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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

POEMA VI - NA MINHA RUA HÁ UM MENININHO DOENTE - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: VINa minha rua há um menininho doente

             Mário Quintana

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHB-nZow3_Oi_T8X_sBgZPEJnHDYoZ5SSnqP6j4pHimVnEqyhv2QbQXNW7aG8EJP5eF2G9DMgyb0v7ijk0oFCdHWl0FAhTf2yQ2PVRev6rBvZddoCOkeNwdYmRJl4Nn16UuEqoqHpvixI6jYQyM-gq1r1BaQ94UhWCo2IKlZFxlbhj8y8DpOLmEitE0NQ/s320/menino-olhando-a-chuva-pela-janela-400-183715.jpg


Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola…

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente…
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente…

 In: A Rua dos Cata-ventos. São Paulo: Globo @ by Elena Quintana.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 6º ano. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 7ª edição reformulada – São Paulo: ed. Saraiva, 2012. p. 161.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Engrolar: pronunciar de maneira imperfeita, recitar mal.

·        Evolar: evaporar, dissipar.

·        Soneto: tipo de poema formado por quatro estrofes, as duas primeiras com quatro versos e as duas últimas com três versos.

02 – Quem é o personagem principal do poema e qual é a sua situação?

      O personagem principal é um menino doente que, ao contrário de outras crianças, não pode ir à escola. Ele passa o tempo junto à janela, ouvindo os filhos da rua.

03 – Quais filhos o menino ouve da sua janela?

      O menino ouve o sapateiro bater sola e o carpinteiro cantando uma canção napolitana. Esses filhos ajudam a aliviar o sofrimento do menino.

04 – O que acontece com o sofrimento do menino ao ouvir os filhos da rua?

      Conforme o menino ouve os filhos da rua, seu sofrimento parece diminuir gradativamente, como se fosse se evaporando.

05 – Qual personagem no poema não é notado pelo menino?

      Há um operário triste que trabalha silenciosamente e não canta nada. O menino não sabe que ele existe.

06 – Qual é a relação do operário com o menino?

      O operário, que trabalha em silêncio, está compondo o soneto que lemos, como uma forma de homenagear e aliviar o sofrimento do "menino doente".

 

domingo, 25 de agosto de 2024

POEMA: CADEIRA DE BALANÇO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Cadeira de balanço

             Mário Quintana

Quando elas se acordam
do sono, se espantam
das gotas de orvalho
na orla das saias,
dos fios de relva
nos negros sapatos,
quando elas se acordam
na sala de sempre,
na velha cadeira
que a morte as embala...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijHQJvlhqycfJDE4bfzRSmkhVJ2qzDxbukXof7s2VUmf9OH440PVYYGM1HEA2uZXzjhbUSv-E3DTNn1vO2uS_Ohjc2mTpw1Ypc4ROOmR6oqXhBrpLhajNEynFYXE1AQ00MDUI1mT12AdHXyHzHReqd_OliPrf_n4RWaKVmIVcdoP1F8P3XWsv1aExz9cw/s320/CADEIRA.jpg



E olhando o relógio
de junto à janela
onde a única hora,
que era a da sesta,
parou como gota que ia cair,
perpassa no rosto
de cada avozinha.

um susto do mundo
que está deste lado...

Que sonho sonhei
que sinto inda um gosto
de beijo apressado?
- diz uma e se espanta:
Que idade terei?
Diz outra:
- Eu corria
menina em um parque...
e como saberia
o tempo que era?

Os pensamentos delas
já não têm sentido.

A morte as embala,
as avozinhas dormem
na deserta sala
onde o relógio marca
a nenhuma hora

enquanto suas almas
vêm sonhar no tempo
o sonho vão do mundo...
e depois se acordam
na sala de sempre

na velha cadeira
em que a morte as embala...

QUINTANA, Mario. Cadeira de balanço. In: Quintana, Mario. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006. p. 448-450.

Fonte: Linguagens em Interação – Língua Portuguesa – Ensino Médio – Volume Único – Juliana Vegas Chinaglia – 1ª edição, São Paulo, 2020 – IBEP – p. 76.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Inda: forma antiga de “ainda”.

·        Orla: borda.

·        Relva: vegetação rasteira.

·  Sesta: período de tempo após o almoço em que uma pessoa dorme ou descansa.

·        Vão: irreal.

02 – Qual é o tema central do poema "Cadeira de Balanço"?

      O tema central do poema é o ciclo da vida e a proximidade da morte, representada pela imagem das "avozinhas" que dormem na cadeira de balanço, embaladas pela morte.

03 – O que a "velha cadeira" simboliza no poema?

      A "velha cadeira" simboliza a passagem do tempo e a chegada da morte, que embala suavemente as personagens do poema, as levando de volta ao mundo dos sonhos e memórias.

04 – Como o poema retrata a percepção do tempo pelas "avozinhas"?

      O poema mostra que as "avozinhas" têm uma percepção confusa do tempo. Elas se perguntam sobre sua idade e têm lembranças difusas da infância, indicando que o tempo, para elas, é um conceito esvaído, quase irrelevante.

05 – Qual é o papel do relógio no poema?

      O relógio, que parou na hora da sesta, simboliza o tempo que se deteve para as "avozinhas". Ele representa um momento estático, onde o tempo do mundo exterior não mais importa para elas, que vivem em uma realidade onde o tempo é fluido e indistinto.

06 – O que a imagem das gotas de orvalho e dos fios de relva nos sapatos sugere sobre as "avozinhas"?

      Essas imagens sugerem que as "avozinhas" têm uma conexão com o mundo natural e talvez com memórias de um tempo passado. Elas acordam com vestígios de uma realidade diferente, como se estivessem em um limiar entre o sonho e a vigília.

07 – Como a morte é personificada no poema?

      A morte é personificada como uma força tranquila e inevitável que embala as "avozinhas" na velha cadeira, levando-as de volta ao mundo dos sonhos e ao passado, em um processo contínuo de adormecimento e despertar.

08 – Qual é a atmosfera predominante no poema?

      A atmosfera do poema é melancólica e reflexiva, com um tom de aceitação tranquila da passagem do tempo e da chegada da morte, criando uma imagem de serenidade e resignação diante do inevitável fim.

 

domingo, 23 de junho de 2024

POEMA: O AUTORRETRATO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: O AUTORRETRATO

              Mário Quintana

No retrato que me faço
— traço a traço —
Às vezes me pinto nuvem,
Às vezes me pinto árvore…

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3VcMz9avkEIaoBOxzl5xdc_gOvx3GmozvpAT0qaYvIo1VhnYrqPO78KXVBXqkXhMJu145y1yH2026ukhzvnYRTKUKsQACA7fKdGtNIPlVSTmoTWv7SKSLm9-HV-6VmBOb7TweVqfBkI_Bvu8LsNOhB-68sA28kSiaclgGeyunRyOjsqZ0ZWh0pDMhWfI/s320/AUTORRETRATO.jpg


Às vezes me pinto coisas
De que nem há mais lembrança…
Ou coisas que não existem
Mas que um dia existirão…

E, desta lida, em que busco
— pouco a pouco —
Minha eterna semelhança,

No final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

 Mario Quintana. O autorretrato. In: QUINTANA, Mário. Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. 

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 09.

Entendendo o poema:

01 – Você sabe dizer que tipo de texto é “O autorretrato” de Mário Quintana? Justifique sua resposta.

      Um poema, porque está escrito em versos e não é narrada nenhuma história. Aceite como corretas respostas semelhantes a essa.

02 – Do que fala o texto?

      O texto é a voz de uma pessoa dizendo pintar seu retrato com palavras. E que no final sai um desenho de criança corrigido por um louco. A ideia é que o estudante apenas parafraseia o texto.

03 – A voz que fala em textos poéticos se caracteriza como “eu lírico”. No poema de Mário Quintana, ele é percebido pelo uso de quais classes de palavras?

      Pelos pronomes pessoais e pelos verbos.

04 – Quando alguém escreve sobre si mesmo, seja na forma de poema ou na forma narrativa, temos que tipo de conteúdo?

      Autobiografia.

 

 

domingo, 9 de junho de 2024

POEMA: OH! AQUELE MENININHO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Oh! Aquele menininho

             Mário Quintana

Oh! aquele menininho que dizia
“Fessora, eu posso ir lá fora?”
Mas apenas ficava um momento
Bebendo o vento azul…
Agora não preciso pedir licença a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem lá fora:
Somente cimento.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjADNCspiFrOPqU0HmZybv6dECeHPtZj7R1mVxL6dBLhQCKrvDmu7PWKMj2uuaESLoIEfKp0mqw70Jy22xDzxY5o1V_z7x9siOudDQ9xB1w0NPkjJAu-MTDKZPUfcoG4HR0U4ERXP2FoRu4OUdN5elhOJmD6qx91euVactFWhyjBZXxMfZZbzLBCLr9dg/s1600/MENINO.jpg


O vento não mais me fareja a face como um cão amigo…
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.

QUINTANA, Mario. Poema. In: FERRAZ, Eucanaã (Org.). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 39. © by Elena Quintana.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 313.

Entendendo o poema:

01 – Observe o emprego do pronome me no oitavo verso e responda: quem é o “menininho” de que fala o eu lírico?

      O “menininho” é o próprio eu lírico, no passado.

02 – De que maneira se constroem as referências temporais desse poema?

      O pronome aquele estabelece a distância do passado do eu lírico e contrasta com o advérbio agora, de seu tempo presente.

03 – Em “Fessora, eu posso ir lá fora?”, encontramos uma fórmula usada socialmente, em algumas regiões, para evitar o uso de outra considerada menos educada ou meio constrangedora. Qual seria?

      O pedido para “ir ao banheiro”.

04 – Que imagem usada no poema traduz o prazer sentido pelo eu lírico ao sair para o espaço aberto e livre?

      A imagem contida em “bebendo o vento azul”.

05 – Que paisagem é construída no verso “somente cimento”? De que forma se constrói essa referência?

      O verso constrói uma imagem de obstrução e monotonia pela repetição do fonema /s/ e pela referência ao cimento, que alude às construções e cria um efeito monocromático.

06 – O verso “Agora não preciso pedir licença a ninguém” expressa uma satisfação ou insatisfação? Por quê?

      A princípio, representaria algo satisfatório, com a eliminação da autoridade que poderia impedir a realização do desejo, mas torna-se insatisfatório quando se evidencia, no verso seguinte, que a presença de uma autoridade já é irrelevante, pois as condições de realização do desejo não existem mais.

07 – Cada ocorrência de lá fora tem um sentido no poema. Quais são elas?

      No primeiro caso, trata-se de uma referência espacial: lá fora significa “fora da sala de aula”. No segundo, além da referência espacial, pode também aludir a “fora do sujeito”, fora da interioridade.

08 – Como você interpreta a imagem final, o “azul irreversível” que persiste nos “olhos” do eu lírico?

      Resposta pessoal. O “azul irreversível” pode ser interpretado como a sensibilidade da infância, o gosto pela vida, o prazer, que persistem dentro do eu lírico.

 

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

POEMA: A VIDA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: A VIDA

               Mario Quintana

Quando se vê, já são seis horas!

Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê, passaram-se 50 anos!

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZx6MAlODwMLOOU26aLYYIqYXKlxd-VTaA223V_1sKV_IdZNgpMdbR4RmFkV-jTeuHBXrlwiLSk0QYpEDF_vY4eQNTIWvsCzMvfaqRZI2TUNIwiyH3O8QRhGsFaNyJpChsQm9uRdoRT2FHbHzWgeXACMAHN2-93VxsOgYS6WqOKFQIYj9PKBTyLj3N8vI/w236-h234/VIDA.png

 Agora, é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,

Eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando,

pelo caminho, a casca dourada e inútil das

horas...

De forma eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta

De tempo, a única falta que terá,

será desse tempo

que infelizmente não voltará mais.

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central abordado no poema "A Vida" de Mário Quintana?

O tema central do poema é uma reflexão sobre o tempo e a vida, destacando a rapidez com que o tempo passa.

02. Como o eu lírico expressa a passagem do tempo ao longo do poema?

O eu lírico expressa a passagem do tempo de forma surpreendente e rápida, usando a repetição de situações cotidianas para mostrar a velocidade com que os anos se sucedem.

03. Que figura de linguagem é utilizada na expressão "a casca dourada e inútil das horas"?

A expressão "a casca dourada e inútil das horas" utiliza a metáfora, comparando as horas a uma casca dourada e inútil para enfatizar a efemeridade e a superficialidade do tempo.

04. Qual é a mensagem principal transmitida pelo eu lírico no trecho "Agora, é tarde demais para ser reprovado..."?

A mensagem principal é a consciência de que o tempo passa rápido demais e que é preciso aproveitar cada momento, pois, uma vez passada, não há mais oportunidade de reviver o tempo perdido.

05. Como o poeta sugere que as pessoas devem lidar com o tempo e as oportunidades na vida?

O poeta sugere que as pessoas devem seguir em frente sem se prender ao passado, aproveitando as oportunidades e não deixando de fazer o que amam devido à falta de tempo.

06. Quais são as diferentes etapas mencionadas que indicam a passagem do tempo ao longo do poema?

As diferentes etapas mencionadas que indicam a passagem do tempo são as horas, os dias, as semanas, os anos, destacando como essas unidades temporais se acumulam rapidamente.

07. O que significa a expressão "pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas"?

A expressão significa que ao longo da vida, o eu lírico vai descartando as superficialidades e valorizando o essencial, simbolizado pela metáfora da "casca dourada e inútil das horas".

08. Como o poema aborda a questão da reprovação em relação ao tempo?

O poema aborda a reprovação em relação ao tempo indicando que, uma vez passado, o tempo não pode ser recuperado, destacando a importância de viver plenamente cada momento.

09. Que conselho o eu lírico dá no poema para evitar tristezas futuras?

O eu lírico aconselha a não deixar de fazer algo que se gosta devido à falta de tempo, pois a única falta que terá esse tempo que não voltará mais.

10. Como o poeta utiliza o recurso da antítese ao longo do poema?

O poeta utiliza a antítese ao contrastar a rapidez com que o tempo passa (horas, dias, anos) com a ideia de seguir em frente sem se prender ao passado, criando um contraste entre a fugacidade do tempo e a atitude de aproveitar cada momento.

 

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sábado, 13 de agosto de 2022

POEMA EM PROSA: O CHÁ, OS FANTASMAS, OS VENTOS ENCANADOS ... - MARIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema em prosa: O chá, os fantasmas, os ventos encanados..          

             Mario Quintana

    Nasci no tempo dos ventos encanados, quando, para evitar compromissos, a “gente bem” dizia estar com enxaqueca, palavra horrível mas desculpa distinta. Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado. Quando eu via aquilo, ficava a pensar sozinho comigo (menino, naqueles tempos, não dava opinião) por que é que elas não usavam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...

        Também se falava misteriosamente em “moléstias de senhoras” nos anúncios farmacêuticos que eu lia. Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso. Mas, em compensação, me assustavam deliciosamente com histórias de assombrações. Nunca me apareceu nenhuma.

        Pelo visto, era isso: nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo. A não ser através do “Tico-tico” e da poesia de Camões – do qual até hoje me assombra este verso único: “Que o menor mal de tudo seja a morte!”.

        Pois a verdadeira poesia sempre foi um meio de comunicação com este e com o outro mundo.

               QUINTANA, Mario. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984. p. 13. (Série O Menino Poeta, 5). © by Elena Quintana.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 277-8.

Entendendo o poema em prosa:

01 – Ao usar a expressão gente bem para designar um grupo de pessoas, o eu lírico sugere concordância ou discordância em relação a essa qualificação? Justifique.

      O eu lírico sugere discordância, como revela o uso de aspas, indicativo de que a expressão costuma ser empregada por outras pessoas e ele não a absorveu.

02 – No trecho “Ter enxaqueca não era para todos, mas só para essas senhoras que tomavam chá com o dedo mindinho espichado”, que palavra contrasta com ? Por quê? Como ela se classifica?

      O pronome indefinido todos, usado para indicar totalidade, contrasta com a noção de exclusividade sugerida por só.

03 – Por que o pronome demonstrativo essas, no mesmo trecho, sugere uma impressão pessoal do eu lírico? Qual seria essa visão?

      Essas adquire um sentido crítico, pois o eu lírico afasta-se do grupo de senhoras ao empregar um pronome de segunda pessoa para referir-se a elas.

04 – Que ideia é retomada pelo pronome demonstrativo na oração “Quando eu via aquilo”? De que modo tal pronome se relaciona com a expressão o tempo dos ventos encanados?

      O pronome aquilo retoma a cena das senhoras tomando chá com o dedo mindinho espichado e institui entre elas e o eu lírico uma grande distância temporal, coincidente com a expressão o tempo dos ventos encanados.

05 – Que pronome está relacionado à ideia expressa na oração “menino, naqueles tempos, não dava opinião”? Por quê?

      O pronome comigo, que sugere que os pensamentos do menino não eram compartilhados.

06 – No trecho “por que é que elas não usam, para cúmulo da elegância, um laçarote azul no dedo...”, qual é a função do pronome que em negrito?

      Ele questiona a causa.

07 – Quando menino, o eu lírico não compreendia o sentido da expressão moléstias de senhoras. Por que essa expressão pode ser considerada um eufemismo?

      Provavelmente, referia-se ao termo menstruação, substituindo-o por algo menos explícito, na época considerado mais elegante.

08 – De que forma o uso dessa expressão sugere um passado distante?

      Atualmente, não há constrangimento no emprego de um termo como esse, que apenas designa uma característica física da mulher.

09 – Releia agora este outro trecho: “Era decerto uma coisa privativa das senhoras, como as enxaquecas, pois as criadas, essas não tinham tempo para isso”. O pronome essas poderia ser excluído sem prejudicar a estrutura da oração? Que efeito seu uso produz?

      Sim, pois o pronome apenas coloca seu referente (as criadas) em evidência, não interferindo no sentido da oração.

10 – Em “me assustavam deliciosamente com histórias de assombração”, qual é o sujeito da ação? Que palavra expressa o alvo desse sujeito? Justifique o uso dessa palavra.

      O sujeito é criadas, e o alvo, me, um pronome oblíquo átono usado como complemento para se referir à 1ª pessoa do discurso.

11 – Como você interpretou a afirmação “nunca consegui comunicar-me com este nem com o outro mundo”? Que importância tem o pronome demonstrativo na caracterização de um dos dois mundos citados?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O eu lírico sugere que teve dificuldades não apenas na comunicação com o outro mundo, aquele fantástico de que falavam as criadas, mas também com o mundo dele próprio, sugerindo que não se comunicava bem com as pessoas. O pronome este foi usado para enfatizar esse mundo real do eu lírico.

12 – De que maneira as memórias apresentadas no poema confirmam a dificuldade de comunicação do eu lírico?

      As memórias contadas revelam sua dificuldade em compreender certos atos das senhoras da época, sugerindo dificuldade de inserção no grupo social a que pertencia.

13 – No penúltimo parágrafo, a expressão a não ser introduz uma ressalva. Explique-a.

      A ressalva indica que, apesar da dificuldade de comunicação do eu lírico, a poesia funcionava como um elo entre ele e o mundo, fosse este o real ou o fictício.

quinta-feira, 10 de março de 2022

TEXTO: DA PAGINAÇÃO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Texto: Da Paginação

           Mário Quintana

    Os livros [  ] poemas devem ter margens largas [  ] muitas páginas em branco [   ] suficientes claros nas páginas impressas, [   ] as crianças possam enchê-los [   ] poemas [   ] gatos, homens, aviões, casas, chaminés, árvores, luas, pontes, automóveis, cachorros, cavalos, bois, tranças, estrelas [   ] que passarão também a fazer parte dos poemas...

Mário Quintana. Poesias. 9. ed. São Paulo: Globo, 1994. p. 60.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 188.

Entendendo o texto:

01 – Observe estes trechos do texto:

        “Os livros [de] poemas...”

        “Enchê-los [de] poemas”.

        Neles falta a palavra que indica o assunto ou o conteúdo. Qual é essa palavra?

        A – com – de – em – para.

02 – No trecho “devem ter margens largas [e] muitas páginas em branco [e] suficientes claros”, o autor enumera elementos que um livro de poemas deve ter.

a)   Indique entre as palavra seguintes aquela que pode dar coesão ao trecho, nas duas situações:

Mas – ou – e – logo.

b)   A palavra que completa o trecho, unindo as palavras, indica adição ou oposição?

Indica adição.

03 – Releia este trecho do texto:

        “Os livros de poemas devem ter margens largas [...], [para que] as crianças possam enchê-los”.

        Nele falta uma expressão adequada para exprimir a finalidade de um livro de poemas ter margens largas. Que expressão é essa?

        Quando – à medida que – para que – se.

terça-feira, 8 de março de 2022

POEMA: CANÇÃO DA NUVEM E VENTO - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: Canção da nuvem e vento

             Mário Quintana


Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

In: Vera Aguiar, coord. Poesia fora da estante. Porto Alegre: Projeto, 1996. p. 64.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – 2ª edição - Atual Editora -1998 – p. 199.

Entendendo o poema:

01 – Em todo o poema, predomina um sentimento.

a)   Qual é esse sentimento?

O medo.

b)   Esse sentimento tem por alvo elementos representados por quatro substantivos. Identifique-os.

Nuvem, vento, gesto e fala.

c)   Qual é a função sintática desses quatro substantivos?

Complemento nominal.

02 – Em alguns versos, ao repetir determinada palavra, o autor inicia-a com maiúscula. Que efeito de sentido tem esse recurso?

      Acentua, intensifica o sentido do substantivo. Por exemplo, em “Medo do vento Vento Vento”, reforça a ideia de um vento bastante forte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

POEMA: DORME, RUAZINHA...É TUDO ESCURO... - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 Poema: DORME, RUAZINHA... É TUDO ESCURO…

           Mário Quintana

Dorme, ruazinha… É tudo escuro…

E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos…

Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro…
Nem guardas para acaso persegui-los…
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos…

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão…
Dorme, ruazinha… Não há nada…

Só os meus passos… Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração…

Mário Quintana. A Rua dos Cataventos, poema III. Poesias. Porto Alegre: Globo: 1981. p. 3.

        Fonte: Língua Portuguesa – Português – Apoema – Editora do Brasil – São Paulo, 2018. 1ª edição – 6° ano. p 127-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Enovelar-se: enrolar-se.

·        Lampião: antigo poste de iluminação pública; grande lanterna elétrica ou a combustível.

02 – No poema:

a)   A quem o eu lírico se dirige?

À ruazinha.

b)   Que verbo se repete?

Dorme.

c)   A ação indicada por esse verbo é própria de quem?

De pessoas, de animais.

d)   Como o eu lírico trata aquela a quem se dirige?

Trata a ruazinha como se fosse um ser vivo.

03 – Reflita sobre as questões a seguir:

a)   Para quem se costuma entoar canções para dormir?

Para crianças e bebês.

b)   Você conhece alguma canção desse tipo? Veja estes versos de uma conhecida canção de ninar.

“Durma, neném, que a Cuca logo vem

 Papai está na roça e mamãezinha em Belém”.

      Há semelhanças entre a canção de ninar e o poema de Mario Quintana? Compare não apenas as palavras mas a ideia geral, o tom de voz esperado e a melodia, o ritmo dos versos.

      Resposta pessoal do aluno.

c)   No poema, o tratamento dispensado pelo eu lírico àquela a quem ele se dirige tem relação com a canção de ninar? Por quê?

Sim, porque o eu lírico dirige-se à ruazinha tratando-a como uma pessoa que deve dormir. Fala com ela de modo afetivo.

04 – Releia os versos 9 e 10 do poema.

a)   No verso 9, que verbo é usado para indicar a ação do vento? Comente esse uso.

O verbo dormir. O eu lírico trata o vento como ser vivo, já que dormir é uma ação própria dos seres vivos. Usa o recurso da personificação.

b)   De que modo o eu lírico diz que o vento está parado, quieto?

Ele compara o vento a um cão enovelado, enrolado.

c)   Esses recursos para tratar do vento combinam com o modo como o eu lírico trata a ruazinha? Por quê?

Sim, porque o eu lírico trata a rua e o vento como pessoas que dormem.

 

sábado, 31 de julho de 2021

POEMA: QUEM AMA INVENTA - MÁRIO QUINTANA - COM GABARITO

 POEMA: QUEM AMA INVENTA


   Mário Quintana

Quem ama inventa as coisas que ama...

Talvez chegaste quando eu te sonhava.

Então de súbito acendeu-se a chama!

Era a brasa dormida que acordava...

E era um revoo sobre a ruinaria,

No ar atônito bimbalhavam sinos,

Tangidos por uns anjos peregrinos

Cujo dom é fazer ressurreições...

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente

O palpitar de nossos corações

Batendo juntos e festivamente,

Ou sozinhos, num ritmo tristonho...

Oh! meu pobre, meu grande amor distante,

Nem sabes tu o bem que faz à gente

Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

(A cor do invisível. São Paulo: Global, 2005. p. 58.)

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 2/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 11.ed – São Paulo: Saraiva, 2016.p.130-1.

Entendendo o poema

1. Observe o tempo, o modo e a pessoa em que estão os verbos, em especial os que aparecem nos versos 2 e 14.

a) A quem se dirige o eu lírico?

Dirige-se à pessoa amada.

b) Em que pessoa verbal o eu lírico trata seu interlocutor?

Na 2ª pessoa do singular (tu)

c) O eu lírico mantém coerência nesse tratamento que dá ao seu interlocutor? Por quê?

Sim, porque ele sempre se dirige ao interlocutor tratando-o na 2ª pessoa do singular (tu); a 3ª pessoa do singular é utilizada quando ele se refere ao tema do qual se ocupa, que é o amor.

 

2. As formas verbais chegaste e sabes estão, respectivamente:

a) no pretérito perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

b) no pretérito imperfeito do indicativo e no presente do indicativo.

c) no pretérito perfeito do indicativo e no presente do indicativo.

d) no pretérito mais-que-perfeito do indicativo e no imperativo negativo.

3. Dê uma interpretação para o título do poema.

De tanto querer amar ou de tanto amar o amor, o eu lírico sonhou ou inventou um ser amado e, com ele, viveu um sonho de amor. Assim, embora o ser amado não fosse real, o sonho de amor foi realmente vivido.