segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

POEMA: LAMPIÃO UMA HISTÓRIA INGLÓRIA - JOSAFÁ MAIA DA COSTA - COM GABARITO

Poema: Lampião uma história inglória
               Josafá Maia da Costa


Amigos tomem assento
Nessa roda de cordel
Que vou cantar um lamento
Um pouco de mel e fel.

Vou falar de um brasileiro
Em Vila Bela nascido
Que tornou-se cangaceiro
Arrojado e destemido.

Foi há cerca de cem anos
Na Fazenda Ingazeira
Isso salvo algum engano
Me avisem se é besteira.

Veio ao mundo um menino
De José e de Maria
Foi chamado Virgolino
Oito irmãos ele teria.

Era um menino comum
Tinha uma boa família
E assim como qualquer um
Foi seguindo a sua trilha.

Cedo parou de estudar.
Pra ajudar no sustento
Foi para o pasto aboiar,
Pra garantir o alimento.

Foram Antonio e Levino
Dois de seus oito manos
Que mudaram o destino
E criaram novos planos.

Envolveram-se em brigas
Por marcações de terrenos
E muitas outras intrigas
Outros conflitos pequenos.

Graças à antiga guerra
Que a todos envolvia
Pelas preciosas terras
Uma grande rixa havia.

Lampião foi envolvido
Por essa luta de classe
E enfim virou um bandido
Nesse terrível impasse.

Um seu José Saturnino
Com eles vivia às turras
E o pai de Virgolino
Morreu nessa guerra burra.

O delegado Batista,
Junto com um imediato
De forma meio alarmista
Foi lá desvendar um fato.

Mas sendo bem trapalhão
Matou o José Ferreira
Em desastrada ação
Fazendo grande besteira.

Pra resolver o dilema
O infeliz delegado
Criou um maior problema
Matando um pobre coitado.

Virgolino transtornado,
Resolveu buscar vingança
A ação do delegado
Acabou-se em matança.

Uma tropa existia
Sinhô era o comandante
E Virgolino iria
Entrar nela nesse instante.

Sinhô passa o comando
Para o amigo Lampião
Que vai liderar o bando
Com uma implacável mão.

Ele jamais se cansa
De procurar o conforto
E de buscar a vingança
Pelo seu pobre pai morto.

Mas também há ambição
E há sede de poder
Que guiam a sua mão
Transformando o seu ser.

Virou um temido bandido
Lá pras bandas do Nordeste
Vivia sempre escondido
Num sofrimento inconteste.

Em Juazeiro do Norte
Chamado por Padim Ciço
Pensou que mudaria a sorte
Com valoroso serviço.

Levou uma reprimenda
Pelo seu mau proceder
E teve por encomenda
No interior combater.

A Coluna Prestes era
Causa de muitos transtornos
Uma medonha quimera
No Nordeste e entorno.

Esse forte movimento
Político-militar
Era um grande tormento
Um mal a se extirpar.

Em troca receberia
Pela colaboração
Uma total anistia
E patente de Capitão.

E lá se foi Lampião
Embrenhar-se pelo mato
No cargo de Capitão
A fim de cumprir o trato.

Mas na verdade era falso,
Uma mentira fajuta.
A polícia foi no encalço
O que rendeu muita luta.

Paraíba, Ceará,
E também em Pernambuco
Unidos para caçar
Era coisa de maluco.

Para evitar o fracasso
Enquanto estava no prumo
O nosso Rei do Cangaço
Partiu para outro rumo.

Bandeou-se pra Bahia,
Sergipe e Alagoas.
Lá teve melhores dias
Aquela área era boa.

Por lá um dia ele vem
Conhecer Maria Bonita
Maria Déia Nenén
Numa paixão infinita.

Filha de um sapateiro
A morena enfeitiçou
O temido cangaceiro
E com ele se casou.

Mais tarde, Maria Bonita,
Com Lampião por parteiro
Deu à luz Expedita
Embaixo de um imbuzeiro.

Ma a vida era dura
E o destino sombrio.
No meio da mata escura
Era bomba sem pavio.

A criança foi deixada
Com um fiel guardião
E seguiu sua jornada
O bando de Lampião.

O Benjamin Abraão,
Com carta de Padim Ciço
Teve a autorização
Assumiu o compromisso

De filmar o acampamento
Para um documentário.
Mostrando alguns momentos
Numa vida de calvário.

E ele filmou a vida
Daquela sociedade.
Suas roupas, a comida
E toda a fraternidade.

Lampião em sua roda
Desenhava o figurino.
Ele ditava a moda
Criando modelos finos.

Os chapéus, as cartucheiras
Ornados de ouro e prata
Pra vida sem eira nem beira
Para andar pela mata.

Pra que andar bem vestido?
Parece até contra-senso.
Porém isso faz sentido
Quando a respeito eu penso.

Eles tinham sua arte
E regras de convivência
Em um mundinho à parte
Com sua própria ciência.

Lampião era uma lenda
Até uma madrugada
Quando estava na fazenda
De nome Angicos chamada.

Chegou, então, a volante
Eu um proceder perfeito.
Devagar e num instante
O estrago estava feito.

Tenente João Bezerra
E o sargento Aniceto
Naquele momento encerra
A busca do desafeto.

Cuspiam fogo as metralhas
Criando imenso horror.
Não se conhece o canalha
Que foi o seu traidor.

Uns poucos tiveram sorte
E escaparam com vida.
No meio de dor e mortes
Encontraram uma saída.

Lampião foi dos primeiros
A receber um balaço.
Era o fim do cangaceiro
E era o fim do cangaço.

Lampião é degolado
Num proceder bem covarde.
O corpo é esquartejado
Pra ser exemplo mais tarde.

Maria Bonita, ferida,
Também foi sacrificada.
Ela perdeu a vida
Naquela infame cilada.

Naquele inferno de Dante,
Numa sanha assassina
Os malditos da volante
O cangaço extermina.

As cabeças arrancadas
Do bando de Lampião
Correram o mundo mostradas
Numa vil exposição,

Agora, meu bom amigo,
Eu peço sua atenção
E que reflita comigo
Em delicada questão.

Lampião não era santo,
Ao menos pelo que sei
Mas convenha, no entanto,
Que pra isso existe a lei.

O proceder da volante
Foi coisa de carniceiro.
Atitude revoltante
Pior que a dos cangaceiros.
Josafá Maia da Costa. Rio de Janeiro - RJ - por correio eletrônico


Entendendo o poema:
01 – Qual é o tema do cordel?
      A história de Lampião, o mártir dos oprimidos.

02 – Quem o escreveu?
      Josafá Maia da Costa.

03 – O cordel fala sobre o quê?
      Sobre como Lampião encontrou para o cangaço e suas lutas como capitão. 

04 – Qual o local citado pelo autor?
      Vila Bela – onde nasceu Lampião; Juazeiro do Norte, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.

05 – Selecione partes da letra do cordel que nos dão pistas sobre a época em que ele foi feito.
      “Foi há cerca de cem anos.”

06 – Quem são os personagens retratados pelo autor? 
      José e Maria – pais de Lampião.
      Antônio e Levino – Irmãos.
      José Saturnino – delegado Batista.
      Padim Ciço, Maria Bonita, Expedita (filha de Lampião).
      Benjamin Abraão, Tenente João Bezerra, Sargento Aniceto.

07 – Qual o parentesco entre eles? 
      Seus irmãos Antônio e Levino, e depois sua esposa Maria Bonita.

08 – Qual o sentimento responsável pela união dessas pessoas?
      São pessoas que lutavam por marcações de terrenos, ou outros pequenos conflitos. 

09 – Que conteúdo escolar aparece no texto?
      A Coluna Prestes – que foi um movimento político – militar brasileiro existente entre 1925 a 1927 e ligado ao tenentismo de insatisfação com a República Velha, exigência do voto secreto, defesa do ensino público e a obrigatoriedade do Ensino Secundário para toda a população.

10 – Em que época de nossa história esse personagem teria vivido?
·        Virgolino Ferreira Lampião (1898 a 1938)
·        Revolução Tenentista – 1924.
·        Coluna Prestes – 1926.
·        Dissolução do Congresso – 1930.
·        Promulgação da Nova Constituição – 1934.



FÁBULA: A LEOA E A RAPOSA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Fábula: A Leoa e a Raposa


        Todos os animais estavam se vangloriando de suas famílias numerosas. Somente a leoa se mantinha em silêncio. Ela não disse nada, nem mesmo quando a raposa toda orgulhosa, desfilou seus filhotes diante dela.
        -- Olhe! – disse a raposa. – Veja minha ninhada de raposinhas vermelhas; são sete! Diga-nos, quantos filhos você têm?
        -- Somente um – respondeu tranquila a leoa. – Mas é um leão!

        Moral da história: “Eis que o mérito não deve ser medido em razão da quantidade, mas tendo em vista a qualidade”.


Entendendo a fábula:
01 – Que personagens aparecem no texto?
      A raposa e a leoa.

02 – Quem fez a pergunta? Para quem?
      A raposa. Para a leoa.

03 – O que significa a palavra “vangloriando”?
      Tornando-se vaidosa, pretenciosa.

04 – Com as suas palavras, explique a moral da história.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Pinte, qual palavra, da ideia que o advérbio em destaque acrescenta ao verbo.
a)   Eles não comeram o sanduíche.
   Modo      Negação.

b)   O atleta correu mais rápido que você.
       Intensidade      Modo.

c)   Antigamente meus pais moravam em Brasília.
      Tempo      lugar.

d)   Falou educadamente com sua avó.
      Intensidade      modo.

06 – Qual frase abaixo contém advérbio com a ideia de dúvida?
a) Provavelmente ela irá chegar amanhã.
b) Com certeza ela irá chegar amanhã.

07 – Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas das frases abaixo.
a) A maioria da população ainda não sabe por que está sem TV.
b) Não há por que ser feliz, se não for por um grande amor.
c) A falta de imagens nas TVs é um dos porquês de muitos habitantes de Pinhalzinho dormirem mais cedo.
d) Porque toda razão, toda palavra, vale nada quando chega o amor. (Caetano Veloso)
a) por que – por que - por quê - porque
b) por que – porque - por quê – por que
c) porque – porque - por que – por quê
d) por que – por quê - porquês – porque
e) por que – por que - porquês – porque

08 – Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR.
Análise = analisar.
Pesquisa = pesquisar.
Anarquia = anarquizar.
Canal = canalizar.
Civilização = civilizar.
Colônia = colonizar.
Humano = humanizar.
Suave = suavizar.
Revisão = revisar.
Aviso = avisar.

09 – Complete as palavras com S ou Z. A seguir, copie as palavras na forma correta.
Presença = presença.
Colonização = colonização.
Artesanato = artesanato.
Positiva = positiva.
Escravizar = escravizar.
Presente = presente.
Natureza = natureza.
Produzirem = produzirem.
Horizonte = horizonte.
Frase = frase.

10 – Escreva uma palavra em que o Z tenha som de:
S = feliz.
Z = rezar.




TEXTO: ÍNDIO COM DIPLOMA NÃO É MAIS ÍNDIO? JORGE TERENA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: Índio com diploma não é mais índio?

        Algumas pessoas ainda acham estranho um índio ter bacharelado, mestrado e doutorado, mas muitos deles já são formados em áreas como história, direito, ciências sociais, engenharia, pedagogia e outras. A maioria dos que conseguiram essa formação não tiveram ajuda do governo para tal, e continuam não tendo. Os estudantes indígenas às vezes passam por dificuldade nas cidades, mas por compromisso com suas comunidades insistem em adquirir ferramentas científicas e tecnológicas. Isso os permite discutir de igual para igual com os governos um planejamento de políticas públicas indígenas condizentes com a realidade. Mas por que tanta dificuldade para ajudar um pequeno número de indígenas a concluir os estudos? Índio não precisa estudar?
        Há 20 anos, o governo militar achava que lugar de índio era só na aldeia e queria mandar os estudantes indígenas de Brasília de volta para casa. Na época, os alunos adotaram uma frase de protesto: "Posso ser o que você é sem deixar de ser o que sou!". Contudo, a visão de que o índio que sai da aldeia abandona a própria cultura ainda persiste como preconceito. Ele não pode ter diploma e continuar sendo índio?
        As escolas indígenas têm várias faces hoje. Podem ser mera imposição de modelos educacionais ou podem adotar métodos que não desprezam o pluralismo e a identidade cultural dos povos. Por isso é preciso fazer uma distinção entre educação indígena e a educação escolar indígena.
        A educação indígena é o processo com que cada povo transmite conhecimento (em língua nativa) para garantir a sobrevivência e a reprodução cultural. Não é uma educação dentro de quatro paredes como todos estão acostumados, mas uma educação cotidiana. Quando um pai indígena leva o filho para caçar ou coletar material de artesanato, a criança passa por um processo de transmissão cultural de valores, história e crenças. Já a educação escolar indígena deve congregar tanto o conhecimento tradicional dos povos quanto a cultura técnica e científica da sociedade brasileira como um todo. Um choque entre as educações escolar e indígena se deu por conta da existência de concepções de mundo diferentes.
        A educação escolar seguia modelos dominantes, num incentivo à acumulação de bens, à competição e ao individualismo, contrária aos processos pedagógicos dos povos indígenas, que enfatizam diferentes formas de organização social. Mas a educação escolar indígena deve servir como um instrumento a serviço da autonomia de cada povo, que deve decidir o que é uma escola verdadeiramente indígena.
        É difícil para o Ministério da Educação integrar ações de ensino indígena nos três níveis de aprendizado. Se a educação escolar indígena ainda é capenga, imagine a superior. Existem algumas poucas experiências em universidades com licenciaturas específicas para atender à demanda de estudantes indígenas por cursos superiores. Mas será que estes cursos podem ajudar a solucionar os problemas enfrentados pelos povos no cotidiano?
        Como os índios têm dificuldades para ingressar em universidades públicas, eles estão buscando o ensino particular, e a Funai não dispõe de verba para atender à demanda. Só um sistema integrado de educação escolar indígena, desde a educação básica até a superior, poderá garantir os princípios da especificidade, diferenciação e autonomia, que respeite a diversidade cultural, linguística e as pedagogias próprias dos povos indígenas.
                                                                        Jorge Terena.
Entendendo o texto:
01 – No texto, o autor defende o ponto de vista de que o índio deve ter acesso a uma formação especializada.
a)   O que você pensa a respeito desse assunto? Justifique.
Eu acho que o índio tem direito de estudar, porque isso permite discutir de igual para igual com os governantes.

b)   Quem é o autor e que lugar ocupa na sociedade?
Jorge Terena, Sociólogo, integrante do povo Terena, e consultor etno ambiental da COIAB

c)   Tomando como base o veículo de publicação, a que tipo de leitor o texto é dirigido?
Aos leitores da Revista Galileu.

d)    Que posição o autor assume ao imprimir as ideias apresentadas no texto?
Que ele é a favor que os índios estudem, façam curso superior.

02 – Para expressar o seu ponto de vista, o autor constrói o seu texto estruturando-o em sete parágrafos.
a)   Por que ele intitula o texto com uma pergunta?
Para levar o leitor a refletir sobre o assunto.

b)   Observe que, além do questionamento que aparece no título, existem outros dentro do texto. Que efeito é pretendido com o uso desse recurso linguístico?
Para reflexão do leitor.

c)   Quem responde a essas perguntas? Onde é possível encontrar as respostas para elas?
O próprio autor; no texto.

03 – No primeiro parágrafo, o autor expõe a tese principal.
a)   O que ele defende?
Um diploma de curso superior para os índios.

b)   Você concorda ou discorda do ponto de vista defendido pelo autor?
“Posso ser o que você é sem deixar de ser o que sou”.

04 – No desenvolvimento do texto, o pensamento da sociedade de que o índio não precisa estudar é de ordem histórica.
a)   Segundo o texto, que argumento é empregado para justificar tal pensamento?
“Que o governo militar achava que lugar de índio era só na aldeia.”

b)   Que frase funciona como um contra-argumento a essa forma de pensar?
“Posso ser o que você é sem deixar de ser o que sou.”

c)   Como você explica essa frase?
Que o índio pode estudar, sem deixar de ser índio, sem esquecer sua cultura, seus costumes.

05 – Ainda no desenvolvimento do texto, o terceiro, quarto e quinto parágrafos apresentam diferenças entre educação indígena e a educação escolar tradicional.
a)   A educação indígena valoriza o cotidiano, as histórias e as crenças da comunidade. O que a educação escolar, segundo o texto, valoriza?
Um incentivo a acumulação de bens, à competição e ao individualismo, contrário aos processos pedagógicos dos povos indígenas que enfatizam diferentes formas de organização social.

b)   Ao estabelecer essa comparação entre os dois tipos de educação, o que o autor quer enfatizar.
Que a educação escolar indígena deve servir como um instrumento a serviço da autonomia de cada povo, que deve decidir o que é uma escola verdadeiramente indígena.

06 – Levando em conta a sociedade em que vivemos e as exigências do mercado de trabalho, estabeleça hipóteses que justifiquem o fato de o índio necessitar de uma educação escolar indígena.
      Para ele poder discutir de igual para igual com os governos um planejamento de políticas indígenas condizente com a realidade.

07 – No último parágrafo do texto, o autor propõe uma solução para o problema exposto na introdução.
a)   O que ele propõe?
Um sistema integrado de educação escolar indígena, desde a educação básica até a superior, garantindo os princípios da especificidade, diferenciação e autonomia, que respeite a diversidade cultural, linguística e as pedagogias próprias dos povos indígenas.

b)   Na sua opinião essa proposta é viável ou inviável para a realidade educacional brasileira? Justifique.
Inviável. Porque o governo não está conseguindo manter a educação do país com um bom nível de aprendizagem. Criar uma escola dessa maneira para os índios é um sonho.