Notícia: Tirem a TV do quarto
Riad Younes
Pesquisas revelam: crianças que ficam
mais tempo diante da telinha têm pior desempenho escolar.

Fixar os olhos nas telas de televisão
pode não ser tão inofensivo quanto se pensa. A preocupação constante de pais,
educadores e autoridades de saúde sobre os problemas potenciais de crianças
passarem parte considerável de seus dias vendo tevê ou brincando em
computadores pode ter fundamento.
A revista Archives of Pediatrics &
Adolescent Medicine apresentou recentemente trabalhos científicos que tentam
quantificar e mostrar com detalhes os eventuais efeitos prejudiciais da
televisão, tanto a curto quanto a longos prazos.
De acordo com o primeiro estudo,
realizado por R. J. Hancox, da Universidade da Nova Zelândia, as pessoas que
haviam assistido mais a tevê entre 5 e 15 anos têm menor probabilidade de
completar o curso superior e obter um diploma universitário.
Outro trabalho, dirigido pela
pesquisadora D. L. G. Borzekowski da Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins,
dos EUA, avaliou o efeito da tevê sobre o desempenho escolar de 386 estudantes
do ensino primário. Foram correlacionados na pesquisa o tempo que as crianças
passavam assistindo à tevê, o número de aparelhos de tevê em cada casa e a
localização dos aparelhos (na sala, no quarto da criança etc.), com as notas
obtidas na escola.
Verificou-se que as crianças que dispunham
de tevê no quarto passavam mais tempo diante da telinha, provavelmente devido
ao menor controle dos pais. Coincidentemente, essas crianças obtiveram notas
significativamente inferiores que seus colegas que não tinham tevê no quarto.
Borzekowski alerta os pais que
aparelhos de tevê no quarto das crianças podem afetar de forma dramática seu
desempenho escolar, apesar de não conseguir estabelecer com segurança a causa
desse fenômeno. Especula a cientista que nessas situações os pais não sabem ou não
controlam o tempo em que a tevê fica ligada nem o conteúdo dos programas que as
crianças assistem.
Talvez as notas mais baixas na escola
possam ser explicadas pelo simples fato de que a criança que possui tevê no
quarto fique acordada até mais tarde, vendo algum programa. Quaisquer que sejam
os mecanismos que gerem a diferença de desempenho nos estudos, os pesquisadores
sugerem que os pais controlem o tempo e o conteúdo de programas que as crianças
assistem. E que não deixem a tevê nos quartos delas.
Carta Capital, 27 de
julho de 2005.
Fonte: Livro –
Português: Linguagem, 8ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 140-141.
Entendendo a notícia:
01 – Qual é a principal
preocupação abordada na notícia?
A principal
preocupação é o impacto negativo que o excesso de tempo gasto assistindo
televisão, especialmente em quartos de crianças, pode ter no desempenho escolar
e no desenvolvimento educacional.
02 – Quais são as principais descobertas
dos estudos apresentados na notícia?
Os estudos
revelam que crianças com televisão no quarto tendem a passar mais tempo
assistindo TV, o que está associado a notas escolares mais baixas. Além disso,
um estudo de longo prazo indicou que o tempo excessivo de televisão na infância
e adolescência pode estar relacionado a uma menor probabilidade de conclusão do
ensino superior.
03 – Por que a localização da
televisão no quarto da criança é considerada um fator de risco?
A presença da
televisão no quarto da criança está associada a um menor controle dos pais
sobre o tempo de exposição e o conteúdo assistido. Isso pode levar a um aumento
do tempo gasto em frente à tela e a uma diminuição do tempo dedicado aos
estudos e outras atividades educacionais.
04 – Quais são as possíveis
explicações para a correlação entre televisão no quarto e baixo desempenho
escolar?
As possíveis
explicações incluem a falta de controle dos pais sobre o tempo e o conteúdo
assistido, a possibilidade de as crianças ficarem acordadas até mais tarde
assistindo televisão e a consequente diminuição do tempo dedicado aos estudos.
05 – Qual é a recomendação
principal dos pesquisadores e do autor da notícia?
A recomendação
principal é que os pais controlem o tempo e o conteúdo dos programas que as
crianças assistem e que evitem colocar televisões nos quartos das crianças.
06 – Como a pesquisa de R. J.
Hancox complementa o estudo de D. L. G. Borzekowski?
Enquanto o estudo de Borzekowski foca no
impacto imediato da televisão no desempenho escolar de crianças do ensino
primário, a pesquisa de Hancox examina os efeitos a longo prazo do tempo
excessivo de televisão na vida acadêmica, acompanhando indivíduos desde a
infância até a idade adulta.
07 – Qual a relevância desta
notícia no contexto atual?
Com o aumento do
acesso a dispositivos eletrônicos e plataformas de streaming, a preocupação com
o tempo de tela excessivo e seus efeitos negativos continua relevante. A
notícia destaca a importância do controle parental e do equilíbrio entre o
tempo de tela e outras atividades para o desenvolvimento saudável das crianças.