fantasiaram, sonharam e assim escreveram contos e histórias. Imaginar e fantasiar são habilidades que devem ser alimentadas desde a infância, o que beneficia as crianças com um leque de descobertas e resgata valores do cotidiano escolar, além de possibilitar a aprendizagem, a compreensão e a transformação dos conhecimentos à sua volta.

É visível o prazer que as crianças têm, desde muito cedo, em ouvir histórias e narrativas que facilitam a aproximação e o fortalecimento dos vínculos afetivos e que trazem avanços positivos no seu desenvolvimento global.

Por isso, sentimos a necessidade de desenvolver com nossas crianças, na sua fase infantil, um projeto que lhes dê oportunidade de construir, criar, imaginar e fantasiar através de contos e das histórias infantis.

Objetivo geral

“…a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa”. 
(Jean Piaget)

Nosso principal objetivo é oportunizar às crianças o contato com as mais diversas formas de leitura, proporcionando-lhes momentos prazerosos, desafiadores; levando-as a perceber que o ato de ler (mesmo que de forma não convencional), além de poder ser usado como obtenção de informações, pode ser muito divertido, lúdico, bem como desenvolve a imaginação, a linguagem oral, gráfica e corporal. Pretendemos oportunizar à criança o aprendizado da leitura e da escrita por meio de atividades que a façam envolver-se ativa e significativamente na construção de novos conhecimentos e novas habilidades. Para tanto, pretendemos utilizar as diferentes linguagens — verbal, gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, transformando os conhecimentos prévios, envolvendo-as significativamente nas mais diversas atividades, reconhecendo e valorizando as mais diversas formas de ler e escrever. Bem como aguçar a autoestima e a confiança de nossas crianças quanto ao seu potencial cognitivo.

Objetivos específicos

• Proporcionar às crianças o contato com diversos gêneros literários.
• Favorecer o acesso de livros literários às crianças, contribuindo assim para a formação de todos os discentes como leitores de literatura.
• Favorecer a integração e a socialização das crianças com o grupo, propiciando o desenvolvimento tanto psíquico como motor, trabalhando com atividades que envolvam os movimentos, as expressões, os gestos corporais, bem como suas possibilidades de utilização (danças, jogos, brincadeiras...).
• Construir um carro itinerante com livros para passar nas salas de aula.
• Aproximar ainda mais os pais, criando oportunidades para que possam participar como ouvintes e também como artistas, apresentando suas habilidades nos momentos culturais.
• A partir de estudos/pesquisas, realizar dicotomia e/ou analogia entre os temas e as atividades propostos em sala de aula, conseguindo assim, ser um cidadão crítico, participativo e reflexivo.
• Permitir à criança um contato com uma linguagem mais elaborada.
• Valorizar a leitura como fonte de prazer, entretenimento e conhecimento.
• Trabalhar a leitura de forma lúdica e interativa.
• Desenvolver a linguagem oral e a expressão corporal.
• Despertar a criatividade, a imaginação e o gosto pela leitura.
• Incentivar a oralidade das crianças na recitação de poesias e em um sarau poético.
• Promover momentos de ilustração de poemas.
• Confeccionar livros com a participação das crianças.
• Desenvolver sessões historiadas com os contos da literatura infantil.
• Dramatizar fábulas e contos apresentando-se para as demais crianças do Cmei.
• Confeccionar murais com produções literárias produzidas em sala de aula pelas crianças.
• Apresentar alguns autores aos alunos através de seus livros infantis.
• Contar e recontar histórias folclóricas.
• Criar histórias a partir de relatos das crianças.
• Realizar colagens de escritas e desenhos das crianças.
• Participar de atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outras.

Eixos temáticos

Linguagem oral e escrita

"...a força impulsora que está por detrás da etimologia popular é o desejo de motivar na linguagem aquilo que é, ou se tornou opaco."(POSSENTI,1998.p.100)

• Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos, necessidades, opiniões, ideias, preferências e sentimentos.

• Relato de vivências nas diversas situações de interação presentes no cotidiano.

• Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os diversos contextos.

• Participação em situações que envolvam a explicação e argumentação de ideias e pontos de vista.

• Narração de fatos em sequências temporal e causal.

• Recontação de histórias.

• Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais como trava-línguas, parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e canções.

• Participação em situações que envolvam o uso da escrita.

• Escrita do próprio nome ou de personagens da História.

• Produção de textos individuais e/ou coletivos.

• Respeito pela produção pessoal e pela alheia.

• Participação em situações que envolvam a leitura, ainda que não o façam de maneira convencional.

Matemática

• Utilização da contagem oral.

• Noções simples de cálculo mental.

• Comunicação de quantidades.

• Identificação da posição de um objeto ou numeral.

• Noção de sucessor e antecessor.

• Os números nos diferentes contextos.

• Comparação de escritas numéricas.

• Oportunização de momentos de produção, interpretação e ordenação numérica.

• Exploração e identificação de propriedades geométricas de objetos e figuras.

• Descrição e representação de pequenos percursos e trajetos.

• Comparação de grandezas e medidas.

• Leitura e interpretação de imagens.

• Coleta e organização de informações.

• Criação de registros.

• Interpretação e elaboração de listas e tabelas simples.

Valorização da vida e do meio ambiente.

• Percepção dos cuidados necessários à preservação da vida e do meio ambiente.

• Valorizações atitudinais relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo.

• Estabelecimentos de relações entre fenômenos da natureza.

• Participação em situações que envolvam a observação e a pesquisa.

• Conhecimentos das partes do corpo e de suas funções.

• Cuidados com o corpo.

• Hábitos de higiene.

• Cuidados e prevenção de acidentes.

• Exploração do ambiente como forma de se relacionar com as pessoas, estabelecendo contato com objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse.

• Demonstração de curiosidade pelo mundo social, formulando perguntas e imaginando situações.

• Manifestação de opiniões sobre acontecimentos, buscando informações e confrontos de ideias.

• Estabelecimento de relações entre o modo de vida de diversos grupos sociais.

• Observação e organização de lugares e paisagens.

• Ampliação do repertório de conhecimento a respeito do mundo social.

Identidade e autonomia

• Participação na resolução de problemas.

• Formulação de perguntas.

• Levantamento de conclusões e explicações sobre o tema estudado.

• Reconhecimento da identidade.

• Ampliação das habilidades para a aquisição da autonomia.

• Construção de conceitos a partir das experiências vivenciadas no cotidiano, relacionando-os com a textualidade expressa.

• Formação de uma cidadania consciente dos seus direitos e deveres.

• Respeito ao próximo, percebendo que somos iguais, apesar das diferenças.

Movimento

• Som e silêncio.

• Pulso.

• Ritmo.

• Compasso.

• Sons: graves e agudos.

• Duração: curto e longo.

• Expressão corporal por meio de danças, dramatização, brincadeiras e outros movimentos.

• Percepção das sensações, dos limites, das potencialidades, dos sinais vitais e da integridade do próprio corpo.

• Manipulação de materiais, objetos, livros e brinquedos para aperfeiçoamento de suas habilidades manuais.

Artes visuais

• Espaço.

• Superfície.

• Volume.

• Linha.

• Textura.

• Forma.

• Cor.

• Desenho.

• Modelagem.

• Pintura.

• Colagem.

• Apreciação textual.

Atividades propostas

• Oralização de poesia (autores da literatura infantojuvenil).

• Degustação literária, com cenário diferenciado do cotidiano.

• Apresentação de estande de livros (parceria com editoras).

• Criação do carrinho da imaginação, utilizando material reciclável.

• Ilustração de poemas.

• Participação em rodas de leitura.

• Confecção de livros com as crianças.

• Leitura compartilhada.

• Sessão historiada (Chapeuzinho Vermelho/Os Três Porquinhos/João e Maria, etc.).

• Dramatização de fábulas e contos clássicos.

• Confecção de mural.

• Apresentação de sarau poético.

• Apresentação da biografia de Monteiro Lobato.

• Conhecimento de alguns autores (Ruth Rocha, Nye Ribeiro, Bartolomeu Campos de Queiroz, Eva Furnari, Ana Maria Machado, Câmara Cascudo, Ziraldo, Roseana Murray e outros).

• Leitura de imagens.

• Conto e reconto de histórias folclóricas.

• Momento da fantasia — criando novas histórias a partir dos relatos das crianças.

• Pintura em sucata — ilustração de poesia e fábulas.

• Exposição de livros/trabalhos (de pano, papelão, miniaturas, etc.) confeccionados durante o projeto.

• Criação de varal literário (colagens, escritas e desenhos das crianças).

Obs.: Em agosto, mês do folclore, foi feita uma feira de artesanato para divulgação de trabalhos realizados pelos pais das crianças.

Metodologia

Este projeto desenvolve-se por meio da interdisciplinaridade e ludicidade, sendo estes realizados com os professores e as crianças nas salas de aula, bem como com a participação de toda a comunidade escolar e os pais. Ele é trabalhado durante todo o mês (iniciou-se em abril), por meio de pesquisas, leituras e releituras, confecção de objetos utilizando materiais recicláveis, construção de livros individuais e coletivos por cada turma, aulas de campo, entrevistas, musicalização, atividades psicomotoras, entre outras ações; com momentos de socialização dos trabalhos escritos e orais para as demais turmas e toda a comunidade. Cada professor escolhe, juntamente com seus alunos, histórias dos mais diversos autores; dentre eles, Monteiro Lobato, Vinicius de Moraes e Ziraldo, trabalhando-as de forma sistemática com toda a turma, buscando aguçar o gosto e o prazer pela leitura. Durante todo o mês, os professores direcionam os eixos temáticos a partir da história escolhida pelo grupo, trabalhando a matemática, a linguagem, o movimento e os demais eixos temáticos interdisciplinarmente.

A cada final de mês, realizaremos a Semana Cultural, ou seja, durante a última semana de cada mês ocorrerão momentos de visitação das crianças e dos pais para a degustação literária, quando cada professora tem um horário para visitar o espaço literário e fazer a degustação de livros, ouvir a contação de história e explorar a exposição de trabalhos feitos por todas as turmas. A contação de história é realizada pelas professoras de sala e professoras de Diversas Linguagens. A cada última quinta-feira e sexta-feira do mês, as turmas apresentarão, no espaço cultural, as histórias, os contos e as poesias trabalhadas, por meio de dramatização, musicalização, danças, etc. Ao percebermos o grande interesse das crianças e dos pais pelo projeto e entendermos que devemos nos envolver e participar ativamente para que as crianças também sejam estimuladas a participarem, criamos o Carro Imaginário, feito com um carro de supermercado e ornamentado com cores alegres, bem como apresentamos (professores e direção) uma peça teatral a cada Semana Cultural.

Cientes da importância de estarmos sempre trabalhando juntos para a comunidade, convidamos a cada mês um grupo local para se apresentar na nossa Semana Cultural, como: grupo de capoeira, coral, contadoras de histórias, músicos e animadores de festas.

Fundamentos epistemológicos

Os princípios teóricos aqui apresentados nortearão nossa pedagogia numa perspectiva de construir e transformar ideias em realidade, fugir do fazer repetitivo e caminhar numa contextualização, complementando a concepção de criança e de pedagogia na Educação Infantil. Desenvolvemos a ação metodológica possuindo princípios norteadores, de acordo com o nosso Projeto Político Pedagógico, pautados no sociointeracionismo e na proposta construtivista, respaldando-nos nos estudiosos Piaget e Vigotsky, bem como nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

Diante da riqueza e do diversificado leque artístico e cultural que as histórias infantis nos proporcionam, desenvolveremos as atividades propostas de forma interdisciplinar, abrangendo as mais diversas áreas do conhecimento, fazendo, assim, analogia e/ou dicotomia entre o imaginário e o conhecimento de mundo das crianças. Utilizamos as artes cênica, plástica, visual, musical e corporal, explorando as competências de cada criança. De acordo com o RCNEI (1998 – p. 21–22, vol. 01), “As crianças constroem o conhecimento a partir das interações que copiam da realidade. É fruto de um trabalho de significação e ressignificação”. É por acreditar nesse pensamento que, ao se fazer referência a Lev Vigotsky, ressalta-se a importância do social, as trocas entre sujeitos em um espaço historicamente organizado. Para ele, a interação social torna-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que nasce (VIGOTSKY, 1991).

Nesse sentido, o educador priorizará as necessidades das crianças, suas peculiaridades e as brincadeiras, sendo os primeiros recursos no caminho da aprendizagem. Estas, não sendo apenas diversão, mas um momento de criar representações do mundo concreto com finalidade de entendê-lo, assim trabalhando os conceitos de unidade e harmonia na construção do autoconhecimento, tornam ainda melhor a vida em sociedade.

Materiais utilizados

Cartolina, cola, papel ofício, TNT, EVA, barbante, livros infantis do acervo da escola e produzidos pelas crianças e professoras, fantasias, tintas, objetos variados pertencentes à escola como: estantes, almofadas, tapetes, carrinho de supermercado, instrumentos musicais, som, CD, DVD, TV, material de sucata (caixas, tampas de garrafa, potes de iogurte, retalhos de tecido, etc.).

Avaliação

Ao refletir sobre a arte de escrever e ilustrar histórias, o professor prioriza o interativo diálogo entre ele e as crianças ou entre elas mesmas.

As atividades ora propostas neste projeto oportunizam a imaginação e a criatividade das crianças; por isso, a avaliação deve ser feita processualmente, partindo do interesse, da desenvoltura e da participação. A criança se comunica através do seu desenho, dos gestos, da música, do afeto e dos significados que ela já traz do seu mundo fora da escola. Neste projeto, a criança é estimulada a fantasiar e, de acordo com suas possibilidades, mostrará uma ligação com os livros, seja no manuseio, no interesse pelas ilustrações ou mesmo pela contação do professor nas rodas de leitura. O professor registrará passo a passo os resultados obtidos durante as oficinas em sala de aula, nos relatos das crianças e em qualquer outra expressão (artes visuais, musical, oralidade, corporal, etc.).

Culminância

A cada final de mês, os grupos realizarão a exposição das atividades trabalhadas, organizarão o espaço literário e finalizarão com apresentações variadas, como: dramatizações, músicas, brincadeiras, etc.

Considerações finais

Temos obtido um resultado surpreendente, visto que o projeto possibilitou um maior poder de concentração das crianças, interesse pelos assuntos/temas trabalhados, maior autonomia, redução de inibição, melhor relacionamento entre professor e aluno, bem como melhorou consideravelmente o relacionamento entre professores e funcionários da escola, a partir do instante em que todos se envolveram na construção do espaço literário, nas criações com sucatas, na arrumação dos painéis, na arrecadação de sucatas, etc. Cresceu também a confiança dos pais quanto ao compromisso e trabalho da nossa instituição, da mesma forma que o projeto os aproximou ainda mais do contexto escolar. Eles se emocionam, sorriem, choram, se encantam quando veem seus filhos explanando todo o conhecimento adquirido. É muito gratificante o resultado a cada última semana do mês. São momentos que nos enchem de orgulho, alegria, satisfação, pois é o resultado de todo um trabalho, trabalho este muito árduo, cansativo, mas que nos faz ver que vale a pena lutarmos pela educação de qualidade quando vemos o crescimento, a evolução de cada criança.

Segundo Valente (1999), o construcionismo “significa a construção de conhecimento baseada na realização concreta de uma ação que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz ” (p.144)


Referências bibliográficas

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Secretaria de Educação Fundamental. 1v. Brasília, 1998.

NATAL, Secretaria Municipal de Educação. Referenciais Curriculares para a Educação Infantil. Margarete Ferreira do Vale Sousa; Maria Teresa Moraes (Orgs.). Natal: Secretaria Municipal de Educação, 2008.

PIAGET, J. Os Estágios do Desenvolvimento Intelectual da Criança e do Adolescente. Rio de Janeiro: Forense, 1972.

______. A Linguagem e o Pensamento da Criança. Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

POSSENTI, Sírio.Os humores da língua: análises linguísticas de piadas.Campinas,SP:Mercado de Letras, 1998.

VIGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1934/1996.

domingo, 12 de abril de 2015

PROJETO DE LEITURA: LER É VIAJAR NUMA DIMENSÃO INFINITA

PROJETO: Ler é viajar numa dimensão infinita
“Adotar o livro como amigo é ter a certeza de ser informado e de se fazer cidadão consciente” (HJM).

Considerações
       Não é de hoje que se percebe a falta de leitura nas escolas, pois, é incomum encontrar alunos lendo em corredores e salas de aula, mesmo que se tenham professores incentivando seus alunos a este hábito. O que fazer?
       Existem diversas formas de incentivar estudantes para o hábito da leitura e, muitas delas estão ao alcance de todos. O professor, como se pode perceber, tem a faca e o queijo nas mãos, mas, por ironia ou desleixo, muitos perdem essa oportunidade e acabam cortando os próprios pulsos, porque deixam de inovar, inventar e recriar. Projetos são ferramentas eficazes, desde que colocadas à disposição de métodos e objetivos, com metas e resultados e devem ser trabalhados em sala de aula.
       Desse modo, proponho-me a ser mais prático, trabalhando aquilo que realmente tem retorno: a leitura, de forma que possa conduzir o estudante ao pensar com criticidade, agir com objetividade e perceber seu entorno; o contexto em geral, na maneira de ser e estar cidadão responsável e construtor de sua própria identidade.

1. Título:
Compromisso com a Leitura

2. Delimitação
Tema: A Leitura e suas facilidades

2.1. Problema
Por que a leitura ainda é pouco cultivada na escola, um espaço onde se deveria respirar cultura e informações?

3. Justificativa
O projeto de leitura delineia-se a partir de uma concepção de leitura, numa perspectiva interdisciplinar que considera o ato de ter um exercício de descoberta e atribuição de significados.
Observa-se que as turmas, de um modo em geral, não têm hábito de leitura. Diante dessa realidade torna-se necessário formular um projeto e atividades de leituras que despertem nos alunos o interesse e o prazer pela leitura, pois a leitura tem grande importância para o desenvolvimento do indivíduo em seu contexto social, tendo como ponto de partida, as histórias infanto-juvenis, visando, assim, despertar a curiosidade e o gosto do aluno pela leitura.

4. Objetivo Geral
Despertar o gosto pela leitura, de forma com que cada estudante se conscientize da função e importância da leitura para seus estudos e o conhecimento.

4.1. Objetivos Específicos
·         Permitir aos alunos explicarem livros lidos à comunidade escolar;

·         Reforçar o prazer da leitura pelo esforço de aprender e melhorar os estudos;

·         Incentivar alunos para o hábito da leitura, como ferramenta de sua melhoria cognitiva.

·         Estimular o gosto pelo contar e ouvir histórias;

·         Perceber a leitura como um processo dinâmico;

·         Recriar histórias através de textos orais e escritos.

 5. Referencial Teórico
        A leitura é um passaporte para a vida. É uma atividade permanente da condição humana, uma habilidade a ser adquirida desde cedo e treinada em suas várias formas.
       Para Paulo Freire, “um acontecimento, um fato, um efeito, uma canção, um gesto, um poema, um livro se acham sempre envolvidos em densas tramas, tocados por múltiplas razões de ser”. Por esse motivo, um texto deve ser lido a partir de seu contexto, o que inclui um contexto ainda maior no qual interessa muito mais a compreensão do processo, em que a circunstância e como as coisas ocorrem, do que o produto final, o texto em si.
    Ler é, sobretudo, um hábito de quem é estudante e daquele que aprendeu a ler. A leitura abre espaço para o entender, aprender e pensar.
   Segundo Cazden (1987 p. 169), leitura é um conjunto de processos paralelos em interação que atendem simultaneamente a níveis diferentes da estrutura do texto é também um processo construtivo. Diz ainda que a mente dos leitores não é uma tabula rasa na qual o significado das palavras e orações são passivamente registrados.
   Para Zilberman, p.75, 1998:
 Enquanto prática, a leitura associa-se desde seu aparecimento à difusão da escrita, à fixação do texto na matéria livro (ou numa forma similar a essa), à alfabetização do indivíduo, de preferência na fase infantil ou juvenil de sua vida, é a adoção de um comportamento mais pessoal e menos dependente dos valores tradicionais e coletivos, veiculados por meio oral através da religião e dos mitos.
 A leitura é uma discussão permanente entre vários autores, pois se trata de um recurso mais dinâmico para o ato de aprender e o desenvolver  cognitivamente, segundo: Paulo Freire, Vygotsky, Emília Ferreiro, Jean Piaget, entre outros. 
  
6. Metodologia (métodos)
      O Projeto será desenvolvido através do recontar e explicar a leitura feita sobre livros infanto-juvenis contidos em nossa biblioteca. Os alunos, agrupados em 4 ou 5 explicam as estórias lidas dos livros expostos

6.1 – Recursos a serem utilizados

Didáticos:        — Cartazes
                        — Livros Paradidáticos Infanto-Juvenil
                       
Humanos:        — Professor – Alunos

6.2 – Formas de Avaliação
 Durante o processo de avaliação será observado o desempenho na participação das atividades individuais e em grupo.

 6.3 – Cronograma de Execução

O “Projeto de Leitura” será desenvolvido com os alunos  da _____________, no período da tarde , na biblioteca  da escola:
1º Momento — Escolha dos livros de história,
2º Momento — Leitura dos livros
3º Momento — Divulgação da obra através de cartazes, apresentação de personagens e do próprio texto.
4º Momento — Culminância e exposição dos trabalhos realizados no final de  cada bimestre.
  
7. Referências
ABUD, Maria José Milharez. O Ensino de Leitura, Editora Saraiva: 1999.
ALVES, Rubens – Revista Nova Escola- maio de 2002.
BALINKY, Tatiana, Pedagoga. Revista Nova Escola, nov. de 1998.
BARBOSA, José Juvêncio, Alfabetização e Leitura, Editora Cortez4ª Edição, 1997, p.p. 27;29;31
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais – MEC: 1996
 CHARMEUX, Evelina. Aprender a Ler: Vencendo o Fracasso. Editora, São Paulo - 1994. p. 28.
 FREIRE, Paulo. A importância do Ato de Ler em Três Artigos que se Completam. São Paulo, Autores associados/ Cortez 1983.  p.p.18;22;50
 HARPER, B. et alii. Cuidado, Escola!. São Paulo, Brasiliense, 1980.
  HARDT, Regina Célia Cazaux, Pedagoga, “Curso de Didática Geral”,Editora Ática, São Paulo, 1998.
 LDB (lei de Diretrizes de Bases), artigo 32, I, ano 1996.
 MARTINS, Maria Helena. O Que é Leitura - item ampliando A Noção de Leitura op cit, p.p. 22; 35 Editora São Paulo – Brasília – 1984.
 MARTINS, Maria Helena, Revista Nova Escola, nov. de 1998. 
MERCW ,Sara - Encontrando o Sentido da Leitura –Artigo do Jornal do MEC, Ano IX, nº 8 – Brasília -Distrito Federal, março de 200l,p.7
MELLO, Clara - A Leitura em Sala de Aula. Editora Ática, 1991, p. 8
ROCHA, Ruth - Escritora Revista Escola, maio de 1998.
 ZILBERMAN, Regina.  Leitura em Crise na Escola: As Alternativas do Professor. Porto Alegre, Mercado Aberto -1982.
 ZILBERMAN, Regina, Revista Nova Escola, nov. de 1998.
 ZIRALDO, (Menino Maluquinho) Revista Nova Escola, nov. de 1998.