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quinta-feira, 6 de março de 2025

NOTÍCIA: OS LIMITES DA CIÊNCIA - AGÊNCIA FOLHA - COM GABARITO

 Notícia: OS LIMITES DA CIÊNCIA

 

        A clonagem completa de uma ovelha, obtida por cientistas de Edimburgo (Escócia), é um avanço de grande importância que não deve, em princípio, causar grandes preocupações. Em tese, a ciência já a previa. Entretanto, em termos éticos, implica inúmeros e seriíssimos questionamentos. Teoricamente, trata-se de um experimento que poderá, no futuro, ser aplicado de forma semelhante em seres humanos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuZByLYjSjotd9n9syOVEHMMuZ4V5nHM959ZGY-yIdJWLPMZKkS8ctK-7ZO_O5S3iIEYMXgmJDaJ3na_u-Q_pBatBlHvIPgFGjMGNLTVPOzsTjh5tm9dXjl0hoZD_oAfe93hs64V5yyp0mD4Vh2jx21QrGH-p_1Ques13E2GDJKzQUXPCqutCAaKSMGOs/s1600/DOLY.jpg


        Para que servirá esse ser humano? Poderá ser um banco de órgãos, para ter uma vida normal? Poderá ser objeto de patente por alguma empresa? Essas e muitas outras perguntas relativas à bioética que poderiam ser levadas em consideração merecem ser analisadas em profundidade.

        A revolução na física ocorrida por volta dos anos 20, apesar de toda sua grandiosidade epistemológica, não suscitou maiores problemas éticos. A relatividade do tempo ou a mecânica quântica jamais se relacionaram à vida concreta das pessoas – pelo menos até onde elas saibam; no campo da engenharia genética, porém, a situação muda de figura.

        Limites acerca da manipulação genética, bebês de proveta, patenteamento de seres vivos e outros temas polêmicos que em potencial podem influir na vida de qualquer um estão hoje na ordem do dia em todo o mundo. Alguns países já chegaram a adotar legislações sobre o tema.

        O fato é que a ciência proporciona, a cada dia, mais técnicas ou tecnologias que influem na vida do cidadão. É igualmente certo que o avanço nas pesquisas está ocorrendo num ritmo muito mais acelerado do que a reflexão ética sobre a mesma.

        Não se pode, é claro, sob pena de incorrer em velhos erros do passado, conter a pesquisa científica. Mas existe uma diferença entre pesquisa e aplicação de novas técnicas. É justamente sobre isso que a sociedade deve discutir, em busca de uma definição sobre o que é ou não aceitável. Infelizmente, esse debate está, tanto no Brasil como na maior parte do mundo, ainda muito atrasado.

Reproduzido do jornal Folha de S. Paulo de 25/2/1997, (Seção Opinião), fornecido pela Agência Folha.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 572.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o principal avanço científico mencionado no texto e quais as preocupações éticas que ele levanta?

      O principal avanço é a clonagem de uma ovelha, realizada por cientistas em Edimburgo. As preocupações éticas giram em torno da possibilidade de aplicação da clonagem em seres humanos, levantando questões sobre a finalidade desses clones e seus direitos.

02 – Por que a clonagem levanta mais questões éticas do que os avanços na física, como a teoria da relatividade?

      Porque a clonagem e a engenharia genética têm implicações diretas na vida humana, enquanto os avanços na física, até então, não haviam se relacionado diretamente com a vida cotidiana das pessoas.

03 – Quais são alguns dos temas polêmicos relacionados à manipulação genética mencionados no texto?

      O texto menciona limites na manipulação genética, bebês de proveta e patenteamento de seres vivos.

04 – Qual a relação entre o avanço da pesquisa científica e a reflexão ética, de acordo com o texto?

      O texto aponta que o avanço das pesquisas científicas está ocorrendo em um ritmo muito mais rápido do que a reflexão ética sobre essas pesquisas.

05 – O que o autor sugere como forma de lidar com os dilemas éticos da ciência?

      O autor sugere que a sociedade deve promover um debate para definir o que é ou não aceitável em termos de aplicação de novas técnicas científicas.

06 – Qual a posição do autor em relação à contenção da pesquisa científica?

      O autor defende que a pesquisa científica não deve ser contida, para evitar erros do passado, mas que é necessário discutir e definir limites para a aplicação de novas técnicas.

07 – Como o autor avalia o debate sobre os limites da ciência no Brasil e no mundo?

      O autor considera que o debate está muito atrasado, tanto no Brasil quanto na maior parte do mundo.

 

 

NOTÍCIA: CHEGA-SE A MARTE, MAS NÃO SE CHEGA AO PRÓXIMO - (FRAGMENTO) - JOSÉ SARAMAGO - COM GABARITO

 Notícia: Chega-se a Marte, mas não se chega ao próximo – Fragmento

              José Saramago

        [...]

        Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicVNgE-3VGuRn8xU2TIiFbFAUGCN2ljkZ-jKEWrP_Efiup93-vpdwSQ7_nIR7XQsy8F40EnmZ6kBllE1HrG5UKYZeHJ6z8wxRThtR9vHa21SoAMlrwZ5D-dl2vsAeWf8csIVxFhG58BXEnjMRQNwRqFreupK-dxj_oiFjyAIgrHbGGKCryrpauewxejOY/s320/MARTE.jpg


        Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lhe permitem aquelas que efetivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.

        [...]

Trecho do discurso de José Saramago ao receber o Prêmio Nobel de Literatura. In: Folha de S. Paulo, 11/12/1998.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 566.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal crítica de José Saramago em relação ao progresso da humanidade?

      Saramago critica a discrepância entre os avanços tecnológicos, como a exploração de Marte, e a incapacidade da humanidade de resolver problemas básicos como a fome e a desigualdade.

02 – Quem o autor responsabiliza pela falta de progresso nos direitos humanos?

      Saramago responsabiliza tanto os governos, por sua inação ou incapacidade, quanto as empresas multinacionais, por seu poder não democrático. Ele também inclui os cidadãos, por não exigirem seus direitos e deveres.

03 – Qual a relação entre direitos e deveres na visão de Saramago?

      Saramago defende que os direitos humanos só podem ser efetivos se forem acompanhados pelos deveres correspondentes, e que os cidadãos devem reivindicar ambos.

04 – O que o autor propõe como solução para melhorar o mundo?

      Saramago propõe que os cidadãos comuns tomem a iniciativa, reivindicando seus direitos e cumprindo seus deveres, para que o mundo possa se tornar um lugar melhor.

05 – Qual a metáfora usada para demonstrar a falta de compromisso com o ser humano?

      "Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante."

 

NOTÍCIA: NO MEIO DO SILÊNCIO - CARLOS HEITOR CONY - COM GABARITO

 Notícia: No meio do silêncio

             CARLOS HEITOR CONY

        Há muito que o Natal deixou de ser uma festa religiosa. No seu aspecto positivo, virou festa de congraçamento, sobretudo no seio da família, é a data em que todos voltam a comer juntos, ao menos um peru e uma rabanada. No aspecto negativo, é o grande festim do consumo, presidido por esse chato e mercadológico "Bom Velhinho", que seria tolerável num filme de Frank Capra.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWGC4WhV4NX2EfR0JQvW461n73KYIpPuaaH2wwakGln8FmHBlYcWFPLp7BxUOhzfMz9HomH56oB_W8eHMYkaLE_jIPdewpFwNQfTRiUKyA4PweOkcMEb11OpB33nOcg3GiT4xliUqtviCzIidNoUVeCzFrhZBeRirZaZV_o4BAW3R68kDX6EeiPHqDnls/s320/Ceia-de-natal-com-peru.jpg


        É uma pena. Porque o Natal, mesmo sem qualquer conotação religiosa, sem qualquer compromisso confessional, lembra uma antiga e inarredável aspiração humana: a de um Deus entre nós, com a nossa carne. E passa despercebida a beleza daquilo que Renan considerou "o mais belo drama pastoril da humanidade".

        Independente do dogma e da fé, é comovente a história daquela judiazinha de 15 anos que aceitou sem espanto o anúncio do anjo de que geraria um Deus. Daquele carpinteiro que de repente, sem aviso prévio, foi comunicado de que sua mulher geraria um Deus – e se tornou guardião da mulher e do menino.

        E os pastores que velavam na imensa noite do deserto viram falanges de anjos dando glória a Deus nas alturas e receberam o convite para ir ver o menino. E foram. O evangelista usa o verbo exato: "transeamus", vamos até Belém. Não adianta receber a mensagem e continuar na mesma. Ir é preciso.

        E tudo se passou no meio de um grande silêncio, "dum medium silentium". Somente no silêncio há espaço e tempo para ouvir a mensagem, para realizar o trânsito em direção ao novo, ao que acaba de ser revelado.

        E é nesse silêncio que curto o meu Natal, Natal ainda pagão, mas com pena de continuar pagão no meio de tanta luz que inundou a Lagoa. Espero a noite ir alta, quando todos estão dormindo profundamente. Não ouço nenhuma voz, não vejo nenhum anjo no céu. Mesmo assim, espero.

Carlos Heitor Cony. Reprodução do jornal Folha de S. Paulo de 25/12/1996, fornecido pela Agência Folha.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 566.

Entendendo a notícia:

01 – Como Carlos Heitor Cony vê o Natal contemporâneo?

      Cony vê o Natal moderno como uma festa que perdeu seu caráter religioso, transformando-se em um evento de congraçamento familiar e, principalmente, em um grande festival de consumo, dominado pela figura comercial do "Bom Velhinho".

02 – Qual aspecto do Natal, segundo o autor, ainda preserva um valor significativo?

      Mesmo sem a conotação religiosa, Cony destaca a beleza da ideia de "um Deus entre nós", representando uma antiga aspiração humana.

03 – Quais personagens bíblicos são destacados na reflexão de Cony?

      Cony menciona Maria, a "judiazinha de 15 anos", José, o carpinteiro, e os pastores que receberam a visita dos anjos no deserto.

04 – Qual a importância do silêncio na mensagem do Natal, segundo o autor?

      O silêncio é essencial para ouvir a mensagem natalina e realizar a "transição" para o novo, para o que foi revelado.

05 – Como Cony descreve sua experiência pessoal do Natal?

      Cony descreve seu Natal como ainda "pagão", mas com um desejo de transcender essa condição. Ele espera a noite avançada, quando todos estão em silêncio, para refletir e esperar, mesmo sem ver anjos ou ouvir vozes.

06 – Qual a crítica de Carlos Heitor Cony sobre o natal?

      O autor faz uma crítica ao aspecto comercial do natal, presidido pelo "bom velhinho" e por um grande festim de consumo.

07 – O que significa a expressão "transeamus" utilizada pelo evangelista?

      A expressão "transeamus" significa "vamos até Belém", e o autor a usa para enfatizar que não basta receber a mensagem, é preciso agir e ir ao encontro do novo.

 

NOTÍCIA: A COR DO BRASIL - (FRAGMENTO) - REVISTA ISTO É - COM GABARITO

 Notícia: A cor do Brasil – Fragmento

        Durante anos, os brasileiros cresceram ouvindo três afirmações de que Deus nasceu por aqui: o Brasil não tem furacões ou terremotos, o brasileiro é um homem cordial e nesta terra não existe racismo. É verdade que estamos livres de desastres naturais que infernizam outras nações, mas os índices de violência decorrentes da rápida urbanização do País nas três últimas décadas demoliram a teoria do brasileiro cordial. Agora, segundo pesquisa IstoÉ / Brasmarket publicada nesta edição, chegou a hora de rever o mito da convivência pacífica entre brancos e negros. O brasileiro é racista. Pelo menos para 83% dos entrevistados que disseram existir discriminação racial em relação ao negro.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMvsnt-U0wpCJhhx7S4WObB4d4NV5vX1NorwEZHHsjmTCS02l6HE-rwLyR3XPzuk9_eupPgiGM60tJyVVjLr9gu6ZDue_h7OdkVO__yeXCrwc8q1Hlhb6MqbhdHQX34v_IrMmE1-_nzaat4aunI8ud4IVMFrNxRMydNzHNl94tovhx6RWHvyPwngXvhyphenhyphenU/s1600/COR.jpg


        É uma opinião forjada pelas histórias do cotidiano. No Rio Grande do Sul, um jovem negro de 19 anos, foi atropelado por um BMW. O motorista, branco, não socorreu o rapaz alegando tratar-se de um negro numa bicicleta roubada. O mesmo argumento serviu ao neurologista, também branco, para justificar a demora no atendimento ao rapaz, que fora levado ao Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas. O jovem morreu dois dias depois noutro hospital, o Mãe de Deus, vítima de traumatismo craniano. Pior: temendo ser confundido com um ladrão de bicicletas, ele andava sempre com a nota fiscal no bolso. Pior ainda: nem o motorista nem o Hospital Nossa Senhora das Graças responderam na Justiça por seus atos.

        A discriminação contra o negro, assim como contra nordestinos e mulheres, prospera por causa da impunidade.

Revista IstoÉ, nº 1405, Prensa Três. São Paulo, Editora Três, 4 de setembro de 1996.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 594.

Entendendo a notícia:

01 – Quais os três mitos sobre o Brasil que são mencionados no texto?

      Os três mitos são: o Brasil não tem desastres naturais, o brasileiro é cordial e não existe racismo no país.

02 – Qual a principal conclusão da pesquisa mencionada no texto sobre o racismo no Brasil?

      A pesquisa IstoÉ / Brasmarket concluiu que 83% dos entrevistados acreditam que existe discriminação racial contra negros no Brasil.

03 – Qual o caso de discriminação racial relatado no texto e quais as suas consequências?

      O texto relata o caso de um jovem negro atropelado por um motorista branco no Rio Grande do Sul. O motorista e um neurologista atrasaram o atendimento ao jovem, que morreu devido a traumatismo craniano. Além disso, nem o motorista nem o hospital foram responsabilizados judicialmente.

04 – Qual a relação entre impunidade e discriminação, segundo o texto?

      O texto afirma que a discriminação contra negros, nordestinos e mulheres prospera devido à impunidade, ou seja, à falta de punição para os atos discriminatórios.

05 – Qual a importância da nota fiscal que o jovem negro carregava no bolso?

      O jovem carregava a nota fiscal para evitar ser confundido com um ladrão de bicicletas, demonstrando o medo e a precaução que negros precisam ter devido ao preconceito e à criminalização.

 

NOTÍCIA: ATRAÇÃO PERIGOSA - LIA BOCK E MÔNICA TARANTINO - COM GABARITO

Notícia: ATRAÇÃO PERIGOSA

            Lia Bock e Mônica Tarantino

        O brasileiro exagera nos remédios, consumindo-os sem consultar o médico e colocando a sua saúde em risco.

        Levante a mão quem jamais tomou um remedinho "receitado" por um amigo ou foi até a farmácia comprar um medicamento e saiu de lá levando dois ou mais na sacola. Esse é apenas um dos sintomas da tendência para a automedicação que o Brasil tem.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAzMOsuAVXDgoEWYX-eVyxqSEJlkt_BVfVrnN3hng9ZyjcrBRiBKIH0o-CI6_Ghv7Dv47hka2dbbCmu-e7_jS9fUyykbu7L4rs8ymGHOpQeFmcOUZrYLu4DAZnkKJ5AyScOLGrkoNm8UBENdDuLqYgjlB0e0D_JqgFOWM9Hxwxv9wXE_FIoQLKI0cXx9Q/s1600/REMEDIO.jpg

        Usar remédio sem prescrição médica é um hábito muito frequente entre nós. Os produtos com tarja vermelha são o principal alvo de venda fácil. O controle é mais rígido com as drogas com tarja preta (podem causar dependência), pois uma via da receita fica retida na farmácia. Um dos desdobramentos dessa situação é que muita gente usa substâncias potentes sem necessidade.

        Abusos como esse são culpa de quem? Para os especialistas, a automedicação é resultado de um contexto em que vários atores contracenam. Ela passa pelo sistema público de saúde, que não dá conta da demanda, pela prática da empurroterapia (venda comissionada de medicamentos) nas farmácias, por uma vocação do brasileiro para pajelança (todo mundo gosta de receitar soluções) e pela necessidade de fiscalização mais eficaz. Esses são alguns dos pilares da encrenca, que traz sérias consequências.

        Há mais uma ponta a considerar quando se trata de automedicação: as farmácias. No Brasil, há cerca de 55 mil estabelecimentos desse tipo, o equivalente a uma farmácia por três mil habitantes. O número excessivo de medicamentos à venda põe mais lenha na fogueira.

        A automedicação é uma praga e, contra ela, é necessário ter uma abordagem ampla e organizada.

Adaptação da reportagem de Lia Bock e Mônica Tarantino, Isto É, nº 1671, 10/10/2001, p. 80-85.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 598.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o principal problema abordado na notícia?

      O principal problema abordado é a automedicação, um hábito frequente entre os brasileiros, que consiste em consumir medicamentos sem prescrição médica, colocando a saúde em risco.

02 – Quais os principais fatores que contribuem para a automedicação no Brasil?

      Os principais fatores são: o sistema público de saúde que não atende à demanda, a prática da "empurroterapia" nas farmácias (venda comissionada de medicamentos), a tendência do brasileiro a "receitar soluções" e a falta de fiscalização eficaz.

03 – Qual a diferença entre medicamentos de tarja vermelha e tarja preta, e qual a relação dessa diferença com a automedicação?

      Medicamentos de tarja vermelha são vendidos com menos controle, enquanto os de tarja preta (que podem causar dependência) exigem receita retida na farmácia. A facilidade de acesso aos medicamentos de tarja vermelha contribui para a automedicação.

04 – Qual a relação entre o número de farmácias e a automedicação no Brasil?

      O grande número de farmácias no Brasil (uma para cada três mil habitantes) e a vasta quantidade de medicamentos à venda contribuem para a automedicação, facilitando o acesso e incentivando o consumo excessivo.

05 – Qual a solução proposta para combater a automedicação no Brasil?

      A notícia propõe uma abordagem ampla e organizada para combater a automedicação, envolvendo ações de diversos setores da sociedade e do governo.

 

quarta-feira, 5 de março de 2025

NOTÍCIA: A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA - COM GABARITO

 Notícia: A destruição da Amazônia

        Já aconteceu uma vez. Da mata Atlântica, que cobria a costa brasileira do Rio Grande do Sul até o Ceará, só restam hoje 5% e 8%, na estimativa mais otimista. Agora, é a Amazônia que está sob ataque. Distante dos centros mais desenvolvidos, a floresta Amazônica permaneceu quase intocada até trinta anos atrás. Nas três últimas décadas, suas árvores sofreram mais baixas do que nos quatro séculos anteriores. Não é um caso perdido. A Amazônia ainda está sob ocupação humana das mais ralas e há regiões com a dimensão de países europeus que continuam intactas. Ainda se pode viajar dez horas no rio Negro, um dos maiores da Amazônia, sem cruzar com mais de quatro ou cinco barcos e sem ver movimentação nas margens, a não ser por uma dúzia de casebres solitários. Mas em regiões economicamente mais atraentes, lugares que já são ocupados por vilarejos e cidades, o ataque à floresta é brutal.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM4JHxCQudRhRRn9MBJ7hYse2uN5ADm55tlfAQQNejUjE2z5-70MTRN-JDJ8az3FxV-27zsn8Txlu0AFgjvPpkm_-tcCF4eVvO5htysTq7qTFXhUsEYQFlaFmLDY-QFsdcvTuA8bmgLeBLktGtxHmQjEfNxStVmOzo7CKf72bOWrAHvx15v2bNF8lhGvs/s1600/MATA%20ATLANTICA.jpg


        Desde o fim dos anos 60, quando começou essa cruzada de extermínio, uma capa vegetal com área maior que a da França já desapareceu na Amazônia, pela ação do fogo ou da motoserra. Não há registro de extinção de espécies animais na região. Mas as alterações do meio ambiente, a caça predatória e a pesca centralizada nos peixes preferidos pela culinária local ameaçam um zoológico inteiro de desaparecer para sempre. Dezenas de mamíferos e répteis estão na lista das espécies em risco. O peixe-boi, um mamífero pacífico que atinge até 500 quilos com uma dieta de capim aquático, está ficando cada vez mais raro. Onça e macacos figuram na lista, bem como algumas espécies de jacaré e tartaruga. Em breve, o pirarucu, maior peixe amazonense, pode fazer parte das espécies ameaçadas. Aos poucos, mas ininterruptamente, a Amazônia está sendo comida pelas queimadas, pelo furor das serrarias, pela poluição descontrolada dos garimpos e pela instalação de fazendas de gado em várzeas que funcionam como berçários de peixes. [...] Atualmente a floresta está desaparecendo ao ritmo aproximado de um território como o de Sergipe a cada ano e meio. A perguntas a se fazer é: por que e para quê?

Revista Veja; Amazônia, 24 dez. 1998. p. 8. Número especial.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 174-175.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a situação atual da Mata Atlântica mencionada na notícia?

      Atualmente, da Mata Atlântica que cobria a costa brasileira do Rio Grande do Sul até o Ceará, restam apenas entre 5% e 8%.

02 – Quando a floresta Amazônica começou a sofrer maiores danos, segundo a notícia?

      A floresta Amazônica começou a sofrer maiores danos nas últimas três décadas.

03 – O que está ameaçando a fauna da Amazônia?

      As alterações do meio ambiente, a caça predatória e a pesca centralizada estão ameaçando um zoológico inteiro de desaparecer para sempre.

04 – Quais são alguns dos animais mencionados na lista de espécies em risco na Amazônia?

      Alguns dos animais mencionados na lista de espécies em risco incluem o peixe-boi, a onça, macacos, algumas espécies de jacaré e tartaruga e, possivelmente, o pirarucu.

05 – Qual é a taxa de desmatamento atual da floresta Amazônica mencionada na notícia?

      Atualmente, a floresta está desaparecendo a um ritmo aproximado de um território como o de Sergipe a cada ano e meio.

 

NOTÍCIA: O ORGULHO ESTÁ DE VOLTA - REVISTA ÉPOCA - COM GABARITO

 Notícia: O orgulho está de volta

        O ano letivo começa em todo o país com uma novidade a ser aplaudida no desgastado cenário da educação brasileira. Depois de décadas de menosprezo e abandono, o professor volta a ter sua importância reconhecida. Até o salário, antes uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça, já não é mais tão decepcionante – embora todos reconheçam que ainda precise melhorar muito. Em consequência, o país vê-se diante de um fenômeno curioso: a autocomiseração de antes cede lugar a certo orgulho. Há quem diga o inimaginável no tempo das greves dos anos 80: vale a pena ser professor.

 FONTE:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxaOeQE3jMtfgJrqJNyu1fmpV6nIJrDjHHjdB3gY4L6hz4zJNrUHQO9OuVg3OAZe2ygbYCIbs5S_eZ59xGjrxdxggwkox4Q4di5OpxE1OtSd0Zi_Wa00jyvW4HXe-Wx4I6x7AUImcXVxkfeu-ZTbBjvi3Rli8HlmPVsfKHk6BGH0ulBZMPIVIxZWsM7AQ/s320/professor.png


        Essa nova fase do ensino no país é mais visível no universo das escolas particulares, sendo motivada naturalmente pela concorrência atrás da clientela dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e, consequentemente, pagar mais para atrair professores qualificados. Já é comum encontrar colégios que investem pesado na reciclagem de seus profissionais pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior com o objetivo de conhecer escolas e métodos de ensinos diferentes.

        A realidade da escola pública é obviamente diversa. Faltam recursos e os salários são mais baixos que os da rede privada. Mas até entre esses profissionais o fenômeno da revalorização é incontestável.

Revista Época. São Paulo: Globo, 1º fev. 1999, p. 59.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 236-237.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a novidade a ser aplaudida no cenário da educação brasileira?

      A novidade é o reconhecimento da importância do professor, que volta a ser valorizado após décadas de menosprezo e abandono. Além disso, os salários, que antes eram uma fonte constante de reclamações, já não são tão decepcionantes, embora ainda precisem melhorar.

02 – Como essa nova fase do ensino é mais visível no universo das escolas particulares?

      Nas escolas particulares, a nova fase é motivada pela concorrência atrás dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e pagar mais para atrair professores qualificados. É comum encontrar colégios que investem em cursos, congressos e até viagens ao exterior para reciclagem profissional.

03 – Qual é a diferença entre a realidade das escolas particulares e das escolas públicas?

      A realidade nas escolas públicas é diversa das particulares. Faltam recursos e os salários são mais baixos. No entanto, mesmo entre esses profissionais, o fenômeno da revalorização dos professores é incontestável.

04 – Qual era a situação dos professores durante as greves dos anos 80?

      Durante as greves dos anos 80, havia um clima de autocomiseração entre os professores. A profissão era vista com desânimo e insatisfação, e os salários eram uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça.

05 – Quais medidas têm sido adotadas pelas escolas particulares para atrair e reter professores qualificados?

      As escolas particulares têm adotado medidas como oferecer boas condições de trabalho e salários mais altos. Além disso, investem na reciclagem dos profissionais, pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior para conhecer escolas e métodos de ensino diferentes.

 

 

NOTÍCIA: O ORGULHO ESTÁ DE VOLTA - REVISTA ÉPOCA - COM GABARITO

 Notícia: O orgulho está de volta

        O ano letivo começa em todo o país com uma novidade a ser aplaudida no desgastado cenário da educação brasileira. Depois de décadas de menosprezo e abandono, o professor volta a ter sua importância reconhecida. Até o salário, antes uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça, já não é mais tão decepcionante – embora todos reconheçam que ainda precise melhorar muito. Em consequência, o país vê-se diante de um fenômeno curioso: a autocomiseração de antes cede lugar a certo orgulho. Há quem diga o inimaginável no tempo das greves dos anos 80: vale a pena ser professor.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIO_WYMKY3TTGLIyNbDSVp_HjhjgD6UxQ8JkZ32jSimU2Gj36re-JLzBE1VnevXEJLwnmREQ-oP_09qS1i9iHrPGcZRsT-cckNuhmJCWhozSvc8xeLAXoXB9zOoJsgOfIdOTedT1PCTGUjUp8WF6imlqVWevwhVrt2SqJelfcDOYvsw1Y0qXd9l1fI3U0/s1600/EDUCACAO.jpg


        Essa nova fase do ensino no país é mais visível no universo das escolas particulares, sendo motivada naturalmente pela concorrência atrás da clientela dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e, consequentemente, pagar mais para atrair professores qualificados. Já é comum encontrar colégios que investem pesado na reciclagem de seus profissionais pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior com o objetivo de conhecer escolas e métodos de ensinos diferentes.

        A realidade da escola pública é obviamente diversa. Faltam recursos e os salários são mais baixos que os da rede privada. Mas até entre esses profissionais o fenômeno da revalorização é incontestável.

Revista Época. São Paulo: Globo, 1º fev. 1999, p. 59.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 236-237.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a novidade a ser aplaudida no cenário da educação brasileira?

      A novidade é o reconhecimento da importância do professor, que volta a ser valorizado após décadas de menosprezo e abandono. Além disso, os salários, que antes eram uma fonte constante de reclamações, já não são tão decepcionantes, embora ainda precisem melhorar.

02 – Como essa nova fase do ensino é mais visível no universo das escolas particulares?

      Nas escolas particulares, a nova fase é motivada pela concorrência atrás dos melhores alunos. Os donos das escolas sabem que precisam oferecer boas condições de trabalho e pagar mais para atrair professores qualificados. É comum encontrar colégios que investem em cursos, congressos e até viagens ao exterior para reciclagem profissional.

03 – Qual é a diferença entre a realidade das escolas particulares e das escolas públicas?

      A realidade nas escolas públicas é diversa das particulares. Faltam recursos e os salários são mais baixos. No entanto, mesmo entre esses profissionais, o fenômeno da revalorização dos professores é incontestável.

04 – Qual era a situação dos professores durante as greves dos anos 80?

      Durante as greves dos anos 80, havia um clima de autocomiseração entre os professores. A profissão era vista com desânimo e insatisfação, e os salários eram uma fonte permanente de reclamações e dor de cabeça.

05 – Quais medidas têm sido adotadas pelas escolas particulares para atrair e reter professores qualificados?

      As escolas particulares têm adotado medidas como oferecer boas condições de trabalho e salários mais altos. Além disso, investem na reciclagem dos profissionais, pagando cursos, hospedagem em congressos e até viagens ao exterior para conhecer escolas e métodos de ensino diferentes.

 

 

NOTÍCIA: O MULTIVERSO - REVISTA NATIONAL GEOGRAPHIC - COM GABARITO

 Notícia: O MULTIVERSO

        A cada dia o universo torna-se mais e mais complexo. 

        Os tempos mudam, as teorias evoluem e os astrônomos descobrem novos objetos – mas o universo sempre acaba se mostrando mais vasto do que se suspeitava. Uma nova teoria sustenta que ele é apenas um dentre inúmeros universos – como uma bolha em um enorme tanque borbulhante de cerveja, em que cada uma das outras bolhas seria outro universo.

FONTE: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhI-plH7wvAKCElnfBO9lORh5KORBFduoRsL2DIssKU7NBNWMjwnN_e0C5C_XiCLS7W-TUCZxs0Ph169MKn48fFbODhFdpDgsPvgOK400MVRe-Fr3otBVpZ6NbmMooDrxZjdS9W9P6y5hnh1o31wkeJYvBSD3z5-woCiO95Vw2vCKgq1dbaoyE6lhkggU/s320/UNIVERSO.jpg


        [...] Esse multiverso contém incontáveis bolhas – universos, e algumas das quais certamente abrigam observadores inteligentes tentando entender seu próprio cosmo louco.

         Mas a teoria do multiverso é de difícil comprovação. “Ainda não é ciência”, diz Michael Turner, da Universidade de Chicago.

Revista National Geographic Brasil, agosto / 2003.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 365.

Entendendo a notícia:

01 – O que a nova teoria sugere sobre o universo?

      A nova teoria sugere que o nosso universo é apenas um dentre inúmeros outros universos, comparável a uma bolha em um enorme tanque de cerveja borbulhante, onde cada bolha representa um universo.

02 – Como os astrônomos e cientistas têm contribuído para a complexidade do entendimento do universo?

      Os astrônomos e cientistas têm contribuído para a complexidade do entendimento do universo ao descobrir novos objetos e formular novas teorias, tornando o universo sempre mais vasto do que se imaginava.

03 – O que são considerados "bolhas" no contexto do multiverso?

      No contexto do multiverso, as "bolhas" são consideradas universos individuais, cada uma contendo seu próprio conjunto de leis físicas e condições únicas.

04 – Por que a teoria do multiverso é difícil de comprovar?

      A teoria do multiverso é difícil de comprovar porque atualmente não há métodos ou evidências científicas concretas que possam validá-la, como mencionado por Michael Turner da Universidade de Chicago.

05 – Qual é a opinião de Michael Turner sobre a teoria do multiverso?

      Michael Turner afirma que a teoria do multiverso "ainda não é ciência", indicando que, apesar de ser uma ideia interessante, ela ainda não possui fundamentação científica suficiente para ser considerada uma teoria científica aceita.

 

 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

NOTÍCIA: ADOLESCÊNCIA E VIOLÊNCIA - CESARE F. LA ROCA - COM GABARITO

 Notícia: Adolescência e Violência

            Cesare F. La Roca

        A expressão “violência” possui a mesma raiz do verbo “violar”. Qualquer manifestação de violência encerra em si o ato da violência encerra em si o ato da violação do direito de alguém. Ao observador atento não fogem as afinidades e as semelhanças que interligam os conceitos de violação, violência, transgressão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8HAYUQiO0zfwonDBs2Oge6fPfnGi3sAfyoDtyrUGN_nkapQqfkar3ijUNuRt5WEJsASwu7m4M7k8Yyjn8jAzaD8OX43fVFJ7LPCMwTkSco-znzmD28FlfUQEbgJnVGQfxg4fnFIaRYsAAwblCFCO0pdD_j84SX4enJK33xWNvm5gt6b1G2onvZgINUW4/s1600/VIOL%C3%8ANCIA.jpg


        Os estudiosos da adolescência observam que uma das características dessa estação da vida do ser humano é exatamente uma permanente tendência à transgressão, tendência a ir além da norma, além do limite representado pelo outro.

        Transgressão é sempre transgressão do outro, que representa o obstáculo para a realização do desejo do adolescente. E, muitas vezes, o ato de transgredir é um ato violento. Ou seja, requer o uso da força para que o obstáculo possa ser superado.

        Quando o adolescente encontra na família, na escola, na comunidade, um ambiente de compreensão que, longe de excluí-lo e marginalizá-lo, o inclui, mesmo na colocação gradativa de limites, ele consegue gerir sua tendência à transgressão e à violência. Ternura e firmeza são os dois polos entre os quais deve fluir o processo educativo do adolescente.

        Agora, a pergunta dramática: e o adolescente excluído? Ele pertence a uma família por sua vez vítima de exclusão. Foi expulso de uma escola incompetente que o rotulou de incapaz. Vive numa comunidade destituída em seus direitos fundamentais e que funciona como uma imensa incubadeira de violência, de ressentimento e de revolta.

        Longe de justificar os atos de violência dos filhos da pobreza e de fechar os olhos sobre a dor das vítimas e seus familiares, sinto porém o dever de alertar para que não se caia no outro extremo de criminalizar a miséria. O Estatuto da Criança e do Adolescente, tão desconhecido e por isso tão maltratado, prevê medidas socioeducativas para o adolescente autor de atos violentos e infracionais. A mais grave, para os atos mais graves, é a privação de liberdade. Portanto, não existe impunidade para o adolescente autor de violência. O que existe, por ser tratar de um ser em formação, é a “inimputabilidade”. Ele é punido, sim, e para os atos mais graves, como já dissemos, é retirado do convívio social para ser submetido a um processo socioeducativo em estruturas e com profissionais adequados. O adolescente infrator é privado do direito de viver em liberdade.

        Do outro lado, a questão da violência juvenil não pode ser encarada exclusivamente do ângulo da repressão. Sem diminuir em nada a responsabilidade do autor da violência, mesmo que seja um adolescente das camadas populares, é preciso que os Poderes Públicos aliem-se à sociedade civil para que a educação para a cidadania, a ética e os direitos humanos seja levada a efeito em todos os segmentos da sociedade, notadamente a infância e a adolescência.

        Reforço, aparelhamento, formação das polícias, como também policiamento ostensivo no centro e nas periferias das cidades, são mecanismos indispensáveis para a preservação e o controle da violência. Mas deve ficar muito claro que a violência juvenil é muito menos uma questão de polícia e muito mais uma questão de políticas. Ou seja, a solução desta questão passa necessariamente pelo fortalecimento das políticas públicas básicas, especialmente Educação e Saúde.

        Não se pode exigir de quem vive sua juventude sob o signo da exclusão uma atitude de permanente submissão e conformação. É evidente que o caminho não é o da violência e da desordem e sim da reivindicação dos direitos da cidadania. As crianças, os adolescentes, os jovens deste País devem sentir que seus governantes e a sociedade em que estão inseridos reconhecem, não apenas através de inócuas e românticas declarações de intenções, mas através da elaboração e implementação de políticas públicas, que eles são a parte mais preciosa de uma nação e que cidadania, ética, direitos humanos são os novos nomes da civilização.

        Do contrário, será o império da barbárie.

Cesare F. La Roca, advogado, diretor do Projeto Axé de Defesa e Proteção à Criança e ao Adolescente. Pais&Teens, nov./dez./jan. 1996/97.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 474-475.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a relação entre violência, violação e transgressão, segundo o autor?

      O autor argumenta que a violência é uma forma de violação do direito de alguém. A transgressão, comum na adolescência, muitas vezes envolve a violação do limite imposto pelo outro, podendo se tornar um ato violento quando requer o uso da força para superar obstáculos.

02 – Como o ambiente familiar, escolar e comunitário influencia a tendência à transgressão e à violência na adolescência?

      Quando o adolescente encontra compreensão e inclusão nesses ambientes, mesmo com a necessária colocação de limites, ele consegue lidar com sua tendência à transgressão e à violência de forma mais saudável. A falta desse acolhimento pode levar à exclusão e marginalização, intensificando tais tendências.

03 – O que o autor quer dizer com a pergunta dramática sobre o adolescente excluído?

      O autor levanta a questão do adolescente que é excluído pela família, pela escola e pela comunidade, que por sua vez também são vítimas de exclusão. Ele busca alertar para a complexidade da situação, sem justificar a violência, mas sim buscando entender suas causas.

04 – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê alguma medida para adolescentes autores de atos violentos?

      Sim, o ECA prevê medidas socioeducativas, incluindo a privação de liberdade para atos mais graves. O objetivo é punir o adolescente infrator, mas também oferecer um processo socioeducativo adequado para sua formação.

05 – Qual a importância de aliar repressão com políticas públicas na questão da violência juvenil?

      O autor defende que a violência juvenil não pode ser encarada apenas sob o ângulo da repressão. É fundamental que os Poderes Públicos, em conjunto com a sociedade civil, invistam em educação para a cidadania, ética e direitos humanos, como forma de prevenir a violência.

06 – Qual o papel da polícia no controle da violência juvenil?

      O autor reconhece a importância do trabalho da polícia no reforço, aparelhamento e formação dos policiais, além do policiamento ostensivo. No entanto, ele ressalta que a violência juvenil é muito mais uma questão de políticas públicas básicas, como Educação e Saúde, do que de polícia.

07 – Qual a mensagem principal do autor sobre a juventude e a violência?

      O autor apela para que a sociedade e os governantes reconheçam a importância da juventude e invistam em políticas públicas que garantam seus direitos. Ele adverte que a falta de oportunidades e o sentimento de exclusão podem levar à violência e à barbárie.