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domingo, 30 de junho de 2024

PRÓLOGO: ROMEU E JULIETA - WILLIAM SHAKESPEARE - COM GABARITO

 PRÓLOGO: ROMEU E JULIETA

                    William Shakespeare

(Entra o Coro)

Coro
Duas casas, iguais em seu valor,

Em Verona, que a nossa cena ostenta,

Brigam de novo, com velho rancor,

Pondo guerra civil em mão sangrenta.

Dos fatais ventres desses inimigos  

Nasce, com má estrela, um par de amantes,

Cuja derrota em trágicos perigos

Com sua morte enterra a luta de antes.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8TJ9TdVX9TDIMa30SDnSGkso5Z-GMUcj-36K5odWJ7xK0cOKc3xOiBG_XVhzt9tFJTaRRx5V2qTxo4LQ_FNMquHwrbomVpHb46GsFeDDzKnTcQtBGjZHA3apOtY_dKQG7sUvJaXCpjFB6dMroMnnGYB64yska3LQ_RFiKcQTAlsMTYiADtdCBTO66fN4/s320/rOMEU.jpg


A triste história desse amor marcado

E de seus pais o ódio permanente,

Só com a morte dos filhos terminado,

Duas horas em cena está presente.

Se tiverem paciência para ouvir-nos,

Havemos de luta pra corrigir-nos. (Sai.)

SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

Entendendo o prólogo:

01 – Qual é o cenário principal onde a história de "Romeu e Julieta" se passa?

      A história se passa em Verona, uma cidade na Itália.

02 – Quantas casas (famílias) principais estão em conflito em Verona?

      Duas casas principais estão em conflito.

03 – Qual é a natureza do conflito entre essas duas famílias?

      As duas famílias estão envolvidas em uma velha rivalidade que resultou em uma guerra civil sangrenta.

04 – Qual é o destino dos amantes nascidos dessas famílias inimigas?

      Os amantes, nascidos de famílias inimigas, são descritos como tendo uma má estrela e acabam morrendo tragicamente.

05 – O que a morte dos amantes provoca nas relações entre as duas famílias?

      A morte dos amantes coloca fim ao ódio permanente entre as duas famílias.

06 – Quanto tempo a peça "Romeu e Julieta" dura em cena, segundo o Coro?

      A peça dura duas horas em cena.

07 – O que o Coro pede ao público no final do prólogo?

      O Coro pede paciência ao público para ouvir a história e sugere que a peça tentará corrigir o que é apresentado.







 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

CONTO: CIÚME FATAL - WILLIAM SHAKESPEARE - COM GABARITO

Conto: CIÚME FATAL
          
 William Shakespeare

     De volta ao castelo, Desdêmona correu a procurar o marido em todos os lugares onde ele poderia estar àquela hora. Porém não o encontrou em parte alguma.
        Um mau pressentimento lhe ocorreu; contudo, ela o afastou de imediato, lembrando-se de que Otelo não havia dormido na noite anterior. Com certeza ele havia ido descansar após o expediente da manhã e acabara dormindo, tendo se atrasado para o almoço.
        Reconfortada por essa ideia, ganhou o rumo do corredor e encaminhou-se para o quarto. Não chegou, porém, a caminhar dez passos e Otelo surgiu: o punhal na mão direita, o lenço e a carta na esquerda, os olhos vermelhos, a boca crispada, a respiração ofegante. Ao vê-lo, Desdêmona parou, estupefata, e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu a lâmina fria e fina penetrar-lhe o peito.
        -- Otelo... – gemeu, caindo sem vida.
        O mouro ficou parado, segurando a arma de seu crime e as falsas provas do crime da esposa. Contemplava o rosto de Desdêmona, imobilizado para sempre numa expressão de espanto e pavor.
        Nesse momento, Emília apareceu na outra ponta do corredor. Ao deparar com o quadro horrível, deteve-se por uma segundo, assustada, mas logo recuperou a coragem e aproximou-se depressa:
        – Oh, não... não ...
        A aia, ajoelhou-se ao lado da patroa e abraçou-a tão estreitamente que suas próprias roupas ficaram ensanguentadas. Otelo apenas olhava, talvez sem ver.
        Os soluços de Emília chegaram aos ouvidos de Montano, que caminhava pelo corredor externo, não longe dali, e em alguns instantes o capitão estava também diante da triste cena. Pouco depois surgiu Iago, ofegante por ter corrido, supostamente na tentativa de impedir o mouro de cometer a loucura para qual trabalhava com tanto esforço e astúcia. Os dois homens ficaram mudos, olhando para Desdêmona e Otelo que, por fim, parecendo recobrar a consciência, num fiapo de voz declarou, sem necessidade:
        – Fui eu quem a matei.
        A confissão fez os outros recuperarem a fala.
        – Mas... por quê? – gaguejou Montano.
        – Ela me traía... Com... Cássio! – completou, avançando na direção do tenente, que acabava de assomar ao corredor.
        Montano e Emília rapidamente saltaram sobre Otelo e agarraram-no pelos braços, com toda a força que tinham. Era evidente, porém, que, sozinhos, não conseguiriam segurá-lo por muito tempo. Precisavam de ajuda. Iago, mesmo contra a vontade, achou-se na obrigação de colaborar. Seu plano corria o risco de não se completar, pois incluía a morte de Cássio; no entanto, se não participasse daquela ação, acabaria por denunciar seu desejo de sangue.
        – Que loucura! – exclamou o tenente, acercando-se do corpo inanimado da prima. – Desdêmona amava o senhor, general, desde o momento em que a conheceu. O senhor foi seu primeiro e único amor!
        – Mentira! Vocês me usaram! – gritou o mouro, debatendo-se furiosamente entre as mãos que o prendiam. – O casamento não passou de um plano para ela sair da casa do pai e continuar esse romance sujo com você. Está aqui... eu li... – continuou, tentando estender para os outros as provas da traição. – Primeiro ela lhe deu o lenço, achando que com isso me afastaria. Depois escreveu a carta, contando que o plano avançava bem. Está tudo aqui... Veja! Vejam todos!
        Balançando a cabeça, inconformado, Cássio aproximou-se mais do comandante e apanhou os objetos que segurava.
        – Mas... onde estava isto? ... – balbuciou, pousando em Otelo um olhar carregado de angústia.
        – Ainda pergunta? – o general contorcia-se como uma fera amarrada. – Estava em seu quarto.
        – Mas... como?
        Cássio não entendia como aquelas coisas teriam ido parar em seu quarto. Entretanto, na cabeça de Emília, o enigma principiava a desvendar-se rapidamente.
        – Foi Iago quem pôs isso lá – declarou a mulher, com firmeza.
        (...)
        Era verdade. Emília tinha razão. O general de mil batalhas, de triunfos e glórias, de estratégias invencíveis, havia se deixado enganar por truques grosseiros. Otelo soltou um longo suspiro e deixou a cabeça altiva pender, desalentada, sobre o peito. Já não parecia merecer o título de “soberbo guerreiro” e em nada lembrava o Leão de Veneza. Ao contrário, mostrava-se tão abatido e inofensivo que os homens acabaram por soltá-lo
        (...)
        E, antes que alguém pudesse pensar em detê-lo, ergueu o punhal com ambas as mãos e cravou-o mortalmente na garganta.

     William Shakespeare, Otelo. Adaptação de Hildegard Feist, São Paulo, Scipione, 1992.
Fonte: Livro – Oficina de Redação – Leila Lauar Sarmento, 7ª Série. Editora Moderna, 1ª edição,1998. p. 95-8.

Entendendo o conto:

01 – Como se explica a atitude passiva de Desdêmona, apesar do seu “mau pressentimento”?
      Ela era uma mulher honesta, sem culpas, por isso não se preocupou com os maus pressentimentos que tivera.

02 – Ao descrever Otelo, no início do texto, qual é a imagem que o autor nos passa?
      De uma pessoa alucinada, completamente arrebatada pela dor do ciúme e da incerteza.

03 – Por que ele diz que “Otelo apenas olhava, talvez sem ver”?
      Seu desespero e ciúme eram tão intensos que ele apenas movia os olhos na direção de Desdêmona, mas não conseguia enxerga-la.

04 – Quem é Iago? Qual é o seu papel nessa trama?
      Iago é o mentor da trama. Para separar o casal, faz com que Otelo enlouqueça de ciúme e mate Desdêmona.

05 – O que ele fez para desencadear o ciúme no coração de Otelo?
      Simulou um romance entre Desdêmona e seu primo Cássio.

06 – Como se descobriu a inocência de Desdêmona?
      Emília, sua fiel camareira, sabia da trama e denunciou os planos de Iago, acusando-o de ter colocado o lenço e a carta no quarto de Cássio.

07 – Qual foi a reação de Otelo, ao constatar seu engano?
      Abatido pela tragédia, pela loucura do seu ato, se suicidou com um punhal.

08 – Otelo era um respeitado general, possuidor de vários títulos como e de “soberbo guerreiro” e o de “Leão de Veneza”; entretanto transforma-se num fraco, vencido pelo ciúme. Por que o ciúme é tão destrutivo?
      Além de enfraquecer as pessoas, ele tira a tranquilidade e obscurece a razão do ser humano, que passa a agir sem pensar.

09 – Algumas pessoas dizem que “o ciúme é o tempero do amor”. O que você pensa sobre isso?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – De que forma superamos certos sentimentos que nos impedem de crescer?
      Sendo mais forte e racionais. Analisando bem o que sentimos, antes de decidir qualquer coisa.



domingo, 26 de novembro de 2017

SONETO: QUANDO NA PASSAGEM DO TEMPO PERDIDO - WILLIAN SHAKESPEARE - COM GABARITO

Soneto: Quando na passagem do tempo perdido
               Willian Shakespeare


        No soneto abaixo, Shakespeare reflete sobre como a beleza é registrada pela literatura.

Quando na passagem do tempo perdido
Vejo descritos os belos ramos,
E a beleza emprestar seus dons à velha rima,
Ao elogiar as damas mortas e os belos cavaleiros,
Então, no brasão da melhor doçura da beleza,
Da mão, dos pés, dos lábios, dos olhos, da fonte,
Veja que sua antiga pluma teria expressado
Mesmo tal beleza como teu senhor agora.
Então, todos os elogios não são senão profecias
Deste nosso tempo, tudo que pressagias,
E, mesmo vendo com olhos de adivinho,
Não tinham talento suficiente para cantar os teus dons;
Pois nós, que hoje aqui estamos, e vemos,
Temos olhos para sonhar, mas não línguas para louvar.

               Shakespeare, William. 154 Sonetos. Tradução de Thereza
 Christina Rocque da Motta. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2009. p. 125.

 Interpretação do texto:

1 – Qual é o assunto do soneto?
      O eu lírico fala da impossibilidade de descrever a beleza de sua amada através das palavras. Sua beleza é tal que não há “línguas” que possam louvá-la.

2 – Qual é a imagem de mulher apresentada no poema?
      É a imagem de uma mulher perfeita, de beleza incomparável e indescritível. As mais belas imagens utilizadas para louvar a beleza feminina não estão à altura da amada do eu lírico.

      --- Essa imagem determina o sentimento do eu lírico em relação à sua amada? Por quê?
      Sim. Porque a beleza de sua amada e sua perfeição que não podem ser “louvadas” pelas palavras de que dispõem aqueles que a contemplam, inspirando, assim, a admiração do eu lírico.

3 – Como podem ser interpretados os versos “Vejo que sua antiga pluma teria expressado / Mesmo tal beleza como teu senhor agora”?
      O eu lírico se refere a outros poetas que, no passado, tentaram louvar uma beleza como a de sua amada, mas não conseguiram.

4 – Como poderia ser caracterizado o tipo de amor que essa mulher desperta no eu lírico?
      A mulher amada desperta no eu lírico a manifestação de um amor mais distanciado, idealizado, puro.

      --- De que forma a manifestação desse amor indica a filiação do soneto de Shakespeare ao Classicismo?
        A manifestação desse amos mais puro, idealizado, por uma mulher de beleza indescritível, a quem o eu lírico louva exaltando a perfeição, é um tema bastante típico do classicismo.

5 – Compare as informações referentes à produção artística apresentadas na linha do tempo deste capitulo com as da linha do tempo do capítulo anterior.
      Espera-se que os alunos, durante essa comparação, percebam o contraste evidente entre a produção artística da Idade Média e a do Renascimento.

      --- Discuta com seus colegas: o termo “Renascimento” traduz o processo de transformação ocorrido na Europa durante o século XV? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.