domingo, 31 de outubro de 2021

TIRINHA: HAGAR HAMLET E HÉRNIA - DIK BROWNE - CONJUNÇÃO MAS - COM GABARITO

 Tirinha: Hagar Hamlet e Hérnia

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BROWNE, Dik. Hagar. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 abr. 2003. Ilustrada p. E9.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 298-9.

Entendendo a tirinha:

01 – A fala de Hérnia deixa subentendido o que se espera dos meninos vikings. Quais seriam, geralmente, suas características?

      Eles seriam, em sua maioria, rudes, grosseiros e mal-educados.

02 – A declaração da menina no último quadrinho é iniciada pela conjunção mas, que expressa oposição de ideias. Ao empregar essa conjunção, Hérnia quer dizer que considera positivas ou negativas as características de Hamlet?

      Considera negativas, pois quer dizer que, apesar de ele ser gentil e educado, ela gosta dele.

03 – Se ela tivesse dito por isso gosto de você, estaria considerando as características de Hamlet positivas ou negativas?

      Nesse caso, estaria considerando positivas, pois estaria expressando consequência com a conjunção por isso.

04 – Considere as ideias da tirinha para completar o período que segue. Copie-o, estabelecendo entre as orações uma relação de concessão.

        Embora você não seja como os outros meninos vikings, gosto de você mesmo assim/assim mesmo!

TIRINHA: CALVIN ESCOLA - BILL WATTERSON - EXPRESSÃO FISIONÔMICA - COM GABARITO

 Tirinha: Calvin escola


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WATTERSON, Bill. O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo: 12 abr. 2012. Caderno 2, p. C6.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 298.

Entendendo a tirinha:

01 – Observe a expressão fisionômica de Calvin e complete o quadro a seguir com o sentimento por ele demonstrado na sequência de quadrinhos.

Segundo quadrinho: Alegria.

Terceiro quadrinho: Susto, preocupação.

Quarto quadrinho:  Desapontamento, tristeza.

02 – De que maneira Calvin tenta se sair bem diante da pergunta da professora?

      Respondendo o que sabe, tentando impressionar a professora com algo que ela não conhece.

03 – Copie o período em que Calvin explica por que não é burro.

      “É que o conhecimento que eu domino não tem utilização prática”.

04 – Nesse período, uma oração subordinada adjetiva é empregada por Calvin, para reforçar essa explicação. Identifique-a.

      A oração é: que eu domino.



NOTÍCIA: O DESABAFO DO FABRICANTE DE CANUDOS: "DE REPENTE SOMOS VILÕES" (FRAGMENTO) - MARIANA DESIDÉRIO - COM GABARITO

 Notícia: O desabafo do fabricante de canudos: “De repente somos vilões” (Fragmento).

          Onda ecológica já afeta o negócios de empresa na Mooca, que cobra educação dos consumidores: "o canudo não chega até o mar sozinho"

Por Mariana Desidério

Publicado em: 02/08/2018 às 06h00

Canudos de plásticos: vilões?

        [...]

        “Tem muita desinformação nessa discussão. Dizem que os canudos plásticos não podem ser reciclados. Mas eles podem, sim. Condenam o plástico, mas ele tem funções importantíssimas na sociedade. E o mais importante: o canudo usado não chega sozinho até o mar. Alguém colocou ele lá. E foi alguém que não deu a destinação correta”, afirma Valney Aparecido, gerente-geral da Plastifer. Instalada na Mooca, em São Paulo, a empresa está há 50 anos no mercado, tem 25 funcionários e fabrica única e exclusivamente canudos.

        Uma das informações que circulam na internet é de que os canudos não podem ser reciclados porque seriam muito leves. No entanto, o gerente-geral da Plastifer garante que o produto é, sim, reciclável. “Nós aqui na fábrica temos um material que acaba indo para descarte, e com ele podem ser feitos balde, pás, capas de vassouras, brinquedos, uma infinidade de produtos”, afirma.

        [...]

DESIDÉRIO, Mariana. O desabafo do fabricante de canudos: “De repente somos vilões”. São Paulo: Exame, 2 ago. 2018. Disponível em: https://exame.abril.com.br/pme/com-a-palavra-o-fabricante-de-canudos-de-repente-somos-viloes/. Acesso em: 12 jan. 2019.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 268-9.

Entendendo a notícia:

01 – O gerente-geral da Plastifer, contra a acusação de que canudos de plásticos não são recicláveis, faz a defesa de seu produto utilizando alguns argumentos. Explique com suas palavras quais são esses argumentos.

      Ele argumenta dizendo que o plástico do canudo pode ser reciclado, que o canudo usado chega ao mar porque não foi dada a ele a destinação correta. Além disso, o canudo tem uma função importante na sociedade.

02 – Localize no texto os advérbios unicamente e exclusivamente e copie a frase.

      “Instalada na Mooca, em São Paulo, a empresa está há 50 anos no mercado, tem 25 funcionários e fabrica única e exclusivamente canudos”.

03 – Nesse contexto, a forma com o sufixo apenas no último advérbio é a mais adequada? Justifique sua resposta.

      Nesse contexto de texto jornalístico, em que se privilegia a concisão, a forma abreviada do primeiro advérbio é mais adequada.

04 – Escreva uma frase empregando esses dois advérbios relacionados ao mesmo verbo.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Suas críticas foram dirigidas, única e exclusivamente, ao concorrente.

 

TIRINHA: CALVIN CÂMERA - BILL WATTERSON - ORAÇÃO SUBORDINADA - COM GABARITO

 Tirinha: Calvin câmera

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           WATTERSON, Bill. Os dias estão todos ocupados: as aventuras de Calvin e Haroldo. São Paulo: Conrad, 2011. p. 148.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 265.

Entendendo a tirinha:

01 – Nessa tirinha, Calvin utiliza duas vezes a palavra verdade. Que sentido elas têm nesse contexto?

      No primeiro quadrinho, o sentido é daquilo que corresponde à realidade dos fatos, de que a câmera não mente; no segundo quadrinho o sentido é de que na realidade a câmera mente.

02 – Que uso Calvin fará da câmera?

      Calvin usará a câmera para manipular a foto, mostrando um quarto parcialmente arrumado.

03 – No período “Mas a verdade é que as fotos selecionam, manipulam e mentem!”, temos 4 orações. Qual a função sintática das três orações subordinadas em relação à oração principal?

      As subordinadas substantivas são predicativas: funcionam como predicado da oração principal “A verdade é”.

04 – Considere a frase: É verdade que as câmeras mentem. Nesse caso, qual é a oração principal? Como se classifica a oração subordinada substantiva?

      A oração principal é “É verdade”, e a subordinada substantiva subjetiva é “que as câmeras mentem”.

CONTO: OS OLHOS QUE COMIAM CARNE - PARTE 2 - HUMBERTO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Conto: Os olhos que comiam carne – Parte 2 

            Humberto de Campos

        Olhos abertos, piscando, Paulo Fernando ouvia, em torno, ordens em alemão, tinir de ferros dentro de uma lata, jorro d’água, e passos pesados ou ligeiros, de desconhecidos. Esses rumores todos eram, no seu espírito, causa de novas reflexões. Só agora, depois de cego, verificara a sensibilidade da audição, e as suas relações com a alma, através do cérebro. Os passos de um estranho são inteiramente diversos daqueles de uma pessoa a quem se conhece. Cada criatura humana pisa de um modo. Seria capaz de identificar, agora, pelo passo, todos os seus amigos, como se tivesse vista e lhe pusessem diante dos olhos o retrato de cada um deles. E imaginava como seria curioso organizar para os cegos um álbum auditivo, como os de datiloscopia, quando um dos médicos lhe tocou no ombro, dizendo-lhe, amavelmente:

        – Está tudo pronto... Vamos para a mesa... Dentro de oito dias estará bom...

        O escritor sorriu, cético. Lido nos filósofos, esperava, indiferente, a cura ou a permanência na treva, não descobrindo nenhuma originalidade no seu castigo e nenhum mérito na sua resignação. Compreendia a inocuidade da esperança e a inutilidade da queixa. Levantou-se, assim, tateando, e, pela mão do médico, subiu na mesa de ferro branco, deitou-se ao longo, deixou que lhe pusessem a máscara para o clorofórmio, sentiu que ia ficando leve, aéreo, imponderável. E nada mais soube nem viu.

        O processo Platen era constituído por uma aplicação da lei de Roentgen, de que resultou o raio X, que punha em contato, por meio de delicadíssimos fios de “hêmera”, liga metálica recentemente descoberta, o nervo seccionado. Completava-o uma espécie de parafina adaptada ao globo ocular, a qual, posta em contato direto com a luz, restabelecia integralmente a função desse órgão. Cientificamente, era mais um mistério do que um fato. A verdade era que as publicações europeias faziam, levianamente ou não, referências constantes às curas miraculosas realizadas pelo cirurgião de Berlim, e que seu nome, em breve, corria o mundo, como o de um dos grandes benfeitores da Humanidade.

        Meia hora depois, as portas da sala de cirurgia do Grande Hospital de Clínicas se reabriam e Paulo Fernando, ainda inerte, voltava, em uma carreta de rodas silenciosas, ao seu quarto de pensionista. As mãos brancas, postas ao longo do corpo, eram como as de um morto. O rosto e a cabeça envoltos em gaze deixavam à mostra apenas o nariz afilado, e a boca entreaberta. E não tinha decorrido outra hora, e já o professor Platen se achava, de novo, a bordo, deixando a recomendação de que não fosse retirada a venda, que pusera no enfermo, antes de duas semanas.

        Doze dias depois passava ele, de novo, pelo Rio, de regresso para a Europa. Visitou novamente o operado, e deu novas ordens aos enfermeiros. Paulo Fernando sentia-se bem. Recebia visitas, palestrava com os amigos. Mas o resultado da operação só seria verificado três dias mais tarde, quando se retirasse a gaze. O santo estava tão seguro do seu prestígio que se ia embora sem esperar pela verificação do milagre.

        Chega, porém, o dia ansiosamente aguardado pelos médicos, mais do que pelo doente. O Hospital encheu-se de especialistas, mas a direção só permitiu, na sala em que se ia cortar a gaze, a presença dos assistentes do enfermo. Os outros ficaram fora, no salão, para ver o doente, depois da cura.

        Pelo braço de dois assistentes, Paulo Fernando atravessou o salão. Daqui e dali, vinham-lhe parabéns antecipados, apertos de mão vigorosos, que ele agradecia com um sorriso sem endereço. Até que a porta se fechou, e o doente, sentado em uma cadeira, escutou o estalido da tesoura, cortando a gaze que lhe envolvia o rosto.

        Duas, três voltas são desfeitas. A emoção é funda, e o silêncio completo, como o de um túmulo. O último pedaço de gaze rola no balde. O médico tem as mãos trêmulas. Paulo Fernando, imóvel, espera a sentença final do Destino.

        – Abra os olhos! – diz o doutor

        O operado, olhos abertos, olha em tomo. Olha, e, em silêncio, muito pálido, vai-se pondo de pé. A pupila entra em contato com a luz, e ele enxerga, distingue, vê. Mas é espantoso o que vê. Vê, em redor, criaturas humanas. Mas essas criaturas não têm vestimentas, não têm carne: são esqueletos apenas; são ossos que se movem, tíbias que andam, caveiras que abrem e fecham as mandíbulas! Os seus olhos comem a carne dos vivos. A sua retina, como os raios X, atravessa o corpo humano e só se detém na ossatura dos que o cercam, e diante das coisas inanimadas! O médico, à sua frente, é um esqueleto que tem uma tesoura na mão! Outros esqueletos andam, giram, afastam-se, aproximam-se, como num bailado macabro!

        De pé, os olhos escancarados, a boca aberta e muda, os braços levantados numa atitude de pavor e de pasmo, Paulo Fernando corre na direção da porta, que adivinha mais do que vê, e abre-a. E o que enxerga, na multidão de médicos e amigos que o aguardam lá fora, é um turbilhão de espectros, de esqueletos que marcham e agitam os dentes, como se tivessem aberto um ossário cujos mortos quisessem sair. Solta um grito e recua. Recua, lento, de costas, o espanto estampado na face. Os esqueletos marcham para ele, tentando segurá-lo.

        – Afastem-se! Afastem-se! – intima, num urro que faz estremecer a sala toda.

        E, metendo as unhas no rosto, afunda-as nas órbitas, e arranca, num movimento de desespero, os dois glóbulos ensanguentados, e tomba escabujando no solo, esmagando nas mãos aqueles olhos que comiam carne, e que, devorando macabramente a carne aos vivos, transformavam a vida humana, em torno, num sinistro baile de esqueletos...

 CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 92-96.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 254-8.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Clorofórmio: substância antigamente usada como anestésico.

·        Datiloscopia: registro de impressões digitais.

·        Escabujar: espernear.

·        Inanimado: sem vida.

·        Inerte: imóvel.

·        Inocuidade: inutilidade.

·        Resignação: submissão.

·        Turbilhão: multidão em desordem.

02 – Retome o que você imaginou a respeito da sequência do texto e responda oralmente:

a)   Você achou que o médico curaria Paulo Fernando? Por quê? Sua hipótese se confirmou após a leitura?

Resposta pessoal do aluno.

b)   O que o título sugeriu a você sobre o desdobramento do conto? Essa sugestão se confirmou após a leitura?

Resposta pessoal do aluno.

03 – Releia o trecho:

        Só agora, depois de cego, verificara a sensibilidade da audição, e as suas relações com a alma, através do cérebro. Os passos de um estranho são inteiramente diversos daqueles de uma pessoa a quem se conhece. Cada criatura humana pisa de um modo.

                             CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 92.


a)   Após ler o trecho e o boxe sobre discurso indireto livre, transcreva em seu caderno o fragmento desse trecho que apresenta discurso indireto livre.

O fragmento é “Os passos de um estranho são inteiramente diversos daqueles de uma pessoa a quem se conhece. Cada criatura humana pisa de um modo”.

b)   Justifique sua resposta.

Não é possível saber se esse fragmento foi dito pelo personagem ou pelo narrador. Pode tanto ser um pensamento do personagem exemplificando sua audição aguçada quanto um comentário do narrador. Essa incerteza se deve à ausência de aspas, verbos como pensou, refletiu e marcas de 1ª pessoa. Trata-se, portanto, de um exemplo de discurso indireto livre.

04 – Releia esta frase do conto e responda:

        O santo estava tão seguro do seu prestígio que se ia embora sem esperar pela verificação do milagre.

                            CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 94.

a)   A que se referem as palavras santo e milagre?

A palavra santo refere-se ao doutor alemão e milagre refere-se ao método cirúrgico inovador criado por ele.

b)   Considerando o contexto, explique o emprego dessas palavras.

O método cirúrgico que promete restabelecer a visão de pessoas que romperam o nervo ótico é considerado, pelo narrador (talvez em tom irônico) um milagre. E como o autor do método (milagre) é o médico alemão, ele é considerado santo, afinal acredita-se que santos fazem milagres.

05 – Um dos recursos usados no texto para criar a atmosfera de terror é a figura de linguagem chamada comparação.

a)   Identifique no texto três exemplos de comparação que contribuem para criar essa atmosfera e transcreva-os.

“As mãos brancas, postas ao longo do corpo, eram como as de um morto.”

“A emoção é funda, e o silêncio completo, como o de um túmulo.”

“Outros esqueletos andam, giram, afastam-se, aproximam-se, como num bailado macabro!”.

b)   A comparação expressa nesses exemplos remete a um elemento comumente associado ao terror? Qual?

Em todos os exemplos, a comparação remete à morte, elemento comumente associado ao terror.

06 – Releia o trecho:

        “[...] Mas essas criaturas não têm vestimentas, não têm carne: são esqueletos apenas; são ossos que se movem, tíbias que andam, caveiras que abrem e fecham as mandíbulas! Os seus olhos comem a carne dos vivos. A sua retina, como os raios X, atravessa o corpo humano e só se detém na ossatura dos que o cercam, e diante das coisas inanimadas! O médico, à sua frente, é um esqueleto que tem uma tesoura na mão! Outros esqueletos andam, giram, afastam-se, aproximam-se, como num bailado macabro!”.

                         CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 94-5.

·        É correto afirmar que os pontos de exclamação contribuem para a:

a)   Descrição de um novo cenário.

b)   Construção do clímax da narrativa.

c)   Caracterização psicológica do médico alemão.

d)   Representação do desespero de falas de Paulo Fernando.

07 – A cirurgia feita pelo médico alemão em Paulo Fernando foi baseada na aplicação de uma lei chamada Roentgen, da qual resultaram os raios X.

a)   Qual o uso mais comum dos raios X?

Os raios X são usados comumente para registrar a imagem de ossos, contribuindo, por exemplo, para o diagnóstico de fraturas. Eles atravessam a carne e são absorvidos apenas pelos ossos, por isso apenas eles são registrados.

b)   Embora o resultado da cirurgia de Paulo Fernando seja impossível na realidade, ele pode ser explicado com base em uma lógica do texto, amparada no uso comum dos raios X. Por quê?

O fato de Pedro Fernando passar a ver apenas os ossos das pessoas foi, na verdade, um efeito colateral da cirurgia baseada na lei que originou os raios X. Ele passou a ver como um raio X.

08 – Leia o trecho a seguir e observe os termos destacados.

        “[...] e tomba escabujando no solo, esmagando nas mãos aqueles olhos que comiam carne, e que, devorando macabramente a carne aos vivos, transformavam a vida humana, em torno, num sinistro baile de esqueletos...”.

                         CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 96. 

·        Sobre esse trecho, indique se elas são verdadeiras (V) ou falsas (F).

(F) Os verbos comer e devorar são usados no sentido literal.

(V) Apresenta relação direta com o título do conto.

(V) Descreve uma cena com elementos de terror.

(F) É parte do conflito do conto.

 

 

CONTO: OS OLHOS QUE COMIAM CARNE - PARTE 1 - HUMBERTO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Conto: Os olhos que comiam carne – Parte 1 

           Humberto de Campos

        Na manhã seguinte à do aparecimento, nas livrarias, do oitavo e último volume da História do conhecimento humano, obra em que havia gasto catorze anos de uma existência consagrada, inteira, ao estudo e à meditação, o escritor Paulo Fernando esperava, inutilmente, que o sol lhe penetrasse no quarto. Estendido, de costas, na sua cama de solteiro, os olhos voltados na direção da janela que deixara entreaberta na véspera para a visita da claridade matutina, ele sentia que a noite se ia prolongando demais. O aposento permanecia escuro. Lá fora, entretanto, havia rumores de vida. Bondes passavam tilintando. Havia barulho de carroças no calçamento áspero. Automóveis buzinavam como se fosse dia alto. E, no entanto, era noite, ainda. Atentou melhor, e notou movimento na casa. Distinguia perfeitamente o arrastar de uma vassoura, varrendo o pátio. Imaginou que o vento tivesse fechado a janela, impedindo a entrada do dia. Ergueu, então, o braço e apertou o botão da lâmpada. Mas a escuridão continuou. Evidentemente, o dia não lhe começava bem. Comprimiu o botão da campainha. E esperou.

        Ao fim de alguns instantes, batem docemente à porta.

        – Entra, Roberto.

        O criado empurrou a porta, e entrou.

        – Esta lâmpada está queimada, Roberto? – indagou o escritor, ao escutar os passos do empregado no aposento.

        – Não, senhor. Está até acesa

        – Acesa? A lâmpada está acesa, Roberto? – exclamou o patrão, sentando-se repentinamente na cama.

        – Está, sim, senhor. O doutor não vê que está acesa, por causa da janela que está aberta.

        – A janela está aberta, Roberto? – gritou o homem de letras, com o terror estampado na fisionomia.

        – Está, sim, senhor. E o sol está até no meio do quarto.

        Paulo Fernando mergulhou o rosto nas mãos, e quedou-se imóvel, petrificado pela verdade terrível. Estava cego. Acabava de realizar-se o que há muito prognosticavam os médicos.

        A notícia daquele infortúnio em breve se espalhava pela cidade, impressionando e comovendo a quem a recebia. A morte dos olhos daquele homem de quarenta anos, cuja mocidade tinha sido consumida na intimidade de um gabinete de trabalho, e cujos primeiros cabelos brancos haviam nascido à claridade das lâmpadas, diante das quais passara oito mil noites estudando, enchia de pena os mais indiferentes à vida do pensamento. Era uma força criadora que desaparecia. Era uma grande máquina que parava. Era um facho que se extinguia no meio da noite, deixando desorientados na escuridão aqueles que o haviam tomado por guia. E foi quando, de súbito, e como que providencialmente, surgiu, na imprensa, a informação de que o professor Platen, de Berlim, havia descoberto o processo de restituir a vista aos cegos, uma vez que a pupila se conservasse íntegra e se tratasse, apenas, de destruição ou defeito de nervo óptico. E, com essa informação, a de que o eminente oculista passaria em breve pelo Rio de Janeiro, a fim de realizar uma operação desse gênero em um opulento estancieiro argentino, que se achava cego há seis anos e não tergiversara em trocar a metade da sua fortuna pela antiga luz dos seus olhos.

        A cegueira de Paulo Fernando, com as suas causas e sintomas, enquadrava-se rigorosamente no processo do professor alemão: dera-se pelo seccionamento do nervo óptico.  E era pelo restabelecimento deste, por meio de ligaduras artificiais com uma composição metálica de sua invenção, que o sábio de Berlim realizava o seu milagre cirúrgico. Esforços foram empregados, assim, para que Platen desembarcasse no Rio de Janeiro por ocasião da sua viagem a Buenos Aires.

        Três meses depois, efetuava-se, de fato, esse desembarque. Para não perder tempo, achava-se Paulo Fernando, desde a véspera, no Grande Hospital de Clínicas. E encontrava-se, já, na sala de operações, quando o famoso cirurgião entrou, rodeado de colegas brasileiros, e de dois auxiliares alemães, que o acompanhavam na viagem, e apertou-lhe vivamente a mão.

        Paulo Fernando não apresentava, na fisionomia, o menor sinal de emoção. O rosto escanhoado, o cabelo, grisalho e ondulado posto para trás, e os olhos abertos, olhando sem ver: olhos castanhos, ligeiramente saídos, pelo hábito de vir beber a sabedoria aqui fora, e com laivos escuros de sangue, como reminiscência das noites de vigília. Vestia pijama de tricoline branca, de gola caída. As mãos de dedos magros e curtos seguravam as duas bordas da cadeira, como se estivesse à beira de um abismo, e temesse tombar na voragem.

[...]

 CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror. São Paulo: Ática, 2009. p. 90-92.

Fonte: Língua Portuguesa – Programa mais MT – Ensino fundamental anos finais – 9° ano – Moderna – Thaís Ginícolo Cabral. p. 250-3.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Escanhoado: barbeado, liso.

·        Estancieiro: dono de fazenda.

·        Facho: tipo de farol.

·        Laivo: marca.

·        Prognosticar: prever.

·        Reminiscência: lembrança vaga.

·        Seccionamento: ruptura.

·        Tricoline: tecido leve de algodão.

·        Voragem: redemoinho no mar ou no rio.

02 – Retome o que você imaginou a respeito do texto antes da leitura e responda oralmente:

a)   Que tipo de narrador você havia imaginado? Sua hipótese se confirmou na leitura?

Resposta pessoal do aluno.        

b)   Você tinha imaginado que o escritor, em busca da cura, recorreria à medicina ou a forças sobrenaturais? Por quê? Sua hipótese se confirmou na leitura?

Resposta pessoal do aluno.

03 – A cegueira de Paulo Fernando aconteceu de repente ou era prevista? Transcreva em seu caderno um trecho que justifique sua resposta.

      A cegueira de Paulo Fernando era prevista, como indica o trecho: “Estava cego. Acabava de realizar-se o que há muito prognosticavam os médicos.”

04 – Releia a primeira frase do conto:

        “Na manhã seguinte à do aparecimento, nas livrarias, do oitavo e último volume da História do conhecimento humano, obra em que havia gasto catorze anos de uma existência consagrada, inteira, ao estudo e à meditação, o escritor Paulo Fernando esperava, inutilmente, que o sol lhe penetrasse no quarto.”

                       CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror.  São Paulo: Ática, 2009. p. 90.  

a)   Paulo Fernando demora a perceber que está cego. Mas nessa frase, a primeira do conto, um advérbio já antecipa a cegueira da personagem. Qual é esse advérbio?

O advérbio é inutilmente.

b)   Por que ele antecipa a cegueira de Paulo Fernando?

Esse advérbio antecipa a cegueira de Paulo Fernando porque o personagem se esforça para ver o sol penetrar no quarto, mas o esforço é vão, pois ele já estava cego. 

c)   De quem é a voz que emprega esse advérbio no texto?

É a voz do narrador.

d)   A voz que conta os fatos é de um narrador em 1ª ou 3ª pessoal?

A voz é de um narrador em 3ª pessoa.

e)   Esse narrador tem uma visão total ou parcial dos acontecimentos? Explique.

Esse narrador tem uma visão total dos acontecimentos. Ao empregar o advérbio inutilmente, ele sabia de antemão que o personagem estava cego, antes mesmo que a fatalidade fosse exposta no texto para o leitor.

05 – No conto, não são mencionadas datas que permitam situá-lo no tempo com exatidão. No entanto, é certo que ele não se passa nos dias atuais. Que elementos do texto permitem essa conclusão?

   Essa conclusão é possível graças a referências espaciais: “Bondes passavam tilintando. Havia barulho de carroças no calçamento áspero. Automóveis buzinavam como se fosse dia alto.”

06 – Releia o trecho:

        “Era uma força criadora que desaparecia. Era uma grande máquina que parava. Era um facho que se extinguia no meio da noite, deixando desorientados na escuridão aqueles que o haviam tomado por guia.

                    CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror.  São Paulo: Ática, 2009. p. 91. 

a)   Qual a figura de linguagem usada nas três frases desse trecho?

A figura de linguagem é a metáfora.

b)   Que função essa figura de linguagem cumpre no trecho?

Essa figura tem a função de engrandecer as virtudes do escritor ao chama-lo de força criadora, grande máquina que parava, facho de luz que se extinguia no meio da noite.

07 – Marque a alternativa que completa corretamente a afirmação a seguir:

        Do ponto de vista narrativo, “a informação de que o professor Platen, de Berlim, havia descoberto o processo de restituir a vista aos cegos”, é considerada um(a)...

a)   Apresentação, pois introduz um novo personagem.

b)   Conflito, pois gera novos desdobramentos para o enredo.

c)   Clímax, pois promove o momento de maior tensão da história.

d)   Desfecho, pois resolve o conflito vivido pelo escritor Paulo Fernando.


08 – Releia o trecho:

        “[...] E, com essa informação, a de que o eminente oculista passaria em breve pelo Rio de Janeiro, a fim de realizar uma operação desse gênero em um opulento estancieiro argentino, que se achava cego há seis anos e não tergiversara em trocar a metade da sua fortuna pela antiga luz dos seus olhos.”

                           CAMPOS, Humberto de et al. Histórias para não dormir: dez contos de terror.  São Paulo: Ática, 2009. p. 91.

  Considerando o contexto, marque a alternativa que melhor corresponde aos sentidos que as palavras em destaque assumem.

(   ) experiente, orgulhoso e desconversara.

(   ) estrangeiro, ambicioso e desconfiara.

(   ) inovador, esperto e duvidara.

(X) importante, rico e hesitara.

09 – Até este momento da leitura, você encontrou elementos que podem ser associados ao terror? Explique.

      Resposta pessoal do aluno.