Mostrando postagens com marcador FERNANDO BONASSI. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador FERNANDO BONASSI. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

PARÓDIA: CANÇÃO DO EXÍLIO - CENA 9 - FERNANDO BONASSI - COM GABARITO

 Paródia: Canção do exílio – Cena 9

                  Leia um capítulo que faz parte do conto “15 cenas de descobrimento de Brasis”, de Fernando Bonassi.

               Fernando Bonassi

        Minha terra tem campos de futebol onde cadáveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos. Tem uma pedrinha cor-de-bile que faz “tuim” na cabeça da gente. Tem também muros de bloco (sem pintura, é claro, que tinta é a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco. Minha terra tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 é uma piada). As sirenes que aqui apitam, apitam de repente e sem hora marcada. Elas não são mais as das fábricas, que fecharam. São mesmo é dos camburões, que vêm fazer aleijados, trazer tranquilidade e aflição.

BONASSI, Fernando. 15 cenas de descobrimento de Brasis. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio Janeiro: Objetiva, 2000. p. 607.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 123-4.

Entendendo a paródia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Embarcado: colocado de bruços, de boca para baixo; despejado, tombado.

·        Cor-de-bile: esverdeado ou amarelado.

·        Frescura: gíria popular com o significado de coisa sem valor, dispensável.

·        Mistura: gíria popular indicando ingredientes para o almoço ou jantar (carne, verduras, legumes etc.).

·        Malaco: gíria com o significado de marginal, bandido, ladrão.

02 – Você acha possível alguém viver exilado em sua própria pátria ou em sua própria casa?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Por que motivos isso ocorreria nos dias de hoje?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Você já ouviu falar ou conhece alguma obra de Fernando Bonassi?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Esse texto dialoga diretamente com o poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. Fernando Bonassi fez uma paródia ou uma paráfrase desse poema? Justifique.

      Fez uma paródia da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Em tom ufanista, o poema enaltece a natureza brasileira. O microconto de Bonassi, ao contrário, denuncia a realidade social das periferias urbanas do Brasil.

06 – Qual é o tema central desse microconto?

      A violência e a miséria.

07 – No caderno, registre falso ou verdadeiro para cada uma das alternativas a seguir:

a)   O texto de Bonassi dialoga com o noticiário policial. (Verdadeiro).

b)   A divisão em cenas – cena 9, por exemplo – remete à linguagem cinematográfica. (Verdadeiro).

c)   O autor denuncia o degredo de cidadãos brasileiros em solo pátrio. (Verdadeiro).

d)   Ele reafirma a visão ufanista do romântico Gonçalves Dias. (Falso).

08 – Explique no caderno as denúncias expressas em cada uma das seguintes passagens:

a)   Minha terra tem campos de futebol onde cadáveres amanhecem emborcados pra atrapalhar os jogos.

Chacinas, homicídios nos campos de futebol de várzea, nos morros e nas favelas.

b)   Tem uma pedrinha cor-de-bile que faz ‘tuim’ na cabeça da gente.

Tráfico e consumo de drogas, em particular de crack (“pedrinha cor-de-bile”).

c)   Tem também muros de bloco (sem pintura, é claro, que tinta é a maior frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco.

Moradias degradadas, carência alimentar, roubos, presença de marginais.

d)   [...] tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 é uma piada).

Uso de armas sofisticadas, importadas, potentes. Os números 45, 38 e 32 se referem ao calibre das armas.

e)   As sirenes [...] não são mais as das fábricas, que fecharam.

Fechamento de fábricas, desemprego.

f)    São mesmo é dos camburões, que vêm fazer aleijados, trazer tranquilidade e aflição.

Violência policial.

09 – A linguagem empregada nesse microconto está adequada? Explique.

      A linguagem está adequada a uma paródia, à aproximação com o noticiário policial, pela escolha das palavras e ao tom de crítica e de denúncia da violência na periferia urbana.

 

 

sábado, 29 de dezembro de 2018

CRÔNICA: UM JOGO QUE É UMA VERGONHA - FERNANDO BONASSI - COM GABARITO

Crônica: Um jogo que é uma vergonha
              Fernando Bonassi
  
          Um jogo deste jeito: o campo é de pedra bem pontuda e acontece num dia muito frio. Num time, os jogadores têm tênis e camisa de manga comprida e, no outro, os caras jogam descalços e só de calção.
         O time que tem tênis e camisa ganha fácil, dá aquela goleada! O outro fica a maior parte do tempo tomando cuidado pra não cortar os pés ou então esfregando o braço arrepiado de frio.
        Times iguais.
        Pra mim, a diferença da vida entre nós, que temos escola e casa e as crianças que não têm é um jogo assim. Quem não tem, perde sempre.
Não acho que todo mundo que tem as coisas é culpado por causa dos outros que não têm, mas isso não quer dizer que a gente não possa fazer nada. Porque pode.
Porque, se a gente quiser jogar um jogo justo, pode exigir que os dois times sejam iguais, para começar. Casa e escola.
Não acredito que as crianças de rua viveriam na rua se tivessem outro lugar melhor pra escolher. Se a gente não exigir que todo mundo tenha casa e escola, vai sempre ficar jogando esse jogo besta.
Ganhando de dez a zero de um time tão fácil, mas tão fácil, que não vai mais ter o gosto da vitória, vai ter só vergonha.

                                                                              Fernando Bonassi

Fonte:  (In Vida da gente – crônicas publicadas no Suplemento Folhinha de S. Paulo) - 07/02/97.

Entendendo a crônica:
01 – O texto “Um jogo que é uma vergonha” é uma crônica. Foi escrito a partir de uma situação da vida real, com o objetivo de fazer uma crítica a essa situação. Se o autor teve esse objetivo ao escrever, que objetivo tem em relação ao leitor?

(  ) que aceite suas ideias.
(  ) que rejeite suas ideias.
(X) que reflita sobre o assunto.
(  ) que se divirta com o assunto.

02 – O trecho: “Num time, os jogadores têm tênis e camisa de manga comprida” e, no outro, os caras jogam descalços e só de calção”. Significa que:

 ) um time toma cuidado para não cortar os pés, o outro time sente muito calor.
 ) um time têm tênis e o outro time tem camisa.
(X) um time é formado por jogadores bem equipados, o outro time por jogadores mal equipados.
 ) um time tem jogadores ganhadores, o outro têm jogadores que usam tênis e camisa comprida.

03 – Esta crônica, de fato, compara:

(X) a vida de pessoas que têm escola e casa com a vida de crianças que não têm escola e casa.
(  ) vida de crianças que têm casa com a vida de crianças que têm escola.
(   ) crianças que são culpadas com crianças que são inocentes.
(   ) crianças que podem fazer tudo com crianças que não fazem nada.

04 – Quando o autor diz:

Nós que temos escola e casa” e

“Isto não quer dizer que a gente não possa fazer nada”,

As palavras “nós” e “a gente” ocupam o lugar:

(X) do autor e de todos os leitores.
(  ) dos leitores que são conhecidos do autor.
(  ) dos ricos.
(  ) do leitor.

05 – De acordo com o autor da crônica, diante da situação que é discutida:

(   ) “a gente” não pode fazer nada.
(   ) “a gente” pode fazer uma aposta.
(   ) “a gente” pode jogar.
(X) “a gente” pode jogar um jogo justo.

06 – Quando o autor fala sobre “jogo justo”, ele quer dizer que:

(   ) as pessoas podem jogar mesmo sem saber.
(   ) as pessoas justas às vezes perdem.
(   ) as pessoas  jogam um jogo besta.;
(X) as pessoas podem ajudar a fazer justiça.

07 – O tema central da crônica é:

(X) desigualdade.
(   ) miséria.
(   ) futebol.
(   ) crianças de rua.

08 – O que faz deste texto uma crônica?
a) O autor descreve o que aconteceu com ele.
b) Percebemos que o autor escreve uma notícia, fazendo com que o leitor acredite nele.
c) Podemos percebe que ele conta fatos que acontecem no cotidiano, dando destaque para detalhes como a data e o local.
d) Podemos perceber que o autor conta sobre um assunto cotidiano, acrescentando o seu ponto de vista, fazendo com que o leitor reflita sobre o texto escrito.

09 – Ao ler esta crônica podemos refletir sobre:
a) Os pobres não tem nada porque não querem.
b) Pessoas que tem o que querem e pessoas que não querem nada.
c) Os ricos podem tudo.
d) Pessoas que tem muito e pessoas que não tem quase nada.

10 – Por que “Quem não tem, perde sempre”?
a) Porque não tem vontade de fazer as coisas.
b) Pois sempre estará em desvantagem contra quem pode ter tudo.
c) Pois não corre atrás do que deseja.
d) Eles não tem porque não querem.

11 – Por que o time tênis e camisa ganha fácil?
a) O outro time não precisa ganhar.
b) Eles estavam mais preparados e com mais equipamentos para jogar.
c) Eles já haviam treinado mais.
d) Eles tem mais vontade de jogar.










quarta-feira, 13 de junho de 2018

TEXTO: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO MOLOQUE INVOCADO - FERNANDO BONASSI - COM GABARITO

Texto: Declaração Universal do Moleque Invocado


            Toda criança tem direito a uma surpresa por dia.
     Toda criança tem direito a aprender a língua que quiser, mesmo que seja a língua das borboletas, lobos, corujas, peixes, árvores, bolinhas de gude ou pedras. Atenção: língua de sogra também pode.
        Toda criança tem direito de inventar pelo menos três línguas secretas.
        Toda criança deve pedir desculpa quando pisar no pé de alguém sem quere. Quando alguém pisar no pé de alguém por querer, tem de explicar por que está fazendo isso, ué!
        Toda criança tem direito de ir ao dentista e não sentir dor. Assim também, todas as fábricas de doces ficam obrigadas a pesquisar novas coisas de comer deliciosas, cheias de cremes e delícias melequentas que nunca estraguem os dentes ou provoquem cáries, feridas na boca e dor de dente.
        Toda criança tem direito de comer pelo menos oito brigadeiros bem molinhos por semana.
                                      Fernando Bonassi. Declaração Universal do
                         Moleque Invocado. São Paulo. Cosac & Naify, 2001.
Entendendo o texto:

01 – O que você achou dos direitos que o autor propõe nesse texto: são bons ou ruins para as crianças?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Em sua opinião, toda criança deve mesmo ter direito a uma surpresa por dia? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Quem é o autor do texto? Explique como foi possível chegar a essa conclusão.
      O autor é Fernando Bonassi. É possível chegar a essa conclusão observando o crédito no final do texto.

04 – Na declaração, em meio a tantos direitos de toda criança, aparece um dever. Indique em que parágrafo do texto isso acontece.
      No quarto parágrafo.

05 – Para escrever esse texto, o autor se utilizou de um recurso: o humor. O que você achou de ele ter usado essa estratégia?
      Resposta pessoal do aluno.