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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

SONETO: TANTO DE MEU ESTADO ME ACHO INCERTO - LUÍS DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Tanto de meu estado me acho incerto

             Luís de Camões

Tanto de meu estado me acho incerto,
que em vivo ardor tremendo estou de frio;
sem causa, juntamente choro e rio,
o mundo todo abarco e nada aperto.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMlKfoGbA8ZjxZWRs3vYTTel7ENqG_Y-FwsjI5Kvx1uTD6Pel7JWfR1lia9JUzMZWMSRVRsSSpee5EsQjRn2UFK_plNT1veaj6LU9F86Ev-RyomRW_eAM2xXEg1TLzbRJ72vQheCy6_UJ-wuOKzKkafBaFdOm8AUVGrWulaippuXp1hhcOteED1rL6_uU/s1600/CAMOES.png 



É tudo quanto sinto, um desconcerto;
da alma um fogo me sai, da vista um rio;
agora espero, agora desconfio,
agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando,
numa hora acho mil anos, e é de jeito
que em mil anos não posso achar um' hora.

Se me pergunta alguém porque assim ando,
respondo que não sei; porém suspeito
que só porque vos vi, minha Senhora.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 42.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 132.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo eu lírico nesse soneto?

      A principal emoção transmitida pelo eu lírico é a incerteza e a confusão decorrentes de um amor intenso e apaixonado. Ele se sente dividido entre extremos, como calor e frio, choro e riso, esperança e desconfiança. Essa instabilidade emocional é característica da paixão amorosa, que perturba a alma do poeta e o faz questionar seus próprios sentimentos.

02 – Que figuras de linguagem são mais evidentes no soneto e qual o efeito que causam?

      O soneto é rico em figuras de linguagem, como antíteses (opostos), paradoxos (ideias contraditórias) e hipérboles (exagero). Essas figuras intensificam a expressão dos sentimentos contraditórios do eu lírico, como em "em vivo ardor tremendo estou de frio" e "o mundo todo abarco e nada aperto". O efeito é criar uma imagem vívida e intensa do turbilhão emocional do poeta.

03 – Qual a importância da mulher amada para o eu lírico?

      A mulher amada é a causa de todo o sofrimento e confusão do eu lírico. Ela é a fonte de sua inspiração e paixão, mas também o motivo de sua angústia e incerteza. A presença dela é tão intensa que o poeta se sente transportado para outros planos, como o céu, e experimenta uma distorção do tempo. A mulher amada é, portanto, o centro de todo o seu universo emocional.

04 – Como o soneto expressa a natureza contraditória do amor?

      O soneto expressa a natureza contraditória do amor através da oposição de sentimentos e sensações. O amor é representado como uma força que ao mesmo tempo une e separa, que traz alegria e tristeza, esperança e desespero. Essa dualidade é característica da experiência amorosa e é explorada por Camões de forma intensa e poética.

05 – Qual a relação entre o título e o conteúdo do soneto?

      O título "Tanto de meu estado me acho incerto" resume perfeitamente o conteúdo do soneto. A incerteza é o estado de espírito dominante do eu lírico, que se encontra perdido em um labirinto de emoções contraditórias. A palavra "estado" enfatiza a condição emocional do poeta, enquanto "incerto" destaca a instabilidade e a dúvida que o caracterizam.

 

 

POEMA: SONETO DA LOUCURA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Soneto da loucura

             Carlos Drummond de Andrade

A minha casa pobre é rica de quimera

e se vou sem destino a trovejar espantos,

meu nome há de romper as mais nevoentas eras

tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMHmoRQvlHrRad5WRvCF7soC4vyHJ-RvYJmTEfG0gE6IqfNONT4o6tVBs5Gu7B8_SoaS7Znkzis0uwbVfNF-PffEAXj9x7FiqKzrt4LicZo5voGRMtM6bwMuiIs9rAFHh1Hvu8VwjAPe8d9_7YMOSEi9ezEjQE0I3iTNb5s1f6bMjAuY-S5O2lceI8xK8/s1600/CARLOS.jpg

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas

jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.

Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,

o que nele recolho é o olor da glória eterna.

 

Donzelas a salvar, há milhares na Terra

e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,

torto endireitando, herói de seda e ferro,

 

E não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,

na férvida obsessão de que enfim a bendita

Idade de Ouro e Sol baixe lá nas alturas.

Carlos Drummond de Andrade. In: As impurezas do branco. www.carlosdrummond.com.br/ Rio de Janeiro: Record.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 85.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica da casa do eu lírico?

      A casa do eu lírico, apesar de ser "pobre", é rica em "quimera", ou seja, em sonhos, fantasias e idealizações. Essa riqueza interior contrasta com a pobreza material, mostrando a força da imaginação e do espírito aventureiro do poeta.

02 – Qual a ambição do eu lírico em relação ao seu nome?

      O eu lírico almeja que seu nome transcende o tempo, "rompendo as mais nevoentas eras". Ele se compara a Pentapolim, um rei lendário, buscando deixar uma marca duradoura na história, mesmo que através de suas loucuras e aventuras.

03 – Que tipo de batalhas o eu lírico travava em sua mente?

      As batalhas travadas na mente do eu lírico são épicas e grandiosas, "jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno". Elas representam os conflitos internos, os sonhos e as aspirações que o atormentam e motivam.

04 – Qual o significado do cheiro de alho na cozinha e como ele é interpretado pelo eu lírico?

      O cheiro de alho, um aroma simples e cotidiano, é transformado pelo eu lírico em um símbolo da "glória eterna". Essa transmutação revela sua capacidade de encontrar significado e beleza em coisas comuns, elevando-as a um plano superior.

05 – Qual a obsessão que domina o eu lírico e qual o seu objetivo final?

      O eu lírico é dominado pela obsessão de encontrar a "Idade de Ouro", um período mítico de perfeição e felicidade. Ele busca incessantemente por esse ideal, alimentando-se de sonhos e aventuras, mesmo que isso o leve a uma existência solitária e insone.

 

 

 

 

SONETO: MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES - LUÍS VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

 Soneto: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

              Luís Vaz de Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuYhT9T4nzj5eqh4vPrPpWLu6NCTR9a0y0OwkShX9ewBEOeDUaV3yP5LgNUeUtGpd0HKXENmCNNJIZm3yfIwSvBWYcF82N1WLDbWZfIhzv43k3z5ALL86RF9H-DrCAFt0PUYD0Sv8pecPEgH3wzXEGmFdcQXFr1lY1cXpwPMEYSbtz5j9dQ1uALAqsjvs/s320/CAMOES.jpg


Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo (seleção, apresentação e notas). Sonetos de Camões. São Paulo: Ateliê Editorial, 1998, p. 127.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 131.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é a principal temática abordada no soneto?

      A principal temática do soneto é a efemeridade e a constante mudança da vida. Camões explora a ideia de que tudo está sujeito a transformações, desde as estações do ano até os sentimentos e as relações humanas.

02 – O que o poeta sugere com a frase "Todo o mundo é composto de mudança"?

      Com essa frase, Camões expressa a universalidade da mudança. Ele afirma que todas as coisas e seres estão em constante transformação, sem exceção. A mudança é vista como uma característica intrínseca do mundo e da vida.

03 – Qual o significado dos versos "Do mal ficam as mágoas na lembrança, / E do bem, se algum houve, as saudades"?

      Esses versos revelam a dualidade da experiência humana. As mágoas e as dores tendem a permanecer na memória, enquanto as boas lembranças se transformam em saudade. Isso demonstra a capacidade da memória de selecionar e enfatizar diferentes aspectos da experiência.

04 – Qual a metáfora presente nos versos "O tempo cobre o chão de verde manto, / Que já coberto foi de neve fria"?

      A metáfora presente nesses versos compara o tempo ao ciclo das estações. O "verde manto" representa a primavera e o verão, enquanto a "neve fria" simboliza o inverno. Essa imagem sugere a passagem do tempo e a renovação constante da natureza.

05 – Qual a principal reflexão que o soneto nos convida a fazer?

      O soneto nos convida a refletir sobre a natureza passageira da vida e a importância de apreciar cada momento. Ao enfatizar a constante mudança, Camões nos lembra que nada é permanente e que devemos buscar encontrar significado e beleza mesmo diante das adversidades. A obra nos convida a uma profunda reflexão sobre a nossa própria existência e sobre o lugar que ocupamos no mundo.

 

 

 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

SONETO: EU DELIRO, GERTRÚRIA, EU DESESPERO - MANOEL BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Eu Deliro, Gertrúria, eu Desespero

              Manoel Bocage

Eu deliro, Gertrúria, eu desespero
No inferno de suspeitas e temores.
Eu da morte as angústias e os horrores
Por mil vezes sem morrer tolero.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsGgkawzDCTcii7Qe5oh1FyfYYg1oxY7I6K7gwqZsJrz3wfnTNBVh0GtpDIZL9y28tEyTmPoX93kjXcUTT2n9lhjjTkh8L0z7qGpqmFjp9iJOE699x6tbJfhHSndpHCBeLVbzKod1DjAjFlD9GC9jSlMqEcRm0_oPZPq0jGQf_waV7dOj8W7TRu9fZmqg/s1600/BOCAGE.jpg



Pelo Céu, por teus olhos te assevero
Que ferve esta alma em cândidos amores;
Longe o prazer de ilícitos favores!
Quero o teu coração, mais nada quero.

Ah! não sejas também qual é comigo
A cega divindade, a Sorte dura.
A vária Deusa, que me nega abrigo!

Tudo perdi: mas valha-me a ternura
Amor me valha, e pague-me contigo
Os roubos que me faz a má ventura.

BOCAGE, M. M. Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 385.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico nesse soneto?

      A principal emoção expressa pelo eu lírico é a angústia amorosa. O poeta se encontra em um estado de sofrimento intenso, marcado pela incerteza, pelo medo e pela desesperança em relação ao amor que sente por Gertrúria.

02 – Como o eu lírico descreve o estado emocional em que se encontra?

      O eu lírico descreve seu estado emocional como um verdadeiro inferno. Ele se sente atormentado por suspeitas e temores, e a ideia da morte ronda seus pensamentos. A repetição de "eu deliro" e "eu desespero" intensifica a ideia de um sofrimento profundo e quase insustentável.

03 – Qual a importância da figura de Gertrúria no poema?

      Gertrúria é a figura central do poema, a musa inspiradora do sofrimento do eu lírico. Ela é idealizada como um ser celestial, mas ao mesmo tempo inalcançável. A amada é vista como a causa e o objeto do amor do poeta, e sua presença ausente intensifica a dor do amante.

04 – Que tipo de amor o eu lírico expressa por Gertrúria?

      O amor expresso pelo eu lírico é um amor passional e idealizado. Ele se declara apaixonado de forma intensa e fervorosa, buscando a pureza e a sinceridade nos sentimentos de Gertrúria. O poeta rejeita os "ilícitos favores" e deseja apenas o coração da amada.

05 – Qual a relação entre o sofrimento amoroso e a figura da Fortuna no poema?

      O sofrimento amoroso do eu lírico é atribuído à Fortuna, personificada como uma deusa cega e cruel. A Fortuna é vista como a responsável por negar o amor ao poeta, roubando sua felicidade e condenando-o à infelicidade. O amor, por sua vez, é visto como a única força capaz de compensar as perdas causadas pela má sorte.

 




 

SONETO: RECREIOS CAMPESTRES NA COMPANHIA DE MARÍLIA - BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Recreios campestres na companhia de Marília

             Bocage

Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwSTDkHSJct6yLpbhyphenhyphenLJE93t3kGCgz82W5wqB6295QZ2PleITHFZGTWQZ5nGJl1MTB4sZ16kGgmKFi_IEnYSj0_EEZ5hT-wdrkZDpIYaYE-Ghl2B_R8v60Lsb5xiTtHwhC1nctScQoL886_Ii-nJnIvpJA9ZR2e_P31yysSV_4Kdlc-NTqBIJ0OmqbXA/s320/BOCAGE.jpg 
Marília, as flautas dos pastores
Vê como ali beijando-se os Amores

Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

BOCAGE. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968. p. 152.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 386.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal temática explorada por Bocage nesse soneto?

      A principal temática é a celebração da natureza e do amor em um cenário bucólico. O poeta convida sua amada Marília a apreciar a beleza do campo, dos animais e das flores, tudo isso enquanto expressa seus sentimentos apaixonados.

02 – Que elementos da natureza são descritos no soneto e qual o efeito que eles causam no eu lírico?

      Bocage descreve diversos elementos da natureza, como as flautas dos pastores, o rio Tejo, os Zéfiros (ventos suaves), as flores, borboletas, o rouxinol e as abelhas. Esses elementos evocam sensações de prazer, alegria e leveza no eu lírico, que se sente em harmonia com o ambiente natural.

03 – Qual o papel de Marília no poema?

      Marília é a destinatária do poema e a companheira do eu lírico. Ela é convidada a apreciar a beleza da natureza ao lado do poeta, e sua presença intensifica a felicidade e o prazer do momento. A figura de Marília serve como um catalisador para a expressão dos sentimentos amorosos do eu lírico.

04 – Qual a importância do contraste entre a beleza da natureza e o sentimento expresso nos últimos versos?

      O contraste entre a beleza da natureza e a tristeza expressa nos últimos versos enfatiza a dependência emocional do eu lírico em relação a Marília. A beleza do campo só tem sentido para ele quando compartilhada com a amada. A ausência de Marília transformaria a natureza em algo triste e sem graça.

05 – Que características do Arcadismo podem ser identificadas nesse soneto?

      O soneto apresenta diversas características do Arcadismo, como:

·        A valorização da natureza e da vida simples no campo;

·        A busca pela beleza e pela harmonia;

·        O uso de elementos da mitologia clássica (Zéfiros);

·        A expressão de sentimentos amorosos em um contexto bucólico;

·        A presença de um eu lírico que se identifica com a natureza.

 

 

SONETO: MEU SER EVAPOREI NA LIDA INSANA - M.M.BARBOSA DU BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Meu ser evaporei na lida insana

             M. M. Barbosa du Bocage

Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMEU_JvcdWl3MRYrive6sz0ox9YBXpn15XMvgRa3NJejOvzOXFxiudYUO9gwkX11Mj0bNbf5FWlud8sBEokzPoJmqNGrGswOkrKG9T2wut7kjCFxJKHGBbdCxodac_YhhlGHWqhESD-WIMRkHCz3fc-ZhDbg7W78lAJSsyKWtNPU3LFTV1H89quGJUzGg/s320/BOCAGE.jpg


De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, oh Deus!… Quando a morte a luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

BOCAGE, M. M. Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 384.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal temática abordada por Bocage nesse soneto?

      O soneto de Bocage explora a efemeridade da vida, a luta contra as paixões e o arrependimento diante da morte. O eu lírico reflete sobre a vaidade das ambições mundanas e a busca incessante por prazeres que, no final, se revelam ilusórios.

02 – Que figura de linguagem é predominante no soneto? E qual o seu efeito?

      A metáfora é a figura de linguagem mais evidente no soneto. Bocage utiliza diversas metáforas para expressar seus sentimentos e ideias, como "Meu ser evaporei na lida insana", comparando sua vida ao vapor que se dissipa. O efeito dessas metáforas é intensificar a expressão dos sentimentos do eu lírico e criar imagens mais vívidas para o leitor.

03 – Qual a importância da natureza no contexto do soneto?

      A natureza é representada como uma força poderosa e implacável que subjuga o homem. A "Natureza escrava" simboliza a condição humana, subjugada pelas paixões e pelos males da vida. A natureza, portanto, representa um contraponto à vaidade humana e à busca por imortalidade.

04 – Qual o papel da religião no soneto?

      A religião aparece no soneto como uma busca por consolo e salvação diante da morte. O eu lírico invoca Deus, expressando um desejo de redenção e de que, após a morte, possa compensar os erros cometidos durante a vida.

05 – Qual o tom geral do soneto? E como ele se relaciona com a temática abordada?

      O tom geral do soneto é melancólico e reflexivo. O eu lírico demonstra arrependimento pelas escolhas feitas e pela vida levada, expressando um sentimento de angústia diante da finitude da existência. Esse tom melancólico reforça a temática da efemeridade da vida e da necessidade de refletir sobre as nossas ações.

 

 

SONETO: DESCRIÇÃO DA CIDADE DE SERGIPE DEL-REI - IN.DIMAS,ANTÔNIO(ORG) - COM GABARITO

 Soneto: Descrição da Cidade de Sergipe Del-Rei

Três dúzias de casebres remendados,

Seis becos, de mentrastos entupidos,

Quinze soldados, rotos e despidos,

Doze porcos na praça bem criados.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSSTeFZGtfVYPDWHjBqSkdFWeQ5ej6PaYzsLCh1__9THmceLVrChV1PSlASfFW5GGJlDSRTaIcplg_hCH_0iHdTZR336rwj3mHt2NvMh_4s2FIQVbLbVlnsr8bvQ1-nru8QmOmircUBWJROr66jVZpWHTnITCJ5B7kGRYWJG3cXMu7s8mEydM9hIkI2gI/s320/SERGIPE.jpg

Dois conventos, seis frades, três letrados,

Um juiz, com bigodes, sem ouvidos,

Três presos de piolhos carcomidos,

Por comer dois meirinhos esfaimados.

 

Damas com sapatos de baeta,

Palmilha de tamanca como frade,

Saia de chita, cinta de raqueta.

 

O feijão, que só faz ventosidade,

Farinha de pipoca, pão que greta,

De Sergipe d’El-Rei esta é a cidade.

In: DIMAS, Antônio (Org.). Literatura comentada. São Paulo: ed. Abril, 1981.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 368.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal característica da cidade de Sergipe del-Rei que o poeta destaca no soneto?

      A principal característica da cidade, segundo o poeta, é a miséria e o abandono. Ele descreve um lugar com casas em ruínas, ruas sujas, pessoas mal vestidas e uma vida marcada pela pobreza e pela falta de recursos.

02 – Que elementos irônicos o poeta utiliza para descrever os habitantes da cidade?

      O poeta utiliza uma série de elementos irônicos para caracterizar os habitantes da cidade, como a descrição dos soldados "rotos e despidos" e dos presos "de piolhos carcomidos". A ironia também está presente na descrição das damas com "sapatos de baeta" e na menção ao feijão que "só faz ventosidade".

03 – Qual a função da enumeração de detalhes no soneto?

      A enumeração de detalhes serve para criar uma imagem vívida e detalhada da cidade. Ao listar os elementos que compõem o cenário, o poeta intensifica o efeito de crítica e realça a miséria e a decadência do lugar.

04 – Qual a importância histórica desse soneto?

      O soneto de Gregório de Matos é importante por ser um documento histórico que retrata a realidade de uma cidade colonial. Através de sua obra, o poeta nos permite vislumbrar a vida cotidiana, os costumes e as condições de vida da população da época. Além disso, o soneto é considerado um marco da poesia barroca brasileira e um exemplo da crítica social presente na obra de Gregório de Matos.

05 – Qual a sua interpretação sobre o verso final: "De Sergipe d’El-Rei esta é a cidade"?

      O verso final resume toda a descrição feita pelo poeta. Ele afirma categoricamente que a cidade de Sergipe del-Rei é caracterizada pela miséria e pela decadência, transformando o soneto em uma espécie de retrato irônico da cidade. A repetição da palavra "cidade" enfatiza a generalização da crítica, indicando que toda a cidade está imersa nessa realidade.

 

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

SONETO: SONETO DE DEVOÇÃO - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

 Soneto: Soneto de devoção

             Vinícius de Moraes

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica em meus braços, e nos seios

Me arrebata e me beija e balbucia

Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia

Que se ri dos meus pálidos receios

A única entre todas a quem dei

Os carinhos que nunca a outra daria.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6nahHlmXFKTNlRMwlxv4ijolCK4vODYLxFY8NlVjNBii9bOkt9Tcvqsrc63YX0lEkIGPtpmE5gayo-ca_jKjBqQ9aHuGNwixxpDF2LycsjKRQbO4SfFkrsw44kAEMaoPc2rkBm9UkzX6qQBSGheuU6Zw0bk1LIaSFuJZFdz5130gMEj2iUXrU5b_nGGA/s1600/MULHER.jpg

Essa mulher que a cada amor proclama

A miséria e a grandeza de quem ama

E guarda a marca dos meus dentes nela.


Essa mulher é um mundo! – uma cadela

Talvez... – mas na moldura de uma cama

Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinicius de Moraes.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 3 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 223.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal característica da mulher descrita no soneto?

      A mulher descrita é apresentada como complexa e contraditória. Ela é ao mesmo tempo "fria" e "lúbrica", "flor de melancolia" e capaz de proclamar a "miséria e a grandeza" do amor. Essa dualidade a torna um enigma e um objeto de desejo intenso para o poeta.

02 – Qual o significado da expressão "Versos, votos de amor e nomes feios"?

      Essa expressão revela a intensidade e a complexidade da relação entre o poeta e a mulher. Os "versos" e os "votos de amor" indicam um envolvimento profundo, enquanto os "nomes feios" sugerem uma intimidade intensa e apaixonada.

03 – Por que o poeta afirma que a mulher é "a única entre todas a quem dei / Os carinhos que nunca a outra daria"?

      Essa afirmação destaca a exclusividade da relação entre o poeta e a mulher. Os carinhos que ele oferece são únicos e destinados apenas a ela, o que intensifica o sentimento de posse e de desejo.

04 – Qual a importância da comparação entre a mulher e uma "cadela"?

      A comparação da mulher com uma "cadela" é provocativa e intencional. Ela subverte a imagem tradicional da mulher como um ser puro e angelical, revelando a face mais carnal e instintiva da paixão. Ao mesmo tempo, a expressão "mas na moldura de uma cama" relativiza essa comparação, sugerindo que a beleza da mulher transcende qualquer julgamento moral.

05 – Qual a mensagem principal do soneto?

      O soneto celebra a paixão em sua forma mais intensa e visceral. A mulher descrita é um símbolo da paixão, do desejo e da entrega total. Ao mesmo tempo, o poema reflete sobre a complexidade e a ambiguidade do amor, que pode ser tanto fonte de alegria quanto de sofrimento.

 

 

sábado, 21 de setembro de 2024

SONETO: A UMA AUSÊNCIA - ANTÔNIO BARBOSA BACELAR - COM GABARITO

 Soneto: A uma ausência

            Antônio Barbosa Bacelar

Sinto-me, sem sentir, todo abrasado

No rigoroso fogo que me alenta;

O mal, que me consome, me sustenta;

O bem, que me entretém, me dá cuidado.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVeu1BGe5mtUu_xuGcRsWmAzI0LxRorGI0rR7hAU460NBl185N2zEowUkBMYMKN8EyZ39QhzERlY0Fat_c_pXCbtDzFxRnoDcNavRon8Bo15Q1jJdkKg195tslRvk8wQy-s3EQFTL7EdzAe-xNoq9bgT9MU4LnOIsG3I6Mn8El82c3XilSqtfTaY3OejY/s1600/AUSENCIA.jpg

 

Ando sem me mover, falo calado;

O que mais perto vejo, se me ausenta,

E o que estou sem ver, mais me atormenta;

Alegro-me de ver-me atormentado.

 

Choro no mesmo ponto em que me rio;

No mor risco me anima a confiança;

Do que menos se espera estou mais certo.

 

Mas se de confiado desconfio,

É porque, entre os receios da mudança,

Ando perdido em mim como em deserto.

António Barbosa Bacelar, in 'Fénix Renascida'.

Fonte: livro Língua e Literatura – Faraco & Moura – vol. 1 – 2º grau – Edição reformulada 9ª edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 255.

Entendendo o soneto:

01 – Qual a principal emoção expressa pelo eu lírico no soneto?

      O eu lírico expressa uma intensa angústia e confusão. Ele se sente dividido entre sentimentos contraditórios, como prazer e dor, movimento e imobilidade. A ausência parece ter criado um estado de perturbação interna que o impede de encontrar paz.

02 – Como a ausência é representada no poema?

      A ausência não é representada de forma concreta, mas sim como uma força que domina o eu lírico. Ela é a causa do sofrimento e da perturbação interior, e parece estar presente em todos os momentos da vida do poeta. A ausência é tanto física quanto emocional, e se manifesta de diversas formas no poema.

03 – Quais os paradoxos presentes no soneto?

      O soneto é repleto de paradoxos, como "sinto-me, sem sentir", "o mal, que me consome, me sustenta" e "alegro-me de ver-me atormentado". Esses paradoxos revelam a complexidade dos sentimentos do eu lírico e a impossibilidade de encontrar uma explicação lógica para seu sofrimento.

04 – Qual o significado da imagem do deserto no final do soneto?

      O deserto representa o estado de solidão e desorientação interior do eu lírico. Ele se sente perdido em si mesmo, sem encontrar um caminho para sair daquela situação de angústia. O deserto simboliza a vastidão e a aridez da sua alma.

05 – Como a linguagem do poema contribui para a construção do sentido?

      A linguagem do poema é marcada por um alto grau de subjetividade e expressividade. O uso de antíteses, paradoxos e imagens fortes cria um clima de tensão e intensifica a experiência emocional do leitor. A linguagem poética permite que o eu lírico expresse de forma intensa e complexa seus sentimentos de angústia e desespero.

 

 

sexta-feira, 28 de junho de 2024

SONETO: VELHAS ÁRVORES - OLAVOR BILAC - COM GABARITO

 Soneto: Velhas Árvores

             Olavo Bilac.

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas…

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMNyX2NoDKa3fRmeuxkJCEpVHUDa5MKg7RzKy8pM3t_yCeypzW7yZlpVKp2tdwEW0WZ0pOs4mTdz9S_WVRBuGsz9_Qos8Jrc_AgUwEzBPl5ZoyhR0Nbx7wo7JvbiE22lspR2QBLx3FQByU5zK0wtgarDI3c9w7lkr2JP8nEBmi8Cjjfj9DFDhDZx5mxA/s320/Floresta-globo-reporter.jpg

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres da fome e de fadigas:
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo. Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória de alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

BILAC, Olavo. Velhas árvores: In: BILAC, Olavo. Alma inquieta. Amazônia: Unama. p. 37-38. (Ebook). Disponível em: www.nead,unama.br. Acesso em: 24 maio 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 101-102.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Fadiga: cansaço.

·        Padecer: verbo, significa “sofrer”.

·        Procela: tempestade.

02 – Você sabe dizer que tipo de poema é esse?

      É um soneto, poema de estrutura fixa em versos decassílabos.

03 – Qual é a temática desse poema? Que palavra passou por sua cabeça ao lê-lo?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Qual é a principal mensagem do soneto "Velhas Árvores" de Olavo Bilac?

      A principal mensagem do soneto é a valorização da velhice e da experiência adquirida ao longo do tempo. Bilac compara as velhas árvores, que são mais belas e acolhedoras, às pessoas idosas, sugerindo que o envelhecimento deve ser visto como um processo natural e digno, que traz consigo sabedoria e a capacidade de oferecer consolo e proteção aos outros.

05 – Como Olavo Bilac compara as velhas árvores às árvores jovens no soneto?

      Bilac afirma que as velhas árvores são mais belas do que as árvores jovens e mais amigas. Ele destaca que as velhas árvores são vencedoras da idade e das procelas, ou seja, resistiram ao tempo e às tempestades, o que as torna ainda mais valiosas e impressionantes.

06 – Qual é a importância da sombra das árvores no poema?

      A sombra das árvores é apresentada como um símbolo de proteção e abrigo. O poeta menciona que sob as velhas árvores, o homem, a fera e o inseto vivem livres da fome e das fadigas, e que seus galhos abrigam as cantigas e os amores das aves. Isso reforça a ideia de que a experiência e a maturidade proporcionam um ambiente seguro e acolhedor.

07 – O que o poeta sugere sobre a forma como devemos encarar a velhice?

      O poeta sugere que não devemos lamentar a perda da juventude, mas sim envelhecer com alegria e dignidade. Ele aconselha a envelhecer "rindo" e a seguir o exemplo das árvores fortes, que envelhecem na glória da alegria e da bondade, proporcionando abrigo e consolo aos outros.

08 – Quais são os benefícios da velhice, segundo o poema "Velhas Árvores"?

      Segundo o poema, os benefícios da velhice incluem a capacidade de oferecer proteção e consolo aos outros, simbolizada pela sombra e pelos ramos que abrigam pássaros. A velhice é vista como um período de glória, alegria e bondade, onde a experiência acumulada ao longo do tempo permite que a pessoa idosa desempenhe um papel importante e benéfico na vida dos outros.

 

domingo, 12 de maio de 2024

SONETO: XIV - CLÁUDIO MANOEL DA COSTA - COM GABARITO

 SONETO: XIV

                Cláudio Manoel da Costa

Quem deixa o trato pastoril amado 

Pela ingrata, civil correspondência, 

Ou desconhece o rosto da violência, 

Ou do retiro a paz não tem provado. 

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPJ3mIUGODClDm9qzUFeMJv9zsqfex7H4_rnQMhMGyWcPz5K1vJCQC9mx5swpD5MYEv9tQCsk-NNewLx8OlhDwa8KvO7RGBzWsYRqg5DzodE_m__1poaENpRoUbxfGMwSsotU9vb0rtVg4SFC7TUS7Lv-ZTwA6sX5m8Hw5kDqZSNfDs8-9dZ940Yo_XpM/s320/PASTORIL.jpg

Que bem é ver nos campos transladado 

No gênio do pastor, o da inocência! 

E que mal é no trato, e na aparência 

Ver sempre o cortesão dissimulado! 

 

Ali respira amor sinceridade; 

Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 

Um só trata a mentira, outro a verdade. 

 

Ali não há fortuna, que soçobre; 

Aqui quanto se observa, é variedade: 

Oh ventura do rico! Oh bem do pobre! 

COSTA, Cláudio Manuel da. Soneto XIV. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf. Acesso em: 29 out. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa. Se liga na língua – Literatura – Produção de texto – Linguagem. Wilton Ormundo / Cristiane Siniscalchi. 1 Ensino Médio. Ed. Moderna. 1ª edição. São Paulo, 2016. p. 128 – 129.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o soneto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Civil correspondência: referência à vida da cidade.

·        Transladado: transposto.

·        Cortesão: habitante da cidade.

·        Soçobre: acabe.

·        Ventura: sorte, destino.

02 – No soneto lido, forma e conteúdo harmonizam-se perfeitamente. Observe como, no primeiro quarteto, os versos se relacionam sonoramente.

Quem deixa o trato pastoril amado

Pela ingrata, civil correspondência,

Ou desconhece o rosto da violência,

Ou do retiro a paz não tem provado.”

a)   Qual é o esquema de rimas desse primeiro quarteto?

                        As rimas do primeiro quarteto são interpoladas: ABBA.

              b)   Observe o sentido dos versos que rimam entre si. Que relação temática podemos estabelecer entre eles?

Os versos que rimam entre si tratam da mesma temática. O primeiro e o quarto (A) fazem referência ao ambiente do campo; o segundo e o terceiro (B) remetem à cidade.

03 – Explique de que maneira, no segundo quarteto, o poeta dá continuidade à oposição entre o campo e a cidade.

      Nos dois primeiros versos, o bem é relacionado ao campo; nos dois últimos, o mal é relacionado à cidade.

04 – Após comparar o campo e a cidade nos dois quartetos, o poeta trabalha com a alternância das características desses espaços nos dois tercetos.

a)   Qual o esquema de rimas presente nos terceiros?

As rimas dos tercetos são alternadas: CDC e DCD.

b)   Levando em conta sua compreensão integral do poema, a que se referem os advérbios ali e aqui, o artigo um e o pronome outro, presentes no primeiro terceto?

Ali: campo; aqui: cidade; um: cidade; outro: campo.

c)   Os elementos a que se referem os advérbios ali e aqui se mantêm no segundo terceto? Explique.

Não. No segundo terceto, ali passa a referir-se à cidade, e aqui, ao campo.