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domingo, 17 de julho de 2022

POEMA: PESCARIA - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

 Poema: Pescaria  

              Guilherme de Almeida

Cochilo. Na linha

Eu ponho a isca de um sonho.

Pesco uma estrelinha.

ALMEIDA, Guilherme de. Pescaria. In: Poesia Vária. São Paulo: Cultrix. 1963. p. 72.

Fonte: Livro Língua Portuguesa – Singular & Plural – 7° ano – Laura de Figueiredo – 2ª edição. São Paulo, 2015 – Moderna. p. 187-8.

Entendendo o poema:

01 – Além do título, que outras palavras do poema ajudam a sugerir imagens ligadas à pescaria?

      As palavras linha, isca, pesco.

02 – Que palavras do poema não combinam com a pescaria?

      As palavras cochilo, sonho, estrelinha.

·        Que outras imagens elas sugerem?

Elas sugerem o devaneio, a fantasia, a imaginação.

03 – Com base nessas diferentes imagens, você acha que a palavra pescaria foi usada em seu sentido usual ou em sentido metafórico? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sentido metafórico, pois tem a ver não com o ato de apanhar peixes, e sim com o de sonhar, “pescar estrelas”.

04 – Em que tempos estão os verbos?

      Os verbos estão todos no presente.

·        Em relação às imagens sugeridas, o uso desse tempo indica o momento em que a cena parece acontecer. Quando ela acontece?

O tempo presente dos verbos dá ao leitor a impressão de que a cena está acontecendo ao mesmo tempo em que ele lê.

05 – No poema, uma cena de pescaria é também representada.

a)   Nesse caso, o eu lírico faz parte da cena retratada? Por quê?

Ele faz parte da cena, pois é ele quem cochila, põe a isca e pesca.

b)   Conclua: há diferença entre o ponto de vista adotado pelo fotógrafo e o escolhido pelo eu lírico?

Sim, pois o fotógrafo apresenta uma cena da qual só participa como observador, mas o eu lírico apresenta uma cena na qual é protagonista.

domingo, 22 de maio de 2022

SONETO XXXII - GUILHERME DE ALMEIDA - MODERNISMO - COM GABARITO

 Soneto XXXII

            Guilherme de Almeida

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada;
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,


Perfeitamente, exatamente iguais...
– Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltam mais!

Guilherme de Almeida. Disponível em: www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm? Infoid=6055&sid=186. Acesso em: 10 out. 2012.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 140-1.

Entendendo o poema:

01 – Lendo o “Soneto XXXII”, percebemos que, em relação ao conteúdo, ele poderia ser dividido em duas partes: uma representada pelas duas primeiras estrofes e outra pelas duas últimas.

a)   Do que trata cada parte do poema?

Na primeira, o eu lírico fala de seus tempos felizes de menino, quando fazia barquinhos de papel e os soltava pela enxurrada. Na segunda, o eu lírico já é moço, adulto, e compara seus ideais a barquinhos de papel, que vão com a enxurrada e não voltam mais.

b)   Que tempo verbal predomina em cada parte e qual a relação dele com o conteúdo do texto?

Na primeira parte, predomina o pretérito imperfeito do indicativo, empregado na descrição do passado do eu lírico. Na segunda parte, predominam o presente do indicativo na terceira estrofe (em que o eu lírico traz o assunto para o presente e constata a semelhança entre seus ideais e os barquinhos) e o pretérito perfeito do indicativo na última estrofe (quando ele compara a perda dos ideais à ida dos barquinhos). 

02 – Na primeira parte do texto, predominam as ideias de felicidade (“tempos felizes de menino”), de realização (“Fazia, de papel, toda uma armada”) e de confiança no futuro (“eu soltava os barquinhos, sem destino”). Que ideias predominam na segunda parte?

      Na segunda parte predominam as ideias de desilusão, de desencantamento (“lá se foram eles!”) e de esperança (“Foram-se embora e não voltaram mais!”).

03 – Transcreva no caderno as alternativas corretas.

a)   Na primeira parte do poema, as frases são mais longas e menos interrompidas pela pontuação.

b)   Na primeira parte, há vários pontos-finais no interior dos versos, o que favorece o suspense da descrição.

c)   A segunda parte traz mais frases curtas que a primeira e outros sinais de pontuação, além das vírgulas e das reticências.

d)   A leitura da primeira parte é mais fluida (fácil, fluente) que a da segunda.

e)   A extensão das frases e a pontuação contribuem para reforçar as ideias expressas em cada parte.

f)    Não se pode afirmar que exista relação entre a pontuação e as ideias expressas no poema.

04 – Esse poema, escrito na primeira metade do século XX, é comovente porque trata de uma questão comum a grande parte das pessoas: a oposição entre um momento de clara felicidade (muitas vezes localizado na infância) e um momento de perda dos ideais, dos sonhos.

a)   Na sua opinião, o que são ideais?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Cada sociedade, em cada época, tem seus ideais: hoje vemos a preponderância dos ideais individualistas e daqueles relacionados à aparência e ao consumo.

b)   Para o eu lírico do poema, a felicidade da infância e os ideais construídos nela seriam muito difíceis de alcançar na vida adulta. Você se identifica com esses pensamentos? O que pensa sobre seus sonhos de infância e seu futuro?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Peça aos alunos se seus sonhos mudaram ou se ainda desejam que aqueles velhos ideais se realizem.

c)   Hoje em dia é comum as pessoas prolongarem a adolescência, adiando o momento de ingressar no mercado de trabalho e sair da casa dos pais. Qual é sua opinião sobre essa atitude?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

domingo, 15 de maio de 2022

POEMA: CANÇÃO DE OUTONO - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

 Poema: Canção de Outono

             Guilherme de Almeida


Estes lamentos
Dos violões lentos
Do outono
Enchem minha alma
De uma onda calma
De sono.

E soluçando,
Pálido, quando
Soa a hora,
Recordo todos
Os dias doidos
De outrora.

E vou à toa
No ar mau que voa.
Que importa?
Vou pela vida,
Folha caída
E morta.

VERLAINE, Paul. Tradução de Guilherme de Almeida. In: LARANJEIRA, Mario. Poética da tradução: do sentido à significância. v. 12. São Paulo: Edusp, 1993. Col. Criação & crítica.

Fonte: Livro – Viva Português 1° – Ensino médio – Língua portuguesa – 2ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2014. p. 32.

Entendendo o poema:

01 – Nesse texto há uma queixa, uma lamentação. Que lamenta o eu lírico do poema?

      Lamenta o fato de o tempo ter passado e ele seguir a vida à toa, apenas com algumas recordações.

02 – Releia a última estrofe do poema e reflita sobre o sentido das palavras ar e folhas. Considerando o sentido geral do poema e responda:

a)   O que você entende por “ar mau que voa”?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata-se do ar de outono, que traz para o eu lírico recordações que não lhe fazem bem; o “ar mau que voa” pode ser compreendido como o tempo que passa implacável.

b)   Explique o sentido da palavra folha nos dois últimos versos do poema.

A folha é o próprio eu lírico, que se sente acabado, morto, já que, naquele momento, a vida para ele não tem sentido.

 

sexta-feira, 18 de março de 2022

POEMA: TÊNIS - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

          Poema:   Tênis

        Guilherme de Almeida

A titia

borda e espia

o gato branco, enroscado

no feltro verde da mesa

e acordado,

com certeza.

 

Um novelo

cai. E ao vê-lo

o gato bate na bola

e a bola, branca de neve,

pula e rola,

fofa e leve…

 

Silenciosa,

vagarosa,

— uma duas angolinhas…—

a bola solta uma lenta,

longa linha

que se aumenta.

 

Pouco a pouco,

no mais louco

desnorteante corrupio,

a bola desaparece.

Mas o fio

Cresce… cresce…

ALMEIDA, Guilherme de. Tênis. In: LISBOA, Henriqueta. Poemas para a infância. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, [s.d.].

Faraco, Carlos Emílio Língua portuguesa : linguagem e interação / Faraco, Moura, Maruxo Jr. -- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2016.p.10/11.

 Entendendo o texto

01.               Observando a forma desse texto, é possível identificar uma característica de sua organização. Que característica é essa?

Tratar-se de um texto verbal escrito em versos.

      02. Responda:

a)   Que sequência textual predomina nele?

A sequência narrativa.

b)   Qual é o tema central?

A brincadeira do gato.

c)   Quem seria o leitor suposto desse poema?

Trata-se de um poema para crianças.

d)   Tente explicar o título do poema.

A brincadeira do gato se assemelha ao jogo de tênis.

03. Releia o poema, agora em voz alta. Observe sua forma mais uma vez.

a) Quatro estrofes compõem o poema. Analise a estrutura interna de cada estrofe (métrica dos versos, ritmo, rima). O que você pode observar?

       Cada estrofe tem a mesma estrutura interna: 6 versos, sendo: 2 versos trissílabos, 2 versos redondilha maior, 2 versos trissílabos. O esquema de rimas é idêntico em todas as estrofes: AABCBC (rimas emparelhadas no início da estrofe e cruzadas no fim), a cesura também segue o mesmo esquema em todos os versos paralelos.

b) O ritmo de cada estrofe e o desenho que os versos formam no papel procuram imitar um dos elementos centrais que compõem a história. Explique que elemento é esse e a importância desse jogo de imitação que ocorre no poema, tendo em vista que se trata de um poema para crianças.

Resposta pessoal.

Possível resposta: Cada estrofe forma um desenho aproximadamente circular. As quatro estrofes em sequência podem representar as marcas que uma bola quicando deixaria no solo. O ritmo também traduz esse movimento: rápido e estacado nos versos trissílabos, e mais lento e melodioso nas redondilhas maiores. Essa alternância, por harmonia imitativa, pode mimetizar os movimentos do gatinho que “joga tênis” com o novelo de lã.

04. Uma história é contada no poema.

a) Quem é a personagem principal e que tipo de “brincadeira” ela faz?

A personagem central é um gato, que brinca com um novelo de lã.

b) Que relação essa brincadeira tem com o nome do esporte que nomeia o poema?

A relação é de similitude: o jogo do gato lembra o jogo de tênis.

c) Num dos versos do poema, cita-se o trecho de uma parlenda declamada durante um jogo infantil: “– uma duas angolinhas...,–” (verso 15). Mesmo que você não conheça a parlenda nem a brincadeira infantil em que ela é recitada, tente explicar a relação entre os possíveis sentidos do poema e as brincadeiras infantis.

Pela sua estrutura rítmica do poema, simula do ponto de vista sonoro o ritmo marcado de uma parlenda. A parlenda “Uma, duas angolinhas” remete a um jogo conhecido como “jogo do beliscão”, popular entre as crianças brasileiras nos séculos XVIII e XIX (segundo a explicação de Gilberto Freyre, no livro - FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 28. ed. Rio de Janeiro: Record, 1992. p. 249.)

 

sábado, 12 de março de 2022

POEMA: A RUA DAS RIMAS - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

 Poema: A rua das Rimas

              Guilherme de Almeida

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino

é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,

direita, estreita, bem feita, perfeita,

com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;

e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,

doiradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;

e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso,

e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,

mas brando e brando, soltando, de vez em quando,

na luz rala de opala de uma sala uma escala clara que embala;

e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;

e de noite, no ócio capadócio,

junto aos espiões, os bordões dos violões;

e a serenata ao luar de prata (mulata ingrata que me mata…);

e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio…

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino

é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher

que bem me quer;

é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calçadas nuas,

correndo paralelamente, como a sorte, como a sorte diferente de toda a gente,

para a frente,

para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito,

bendito, que sempre repito

e que rima com mocidade, liberdade,

tranquilidade: RUA DA FELICIDADE…

Guilherme de Almeida. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 70-1. Col. Literatura Comentada.

Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 6ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 220-222.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Acácia: planta de flor amarela e cheirosa.

·        Alarde: barulho.

·        Baço: embaçado, sem brilho.

·        Bordão: som grave; corda de instrumento musical.

·        Brando: leve, lento.

·        Capadócio: trapaceiro, falso, impostor.

·        Escala: sequência gradativa de sons.

·        Lasso: frouxo, cansado.

·        Ócio: preguiça.

·        Opala: pedra de coloração azulada que emite cores vivas quando exposta à luz.

·        Singelo: simples.

02 – Qual dos itens a seguir traduz a ideia central do texto?

a)   Para o eu lírico, na rua ideal tudo tem que ter nome sonoro, para poder rimar.

b)   Para o eu lírico, a rua ideal é aquela que tem casas e prédios luxuosos, decorados e com muitos jardins.

c)   A rua ideal, para o eu lírico, é simples mas rica em sensações, sons, tranquilidade e felicidade.

03 – O poema se intitula “A rua das rimas”. Rima é uma semelhança de sons entre a terminação de duas ou mais palavras. Ela normalmente ocorre entre palavras do final de versos. Observe:

        “[...] um nome bonito,”

        “[...] sempre repito”.

        A rima também pode se dar no interior de um único verso; nesse caso, chama-se rima interna. Veja as rimas internas deste verso:

        “Direita, estreita, bem feita, perfeita

a)   Identifique no poema outras rimas entre palavras do final de versos.

Mulher/bem me quer; toda a gente/para a frente.

b)   Identifique outro verso em que ocorram rimas internas.

Em todos os versos, como o 1°, por exemplo.

04 – A palavra harmonia tem, entre outros, estes sentidos: “ordem, acordo, semelhança, sucessão agradável de sons”.

a)   Quando duas palavras rimam entre si, podemos dizer que seus sons são harmônicos? Explique.

Sim, porque apresentam sons semelhantes.

b)   O poema recebeu o título de “A rua das rimas”. Podemos dizer que a rua sonhada pelo eu lírico é uma rua harmônica? Por quê?

Sim, porque todo o poema, que é uma descrição da rua, é construído com rimas.

c)   A harmonia existe nessa rua é apenas de som? Justifique sua resposta.

Não, tudo nessa rua – natureza, pessoas, música, etc. – leva à tranquilidade e à felicidade.

05 – O poema é bastante envolvente em razão do jogo sonoro que faz com as palavras. Além disso, também é rico em sugestões de som e cor.

a)     Destaque do texto ao menos quatro referências a sons produzidos na rua do eu lírico.

Pregões, piano, violões, alarde de crianças, serenata, silêncio (falta de som).

b)     Destaque do poema ao menos duas referências ao colorido dessa rua.

Lua rala, opala, luar de prata, tarde que arde (amarela ou vermelha de sol).

c)     A presença desses sons e dessas cores sugere que a rua seja alegre ou triste? Por quê?

Alegre, porque as cores e os sons lembram movimento, vida.

06 – Observe este verso:

        “e algum piano provinciano, quotidiano, desumano”.

      Ao atribuir características humanas ao piano, o poeta fez uso da personificação ou prosopopeia, um recurso de expressão que consiste em dar vida a serres inanimados, ou atribuir ações, ideias e sentimentos a seres inanimados ou irracionais.

a)   Identifique a personificação presente neste outro fragmento:

     “e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,

     doiradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;”

      Acácias [...] descabeladas, debruçadas.

b)   Na sua opinião, que nova característica ganha a rua com o emprego da personificação?

Ela se torna humanizada.

07 – Releia o último verso do poema. De acordo com as ideias desse verso e de todo o texto, o que é a felicidade para o poeta?

      É isso tudo que a rua tem: tranquilidade, liberdade, simplicidade, harmonia, sentimentos, música, humanidade, etc.

08 – Para conhecermos um bairro ou uma cidade, precisamos percorrer cada uma de suas ruas e avenidas. Para ler um poema, também precisamos percorrer cada um de seus versos. Assim, os versos de um poema são como ruas e avenidas de uma cidade: que se ligam, se completam e levam à todos os lugares. Com base nessa comparação, indique quais dos itens seguintes correspondem a afirmações coerentes sobre o texto:

a)   Os sons têm uma grande importância na construção do poema. Primeiramente, porque o poeta emprega muitas rimas; em segundo lugar, porque a rua que ele imagina é também cheia de sons, com vozes, canto e música.

b)   A rua do poeta se chama Rua da Felicidade e o seu poema se chama “A rua das rimas”. Na visão do poeta, as rimas, ou a poesia, são uma forma de chegar à felicidade.

c)   O poema, com seus sons que combinam uns com os outros (rimas), sugere uma rua em que tudo se harmoniza: a natureza, as pessoas, a música e a poesia.

Todos são coerentes ao texto.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

SONETO XXXVIII - GUILHERME DE ALMEIDA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Soneto: Soneto XXXVIII
          
   Guilherme de Almeida

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada,
e estendendo meu braço pequenino,

eu soltava os barquinhos, sem destino.
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são de papel, são como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais...
Que meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!

                                            Guilherme de Almeida. “Soneto”. In: Meus versos mais queridos. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p. 41.
                                               Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.71-3.
Entendendo o soneto:

01 – O poema pode ser dividido em dois segmentos. Que tempos verbais predominam em cada um deles?
      O passado (duas primeiras estrofes) e o presente (duas últimas).

02 – A que o poeta compara os seus ideais?
      A barcos de papel.

03 – Em: “Quando a chuva cessava e um vento fino / Franzia a tarde tímida e lavada.”, que ruído nos sugerem as consoantes constritivas ([v]]. [s], [f], [z])? Que nome se dá a este efeito sonoro?
      O ruído da chuva e do vento. Obs.: chamam-se construtivas porque, ao serem produzidas, a corrente de as produz um ruído semelhante a uma ligeira fricção. Aliteração.

04 – Além da regularidade de metro (todos os versos são decassílabos), que outro recurso sonoro contribui para a musicalidade do poema?
      As rimas.

05 – Com base nos estudos feitos em unidades anteriores, dê algumas características do gênero lírico.
      O texto lírico é uma manifestação do eu do poeta, uma expressão da sua subjetividade, dos seus sentimentos e emoções: o seu mundo interior. A musicalidade é outra característica importante do texto lírico: o poeta explora as sonoridades.



terça-feira, 30 de outubro de 2018

POEMA: ESSA QUE EU HEI DE AMAR - GUILHERME DE ALMEIDA - COM GABARITO

POEMA: ESSA QUE EU HEI DE AMAR


GUILHERME DE ALMEIDA

Essa que eu hei de amar perdidamente um dia
será tão louca, e clara, e vagarosa, e bela,
que eu pensarei que é o sol que vem pela janela,
trazer luz e calor a esta alma escura e fria.

E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela...
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela
como sombra feliz... – Tudo isso eu me dizia,
quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro,

e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
do poente, me dizia adeus, como um sol triste...

E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado,
mas ias tão perdido em teu sonho dourado,
meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”

                                    ALMEIDA, Guilherme de. Meus versos mais queridos.
                                                                     Rio de Janeiro: Ediouro, 1988.

1 -   A que elemento da natureza a mulher amada é comparada? Em seu caderno, copie o verso do poema que confirma sua resposta.
     A mulher amada é comparada ao sol: “que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela”.

2 -     Que palavras e expressões foram usadas na comparação citada na atividade 1?
     O eu poético usou as seguintes palavras e expressões: “loura”, “clara”, ‘luz”, “calor”, “vulto louro e claro”, “luz de ouro do poente”, “sol triste”.

3 -    Que relação a expressão “sonho dourado” estabelece com a comparação feita no poema?
     A relação é entre o sol e a palavra “dourado”, característica que pode ser atribuída ao sol e, consequentemente, à mulher amada.

4 -   Identifique e transcreva em seu caderno os trechos do poema que podem comprovar que o eu poético fala de um amor futuro e que a mulher é alguém que ele ainda não conhece.
     O trecho “Essa que eu hei de amar” apresenta o verbo no futuro, “hei”, indicando que o fato ainda não aconteceu, que ainda está na esfera do desejo, da possibilidade. Além disso, o poema não identifica a mulher, referindo-se a ela por meio de pronomes: “essa”, “ela”, “alguém”.

5 -   Que oposição de ideias é apresentada na primeira estrofe? Identifique-a e explique o significado da metáfora presente nesse verso.
     A oposição entre “luz e calor” X “escuro e frio”, explicitada no quarto verso do poema. “O sol” é metáfora da mulher que traz “luz e calor” à alma do eu poético, que estava “escura e fria”.

6 -   Na terceira estrofe, o eu poético apresenta uma repetição. Identifique-a e explique que efeito de sentido ela provoca no texto.
     A repetição da conjunção “e” no verso “um vulto louro, e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro”. A repetição dá ênfase à quantidade e diversidade das qualidades da mulher amada. Deixa também a leitura desse trecho mais lenta.

7 -   O eu poético consegue viver o seu amor com a mulher descrita no poema? Explique sua resposta e transcreva em seu caderno um trecho que a comprove.
     Não. A fala da amada na última estrofe comprova que ele a deixou escapar.



domingo, 7 de janeiro de 2018

POEMA: ONDA - GUILHERME DE ALMEIDA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

ONDA
Guilherme de Almeida

Morno Trapo,
Contorno farrapo,
Da onda lenço
Redonda... suspenso
Pluma pelas
De espuma, estrelas...
Lenda Resto
De renda, de um gesto
Frase de gaze, louco
Riso que é o pouco
De guizo... que há de
Ninho bondade
De arminho no alto
Onde mar... Salto
Se esconde da água
Aéreo na mágoa
Mistério... doida
De toda vida partida...

Leia o poema e responda:
01 – Qual assunto é abordado no poema Onda?
       A juventude.

02 – Identifique os principais elementos presentes no poema.
       O texto é discursivo, de ritmo exacerbado pelos versos curtos e rimados.

03 – Explique que relação o texto estabelece com o título Onda e os elementos que você identificou.
      As palavras vão descrevendo uma sonoridade arredondada, que produz uma espécie de letargia, de embriaguez. Estabelece relação com essas variações quase minimalistas no som de uma “onda”.

04 – Podemos observar o uso da figura de linguagem: paranomásias. Explique o uso desta figura.
      Paranomásias: Morno – trapo – contorno – farrapo; palavras muito parecidas semelhantes.

05 – Que versos serviram de ponto de partida para que o autor pudesse construir a impressão de movimento?
      Morno Trapo
      Contorno Farrapo.

06 – O poema apresenta muita assonância. Indique algumas delas.
      Onda/redonda; pluma/espuma; lenda/renda; resto/gesto; louco/pouco.