Pra
Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Geraldo Vandré
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
1- Caminhando
e cantando e seguindo a canção / Somos todos iguais braços dados ou não, o que
representa?
Resposta: representa as passeatas que reuniam, em sua maioria,
jovens que tinham consigo um desejo de mudança, ambições e sonhos, eram movidas
a cartazes de protestos, a vozes gritantes que entoavam hinos e músicas. Essa
frase também nos mostra que independente de crenças e ideias, as pessoas são
iguais, estando elas do mesmo lado ou não.
2- Como
eram as manifestação, segundo a música?
Resposta: Nas escolas, nas ruas, campos, construções: as
manifestações eram compostas de pessoas de diversos ambientes, mas que possuíam
o desejo de mudança em comum: agricultores, operários, camponeses, mulheres,
jovens, professores, jornalistas, intelectuais, padres e bispos.
3- Quem eram as pessoas censuradas e vigiados
durante o período da Ditadura?
Resposta: Os professores, jornalistas e intelectuais, os que depois
do AI-5 ocorreu com maior intensidade, os professores não podiam lecionar e
mencionar nada referente ao golpe, os jornalistas tinham seus artigos e
matérias cortadas pela censura e os intelectuais eram proibidos de disseminar
suas ideias e também de publicá-las.
4- O
que aconteceu nas universidades neste período?
Resposta: Não havia vagas e
muitos jovens não conseguiam estudar.
5 - Como era a situação das mulheres durante a
ditadura?
Resposta: Eram discriminadas e impedidas de trabalhar.
6- O
que este trecho da música:” Vem, vamos
embora, que esperar não é saber” contesta?
Resposta: Os baixos salários que
os homens sofriam, os agricultores e camponeses tinham suas terras ocupadas e
os padres e bispos eram ameaçados, presos e muitas vezes expulsos do país.
Então a maneira encontrada para protestarem pelos seus direitos, era juntar-se
aqueles que também possuíam ideias de mudança e desejo por um país melhor.
7- A música em questão foi censurada pela ditadura. Quais elementos contidos na letra representavam, na perspectiva dos censores, um perigo/ameaça/subversão?
7- A música em questão foi censurada pela ditadura. Quais elementos contidos na letra representavam, na perspectiva dos censores, um perigo/ameaça/subversão?
Resposta:
Subversão, pois era desobediência
ou rebelião relativamente às autoridades oficiais; transtorno ou perturbação.
8-A música foi considerada “o hino da resistência contra
a ditadura”. A letra é condizente com este título? Por quê?
Resposta Pessoal
9. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer: refere-se
a quem?
Resposta: Refere-se também a pessoas que
preferiam ficar em silêncio em vez de tentar alcançar a mudança junto aos
estudantes e aos demais.
10. Qual a interpretação destes versos:
a) Pelos campos há fome em grandes plantações:
Resposta: As
pessoas que trabalhavam nos campos, ou que eram agricultores, também sofriam
com a ditadura, os poucos que possuíam um pedaço de terra a mesma lhe era
tomada, os camponeses muitas vezes eram despejados e acabavam por passar fome.
b) Pelas ruas marchando indecisos cordões:
Respostas: Cordões é como ficou conhecido os
grupos de foliões que tomavam as ruas durante o carnaval, o nome refere-se a
característica dos grupos serem formados de forma que as pessoas se sucedem.
Assim era composta algumas das manifestações, como foi o caso da Passeata dos
Cem Mil, que parecia ser dividida em blocos: artistas, mães, padres,
intelectuais e entre outros, que em muitos casos, caminhavam indecisos ou com
medo dos militares.
c) Ainda fazem da flor seu mais forte refrão / E
acreditam nas flores vencendo o canhão:
Resposta: Enquanto
os militares reprimiam os protestantes com canhões, bombas de gás, e armas, a
população saia nas ruas com cartazes e com a força de suas vozes, muitos
atirando pedras e tudo o que se estivesse ao alcance, mas nada parecia ser tão
forte e provocante quanto os gritos, as palavras de ordem dos movimentos
estudantis, frases e músicas daquele ano, essas sim eram suas verdadeiras
flores. Mas começaram a surgir grupos que não acreditavam mais em democracia
sem a violência, alguns grupos de radicais se formavam e gritavam em coro: “Só
o povo armado derruba a ditadura”, enquanto do outro lado um grupo militante
gritava: “Só o povo organizado conquista o poder”.
d) Há soldados armados,
amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão:
Resposta: Os
soldados estavam sempre armados e dispostos a prender os manifestantes e
levá-los para as salas do DOPS, porém, muitos pareciam alienados, não sabiam
direito o que acontecia ou fingiam não saber, para quem sabe assim se redimir
da culpa de tantas mortes e “desaparecimentos” da época. Mas tinham famílias,
namoradas, mãe, irmãos podiam sim ser amados por alguém ou então odiados por
todos. Muitas manifestações foram, sobretudo contra a violência dos policiais.
e) Nos quartéis lhes ensinam antigas lições / De morrer
pela pátria e viver sem razão:
Resposta: Os soldados aprendiam lições e como se
houvesse uma lavagem cerebral aceitavam cumprir as ordens do governo, mas
acredito que em sua maioria muitos sabiam exatamente o que faziam e concordavam
com os planos e métodos. Como diz a frase eles aceitavam morrer pelo seu país,
mesmo que para isso eles fossem recriminados pela população e tivessem que
viver sem anseios e sem razão, afinal de contas eles só serviam para fazer o
trabalho pesado para os governantes.
f) Somos todos soldados, armados ou não:
Resposta: Na contradição de ser ou não
soldados, todos eram, a diferença está nas armas e na motivação.
g) Os amores na mente, as flores no chão / A certeza na
frente, a história na mão:
Resposta: A
maioria, se não todas as pessoas que participavam ativamente dos manifestos
eram motivados pelas perdas que sofriam, pelas mortes de amigos, parentes,
conhecidos, pela dúvida do que aconteciam com as pessoas que eram levadas.
Alguns dos jovens quando crianças viram seus pais serem levados por policiais e
nunca mais tiveram notícias, muitos viram seus amigos morrerem e o corpo
simplesmente desaparecer e acabavam por não ter direito ao enterro, alguns poucos
voltavam e de outros nunca mais se ouvira, eram guiados pela certeza de que
poderiam mudar o mundo e pela história que cada um deles possuía.
h) Aprendendo e ensinando uma nova lição:
Resposta: Grande
parcela dos jovens brasileiros de hoje, desconhecem o período de 10 anos desde
o golpe militar até o fim da ditadura, o desejo de mudança, a fome por
liberdade e a coragem de lutar não está entre as principais prioridades do
jovem do século XXI. O conformismo, a tecnologia, e várias outras novidades que
surgiram após 1968, impedem que estudantes despertem em si os mesmos desejos de
mudança. Muitos jovens não conseguem imaginar que existiu um tempo em que não
havia internet, raves, DVD, CD, TV em cores e muito menos TV a cabo, shopping
centers, big brother, MSN, wattsap, entre outras coisas. Os jovens são movidos
a saciar seus desejos e vontades muitas vezes supérfluas e estão mais
preocupados com o próprio bem-estar, muitos desperdiçam o direito de voto, que
infelizmente só foi conquistado após ditadura, direito esse que tanto foi
motivo de luta dos jovens que almejavam garantir sua opinião e participar da
história do próprio país. Insatisfação contra a corrupção, violência,
injustiça, leis, governos, escolas, mas não passam de apenas reclamações.
ANÁLISE
A música de Geraldo Vandré é
clara, nos conscientiza e informa sobre o ano de 1968 e os demais que se
seguiram de ditadura militar, nos faz repensar sobre atitudes e ideais, sobre o
velho e o novo, e de como o ditado “um
por todos, e todos contra um” foi tão intenso durante aqueles anos, os
estudantes podem não ter derrubado a ditadura, mas foram vistos e foram parte
importante e indispensável da história. É decepcionante saber de que nos tempos
atuais, aceitamos o que nos é imposto, fazemos parte de uma massa que cada vez
mais parece alienada e movida às tecnologias. Não conseguimos nos separar de
bens materiais e tampouco lutar contra isso, nos conformamos e ficamos
aprisionados, o ano de 1968 ficou apenas como exemplo de uma geração de jovens
com ideais, alguns alienados sim, mas a maioria com esperança de um país melhor
e capaz de lutar pela liberdade e por aquilo que era lhes eram imposto. Mesmo
depois de 40 anos essa composição ainda pode nos expor a importância da luta
pelos nossos objetivos, desejos e ideais, mas principalmente de como o
conhecimento dos próprios direitos e deveres é imprescindível para que se
construa uma sociedade melhor e democrática, além de ser o nosso principal
dever como cidadão.