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domingo, 30 de junho de 2024

CONTO: O MISTÉRIO DA CASA VERDE - (FRAGMENTO 3) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: O mistério da casa verde – Fragmento 3

            Moacyr Scliar

        No qual eles se apresentam ao hóspede da Casa Verde

        O dia seguinte foi difícil para os quatro. Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e teve de ser advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Mesmo o dedicado Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem. Por tudo isso, quando se encontraram, à noite, estavam num péssimo humor. Pedro Bola queria mesmo desistir daquela história: é muito trabalho para arranjar um clube. Além disso, a ideia de enfrentar de novo o maluco — seu diagnóstico já estava feito — não lhe agradava em nada. Em vão Arturzinho tentava animar os companheiros. Leo, ainda que cansado, o acompanharia. Mas Pedro Bola e André, irritados, relutavam em entrar na casa. Por fim Arturzinho saiu-se com uma fórmula conciliadora: — Eu e o Leo entramos, vocês esperam aqui. Se tudo der certo com o homem, chamamos vocês, continuamos com nosso plano. Se não der certo, desistimos.


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpzsguklorpQS0Yr9IPZNxAPONzLddK2FG-VQpCkqFNg26V2uac6IwB4WlPrrJ3a91icc_oxsLRZetvJzze50Pyk09v75Zr9ZikW3NFsXpg2pVWVajbPc4KKhDRjScOV_wvFzLKuj1e7UGRYvkAsRt_z92W4x9aQPTwHhYupzHJedjR-YdLWdeIaAkWs8/s320/CASA.jpg

        Todos de acordo, Arturzinho e Leo embrenharam-se de novo no matagal. Quando chegaram aos fundos da casa, uma surpresa: a abertura que tinham feito na noite anterior estava fechada com tábuas. Colocadas sem dúvida pelo estranho morador.

        — Está certo — observou Arturzinho. — O homem tem o direito de se proteger. Experimentou as tábuas: não estavam fixas. Sem muito esforço, conseguiu afastá-las, empurrando-as junto com os tijolos que as calçavam. Leo olhava-o, sem dizer nada.

        Arturzinho hesitou; agora também ele estava obviamente apreensivo. Mas não era de desistir:

        — Que diabos — gritou —, já que chegamos até aqui vamos em frente. E meteu-se pelo buraco na parede. Leo seguiu-o.

SCLIAR, Moacyr. O mistério da casa verde. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 25.

Entendendo o conto:

01 – Quais foram as dificuldades enfrentadas pelos quatro personagens no dia seguinte?

      Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e foi advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem.

02 – Qual foi a reação de Pedro Bola ao encontro com o hóspede da Casa Verde?

      Pedro Bola queria desistir da história, achando que era muito trabalho para arranjar um clube, e a ideia de enfrentar o homem, que ele considerava um maluco, não lhe agradava.

03 – Como Arturzinho tentou resolver a relutância de Pedro Bola e André em entrar na casa?

      Arturzinho propôs uma fórmula conciliadora: ele e Leo entrariam na casa, enquanto Pedro Bola e André esperariam. Se tudo corresse bem, eles chamariam os outros; caso contrário, desistiriam.

04 – O que os meninos encontraram quando chegaram aos fundos da casa?

      Eles descobriram que a abertura que haviam feito na noite anterior estava fechada com tábuas, provavelmente colocadas pelo estranho morador.

05 – Qual foi a reação de Arturzinho ao ver que a abertura estava fechada?

      Arturzinho observou que o homem tinha o direito de se proteger e, ao perceber que as tábuas não estavam fixas, conseguiu afastá-las e abrir a passagem novamente.

06 – Como Leo reagiu durante a tentativa de Arturzinho de abrir a passagem?

      Leo observava Arturzinho sem dizer nada, acompanhando suas ações.

07 – Qual foi a atitude de Arturzinho após conseguir abrir a passagem?

      Arturzinho, mesmo apreensivo, decidiu continuar e entrou pelo buraco na parede, seguido por Leo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

CONTO: CEGO E AMIGO GEDEÃO À BEIRA DA ESTRADA - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: Cego e amigo Gedeão à beira da estrada

            Moacyr Scliar

        — Este que passou agora foi um Volkswagen 1962, não é, amigo Gedeão?

        — Não, Cego. Foi um Simca Tufão.

        — Um Simca Tufão? … Ah, sim, é verdade. Um Simca potente. E muito econômico. Conheço o Simca Tufão de longe. Conheço qualquer carro pelo barulho da máquina.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi11tmmjxlfQFOaOmdVyWPdkHs1Qh8Irp5unQdnpJbyXFUo3Lr3NvHKt6aohIfdfsVFbvI0k0Yuahy9KV9ncw3XBtuQ22hJ3OtNI00s6QUY0tNOHBvTeJQTYcKOEph9rptDEmyDigCHlEGEgYMOnz_HFCOX0UCjkxy1p3xiSso0octc4yxvDYF1-ulVno0/s1600/SIMCA.jpg


        Este que passou agora não foi um Ford?

        — Não, Cego. Foi um caminhão Mercedinho.

        — Um caminhão Mercedinho! Quem diria! Faz tempo que não passa por aqui um caminhão Mercedinho. Grande caminhão. Forte. Estável nas curvas. Conheço o Mercedinho de longe… Conheço qualquer carro. Sabe há quanto tempo sento à beira desta estrada ouvindo os motores, amigo Gedeão? Doze anos, amigo Gedeão. Doze anos.

        É um bocado de tempo, não é, amigo Gedeão? Deu para aprender muita coisa. A respeito de carros, digo. Este que passou não foi um Gordini Teimoso?

        — Não, Cego. Foi uma lambreta.

        — Uma lambreta… Enganam a gente, estas lambretas. Principalmente quando eles deixam a descarga aberta.

        Mas como eu ia dizendo, se há coisa que eu sei fazer é reconhecer automóvel pelo barulho do motor. Também, não é para menos: anos e anos ouvindo!

        Esta habilidade de muito me valeu, em certa ocasião… Este que passou não foi um Mercedinho?

        — Não, Cego. Foi o ônibus.

        — Eu sabia: nunca passam dois Mercedinhos seguidos. Disse só pra chatear. Mas onde é que eu estava? Ah, sim.

        Minha habilidade já me foi útil. Quer que eu conte, amigo Gedeão? Pois então conto. Ajuda a matar o tempo, não é? Assim o dia termina mais ligeiro. Gosto mais da noite: é fresquinha, nesta época. Mas como eu ia dizendo: há uns anos atrás mataram um homem a uns dois quilômetros daqui. Um fazendeiro muito rico. Mataram com quinze balaços. Este que passou não foi um Galaxie?

        — Não. Foi um Volkswagen 1964.

        — Ah, um Volkswagen… Bom carro. Muito econômico. E a caixa de mudanças muito boa. Mas, então, mataram o fazendeiro. Não ouviu falar? Foi um caso muito rumoroso. Quinze balaços! E levaram todo o dinheiro do fazendeiro. Eu, que naquela época j á costumava ficar sentado aqui à beira da estrada, ouvi falar no crime, que tinha sido cometido num domingo. Na sexta-feira, o rádio dizia que a polícia nem sabia por onde começar. Este que passou não foi um Candango?

        — Não, Cego, não foi um Candango.

        — Eu estava certo que era um Candango… Como eu ia contando: na sexta, nem sabiam por onde começar.

        Eu ficava sentado aqui, nesta mesma cadeira, pensando, pensando… A gente pensa muito. De modos que fui formando um raciocínio. E achei que devia ajudar a polícia. Pedi ao meu vizinho para avisar ao delegado que eu tinha uma comunicação a fazer. Mas este agora foi um Candango!

        — Não, Cego. Foi um Gordini Teimoso.

        — Eu seria capaz de jurar que era um Candango. O delegado demorou a falar comigo. De certo pensou: “Um cego? O que pode ter visto um cego?” Estas bobagens, sabe como é, amigo Gedeão. Mesmo assim, apareceu, porque estavam tão atrapalhados que iriam até falar com uma pedra. Veio o delegado e sentou bem aí onde estás, amigo Gedeão. Este agora foi o ônibus?

        — Não, Cego. Foi uma camioneta Chevrolet Pavão.

        — Boa, esta camioneta, antiga, mas boa. Onde é que eu estava? Ah, sim. Veio o delegado. Perguntei:

        “Senhor delegado, a que horas foi cometido o crime?”

        — “Mais ou menos às três da tarde, Cego” — respondeu ele. “Então” — disse eu. — “O senhor terá de procurar um Oldsmobile 1927. Este carro tem a surdina furada.

        Uma vela de ignição funciona mal. Na frente, viajava um homem muito gordo. Atrás, tenho certeza, mas iam talvez duas ou três pessoas.” O delegado estava assombrado. “Como sabe de tudo isto, amigo?” — era só o que ele perguntava. Este que passou não foi um DKW?

        — Não, Cego. Foi um Volkswagen.

        — Sim. O delegado estava assombrado. “Como sabe de tudo isto?” — “Ora, delegado” — respondi. — “Há anos que sento aqui à beira da estrada ouvindo automóveis passar. Conheço qualquer carro. Sem mais: quando o motor está mal, quando há muito peso na frente, quando há gente no banco de trás. Este carro passou para lá às quinze para as três; e voltou para a cidade às três e quinze.” — “Como é que tu sabias das horas?” — perguntou o delegado. — “Ora, delegado” — respondi. — “Se há coisa que eu sei — além de reconhecer os carros pelo barulho do motor — é calcular as horas pela altura do sol.” Mesmo duvidando, o delegado foi… Passou um Aero Willys?

        — Não, Cego. Foi um Chevrolet.

        — O delegado acabou achando o Oldsmobile 1927 com toda a turma dentro. Ficaram tão assombrados que se entregaram sem resistir. O delegado recuperou todo o dinheiro do fazendeiro, e a família me deu uma boa bolada de gratificação. Este que passou foi um Toyota?

        — Não, Cego. Foi um Ford 1956.

O texto acima foi publicado no livro “Para Gostar de Ler — Volume 9 — Contos”, Editora Ática — São Paulo, 1984, pág. 26.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais no conto?

      Cego e seu amigo Gedeão são os protagonistas.

02 – Qual é a habilidade peculiar do Cego no conto?

      Ele consegue identificar os carros que passam pela estrada apenas pelo som dos motores.

03 – Quantos anos o Cego passou sentado à beira da estrada?

      O Cego passou doze anos sentado à beira da estrada.

04 – O que aconteceu nas proximidades da estrada há alguns anos, conforme mencionado no conto?

      Um fazendeiro muito rico foi assassinado com quinze tiros e roubaram todo o seu dinheiro.

05 – Como o Cego ajudou a resolver o crime do assassinato do fazendeiro?

      Ele usou sua habilidade de reconhecer carros pelo som do motor e calcular horas pela posição do sol para identificar o veículo envolvido no crime, um Oldsmobile 1927.

06 – Qual foi a reação do delegado ao ouvir as informações precisas do Cego sobre o crime?

      Ele ficou surpreso e assombrado, duvidando das habilidades do Cego.

07 – Como o Cego explicou sua capacidade de saber a hora do crime?

      Além de reconhecer carros pelo som do motor, ele afirmou que sabia calcular as horas pela posição do sol.

08 – Qual foi o desfecho do conto após a resolução do crime?

      O delegado encontrou o veículo envolvido e recuperou o dinheiro roubado, e o Cego recebeu uma gratificação da família do fazendeiro.

09 – O que o Cego pensava sobre a noite e o dia?

      Ele preferia a noite por ser fresca, mas acreditava que contar histórias ajudava a passar o tempo mais rapidamente.

10 – O que o Cego dizia sobre sua habilidade de reconhecer carros e o que isso lhe valeu?

      Ele afirmava conhecer qualquer carro pelo barulho do motor, e essa habilidade lhe foi útil para resolver o crime do fazendeiro.

 

 

CONTO: NÓS, O PISTOLEIRO, NÃO DEVEMOS TER PIEDADE - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: Nós, o pistoleiro, não devemos ter piedade

           Moacyr Scliar

        Nós somos um terrível pistoleiro. Estamos num bar de uma pequena cidade do Texas. O ano é 1880. Tomamos uísque a pequenos goles. Nós temos um olhar soturno. Em nosso passado há muitas mortes. Temos remorsos. Por isto bebemos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn1dC3i5jdVmNOke3I50RynvNy9SN1TObY-cjdwqd9mzRgXTPuCyBIwOTcwdVbZvWcQTnSC5ik8S3IjNDUbbvOjrLwlKeCaI3muSN3KqES7Qr1zQCuva1DGLL3y9kiVPIMS0EmT3DCnA5b9KmZvxUj_evdNk6P7kvYB4Y0FF7o02hNRslFQx3oB0jrcaY/s1600/TEXAS.jpg


        A porta se abre. Entra um mexicano chamado Alonso. Dirige-se a nós com despeito. Chama-nos de gringo, ri alto, faz tilintar a espora. Nós fingimos ignorá-lo. Continuamos bebendo nosso uísque a pequenos goles. O mexicano aproxima-se de nós. Insulta-nos. Esbofeteia-nos. Nosso coração se confrange. Não queríamos matar mais ninguém. Mas teremos de abrir uma exceção para Alonso, cão mexicano.

        Combinamos o duelo para o dia seguinte, ao nascer do sol. Alonso dá-nos mais uma pequena bofetada e vai-se. Ficamos pensativo, bebendo o uísque a pequenos goles. Finalmente atiramos uma moeda de ouro sobre o balcão e saímos. Caminhamos lentamente em direção ao nosso hotel. A população nos olha. Sabe que somos um terrível pistoleiro. Pobre mexicano, pobre Alonso.

        Entramos no hotel, subimos ao quarto, deitamo-nos vestido, de botas. Ficamos olhando o teto, fumando. Suspiramos. Temos remorsos.

        Já é manhã. Levantamo-nos. Colocamos o cinturão. Fazemos a inspeção de rotina em nossos revólveres. Descemos.

        A rua está deserta, mas por trás das cortinas corridas adivinhamos os olhos da população fitos em nós. O vento sopra, levantando pequenos redemoinhos de poeira. Ah, este vento! Este vento! Quantas vezes nos viu caminhar lentamente, de costas para o sol nascente?

         No fim da Rua Alonso nos espera. Quer mesmo morrer, este mexicano.

        Colocamo-nos frente a ele. Vê um pistoleiro de olhar soturno, o mexicano. Seu riso se apaga. Vê muitas mortes em nossos olhos. É o que ele vê.

        Nós vemos um mexicano. Pobre diabo. Comia o pão de milho, já não comerá. A viúva e os cinco filhos o enterrarão ao pé da colina. Fecharão a palhoça e seguirão para Vera Cruz. A filha mais velha se tornará prostituta. O filho menor ladrão.

        Temos os olhos turvos. Pobre Alonso. Não se devia nos ter dado suas bofetadas. Agora está aterrorizado. Seus dentes estragados chocalharam. Que coisa triste.

        Uma lágrima cai sobre o chão poeirento. É nossa. Levamos a mão ao coldre. Mas não sacamos. É o mexicano que saca. Vemos a arma na sua mão, ouvimos o disparo, a bala voa para o nosso peito, aninha-se em nosso coração. Sentimos muita dor e tombamos.

        Morremos, diante do riso de Alonso, o mexicano.

        Nós, o pistoleiro, não devíamos ter piedade.

Moacyr Scliar.

Entendendo o conto:

01 – Quem são os personagens principais do conto?

      O narrador, um pistoleiro com um passado sangrento, e Alonso, um mexicano que desafia o pistoleiro para um duelo.

02 – Qual é o cenário e a época em que a história se passa?

      O cenário é um bar em uma pequena cidade do Texas, por volta do ano 1880.

03 – Por que o pistoleiro sente remorsos ao longo da história?

      O pistoleiro tem remorsos devido ao seu passado de violência e morte. Ele não deseja matar mais ninguém, mas é provocado por Alonso.

04 – Como o pistoleiro reage às provocações de Alonso?

      O pistoleiro inicialmente tenta ignorar as provocações de Alonso, mas depois concorda com um duelo ao nascer do sol no dia seguinte.

05 – O que é revelado sobre o destino de Alonso e sua família no final do conto?

      O conto revela que Alonso morre no duelo. Descreve também as consequências desse evento para sua família: a viúva, os filhos e suas vidas após a morte de Alonso.

06 – Qual é a ironia trágica presente no desfecho da história?

      O pistoleiro, que inicialmente sentia remorsos e não queria matar mais ninguém, acaba sendo morto por Alonso, mostrando a ironia do destino.

07 – Que reflexão sobre a falta de piedade e as consequências da violência o conto sugere?

      O conto questiona a natureza da violência e da falta de piedade, mostrando como a vingança e a brutalidade podem gerar um ciclo interminável de sofrimento e tragédia para todos os envolvidos.

 

 

domingo, 22 de outubro de 2023

CONTO: A VINGANÇA DA VELHA SENHORA (PIPOCAS) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: A vingança da velha senhora

           PIPOCAS...

           Moacyr Scliar

        O conto começa por jovens, que toda noite se encontravam para conversar, e quase sempre eles falavam sobre sexo, sobre o colégio, política e quase sempre a evolução da humanidade, na esquina da casa de um deles havia uma ¨velha¨ casa. Esta casa estava quase toda em ruínas, a pintura estava descascada, paredes esburacadas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnYfdabt5iDvPn5vl4GPT6aLS-h1LLyc0At_O69793OWyGe4zD_MlqGc_lWnIbDa-8L0kY74LCqA_9mgzuTYawhSnVf5O_kKvIO2oXxWSWnN_3V8oayNn7QrHWqHFBmu9GR4FmXmFpmAeyU1_h5vpwqxfT8hgraaqvkB8xfcETcEu4l0CNj-ifsZWesBw/s320/CASA.jpg


        Enquanto os jovens ali sentados falando da vida chegando até de madrugada, quando começavam a circular as carroças dos padeiros, pois então os jovens ali falando e começaram a falar na velha casa, eles falaram que nessa casa havia, uma velha senhora que naquela casa morava sozinha, esquisita pela vizinhança, então entre eles mesmos começaram a falar que ela sempre andava sempre de cara feia e sempre reclamando parecendo que a vida estava de mal com ela.

        Pois essa velha senhora era tão chata, que nem os deixavam sentar nos degraus de sua velha casa, eles ficaram até tarde e foram sentar-se nos degraus de sua velha casa, quando então sentiram seus traseiros molhados, quando foram ver era água que a velha tinha jogado por debaixo da porta, então os amigos entre si resolveram deixar a velha senhora em paz e toda noite sentavam-se em frente de sua casa para bater papo.

Livro indicado PIPOCAS de Moacyr Scliar. Agradecemos a quem irá ler esse conto e desejamos uma ótima leitura...

Entendendo o conto:

01 – Onde costumavam se encontrar os jovens para conversar no início do conto?

      Os jovens costumavam se encontrar na esquina da casa de um deles.

02 – Como os jovens descreviam a aparência da velha casa na vizinhança?

      A casa estava quase toda em ruínas, com pintura descascada e paredes esburacadas.

03 – Como os jovens descreviam a personalidade da velha senhora que morava na casa?

      Os jovens a descreviam como esquisita, com um olhar carrancudo e sempre reclamando, como se a vida estivesse contra ela.

04 – Por que os jovens não gostavam da velha senhora?

      Os jovens não gostavam da velha senhora porque ela era muito chata e não permitia que eles se sentassem nos degraus de sua casa. Ela até jogou água neles quando tentaram sentar-se lá.

05 – O que os jovens decidiram fazer para evitar conflitos com a velha senhora?

      Para evitar conflitos com a velha senhora, os jovens decidiram não se sentar nos degraus de sua casa e, em vez disso, sentavam-se em frente à sua casa para conversar.

06 – Qual era o título do livro em que esse conto foi encontrado?

      O conto "A Vingança da Velha Senhora" faz parte do livro "PIPOCAS" de Moacyr Scliar.

07 – Como os jovens se comportaram em relação à velha senhora depois de serem alvo de sua vingança?

      Após serem alvo da vingança da velha senhora, os jovens decidiram deixá-la em paz e continuaram se encontrando em frente à sua casa todas as noites para conversar.

CRÔNICA: NO MUNDO DAS LETRAS - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: No Mundo das Letras

                Moacyr Scliar

        Vem à livraria nas horas de maior movimento, mas isso, já se sabe, é de propósito: facilita-lhe o trabalho. Rouba livros. Faz isso há muitos anos, desde a infância, praticamente. Começou roubando um texto escolar que precisava para o colégio: foi tão fácil que gostou; e passou a roubar romances de aventura, livros de ficção científica, textos sobre arte, política, ciência, economia. Aperfeiçoou tanto a técnica que chegava a furtar quatro, cinco livros de uma vez. Roubou livros em todas as cidades por onde passou. Em Londres, uma vez, quase o pegaram; um incidente que recorda com divertida emoção.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaYHscdRocjtUib3dsdQHa0oN0Vl9iBUjSQLz0q_vDb2M9nZtIvutMM7Amcu5BU__eg9WjAasM8-fr3RQe9vfGQEbvfuDtrQ1FmgSe8kq0u7C6m4HHuSB_Xrm1Cr2CtU5aC37vk-c0jPleskHHhZBoifTHKdWIAU-cefDrvqKB-B54_a4AjUMtcq7Rq6g/s1600/LIVRARIA.jpg


        No início, lia os livros que roubava. Depois, a leitura deixou de lhe interessar. A coisa era roubar por roubar, por amor à arte; dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora. Mas cada vez tinha menos tempo para ir às livrarias; os negócios o absorviam demais. Além disso, não podia, como empresário, correr o risco de um flagrante. Um problema – que ele resolveu como resolve todos os problemas, com argúcia, com arrojo, com imaginação. Zás! Acabou de surrupiar um. Nada de espetacular nessa operação: simplesmente pegou um pequeno livro e o enfiou no bolso. Olha para os lados; aparentemente ninguém notou nada. Cumprimenta-me e se vai.

        Um minuto depois retorna. Como é que me saí, pergunta, não sem ansiedade. Perfeito, respondo, e ele sorri, agradecido. O que me deixa satisfeito; elogiá-lo é não apenas um ato de compaixão, é também uma medida de prudência. Afinal, ele é o dono da livraria.

SCLIAR, Moacyr. No Mundo das Letras. In: SCLIAR, Moacyr; FONSECA, Rubem; MIRANDA, Ana. Pipocas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Entendendo a crônica:

01 – Moacyr Scliar, autor da crônica “No Mundo das Letras”, é gaúcho e ganhou alguns prêmios, tais como Prêmio Jabuti e Prêmio José Lins do Rego. Atente para as seguintes afirmações sobre o autor:

 I. O estilo de Moacyr Scliar é leve e irônico.

II. O autor faz parte da literatura contemporânea.

III. Os textos de Moacyr Scliar são diretos e com escrita simples.

Está correto o que se afirma em:

A) I e II apenas.

B) I, II e III.

C) I e III apenas. 

D) II e III apenas.

      A correta é a letra B.

02 – Quem é o protagonista da crônica e qual é o seu hábito peculiar?

      O protagonista da crônica é um homem que frequenta uma livraria movimentada e tem o hábito de roubar livros.

03 – Como e quando o protagonista começou a roubar livros?

      O protagonista começou a roubar livros na infância, começando com um texto escolar que ele precisava para a escola.

04 – Por que o protagonista roubava livros?

      Inicialmente, o protagonista roubava livros para uso pessoal, mas com o tempo a leitura deixou de lhe interessar. Ele passou a roubar por amor à arte e dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora.

05 – Como o protagonista aprimorou suas habilidades de roubo de livros?

      O protagonista aprimorou suas habilidades a ponto de conseguir furtar quatro ou cinco livros de uma só vez.

06 – Onde o protagonista roubou livros ao longo de sua vida?

      O protagonista roubou livros em várias cidades por onde passou, incluindo Londres.

07 – Por que o protagonista parou de roubar livros da maneira convencional em livrarias?

      O protagonista parou de roubar livros de livrarias convencionais porque seu tempo se tornou escasso devido aos negócios, e ele não podia arriscar um flagrante como empresário.

08 – Qual é a reviravolta surpreendente no final da crônica?

      No final da crônica, o leitor descobre que o protagonista é o dono da livraria, surpreendendo o narrador e demonstrando sua habilidade de roubar um livro da própria loja sem ser notado.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

CRÔNICA: JÁ LI ISSO EM ALGUM LUGAR - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 CRÔNICA: JÁ LI ISSO EM ALGUM LUGAR

                   Moacyr Scliar

 

Ele era um rapaz sério, trabalhador. Ela era uma moça séria, trabalhadora. Namoravam havia muitos anos. Desde a infância, na verdade. Porque as famílias se conheciam e faziam gosto de que os dois namorassem. E, assim, eles namoravam e até falavam em noivar e em casar.



A verdade, porém, é que o relacionamento entre ambos era, no máximo, morno. Muito respeito mútuo, bastante afeto, tratamento cordial; mas paixão, paixão arrebatadora, isso não havia. De qualquer modo foram levando. Até que ele conheceu outra garota. Encontro casual, num supermercado. Ela deixou cair um objeto qualquer, ele a ajudou, começaram a conversar, saíram para tomar alguma coisa, marcaram um encontro e quando deu por si, ele estava, aí sim, apaixonado.
O que representava um tremendo problema de consciência. Como contar à sua namorada de tantos anos o que estava acontecendo? Como terminar aquela antiga ligação?
Foi então que ouviu falar do site que dava dicas para romper. De imediato entrou ali. Havia numerosos modelos de cartas, desde as curtas e brutais ("Estou cheio de sua cara, desapareça") até as mais sofisticadas e elegantes. Destas, escolheu uma que lhe pareceu particularmente satisfatória: "Durante muitos anos convivemos com afeto e alegria. Durante muitos anos nossa existência foi iluminada pela lâmpada do amor. Mas seja por falta de energia, seja por outra razão qualquer, a lâmpada do amor está se apagando. Antes que fiquemos totalmente no escuro é melhor que terminemos nossa relação como amigos. É melhor que busquemos a luz em outros amores. Guardaremos, um do outro, uma terna lembrança; é isso o que importa."
Imprimiu a carta, assinou-a e telefonou para a namorada marcando um encontro naquela mesma noite. Era uma segunda-feira, e ela não gostava de sair nas segundas-feiras, mas, para surpresa dele, aceitou o convite de imediato: eu também precisava falar com você, é muita coincidência.
Foi mais fácil do que ele esperava, muito mais fácil. Disse que algo tinha acontecido, algo que uma carta explicaria, e entregou-lhe o envelope fechado. Ela replicou que também tinha uma carta para ele. Despediram-se, numa boa.
Ele entrou num bar, abriu o envelope, e leu: "Durante muitos anos convivemos com afeto e alegria. Durante muitos anos nossa existência foi iluminada pela lâmpada do amor. Mas seja por falta de energia, seja por outra razão qualquer, a lâmpada do amor está se apagando. Antes que fiquemos totalmente no escuro é melhor que terminemos nossa relação como amigos. É melhor que busquemos a luz em outros amores. Guardaremos, um do outro, uma terna lembrança; é isso o que importa."
Com o que ele concluiu: grandes amores são para poucos. Mas sites na internet estão ao alcance de todos.

 

O escritor Moacyr Scliar escreve às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em reportagens publicadas na Folha.

SCLIAR, Moacyr. Histórias que os jornais não contam. Rio de Janeiro: Agir, 2009.

 

Entendendo o texto

 01. O título escolhido pelo cronista é coerente com toda a história que ele conta, mas está relacionado mais diretamente a uma parte da crônica. Que parte é essa?

    O título "Já li isso em algum lugar" está mais diretamente relacionado à parte da crônica em que o protagonista encontra um site com modelos de cartas para fins de relacionamentos.

 02. Transcreva o trecho que explica o fato de os personagens namorarem, desde a infância, e fazerem planos para o futuro.

    O trecho que explica o fato de os personagens namorarem desde a infância e fazerem planos para o futuro não é explicitamente referenciado na crônica.

     03. Que expressão o cronista usa para definir o relacionamento entre os dois e que nos permite entender que chegava a ser quase frio?

O cronista usa a expressão "muito respeito mútuo, bastante afeto, tratamento cordial" para definir o relacionamento entre os dois, indicando que era um relacionamento onde faltava uma paixão intensa.

      04. O 3° parágrafo inicia-se com “O que representava um tremendo problema de consciência.” Os termos em destaque referem-se a um fato do parágrafo anterior. Diga qual é esse fato.

Os termos "O que representava um tremendo problema de consciência" referem-se ao fato do rapaz ter se apaixonado por outra garota, o que criou um dilema ético e moral para ele.

05. O que levou o rapaz a consultar o site, de onde retirou a carta, conforme se lê no 5º/6º parágrafos?

     O rapaz consultou o site porque estava enfrentando um problema de consciência sobre como terminar seu relacionamento atual de muitos anos e não sabia como fazer isso de maneira a abordar.

06. Por que o cronista, no 7º parágrafo, diz que foi mais fácil do que o rapaz esperava?

     No 7º parágrafo, o cronista diz que foi mais fácil fazer que o rapaz esperasse porque a namorada também tinha uma carta semelhante para entregar a ele. Ela também queria terminar o relacionamento.

 07.  Com que expressão o cronista ele reforça a ideia de facilidade?

     O cronista reforça a ideia de facilidade usando a expressão "numa boa", indicando que a conversa e o término ocorreram sem problemas.

 

 

 

quinta-feira, 22 de junho de 2023

CONTO: F DE FRUSTAÇÃO - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 CONTO: F de Frustração

               Moacyr Scliar

     Viajar, para muitos, é a grande realização; não viajar, para muitos, é a grande frustração.

     Havia um casal que tinha uma inveja terrível dos amigos turistas - especialmente dos que faziam tu­rismo no exterior: Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora primária, jamais tinham conseguido juntar o suficiente para viajar. Quando dava para as prestações das passagens não chegava para os dólares, e vice-versa; e assim, ano após ano, acabavam ficando em casa. Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos - mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam uns dias na praia. E era tudo.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi70C54UBDdah8vvjAUdjkRs6s2TUCh9Mr4JzbcwZNvwwzQh539qiTYx-gvMg_9lAbsPj68Zah0dT-AumfoEwpLtBHkCCxhYaoaIQR6rDtVDRFqe_J-NXCYNfYOJkYvmoBzNmh_1psVTWcAfbF3kU4XnalWXUU9ACBq__ilXcZ2rJEeN-HLEBXVYZ0ZTBw/s320/VIAGEM.jpg


Contudo, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as maravilhas da Euro­pa, que acabaram bolando um plano. Todos os anos, no fim de janeiro, telefonavam aos amigos: estavam se despedindo, viajavam para o Velho Mundo. De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades europeias, Roma, Veneza, Florença; e ao fim de um mês eles estavam de volta, convidando os amigos para verem os slides da viagem. E as coisas interessantes que contavam! Até dividiam os as­suntos: a ele cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas, e também o lado pito­resco das viagens; a ela tocava o lado erudito: comentários sobre os museus e locais históricos, peças teatrais que tinham visto. O filho, de dez anos, não contava nada, mas confirmava tudo; e suspirava quando os pais diziam:

    - Como fomos felizes em Florença!

     O que os amigos não conseguiam descobrir era de onde saíra o dinheiro para a viagem; um, mais indiscreto, chegou a perguntar. Os dois sorriram, misterio­sos, falaram numa herança e desconversaram.

     Depois é que ficou se sabendo.

     Não viajavam coisa alguma. Nem saíam da cidade. Ficavam trancados em casa durante todo o mês de férias. Ela ficava estudando os folhetos das compa­nhias de turismo, sobre - por exemplo - a cidade de Florença: a história de Florença, os museus de Florença, os monumentos de Florença. Ele, num peque­no laboratório fotográfico, montava slides, em que as imagens deles estavam superpostas a imagens de Florença. Escrevia os cartões-postais, colava neles selos usados com carimbos falsificados. Quanto ao menino, decorava as histórias contadas pelos pais para confirmá-las se necessário.

     Só saíam de casa tarde da noite. O menino, para fazer um pouco de exercício; ela, para fazer compras num supermercado distante; e ele, para depositar nas caixas de correspondência dos amigos os postais.

     Poderia ter durado muitos e muitos anos, esta história. Foi ela quem estragou tudo. Lá pelas tantas, cansou de ter marido pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas via­gens, para os lugares mais exóticos. E acabou pedindo divórcio.

     Beijaram-se pela última vez ao sair do escritório do advogado.

     - A verdade - disse ele - é que me diverti muito com a história toda.

     - Eu também me diverti muito - ela disse.

    - Fomos muito felizes em Florença - suspirou ele.

     - É verdade - ela disse, com lágrimas nos olhos. E prometeu-se que nunca mais iria a Florença.

 SCLIAR, Moacyr. Dicionário do viajante insólito. Porto Alegre L&PM, 1995 p. 29-31 © Herdeiros de Moacyr Scliar.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.206-208.

EXPLORAÇÃO DO TEXTO

01.   O livro Dicionário do viajante insólito, em que se insere esse conto, é composto de várias histórias e apontamentos de um pretenso viajante. Como você associa o nome do conto ao do livro?

 Espera-se que os alunos respondam que, tendo no título do livro a palavra dicionário, é de se esperar que os contos e apontamentos sejam organizados em ordem alfabética.

     02. Qual é o assunto do conto? Explique.

É a história de um casal que tinha vontade de viajar, mas não possuía condições financeiras. Com inveja dos amigos, o casal elabora um plano: finge as viagens de férias, contando as histórias para os amigos e até enviando a eles cartões-postais.

     03. O que motivava o estranho comportamento do casal?

      A vontade de viajar e de impressionar os amigos.

     04. Um conto tem poucos personagens, espaço e tempo restritos e um só conflito.

     a) Qual é o conflito do conto?

        A imensa vontade de viajar e não ter dinheiro para tal.

     b) O tempo é restrito no conto? Por que o autor teria feito essa opção?

        Não. A história abrange um tempo mais longo para que o narrador acompanhe fatos que se repetiram durante anos.

    05. Agora, analise os personagens do conto.

     a) Como o narrador se refere a eles?

         O narrador se refere a seus personagens tratando-os por ele, ela, e o menino (ou filho).

     b) Em sua opinião, por que isso ocorre?

         Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que, pelo fato de o conto narrar um acontecimento insólito, o que importa é esse acontecimento e não os personagens que aparecem na narrativa. Por esse motivo é que não são nomeados.

    06. Um conto se organiza em torno de um enredo. Localize os fatos que acontecem em cada uma das partes a seguir.

     a) Introdução

         O narrador apresenta o casal e fala da vontade deles de viajar pelo mundo.

    b) Ponto de mudança

        O casal resolve pôr em pratica um plano.

     c) Desenvolvimento

         O casal e o filho ficam escondidos em casa preparando-se para impactar os amigos com suas recordações de viagem; a mulher estuda pontos turísticos das cidades para onde viajariam; o marido prepara slides com imagens da viagem e falsifica selos para colocar nos cartões-postais; o filho apenas confirma aas historias contadas pelos pais; terminadas  as férias inventadas , o casal retorna e chama os amigos para contar suas aventuras nas cidades que fingiram visitar.

      d) Desfecho

         A mulher se apaixona por um piloto de avião que lhe promete viagens reais. Então separa-se do marido e termina a farsa..

    07. Você acha que o desfecho do conto surpreende o leitor? Por quê?

     Resposta pessoal. Possibilidade: Sim, pois com o desenvolvimento da narrativa, o leitor pode pensar que a história se encaminha para um final feliz (a família consegue fazer uma viagem de verdade) ou infeliz (a farsa é descoberta). Ao longo da narrativa, não há nada que leve o leitor a pensar que a mulher se apaixonaria por um piloto e conseguiria viajar.

     08. Como você entendeu a última frase do conto?

       Resposta pessoal.  Possibilidade: A mulher, que tanto se divertira em viagens inventadas, preparando a farsa e o relato aos amigos, possivelmente se pergunta se seria possível se divertir tanto em viagens reais.

     09. O narrador apenas narra a história ou participa dela?

       Apenas narra a história, sem ter participação alguma nos acontecimentos expostos.

   10.  Ao final de cada página das histórias que constam no livro Dicionário do viajante insólito, o autor cita uma reflexão sobre viagens e o nome de quem a teria feito. Leia, a seguir, algumas delas e comente com o professor e os colegas aquela que você considera a que melhor se relaciona ao conto que você leu.

    a) Viajar é conversar com os séculos. (Descartes)

   b) viajar não é necessário, a não ser para imaginações limitadas. (Colette)

   c) O turista não chega a conhecer as pessoas. Ele julga um lugar pelas diversões que oferece. (André Maurois)

   d) Só começamos a gostar de uma viagem três semanas depois de ter voltado. (George Ade)

   Resposta pessoal.

Recursos expressivos

01. Releia este trecho do conto.

          Viajar, para muitos, é a grande realização; não viajar, para muitos, é a grande frustração.

a)   Nessa frase, o narrador aproxima ideias semelhantes ou opostas entre si?

Aproxima ideias opostas.

b)   O narrador, nessa frase, utiliza uma figura de linguagem: a antítese. Leia a informação que está no quadro abaixo e, depois, responda:

Antítese é uma figura de linguagem que se caracteriza por opor duas ideias contrárias. Por exemplo: frio/quente; medo/coragem.

              Como a ideia de antítese é elaborada na frase?

             O narrador opõe a vontade de viajar e a frustração de não conseguir fazê-lo.

      02. Agora, releia o trecho seguinte e observe o uso dos tempos verbais.

Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos – mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam uns dias na praia e era tudo.

a)   Que tempo verbal foi utilizado?

Pretérito imperfeito do indicativo.

b)   Com que intenção foi usado?

Foi usado para indicar ações habituais no passado.

03. Releia este trecho do terceiro parágrafo do conto.

      Contudo, tamanha era a vontade que tinham de contar aos amigos sobre as maravilhas da Europa, que acabaram bolando um plano. Todos os anos, no fim de janeiro, telefonavam aos amigos: estavam se despedindo, viajavam para o Velho Mundo. De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais das cidades europeias, Roma, Veneza, Florença; e ao fim de um mês eles estavam de volta, convidando os amigos para verem os slides da viagem.

Que palavras ou expressões indicam a progressão temporal da narrativa?

Todos os anos, no fim de janeiro, alguns dias depois, no fim de um mês.

04. Adjetivos e advérbios são muito importantes em textos narrativos como o conto. Leia estes fragmentos e preste atenção aos adjetivos destacados.

Fragmento 1

Lá pelas tantas, cansou de ter marido pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas viagens, para os lugares mais exóticos.

Fragmento 2

Até dividiam os assuntos: a ele cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas, e também o lado pitoresco das viagens; a ela tocava o lado erudito: comentários sobre os museus e locais históricos, peças teatrais que tinham visto.

a)   Quais dos adjetivos destacados têm a função de qualificadores (descritivos, objetivos)?

aéreos, históricos, erudito, teatrais

b)   E quais podem ser considerados avaliadores (manifestam opinião, subjetivos)?

fingidas, pobre, exóticos, pitoresco